A maior matadora de homens – e aí, encarava?

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Enviado por Alfeu

Do Tok de História

Lyudmila Pavlichenko, a franco atiradora ucraniana

Por Rostand Medeiros 

É interessante como a extinta União Soviética, um país comunista, não pareceu ter muitos problemas em matéria de igualdade de gênero durante a sua história, em comparação com os países europeus e os Estados Unidos, que promoviam a liberdade e igualdade para todos. Não podemos esquecer que foram os soviéticos que enviaram a primeira astronauta ao espaço exterior no início da década de 1960 (Valentina Tereshkova) e um par de décadas antes, promoveu as suas mulheres para combaterem os invasores nazistas. Aqui temos a história da maior matadora destes inimigos de seu país e, talvez, a mulher que comprovadamente matou mais homens em toda história.

Pelas fotos que aqui trago eu não posso dizer que a mulher da foto acima, com belos olhos castanhos, um uniforme de corte extremamente masculino e muito condecorada, é alguma grande referência em termos de beleza feminina. Inclusive nas fotos que temos neste artigo podemos ver que esta militar parecia estar até acima do peso. Ou seria o corte do seu uniforme que a deixava cheinha?

Mas esta mulher de olhos extremamente luminosos, aparência simples, tranquila e serena, matou mais de três centenas de homens dos exércitos que um dia vieram do oeste e ousaram invadir a sua terra.

Seu nome era Lyudmila Mykhailvna Pavlichenko, nasceu na cidade ucraniana de Balaya Tserkov, em 1916, filha de um operário e de uma professora. Na adolescência se mudou para a cidade de Kiev, a capital ucraniana, na época um estado satélite da União das Republicas Socialistas Soviéticas, a URSS. Desta época ela descreveu-se como uma menina “indisciplinada na sala de aula”, mas atleticamente competitiva, e que não se permitiria ser superada por meninos “em nada”.

Neste período a garota participava de um clube de tiro e se deu bem nesta atividade. Mesmo depois de aceitar um emprego em uma fábrica de armas, ela continuou a praticar a sua pontaria. Em 193,7 a jovem Lyudmila se matriculou na Universidade de Kiev, onde estudava história com a intenção de tornar-se uma professora.

Os exércitos de Hitler, a Wehrmacht, arrasando a Europa

Mas em junho de 1941, os alemães lançaram  contra a União Soviética a Operação Barbarossa e a garota imediatamente alistou-se na 25ª Divisão de Rifles, começando sua carreira militar como uma simples recruta. No alistamento ela teve que forçar a barra para ser designada como uma franco atiradora, ou “sniper”, pois o pessoal do alistamento, provavelmente levado pela sua aparência, queria que ela fosse enfermeira.

No seu primeiro dia no campo de batalha ela estava em uma posição próxima ao inimigo e ficou paralisada de medo. Incapaz de levantar a sua arma, um rifle M1891/30 Mosin Nagant, de 7,62 mm. Um jovem soldado russo ficou ao seu lado na sua posição de tiro. Mas antes que eles tivessem a chance de estabelecer seus alvos, um tiro ecoou e uma bala alemã tirou a vida de seu camarada. Lyudmila ficou chocada. ”Ele era um bom menino e tão feliz”, ela lembrou. ”Ele foi morto repentinamente ao meu lado. Depois disso, nada poderia me impedir”. Em pouco tempo ela registrou suas primeiras vitórias; com precisão matou dois batedores alemães que tentavam reconhecer uma área perto da localidade rural de Belyayevka.

A jovem soldado lutou tanto na região de Odessa e na Moldávia, onde acumulou a maioria de suas mortes. Extremamente seletiva, como toda mulher deve ser, Lyudmila tinha uma enorme preferência por homens que utilizavam no peito e nos ombros muitas fitas, condecorações e outros penduricalhos que os oficiais militares se ornamentam para mostrar a sua bravura em combate. Consta que mais de 100 oficiais nazistas pagaram com a vida por andar com estes prêmios diante da mira telescópica do rifle de Lyudmila.

Ela se tornou um dos mais de 2.000 atiradores de elite do sexo feminino no Exército Vermelho, dos quais apenas cerca de 500 sobreviveram à guerra. Creio que não vale nem a pena descrever o que os nazistas faziam com as atiradoras que eles capturavam vivas!

