Histórica roda de samba do Candongueiro se transfere para Portela, por Augusto Diniz

Candongueiro

Histórica roda de samba do Candongueiro se transfere para Portela

por Augusto Diniz

A roda de samba do Candongueiro, um marco na história recente do gênero, será realizada agora na quadra da Portela, em Oswaldo Cruz, no Rio. A primeira está agendada para o dia 26 de maio, a partir das 14h. Os convidados são Nei Lopes e Wilson Moreira. Mais informações aqui.

A proposta é realizar a roda de samba do Candongueiro uma vez por mês na quadra da Portela. O Candongueiro sempre teve estreita relação com a escola de Oswaldo Cruz.

Tradicionalmente, a Velha Guarda da Portela se apresentava na última roda de samba do ano do Candongueiro – aliás, um dos dias que mais enchia a casa. Além disso, inúmeros músicos e compositores da escola tocavam na roda ou se apresentavam regularmente na sua antiga residência.

O Candongueiro foi criado pelo casal Ilton e Hilda no final do ano de 1990, quando o samba começava a entrar em um novo ciclo de alta de interesse do público. Localizado na estrada Velha de Maricá, a 15 km do centro de Niterói, as rodas de samba aconteciam na própria casa de Ilton e Hilda, inicialmente aberta somente para os amigos.

Com o tempo, o local virou casa de samba e choro – embora tenha tido forró também na sua programação. O primeiro convidado que se apresentou oficialmente na roda foi Wilson Moreira – que participa agora do primeiro evento na Portela.

A construção do local onde passou a ocorrer as primeiras rodas de samba foi conduzida pelo próprio Ilton. Ele chegou a recolher restos de obra nas imediações para incorporar ao projeto.

Os pedreiros que o ajudavam dormiam na obra e eram jongueiros do interior do Estado Rio. Nas horas de folga, tocavam e cantavam jongo com a presença dos donos do novo espaço.

O Candongueiro ficou fechado entre 1993 e 1996. Mas quando reabriu, a casa de samba virou um estrondoso sucesso, passando a receber com regularidade sambistas históricos, a nova geração e amantes e interessados pelo gênero.

Artistas consagrados do samba e da MPB apareciam espontaneamente no local e cantavam na roda, para o delírio de quem estava por lá.

Uma multidão se reunia nas rodas quinzenais. O local foi se expandindo junto. Vinha muita gente da cidade do Rio. As rodas varavam a madrugada, sem intervalo.

Com a abertura de casas de samba na Lapa, no início dos anos 2000, o público do Candongueiro foi mudando, passando a ser em sua maioria de jovens de Niterói. Ainda assim, a casa permaneceu como referência do samba devido à manutenção de seu conceito de valorização do gênero na sua gênese.

O segredo de o local ter se tornado a principal roda de samba do País dos últimos tempos, além de respeito às tradições do samba, talvez estivesse no posicionamento dos vários músicos (e que ótimos músicos!) ao redor de uma comprida mesa sem palco, com o público muito próximo ao redor, em um processo de interação intenso, num local com arquitetura assemelhada a um quilombo – tornando-se um refúgio do que se predominava na música fora daquele ambiente.

Porém, os anos 2010 o Candongueiro começou a ser atingido com o ciclo de baixa do samba, restrições maiores da zona urbana em que estava instalado, dentre outras questões, e acabou tendo que fechar as portas em outubro do ano passado.

Agora reabre no templo maior do samba no País: na Portela.

Em 2011, cheguei a publicar uma breve história do Candongueiro no site Overmundo, voltado à cultura brasileira, a partir de entrevistas que fiz com os criadores Ilton e Hilda, além de breve trabalho de pesquisa. Para acessar o texto completo, clique aqui.

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador