Sucesso da grande imprensa na internet depende de imparcialidade

Por Jurandir Paulo

Ainda falta combinar com os russos

Com todo o respeito ao Caio Túlio Costa, primeiro ombudsman da Folha, não vejo em sua análise nenhuma ideia realmente nova. Toda a mídia, tanto a daqui quanto a do resto do planeta, segue a cartilha de oferecer farto material em multimídia, novos produtos e apostar em rejuvenescer suas redações. Os resultados são conhecidos: a mídia em papel perde  leitores e audiência na internet. O que falta a consultores e palpiteiros é entender um pequeno detalhe: a grande mídia do planeta pertence a poucos, e todos pensam o mesmo, e não farão agora o que nunca fizeram: jornalismo imparcial. Alguns pontos para refletirmos:

1) Leiam hoje a cobertura dos jornalões sobre a entrada da Ucrânia na UE. Parece que pegaram os releases do Pentágono. Que contraponto lá existe para mostrar que irão concorrer com a Grécia pela lanterna deste campeonato? Quem analisa com propriedade o jogo geopolítico que está atrás das decisões comerciais?

2) Rejuvenecem as redações há décadas. Com isto, uma feia barriga de colunista passa por muitos jovens jornalistas com facilidade. E se querem apostar em seus mais caros ideais de direita, onde estarão formando seus novos quadros de analistas? Caio Túlio ficou conhecido quando na Folha debateu acidamente com Paulo Francis. Faria isso hoje com um Constantino? Um Merval? Um Reinaldo?

3) Não existe imparcialidade também na internet, talvez nunca existirá, mas Google, Facebook etc souberam abraçar em seus negócios as variadas opiniões e disto fizeram parte de seu modelo de negócio. Siga, dê seu like, retuíte quem lhe diz mais respeito. E brigue com os divergentes. Isto é business, nunca para empresas que querem derrubar governos, matando junto o jornalismo. Negócio para eles é repetir que Saddam tinha armas químicas, ou que a Copa seria um fracasso, mesmo que para os dois casos um jornalista, mesmo jovem, pudesse apurar facilmente que a verdade seria outra.

Redação

4 Comentários

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  1. O objetivo é o lucro.
    Vamos

    O objetivo é o lucro.

    Vamos pegar o caso FSP. O grande lucro deles nos últimos anos veio com o UOL, cresceu pela obrigatoriedade que se tinha em SP de ter um email UOL ou Terra para acessar a internet via linha telefônica. Se não se pagasse pedágio a eles, não tinha acesso. Foi uma espécie de roubo dentro da Lei, uma concessão do PSDB. Mal ou bem, eles dependem destas jogadas para seguir em frente, para crescerem e se manterem. Como estaria a Folha hoje se não fosse o UOL? Estaria como o Estadão, que não foi tão feliz na partilha das privatizações e acabou ao que tudo indica nas mãos de um banqueiro – quais as contra partidas é outrra pergunta, aquele prédio e máquinas na Marginal Tietê é que não são. Se coloquem no lugar daqueles meninos que assumiram o grupo FSP, com o medo de serem engolidos a qualquer momento por uma novidade tecnológica sobre a qual eles não tem o menor domínio, ou investida de grupo com capital estrangeiro, onde buscar proteção ou novas saídas, novos negócios? No Estado. Mas o Estado nas mãos de quem. De quem é parceiro em ideias e já foi parceiro nos negócios.

    O objetivo é o poder.

     

  2. Ucrania

    Nao li  “a cobertura dos jornalões sobre a entrada da Ucrânia na UE” e, portanto, nao sei se eles afirmaram ou insinuaram que isto foi o proposito do acordo assinado entre a Ucrania e a UE.

    O fato e’ que eles assinaram ontem apenas um “acordo de associacao” economica, uma eliminacao das barreiras alfandegarias, uma zona de livre comercio de bens e servicos, e de capitais. A Ucrania nao vai ser parte da UE nem agora e nem daqui a vinte anos. Os  cidadaos europeus nao aceitariam a integracao deste pais ‘a sua economia por que isto custaria um grana preta, que eles nao tem no momento, alem de outros problemas. Um deles: nao aceitariam que 45 milhoes de ucranianos tivessem o direito imigrar para qualquer pais do oeste europeu, e pelo menos 20 por cento da populacao adulta o fariam num piscar de olhos, se fosse permitido.

    Esta falta de clareza, quanto ‘a natureza do acordo, foi propositalmente martelada na cabeca da opiniao publica da Ucrania, pelo PIG local, e foi um dos fatores que induziu a populacao do Oeste do pais a apoiar o golpe da praca Maidan, em Kiev, no final de fevereiro. Foram induzidos a pensar que Yanukovich, o ex presidente, havia rejeitado uma acordo de integracao ‘a UE. Foram descaradamente ludibriados.

     

     

    1. Deve ficar só no âmbito de acordos sim, por um tempo.

      Mas 13% da população adulta, 20% dos homens e 7% das mulheres, já emigrou da Ucrânia nos últimos 20 anos.

      Metade pra Rússia e a outra metade se espalhou de Portugal a Polônia, muito no Reino Unido.

       

  3. A Blogo é melhor informada. Não, péra

    Mas que novidade tem em se imaginar a Ucrânia na UE? Pesquisas de lá de 2013 davam isso como preferido pelos ucranianos em relação à tal da União Eurasiana. O próprio governo Yanukovich cogitou assinar acordo. A anterior, Timoshenko, também era favorável.

    E foi a Rússia que deu o empurrão final, com as ameaças veladas de desmembramento.

    E se for para fazer comparações os países mais próximos da história da Ucrânia seriam Polônia e Romênia, não Grécia.

    Mais fácil é imaginar a Rússia buscando reaproximação com a Europa daqui uns 10 anos do que as fantasias de desglobalização que circulam na internet.

    http://www.jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/a-russia-podera-seguir-os-passos-da-ucrania

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