Como a contagem de homens mortos pela ucraniana só crescia, ela recebeu mais e mais missões perigosas, incluindo a mais arriscada de todas – o duelo à distância com franco-atiradores inimigos. Lyudmila Pavlichenko nunca perdeu um único embate contra seus opositores, matando 36 atiradores em caçadas que poderia durar todo um dia e uma noite. Em um caso o duelo durou três dias.

Sobre este caso em particular ela comentou que “Essa foi uma das experiências mais tensas da minha vida”. É  interessante ver como esta jovem teve resistência e força de vontade que a levou a ficar 15 ou 20 horas deitada, mantendo a calma, silêncio e o sangue frio necessário para apertar o gatilho no momento certo. ”Finalmente”, disse ela sobre seu perseguidor nazista, “ele fez um movimento e atirei”. Um a menos!

Quando os alemães ganharam o controle de Odessa, sua unidade foi enviada para a região da cidade de Sevastopol, ou Sebastopol, ao sul da península da Criméia, onde Lyudmila passou oito meses de intensos combates.

Em maio de 1942 ela já tinha alcançado o posto de tenente, quando foi citada pelo Conselho do Exército do Sul por ter matado 257 soldados alemães, incluindo 187 em seus primeiros 75 dias neste estranho trabalho para uma mulher.

Seu total de mortes confirmadas durante a Segunda Guerra Mundial foi de 309. Também deve ser notado que o número real de inimigos abatidos por Lyudmila foi, provavelmente, muito mais do que os 309 confirmados por testemunhas. Historiadores acreditam que esta mulher pode ter matado mais de 500 inimigos.

Lyudmila foi ferida em quatro ocasiões distintas. A mais grave ocorreu em junho de 1942, quando sua posição de tiro foi bombardeada por fogo de morteiros e ela recebeu estilhaços no rosto.

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Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

16 Comentários

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  1. Para os “machos”, existem melhores que nós

       Não se desesperem, ou se achem menos “corajosos” ou decisivos.

       Assim como a Ten. Valentina ( heroina da União Soviética, Bandeira vermelha, etc..), meus caros do genero masculino, compreendam um quesito basico:   O homem, obedece, atua muito bem quando comandado, mas a mulher, quando levada a situações limite, em defesa de seu território, apud. seu espaço e familia, torna-se uma “leoa”, aliás muito mais facil de treinar para matar (defender), do que qualquer homem.

        Valentina, como sniper, sem apoio de colocação, “alone for target” – doutrina da época – era fria, dormia na espera de um alvo, por horas, defendendo sua terra com um Moisin-Nagant 7,62mm – telescópica razoavel ( < que 1000 mts), e sendo mulher, compleição diferente de um homem (respiração, redução de batimento, concentração – elas são melhores, nestes quesitos, que formam um sniper). Volto a escrever, são mais faceis de treinar, para qualquer tipo de operação.

         Quanto as mulheres soviéticas, que se destacaram na II WW, fui de aviação, portanto, minha lista destas heroinas da Grande Guerra Patriótica, é grande, começaria por unidades, talvez algumas eu esqueço de mencionar, mas da caça/interceptação lembro do 9o GvIAP ( 9o regimento de guardas),  de Lydia Litvak, Belygeva, Kusnetsova, e do 46o de Bombardeiro, as “Damas do Inferno” e seus Pe-8, com Valentina Khomikoraiova e Marina Pereikova.

           Varios livros, publicados após  os ’90, contam detalhadamente, a história destas mulheres soviéticas, durante este tenebroso periodo, não apenas como combatentes de extremo valor, mas as que dentre elas, combateram o invasor fascista e mortal, abrindo valas, detendo tanques com o próprio corpo, quando capturadas vilipendiadas ao extremo (muito mais agredidas que qualquer homem na mesma situação), aguerridas e decididas, ao defenderem sua terra, seu modo de vida, suas familias, escreveram, com muito sofrimento, uma pagina da história, pouco conhecida.

           P.S.: Em situações limite, genero, etnia ou preferencia sexual, inexiste – não conta, de nada importa, tratam-se apenas de seres humanos ( humanidade e companheirismo, surgem nestas situações), que querem viver, e no limite da situação, sobreviver – todos.

