As guerras de milícias e o embate Witzel x Bolsonaro, comentário de Erika

Por Erika

Para entender porque Bolsonaro está atacando Witzel mesmo este tendo avisado a ele que o processo envolvendo o caso Merielle estaria na PGR.
Bolsonaro não encarou como aviso, mas como ameaça.
É de singular importância entender a dinâmica do que vem acontecendo no Rio.
Existem 2 grandes grupos de milícia que estão em confronto direito, uma (lider é o Ecko) suspeita de ter ligações com Witzel e outra (lider é Brazao)suspeita de ter ligações com Bolsonaro. Esta matéria da folha é salutar: https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2019/11/01/milicia-do-rio-se-une-ao-trafico-para-enfraquecer-o-comando-vermelho.htm

Witzel e Bolsonaro uniram forças durante a campanha, em determinado momento brigaram, como reflexo da disputa de poder dessas milicias. Brazao foi preso, investigado, seus parentes e amigos na assembleia estão encurralados. ele também é o principal suspeito do caso Marielle. Segue um resumo de quem é esta pessoa.https://www.huffpostbrasil.com/entry/marielle-domingos-brazao_br_5db723e2e4b006d49172f3f3

Bolsonaro parece que não tem dado muita atenção aos supostos associados que o ajudaram a se eleger, desde que se tornou presidente. A conta do apoio começa a chegar:

1- Vazou um áudio do Queiroz se queixando de que estava abandonado e que uma “pica do tamanho de um cometa” estaria no MP. Provavelmente, encurralando o grupo Brazão. https://noticias.uol.com.br/colunas/constanca-rezende/2019/10/28/em-audio-queiroz-xinga-promotores-e-diz-que-investigacao-ate-demorou.htm

2- A reforma da previdência militar, que gerou um enorme descontentamento entre os praças por não terem sidos contemplados e Bolsonaro na condição de presidente, nada fez. Acusaram – no de traição. Sabemos que são muitos os militares envolvidos com tais grupos. https://www.cartacapital.com.br/politica/familias-de-militares-gritam-bolsonaro-traidor-em-sessao-na-camara/

3- O Vazamento do depoimento do porteiro do condominio de bolsonaro, implicando o presidente em possível associação com os assassinos de Marielle. Muito já foi dito sobre este caso.

4- As reações de Bolsonaro na live, acusando Witzel e a Globo de armarem contra ele. https://istoe.com.br/bolsonaro-ataca-globo-apos-materia-envolvendo-seu-nome-no-caso-marielle/

O avanço das milicias sob as instituições é uma realidade. A briga entre estes 2 grupos tomou conta dos afazeres da gestão carioca e toda essa sequencia apontada acima, denota que a disputa em questão esta avançando para o nível federal, a partir das imbricações apontadas neste Xadrez na Peça 4. PGR, PF e MPF tomados pelo Clã.

a radicalizaão de Eduardo bolsonaro é apenas mais uma ponta desse iceberg. Tem muito mais a ver com isto do que com o debate político. Já não há apoio externo e o clã encontra-se enfraquecido também em suas bases eleitorais.

5 Comentários

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  1. Boa análise, com este incremento de fatos. Velhos tempos em que presidentes, governadores e prefeitos eram suspeitos de “só” receberem dinheiro sujo do jogo do bicho. Como o bicho cresceu e agora o jogo é só para macaco grande, até as milícias “populares” perderam espaço para os milicianos do grande mercado.

  2. Já passou da hora do MP se ligar nas táticas eleitorais desse bando…
    é uma passagem democrática aberta para qualquer tipo de bandido e que precisa ser fechada com a máxima urgência

    como? aí é que está o mistério de tanto sucesso eleitoral, porque provavelmente a autoridade que souber como fechar também será ameaçada de morte como qualquer eleitor das regiões dominadas

    se bem que acredito quem quem vota em bandido só quer se dar bem, não pagar pela água, não pagar pela luz e merrecas pela gatonet com todos os canais abertos

    um dia eles chegam à presidência armados até os dentes

  3. Correção…
    Pelo muito ja dito ou escrito, onde está “clã” leia-se “bando”.
    Porra, do jeito que está o RJ, meu outrora querido RJ, e ante tantas ramificações poderosas do novo crime organizado — que se mostra cada vez mais intocável e fortalecido — não demora e vamos ser obrigados a torcer pelo CV, que parece um mal menor e mais passivel de combate por um verdadeiro e digno sistema de justiça.

  4. Já é assim no Rio.
    1/3 dos cariocas mora em comunidades. Se assinalarmos os bairros assolados pelas disputas milicia x tráfico, esse número cresce.
    ( no geral as áreas de disputa mais tensas são enclaves entre zona norte e oeste, como Praça seca/ Oswaldo Cruz e Bento ribeiro. São regiões com logística estratégica para as atividades dos grupos. Zona norte em regra, é domínio do tráfico, Zona Oeste, por sua vez, domínio da milícia. Zona Sul, fica sob a tutela do Estado)
    Mas voltando ao tema, onde o Estado não se faz presente ou se faz de maneira perversa ( sobre ação do medo e da coerção) os moradores tendem sim a torcer pelo tráfico. Houve uma euforia no momento das ocupações pela polícia com as UPPs. Os moradores poderiam contar com o Estado para deixarem de viver sob o estado de alerta das trocas de tiro e incursões policiais ( medo e coerção, né?). O projeto incluía programas de assistência social, saneamento, cultura etc. Esses projetos nunca foram levados adiante. Este foi o maior erro. Os índices de violência despencaram, num primeiro momento. A classe média deixou de ser aterrorizada também e o calculo eleitoral já tinha sido feito por parte dos políticos. Não havia a necessidade dos investimentos sociais, dentro desse cálculo.
    Os serviços que deveriam ser prestados pelo Estado, começaram a ser prestados por grupos que ocuparam essas comunidades, perceberam as necessidades lá presentes e começaram a oferta-los a um preço acessível. Depois de um tempo utilizou-se a coerção, no melhor estilo miliciano do termo.
    Logo, a expansão das milicias ( e podemos dizer sua transformação de grupos de extermínio em milicias propriamente ditas) tem muito a ver com o domínio territorial proporcionado pelas UPP). Não que já não houvesse anteriormente, porém o vigor e o projeto de poder eleitoral passou a tomar corpo a partir dai.
    Esse elemento “coerção” antes era atribuído ao tráfico e mesmo assim haviam facções com modo operante menos impositivo, como ocorria na Rocinha, em que o líder buscava solucionar conflitos e fazia atendimentos sociais para os moradores.
    Se você perguntar por moradores, eles vão dizer que a milicia esculacha muitos mais que os traficantes.
    Ou seja, eles já torcem pro CV.

  5. Por que as vítimas, seus pais, seus filhos não aplicam a Lei de Talião aos chefes das milícias e seus jagunços ? As comunidades sabem exatamente quem é quem, o que fazem, onde dormem…
    Acredito que ninguém tem dúvida de que no Rio estão corrompidos policiais, promotores e juízes. Logo, esperar Justiça do sistema judiciário carioca é alucinação.

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