Bolsonarista raiz justifica o golpe da Fiesp

Andre Sturm, do conselho da Fiesp e que foi nomeado Secretário do Audiovisual no governo Bolsonaro, defende derrubada de Josué Gomes

André Sturm – Foto: Divulgação

Após ser destituído da Presidência da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), por 47 votos contra 1, Josué Gomes da Silva busca contestar o resultado, enquanto a ala mais conservadora e ligada a pautas bolsonaristas da Fundação quer manter o seu afastamento. É o caso de Andre Sturm, um dos membros do conselho da entidade.

Atualização: Em nota, a Fiesp afirmou que Gomes continua na Presidência da Instituição (mais informações ao final da publicação).

Sturm alega, assim como outros dos 47 que decidiram derrubá-lo do cargo, que Gomes não foi alvo de um “golpe” na instituição e que foi resultado de suposta inoperância e “relação ruim” do então presidente da Fiesp.

O manifesto democrático

Por trás da sua derrubada, esteve o grande manifesto organizado por ele a favor da democracia, em agosto de 2022, às vésperas do 7 de setembro e das eleições, que reuniu assinaturas de parte do empresariado, centrais sindicais e sociedade civil, pedindo “estabilidade democrática”.

Mas Andre Sturm nega que a carta ou a desarticulação política de Gomes na entidade tenha gerado sua saída. “Esse ato [o manifesto pela democracia da Fiesp] foi a gota d’água de uma relação ruim, mas não foi por conta disso que ele foi destituído, não foi pelo conteúdo”, disse, em reportagem à Folha.

Contraditoriamente ao que disse inicialmente, Sturm admitiu ter visto problema de o texto não ter sido discutido antes da divulgação.

“Ele tinha que ter mandado para nós e que a gente pudesse refazer. Evidente que nós somos a favor da democracia. Sou contra dois parágrafos, não contra o manifesto. Essas coisas vão sendo esquecidas e o Josué fica como um democrata enquanto age de maneira tirânica”, atacou.

E o documento – interpretado pelos representantes bolsonaristas da FIesp como “manifesto político-partidário” – recebeu a assinatura de somente 14 dos mais de 100 sindicatos da Fiesp, à época.

André Sturm nomeado para o governo Bolsonaro

Um dos porta-vozes da agora defesa da legitimidade da derrubada de Josué Gomes da Fiesp, André Sturm é um dos nomes polêmicos da ala conservadora da entidade.

Em 2019, ele foi nomeado Secretário do Audiovisual no governo de Jair Bolsonaro pelo então Secretário Especial da Cultura, Roberto Alvim, o mesmo que imitou um pronunciamento do ministro da Propagadanda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels, ao som de uma composição favorita de Adolf Hitler.

Ao defender a saída de Josué Gomes da Silva, Sturm ignora o seu próprio histórico de alinhamento ao governo Bolsonaro e afirma, à Folha, que se sente “muito ofendido” de a Fiesp ser chamada de “bolsonarista”.

“Eu fico muito ofendido [com essa afirmação]. Podem ter lideranças que sejam [bolsonaristas] e existe uma diferença entre votar no Bolsonaro e ser bolsonarista, mas a Fiesp tem que ser uma entidade independente, também não pode ser lulista.”

*

Em nota ao GGN, a Fiesp informou que Josué Gomes da Silva continua na Presidência da Instituição: “É o presidente da entidade e está no exercício pleno de suas funções, conforme determinam os estatutos vigentes.”

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Redação

2 Comentários

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  1. Tá bom, a FIESP não é bolsonarista; A FIESP É NAZISTA. Isso me lembra o depoimento de um dirigente industrial em “Viramundo”, de Geraldo Sarno, Projeto Farkas, 1965.

  2. O Josué e a FIESP literalmente (@6@4@∆∆ prara a reunião.
    Mas se a FIESP que deveria ser o berço do liberalismo e respeito aos contratos está assim em breve as coisas serão resolvidas com em Wakanda, eleição na ¶044@|]@ …

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