  2. Comentário.

    Não, ela não matava homens. Matava nazistas. Como mulher pra nazi era na cozinha, no piano e com os filhos, sobrava para os filhotes do Führer.

    Eu não precisaria, particularmente, encarará-la, já que estaríamos do mesmo lado.

    Ela não era uma Sininho ou uma pseudofeminista chá-das-cinco, que se parecem emancipadas num contexto tão conservador quanto o nosso. Ela sabia claramente o que estava fazendo.

    Enfim, se foi uma provocação, denuncia mais o machismo de quem fez a chamada. E fim de papo.

  3. Um dos nomes russos mais

    Um dos nomes russos mais populares (embora minoritários por motivos óbvios da guerra fria) no Brasil, e em outros países, foi Ludmila. Certamente em homenagem a essa heroína da Segunda Grande Guerra. A Revolução Soviética foi importante também em termos da “revolução sexual”, mas apenas por pouco tempo, pois o conservadorismo voltou a imperar na Rússia e em outros povos dominados por ali. Finda a União Soviética, veja-se o retrocesso terrível na Rússia em termos da relação do Estado (e da vida cultural) com a sexualidade, hoje em dia.

  4. Não matou trezentos homens, porra nenhuma.

    MATOU MAIS DE TREZENTOS FASCISTAS.

    Fez uma faxina para a humanidade.

    Ela foi a primeira pessoa de cidadania soviética a ser recebida na Casa Branca, pelo casal Roosevelt.

    [video:http://www.youtube.com/watch?v=jDO6n7GuslA%5D

    Woody Guthrie compôs uma canção para ela, por ter feito esse serviço indispensável para humanidade: abater mais de trezentos fascistas.

    [video:http://www.youtube.com/watch?v=SHKjOl9ocR0%5D

    1. Recomendo que assista um

      Recomendo que assista um filme chamado “Nada de novo no front”. Tem uma versão antiga e uma mais nova, que foi a que assisti, antes de ler o livro, pra mim definitivo sobre a guerra, de Remarque. Não fala sobre a Segunda, mas a Primeira Guerra, sob a ótica de um jovem soldado alemão. Há uma cena, na trincheira, que até hoje me vem lágrimas aos olhos quando lembro. Segue uma resenha: https://www.skoob.com.br/livro/resenhas/3722/mais-gostaram/

      Enfim, louve sua “musa da carabina”, que no mais estava numa guerra e numa guerra há poucas escolhas: ou você mata seu inimigo, ou seu inimigo te mata. Mas os “fascistas” que ela matou eram, na sua grande maioria, jovens, alguns imberbes, que não tinham muito mais escolha do que ela. Talvez tivessem até menos. Eram meninos a quem foi negado uma vida, primeiro e antes de tudo pelo militarismo nazista, não um “lixo” que pudesse ser varrido. Considerá-los assim diz mais contra você, que hoje faz sua ode confortavelmente diante de um computador, do que contra esses infelizes.

    2. cuidado.

      Cuidado, numa guerra você não tem escolha. Se for convocado vai lutar na marra. Se desertar pode acarretar problemas pra toda sua família. Toda generalização é burra e muito longe da realidade.

  5. A classe dos atiradores de

    A classe dos atiradores de elite é a que mais fabrica mitos no meio militar .

    LEE HARVEY OSWALD era marine ,  acertou a cabeça de Kennedy em um carro em movimento ,  mirando do alto de um edíficio .

    CARLOS HATHCOCK  é outra lenda entre os atiradores. Durante uma missáo na guerra do Vietna , passou quatro dias sem dormir , se arrastando deitado no mato , tocaiando um general vietinamita em seu acampamento , quando finalmente conseguiu executa-lo a distäncia .

    http://en.wikipedia.org/wiki/Carlos_Hathcock

     

  6. A Ucrania era uma das

    A Ucrania era uma das repúblicas da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. “Um estado satélite da União Soviética” é errado, além de ser parecido com linguagem destorcida de guerra de informação dos Estados Unidos.

  7. Não tem nada a ver com o

    Não tem nada a ver com o assunto em pauta. Apenas gostaria de saber  Sr Nassif, por que o blog está sempre com a data atrasada. Hoje, 21 de fevereiro às 21.44 e vejo as notícias de ontem 20/02/2014. Por que isso acontece??

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