Banco Central tem feito atualmente o que rejeita no projeto de autonomia

Se o BC fosse tocar a meta de inflação imediata a ferro e fogo, taxa de juros deveria cair neste momento

Sede do Banco Central, em Brasília. Foto: Reprodução

Jornal GGN – Embora o Banco Central rejeite uma meta secundária para a atividade econômica nos projetos que estão em andamento no Congresso, é justamente esse o trabalho que tem feito no momento ao manejar a política monetária para reduzir as flutuações do PIB (Produto Interno Bruto).

Em artigo publicado no jornal Valor Econômico, Alex Ribeiro explica que a última ata do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) deslocou uma parcela maior do direcionamento da política monetária de 2020 para 2021, em um movimento mais prematuro do que o costumeiro.

Embora não justifique os fatores que levaram a tal medida, uma probabilidade para tal decisão seria “suavizar as flutuações do nível de atividade econômica”; – trecho que foi retirado da emenda do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) ao projeto de autonomia do BC que coloca a atividade econômica entre os objetivos secundários da autoridade monetária. Ontem, o projeto com tal emenda foi aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, junto com um pedido de urgência para submetê-lo ao plenário da casa.

A emenda, inspirada em proposta do economista Armínio Fraga, aproxima o sistema brasileiro do vigente em países como a Austrália e Japão, que têm como meta primária a inflação e a secundária minimizar a flutuação do produto. Esse é o sistema que, na prática, é adotado pelo Brasil e por países com sistema de metas de inflação – o objetivo inflacionário é dosado com a preocupação de reduzir oscilações do produto, quando isso não afeta a meta principal de estabilidade monetária.

Segundo Ribeiro, o Banco Central faz exatamente isso. As projeções de inflação de 2020, em 3,5% ante uma meta de 4%, mostram um bom espaço para redução de juros. Contudo, as estimativas de inflação de 2021, entre 3,7% e 3,8% ante uma meta de 3,75%, não indicam espaço para cortar os juros.

“Se o Banco Central fosse focar a ferro e fogo exclusivamente a meta de inflação imediata, como o projeto de lei elaborado pela própria autoridade monetária faz supor, deveria reduzir os juros agora para, mais tarde, voltar a subi-lo”, pontua o articulista, ressaltando que isso não é feito devido à possibilidade de uma flutuação indesejada na atividade econômica.

“Uma baixa de juros agora aceleraria a economia, para mais adiante um reaperto provocar uma desaceleração da economia. Como altas e baixas de juros não são experiências controladas de laboratório, toda essa oscilação poderia ter efeitos indesejados, como um sobreaquecimento da economia no curto prazo ou uma forte queda mais adiante”, pontua o articulista.

Redação

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