Voz de Juliana Maia transcende as serestas de Conservatória (RJ), por Augusto Diniz

Juliana Maia

Voz de Juliana Maia transcende as serestas de Conservatória (RJ)

por Augusto Diniz

Conhecida como cidade das serestas, Conservatória (RJ) há quatro anos ganhou um teatro. Desde então a vila histórica obteve novos ares musicais, não somente pela inauguração do espaço, mas também pela bela voz de quem o idealizou: Juliana Maia.

Essa agitadora cultural e intérprete de mão cheia têm, cada vez mais, seguido para palcos muito além daqueles tradicionais de Conservatória – e um segundo CD que vem por aí da cantora talvez sacramente sua carreira no cenário nacional. “Estou vivendo a maturidade musical”, resume.

Juliana Maia chegou aos quatro anos de idade em Conservatória, proveniente de uma cidade vizinha. Aos oito anos, iniciou seus estudos na música com violão e piano.

Ela ainda frequentou a Faculdade de Música e formou-se em canto pela UFRJ. Depois, passou uma temporada no Japão trabalhando com música. Mas foi com a criação por Juliana em 2014 do Teatro Musical Sonora, bem no centro histórico de Conservatória, que a sua carreira teve novo rumo.

Conservatória é conhecida há décadas pelas suas serenatas, sejam nas ruas ou espaços fechados – com o choro também muito presente. Isso criou um circuito turístico à cidade. Basicamente, as serestas rememoram clássicos antigos da música brasileira, que foram (ou são) interpretados pelas grandes vozes da história musical do País – segmento por onde também navega Juliana.

Marcada por uma plateia de pessoas com mais idade, Conservatória tem mudado aos poucos esse perfil. “O público está rejuvenescendo. É mais gente que está buscando brasilidade. Isso é importantíssimo à cidade”, conta.

O Teatro Musical Sonora, após reformas ao longo dos anos, possui hoje cerca de 100 lugares e Juliana Maia se apresenta regularmente por lá em projetos musicais variados – para ter mais informações do teatro e da programação, acesse aqui. Ela lembra que só não tem show nos momentos em que a mais tradicional serenata de Conservatória ocupa as ruas: às 23 horas de sextas e sábados. “Não marco nada nesse horário desses dias. Faço questão de respeitar”, diz.

Capitaneado por Juliana Maia, o teatro ainda realiza projetos sociais, como do grupo “Harmônicos de Conservatória”, iniciativa entre crianças, adolescentes e jovens da região – hoje, o programa atende 70 deles – de aprendizado gratuito de formação musical e canto. Há também no espaço visitas regulares de escolas públicas da região para viver experiências culturais, além de palestras e outras atividades para a comunidade. “Acredito na música como instrumento de mudança da sociedade”, afirma.

Apesar de intensa agenda, Juliana revela que a sobrevivência do teatro depende de doações. A sua ideia é transformar o espaço cada vez mais desvinculado da carreira, para se tornar um palco de atrações de outros artistas.

A cantora ainda desenvolve um trabalho numa comunidade quilombola da região – a matriarca da comunidade já se apresentou com Juliana em número de jongo.

Sobre o segundo CD (o primeiro foi só de serestas lançado em 2013), com a produção a cargo de Fernando Merlino, arranjador e pianista requisitado por grandes intérpretes no País, terá 12 faixas. “Parte será de releituras e outras inéditas”, diz. Segundo ela, composições de Adelino Moreira e Cândido das Neves entrarão nas regravações. A harpista Cristina Braga, ligada ao trabalho de Juliana, participará da gravação do álbum, previsto de sair até o final do ano.

Entre as músicas inéditas a serem gravadas, um xote da mineira Ceumar, da qual Juliana Maia se tornou próxima. A cantora Ceumar, nascida em Itanhandu (MG), além de Conservatória, tem aproximação com outro importante polo de música fora de um grande centro urbano: trata-se de São Luiz do Paraitinga (SP), onde ela costuma se apresentar com músicos locais.

Saiba mais da agenda de shows da cantora Juliana Maia aqui.

Pós-texto: Conheci Juliana Maia há dois anos cantando em uma pousada em Conservatória, acompanhada de ótimos instrumentistas, num horário inusitado: no café da manhã. Fiquei admirado com sua voz e cai no choro, ao lado de minha mulher, num determinado momento de sua interpretação. Hoje, Juliana já está em outros palcos, maiores…

Redação

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