Brasileiros criam capinhas de celular para encontrar crianças desaparecidas

Jornal GGN – A busca por crianças desaparecidas ganhou o apoio de um projeto que está usando a parte de trás de capas de celular para estampar as fotos das crianças. O The Selfind Project foi lançada no Dia das Mães, e já conta com apoio de ONGs e celebridades. Agora, o projeto entra em uma segunda fase, em que está sendo criada uma loja virtual onde qualquer um pode comprar uma capinha por R$ 25 e ajudar a divulgar o rosto de uma criança perdida.

O projeto foi criado por Ben Araujo, de 24 anos, e Marcos Müller, de 26. Eles estudavam juntos em uma escola de criativos quando o dicionário Oxford apontou “selfie” como a palavra de 2013. Eles aproveitaram o sucesso do Instagram e mania de se fotografar para o projeto. “Via que as pessoas usavam capinhas de marcas sem pretensão nenhuma, mas acabavam fazendo propaganda. Foi quando começamos a juntar as coisas”, explica o Ben.
Desempregados, eles decidiram tentar vender o The Selfind Project a agências de publicidade que conheciam, mas respostas foram negativas. “Fomos recusados não apenas por algumas, mas por todas as agências que entramos em contato”, diz Marcos. Com a proximidade do Dia das Mães, eles procuraram os responsáveis pela ONG Mães da Sé, o que deu a motivação definitiva para o The Selfind Project sair do papel.

“Acabamos conhecendo histórias de crianças que conseguiram ser encontradas por causa da divulgação das fotos. Mostrou que era possível encontrá-las com este tipo de projeto”, explica Ben. Já em Marcos, o impacto do encontro foi ainda mais profundo: “Minha mãe se suicidou quando eu era criança, então tinha esse estranhamento. O projeto me ajudou a entender esta relação de mãe e filho. Ajudou muito conversar com essas mães que realmente amavam seus filhos”.

Após muito trabalho para conseguir imprimir as primeiras capinhas e todo o esforço para enviá-los a famosos, a iniciativa deu resultado. No dia 11 de maio, algumas celebridades postaram fotos no espelho usando a imagem de uma criança desaparecida na capa do celular, junto com os dados e o contato da organização não governamental, pedindo informações sobre o paradeiro dessas pessoas.

A ação atraiu mais de 17 milhões de seguidores para o perfil da organização em menos de 10 horas e as selfies receberam aproximadamente 480 mil curtidas e mais de 15 mil compartilhamentos. A ação foi uma surpresa para as mães das crianças, que não sabiam que o rosto de seus filhos desaparecidos seriam divulgados por celebridades. “A mãe da Emily, a da capinha da Preta, nos deu um depoimento super emocionado. Foi muito tocante”, relata Ben.

Com informações do iG.

Redação

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  1. ‘Cadê o Mateus?’: mais de um ano sem apuração

    Grupo se reúne na Antônio Carlos em apoio a campanha de jovem sumido
    Adolescente de 15 anos teria desaparecido após abordagem policial na Pedreira Prado Lopes no ano passado; segundo a PM, investigação não apontou envolvimento de militares no sumiço do jovem

    PUBLICADO EM 08/07/14 – 10p5

    Fernanda Viegas
    Bruna Carmona

    Um ato político em apoio a campanha “Cadê o Mateus?”, jovem que desapareceu em setembro de 2012, na Pedreira Prado Lopes, reuniu 200 pessoas na avenida Antônio Carlos, na manhã desta terça-feira (8), segundo o Comitê dos Atingidos pela Copa (Copac). Mateus de Souza Lopes desapareceu na rua Popular, na PPL, depois de deixar a casa da avó para verificar se sua motocicleta tinha sido rebocada em uma blitz.

    O grupo se concentrou em frente da Delegacia de Desaparecidos, na avenida Antônio Carlos, na altura do bairro São Cristóvão, na região Noroeste de Belo Horizonte, e caminhou até o local onde o adolescente foi visto pela última vez. Mateus de Souza Lopes deve ter agora 17 anos.Mateus de Souza Lopes deve ter agora 17 anos. Pela página do evento no Facebook, 374 pessoas confirmaram presença no ato.

    “Esse caso é parecido com o caso Amarildo, no Rio de Janeiro. Acreditamos que com a pressão popular e da imprensa a investigação do caso seja retomada. Houve um processo instaurado, mas foi arquivado”, contou a integrante do Comitê dos Atingidos pela Copa, Amanda Medeiros.

    Segundo Amanda, durante a caminhada, uma professora de Mateus puxou o grupo, que gritou palavras de ordem e pediu justiça. O ato foi encerrado por volta de 13h, com a chegada do cortejo à rua Popular, onde dois pastores e um padre disseram palavras de conforto à família e aos amigos do adolescente.

    O tenente-coronel Alberto Luiz, responsável pela comunicação da Polícia Militar, disse à reportagem de O TEMPO que à época do desaparecimento, a PM, por meio da corregedoria, abriu inquérito para apurar o caso e nada constatou sobre o envolvimento de policiais militares no sumiço do adolescente. No entanto, ele afirmou que o caso pode ser novamente investigado caso haja alguma nova evidência. “Se alguém tiver algum elemento de prova que nos leve a reabrir uma apuração, nós vamos retomar o caso”, disse.

