Biodiesel de soja tem decomposição mais eficiente frente à mamona

A degradação do biodiesel de soja em ambiente aquático é mais rápida do que a degradação do biodiesel de mamona. Enquanto perto de 86% do produto à base de soja demora 41 dias para ser degradado, o biodiesel de mamona apresenta diminuição de sua massa após 92 dias.

A análise desse processo foi feita pela engenheira ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina, Ana Paula Nogareti Gomes. Segundo a pesquisadora, o estudo levou em conta a biodegradação do biodiesel puro (B100) das duas matrizes vegetais, e a interação dessas com os compostos BTEX, que são as substâncias tóxicas presentes na gasolina e no diesel de origem fóssil (os chamados hidrocarbonetos aromáticos: benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos).


As pesquisas também revelaram que a presença do biodiesel em compostos BTEX resultou em efeitos negativos da degradação dos hidrocarbonetos aromáticos. O combustível diesel após 28 dias sob condições aeróbicas (com presença de oxigênio) e com fontes de nutrientes (nitratos e potássios) apresentou um nível máximo de biodegradação de aproximadamente 26,2%, enquanto que os compostos a base de soja e canola, por exemplo, no mesmo período sofreram degradação de 88,5%.

Em contrapartida, o composto formado por: biodiesel puro, diesel e gasolina, resultou na biodegradação de 98% do biodiesel puro, 50% do diesel e 56% da gasolina. “Sendo que a biodegradabilidade das misturas aumentava com a adição de biodiesel”, acrescenta a pesquisadora.

Nas pesquisas feitas para medir a degradação do benzeno (um dos compostos BTEX) na presença do biodiesel de soja, foi possível perceber uma redução de 35% do hidrocarboneto. Já, na ausência de biodiesel de soja, o benzeno sofreu redução de 90%.

Ana Paula explica que a desaceleração no processo de degradação do benzeno na presença do biocombustível pode estar relacionada aos processos aeróbicos decorrentes dessa união. A presença de oxigênio, mesmo em baixa quantidade, dificultaria a eliminação dessa cadeia química.

Outro fator que pode ser responsabilizado é a variação do pH nos ‘microcosmos’ (ambientes recriados para a realização da pesquisa feitos in vitro, com água do mar e solo coletados). Isso porque, alguns microorganismos responsáveis pela degradação dos hidrocarbonetos aromáticos são sensíveis à variação do índice que mede a acidez do líquido.

Sustentável

O biodiesel é considerado um combustível de queima limpa, isso porque em comparação aos combustíveis de origem fóssil, sua utilização reduz em 95% as emissões de dióxido de carbono, em 48% de monóxido de carbono e em 47% de hidrocarbonetos BTEX (lembrando que esses compostos são mais solúveis em água e mais tóxicos ao meio ambiente, capazes de provocar lesões ao sistema nervoso central mesmo em pequenas concentrações).

“A implantação de biocombustível na matriz energética do país, além de reduzir a dependência em relação ao petróleo, também contribui para a geração de renda e emprego por poder ser produzido por agricultura familiar”, acrescenta Ana Paula.

Desde julho de 2008, o Brasil conta com um percentual obrigatório da mistura de biodiesel ao óleo diesel comercial de 3%. É possível que até 2013 esse percentual chegue a 5%. A pesquisadora explica que ainda são necessárias mais análises com relação ao impacto desses compostos sobre o ambiente aquático. Estudos feitos em campo e em laboratório, por exemplo, têm revelado que a mistura do etanol com combustíveis fósseis são mais complexas, portanto de degradação mais lenta.

“Um derramamento em grande escala de biodiesel pode causar impactos negativos de resolução provisória na água, mas é menos prejudicial do que um derramamento de combustível diesel. Conseqüentemente, os riscos da poluição às águas subterrâneas seriam reduzidos substancialmente se o biodiesel fosse introduzido”, defende.

Biodegradação

A biodegradação é um processo necessário para atenuar os impactos da contaminação ambiental, porque reduz a quantidade de matérias prejudiciais à saúde de seres humanos e outras espécies, uma vez que “transforma os contaminantes tóxicos em subprodutos não-tóxicos”, explica Ana Paula.

Assim, o biodiesel é considerado uma alternativa necessária para aumentar a sustentabilidade do processo de desenvolvimento do país, sendo altamente biodegradável “com um tempo de meia-vida de alguns dias” frente à degradação do diesel que chega a demorar de meses a anos.

Para ler o estudo na íntegra, clique aqui.

Redação

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