A razão “inusitada” para um país ter decidido proibir o TikTok

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.
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Questões relativas à segurança cibernética e de caráter religioso dominam as leis em vigor proibindo o uso do aplicativo em vários países

Reprodução

O Nepal decidiu proibir o uso do TikTok entre os seus cidadãos e cidadãs alegando que o uso indevido do aplicativo de vídeo perturba a harmonia social. O gabinete do Ministério das Comunicações e Tecnologia da Informação explicou a decisão para a agência Reuters nesta segunda-feira (13). O motivo que levou o Nepal a tal proibição pode ser considerado inusitado diante do quadro mundial.

Este é o primeiro argumento do gênero envolvendo a decisão de um país em banir o TikTok. Questões relativas à segurança cibernética e de caráter religioso dominam as leis em vigor proibindo as pessoas de baixarem o aplicativo em seus aparelhos.  

Austrália, Holanda, França e Nova Zelândia, por exemplo, o proíbem de serem instalados em aparelhos do governo por temores geopolíticos de acesso à informação sensível. O TikTok é um aplicativo chinês e esses países entendem que pode haver ameaça à segurança nacional com o fluxo de dados e acessos. 

Ocorre o mesmo com os Estados Unidos, que constantemente dizem que vão criar uma lei para a proibição, mas efetivamente só o estado de Montana o fez estendendo a proibição para toda a população. O governo exige que o TikTok seja vendido para uma empresa não chinesa para operar no país.

Paquistão e Afeganistão proíbem por questões religiosas e a Índia como represália a disputas com Pequim. 

Nepal: demanda crescente por controle   

O presidente da Autoridade de Telecomunicações do Nepal, Purushottam Khanal, disse que os provedores de serviços de internet foram solicitados a desativar a rede social.

No Nepal, tem havido uma demanda crescente para que as autoridades controlem o TikTok, que já foi proibido em outros países, principalmente por questões de segurança. 

Segundo o jornal local The Kathmandu Post, em apuração da Reuters, nos últimos quatro anos foram relatados no país 1.647 casos de crimes cibernéticos relacionados à plataforma.

Embora se espere que a decisão entre em vigor assim que os preparativos técnicos estiverem concluídos, uma data exata não foi divulgada. 

“A decisão de proibir o TikTok será implementada em breve, mas nenhum prazo específico foi definido”, disse a ministra das Comunicações, Rekha Sharma, enfatizando que as “disposições necessárias a este respeito serão tomadas pelo Ministério das Comunicações”.

Proibições “equivocadas”

A TikTok absteve-se de comentar a iniciativa nepalesa com a Reuters. 

No entanto, os seus representantes expressaram em outras ocasiões que tais proibições eram baseadas em “equívocos”. Neste sentido, os líderes da oposição no Nepal também criticaram a medida, considerando que lhe falta “eficácia, maturidade e responsabilidade”.

“Há também muitos materiais indesejados em outras redes sociais. O que precisa ser feito é regulamentá-los e não restringi-los”, afirma o ex-ministro das Relações Exteriores do Nepal, Pradeep Gyawali.

Com informações da Reuters

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Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

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