    Desaparecimento

    “Mateus, apelidado de “Ronaldão” por ser bom de bola, na época com 15 anos, comprou na noite do dia 16/09/13 uma moto de um usuário de drogas com 100 reais que tinha ganho de mesada do pai. No dia seguinte passeou com sua moto pelo aglomerado com outros dois amigos da mesma idade, cada um dava uma volta por ali, como um brinquedo novo. No fim da tarde deixou a moto na Rua Popular, na PPL, na frente de um lote vago por volta das 20:00, a rua estava bem escura. Cerca de trinta minutos depois, voltou com os amigos pra ver a moto, quando avistou um carro da Policia Militar. Com receio de terem sido vistos, correram para a casa da avó, ali perto. Por volta das 21:30 resolveu voltar pra ver se tinham rebocado sua moto. Seus amigos disseram pra não voltar, que poderia ter sido reconhecido pelos policiais, que eles poderiam ainda estar ali. Pediram que ao menos trocasse de camisa, mas não atendeu, voltou sozinho, nunca mais foi visto”, explica o texto publicado na página do evento “Cadê o Mateus?”, no Facebook.

    Também pela internet, a Rede de Enfrentamento à Violência Estatal, que é composta pelo Comitê Popular dos Atingidos pela Copa entre outras organizações da sociedade civil, afirma protestar pelo fim da violência policial e em solidariedade aos amigos e familiares de Mateus. “Entendemos que a política de segurança pública do país não existe para proteger, mas para reprimir e exterminar. A Polícia Militar, cuja extinção já foi recomendada pelas Nações Unidas, mata milhares de pessoas todos os anos nas periferias e dá continuidade à práticas de tortura e repressão, que julgávamos abolir com o processo de redemocratização do país”.

    Atualizada às 15p1
     

    Grupo protesta contra violência policial e sumiço de adolescente em BH

    Mateus de Souza Lopes, 15 anos desapareceu na Pedreira Prado Lopes, Região Noroeste de Belo Horizonte, em 16 de setembro de 2012

    Luana Cruz – Andréa Silva – Aqui
    Publicação: 08/07/2014 11:23 Atualização: 08/07/2014 11:53

    Cerca de 60 manifestantes se reuniram na manhã desta terça-feira para cobrar respostas sobre o desaparecimento do adolescente Mateus de Souza Lopes, 15 anos. O jovem sumiu no dia 16 de setembro de 2012, na Pedreira Prado Lopes, Região Noroeste de Belo Horizonte, e moradores acusam a Polícia Militar de desaparecer com Mateus. O protesto intitulado “Cadê o Mateus” foi convocado pelas redes sociais e tem acompanhamento da PM, que está com sete viaturas no trecho do protesto. O grupo está em frente ao Departamento de Investigações (DI), no Bairro Lagoinha.
       
    Os manifestantes pretendem caminhar da porta dão DI até o local do desaparecimento, cerca de 300 metros. O protesto é contra a violência policial e em solidariedade aos amigos e familiares do Mateus.

    De acordo com os organizadores, dados do Ipea mostram que os negros e as negras são as maiores vítimas da violência policial, duas vezes mais do que pessoas brancas.

    Mateus é negro e tem apelido de “Ronaldão” porque é bom no futebol.

    Na noite do desaparecimento comprou uma moto de um usuário de drogas com R$ 100, que ganhou de mesada do pai. No dia seguinte, rodou com a moto pelo aglomerado com outros dois amigos da mesma idade.

    No fim da tarde, deixou a moto na Rua Popular, na frente de um lote vago. Por volta de 20p0, retornou com os amigos para ver a moto, quando avistou um carro da PM.

    Com receio de terem sido vistos, os menores correram para a casa da avó de Mateus ali perto. Por volta de 21p0, Mateus voltou para saber se haviam rebocado a moto.

    Os amigos disseram para não voltar, no entanto ele foi ao local sozinho e nunca mais foi visto. Moradores apontam a responsabilidade pelo sumiço à polícia.

     #Onde está Mateus Souza Lopes?
    28/07/2013 às 14:05 O caso do desaparecimento em circunstâncias não esclarecidas de Amarildo de Souza na Rocinha no Rio de Janeiro, ocorrido em 14.07.2013 traz à tona a questão de mudanças em curso da violência no Brasil: o aumento significativo de desaparecimentos foi apontado pelo relatório “No sapatinho: a evolução das milícias no Rio de Janeiro [2008 2011]“, produzido pelo Laboratório de Análise da Violência da UERJ [www.lav.uerj.br].

    Merece atenção o fato de que desaparecimentos como o citado não parecem ser privativos do Estado do Rio de Janeiro. Para poder compreender melhor essas mudanças, conviria que se passassem a noticiar com mais clareza casos desse tipo acontecidos em diferentes cidades do Brasil.

    Abaixo um caso também não esclarecido, ocorrido em 17.09.2012 na Pedreira Prado Lopes em Belo Horizonte (MG). Não há notícias nos jornais de que o caso tenha sido esclarecido, mesmo passado já quase um ano.

    Moradores da PPL fazem protesto por desaparecimento de jovem abordado por PM 21/09/2012
    Adolescente desaparece depois de batida da polícia 22/09/12Moradores vão às ruas protestar contra a PM em BH 22/09/2012 

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