Você consegue ficar um dia sem nenhum computador?

Hoje praticamente todas as minhas relações pessoais, trabalho e diversões estão de alguma forma ligadas aos computadores. Até para falar com minha família uso o Skype. Não se trata de fanatismo, mas de praticidade. O problema é que muitas vezes eu ligava o micro nos fins de semana para ouvir música e parava para checar e-mails. Quando me dava conta, o dia inteiro havia passado e eu não tinha me divertido, nem descansado e nem trabalhado direito. Era vampirizado pelo computador e pela internet.

Olhava o dia pela janela de casa e ficava com raiva por não ter a disciplina – sim até pra isso precisamos dela – de desligar o micro, sair para caminhar pelo bairro e gastar o IPTU que pagamos tão caro. Logo chegava a segunda-feira e eu entrava de novo no modo “sem tempo para nada”. Foi quando resolvi usar uma tecnica simples que aprendi com o budismo: fazer um voto.

Basicamente, voto é uma promessa que você faz para si mesmo ou para um grupo de amigos de que vai fazer (ou deixar de) alguma coisa durante um período de tempo. Exemplo: “de hoje até 20 de setembro não usarei mais roupas pretas”. A idéia é que, ao mexer com um hábito arraigado, você fica mais atento a como sua mente funciona.

O voto ajuda a perceber melhor nossas motivações, expectativas e padrões mais inconscientes. Com o tempo, você ganha maior capacidade de lidar com eles. É como quando temos fome: nós percebemos os sinais dela chegando. A mesma coisa acontece com os padrões de comportamento. Você detecta quando irá agir no piloto automático. E pode decidir mudar.

Então meu voto foi o de não usar o computador aos domingos. A menos que fosse um caso de absoluta emergência. Isso me liberaria tempo e disposição mental para fazer outras coisas.

Parece simples? Nunca é. Foi terminar de fazer o voto e aparecer todo tipo de possíveis “emergências”. Até trabalhos freelancer irrecusáveis. Mas faz parte da experiência do voto ser capaz de descobrir as maneiras pelas quais nos enganamos diariamente. Assim, sempre dei um jeito de resolver os problemas sem usar os micros. Afinal, felizmente, sou de uma geração que viveu pelo menos um terço da vida sem eles.

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O voto tem outros significados e aplicações muito profundos nos três tipos de veículos budistas, hinayana, mahayana e vajrayana. Aqui eu falei mais sobre minha experiência como usuário da técnica. Para saber mais você precisa consultar um professor qualificado.

Luis Nassif

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