Neide Mariarrosa: Uma Estrela que Fugiu do Sucesso.

 

 Em 1962, Elizeth Cardoso desembarcou em Florianópolis e foi recebida por uma jovem cantora e radioatriz. Tornaram-se amigas, sempre que a Divina retornava a Floripa, hospedava-se na casa dessa nova amiga. Foram precisos alguns retornos, para convencê-la a ir para o Rio e lá iniciar uma carreira. Era uma cantora singular, de belo timbre e ótima técnica acumulada na sua experiência de crooner de orquestra. Era também radioatriz e conseguia contradialogar consigo própria, desempenhava vários papéis na mesma radionovela; essa versatilidade na voz associada ao talento dramático, ela transferia às sua canções. Mais do que uma afinadíssima cantora, era uma sensível e senhora intérprete, na estatura de nossas melhores.

 

Elizeth tornou-se sua madrinha artística e arrumou de imediato, muitos admiradores para sua talentosa revelação. A relação de novos fãs incluia Jacob do Bandolim, Pixinguinha, Baden Powell, Cartola, o cronista Sérgio Porto e muitos outros dos meios musicais e da crítica carioca. Foi muito bem recebida no Rio, apresentava-se nas melhores casas de shows da época, participava dos festivais e ficou em segundo lugar, no prêmio de melhor intérprete do II Festival Internacional da Canção, perdendo apenas, para ninguém menos do que Milton Nascimento.

 

Sua carreira alcançava o sucesso, andava muito bem, quando repentinamente ela voltou para sua terra, sem mais se apresentar fora de lá. Tornou-se esquecida no Rio. Fui procurar e não encontrei para ela um verbete no Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, seu nome consta apenas, nos verbetes de músicos catarinenses que a acompanharam.

 

A história de Neide Mariarrosa nos é contada no documentário “Ah, que saudades da Neide!”, um excelente trabalho de conclusão do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), das jornalistas Fernanda Peres e Taíse Bertoldi. Um bom documentário, bastante detalhado no ambiente musical de Floripa, mas como um trabalho de final de graduação, com as limitações de recursos dessa finalidade, faltou-lhe maior detalhamento, com depoimentos, da passagem carioca de Neide; muitos testemunhos dessa passagem ainda existem, há espaço para ampliar essa biografia.

 

 

O documentário, nos três primeiros vídeos, e mais dois vídeos com sua presença e voz seguem abaixo:

  

Luis Nassif

2 Comentários

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  1. Incrível a invisibilidade de Neide até aqui em Florianópolis. Foi uma grande e pouco se fala sobre ela. Tive a oportunidade de participar do último show dela, na época tocava com o Grupo Nosso Choro. Trouxe um repertório lindo incluindo uma música linda do Elton Medeiros que eu não conhecia: Folhas no ar. Sempre que posso lembro Neide em sala de aula e com os amigos, será sempre lembrada como exercício de resistência.

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