Após cinco anos, Operação sobre a Eletronuclear pouco avança e faz prisões

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foram alvos da nova fase o ex-ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau (MDB), um ex-deputado federal, empresários e ex-executivos da Eletronuclear

Jornal GGN – A Polícia Federal cumpriu, na manhã desta quinta-feira (25), 12 prisões temporárias e outros 17 mandados de busca e apreensão nas investigações do caso Eletronuclear. Foram alvos da nova fase de um desdobramento da Lava Jato no Rio o ex-ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau (MDB), um ex-deputado federal, empresários e ex-executivos da estatal de energia.

Denominada Operação Fiat Lux, os mandados foram autorizados por determinação do juiz Marcelo Bretas, da Lava Jato do Rio, e foram cumpridos em três cidades do Rio de Janeiro (a capital, Niterói e Petrópolis), em São Paulo e no Distrito Federal.

Apesar de não ser diretamente implicado nesta fase, o nome do almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear e considerado o pai da energia nuclear no Brasil, voltou a ser mencionado. Othon e sua filha, Ana Cristina Toniolo, haviam sido alvos da Operação Radioatividade, deflagrada em julho de 2015, e que desencadeou outras investigações, resultando na prisão preventiva e denúncia contra Michel Temer, em 2019. Uma filha de Othon, que não teve o nome revelado, foi alvo da Operação de hoje.

Os delatores Jorge Luz e Bruno Luz, apontados como lobistas do MDB, que teriam feito a lavagem de dinheiro da Eletronuclear e da Petrobras, também apontados nas investigações anteriores, e que foram presos em 2017 pela Lava Jato de Curitiba, revelaram o repasse de R$ 11,5 milhões em propinas a parlamentares do MDB, detalhando os nomes dos supostos beneficiários. Ainda que sem provas destes repasses, haviam sido arrolados Renan Calheiros (PMDB-AL), Jader Barbalho (PMDB-PA), Silas Rondeau, e Aníbal Gomes (PMDB-CE).

A investigação estava tramitando há três anos, sem muitos avanços. Mas, nesta quinta (25), os procuradores da Lava Jato do Rio afirmaram que os delatores “elucidaram o pagamento de vantagens indevidas” em 6 contratos da Eletronuclear, sem indicar se foram encontradas provas dos supostos crimes.

Ainda, sem aparentemente apresentar novidades em relação às conclusões feitas em 2015 [relembre aqui], os procuradores afirmaram somente que “os recursos eram desviados por meio de subcontratação fictícia de empresas de serviços e offshores, que por sua vez distribuíam os valores entre os investigados”.

Leia a denúncia de 2015.

Bretas autorizou, ainda, o sequestro dos bens de todos os envolvidos na deflagração desta quinta-feira, a título de danos materiais e morais que supostamente atingiria R$ 207,9 milhões. Na fase deflagrada, o MPF pediu a cooperação internacional com o Canadá, França e Dinamarca, uma vez que as empresas offshores teriam sede nestes países.

 

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. Pararam a construção da usina e teremos mais uns bilhões de prejuízos ao país, Os americanos pagaram o judiciário e o MP para destruir o sistema nuclear brasileiro que boicotam desde 1950. Viva a lava jato americana.

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