Publicada originalmente em 13/8/2020
Jornal GGN – O Brasil “precisa celebrar muito” o processo evolutivo de inclusão de alunos especiais nas escolas nas últimas duas décadas. As estatísticas apontam que 90% dos estudantes com necessidades especiais matriculados já estão em ambientes inclusivos. “O que a gente conseguiu realizar no Brasil é um marco, eu diria, na história da educação inclusiva no mundo”, disse ao GGN Rodrigo Hübner Mendes, fundador do Instituto Rodrigo Mendes para educação inclusiva, nesta quinta (13).
Em entrevista ao jornalista Luis Nassif, especialmente para a série “Refundação do Brasil”, Mendes ponderou que os dados positivos não querem dizer que a questão da inclusão está superada. “A gente tem 10% [de alunos especiais] que ainda estão na segregação.”
Além disso, os números refletem a situação do aluno que já está matriculado ou “dentro do sistema”. “A gente ainda não consegue saber quantos alunos [especiais] estão de fora” das escolas.
O que se sabe bem é que houve uma mudança na forma como a sociedade encara a questão. No no passado, segundo recordou Mendes, o Instituto Alana encomendou ao DataFolha uma pesquisa que mostrou isso.
“De acordo com essa pesquisa, 86% dos entrevistados acham que a melhor alternativa para aluno com deficiência é a escola comum. Essa mesma pesquisa também revelou que quase 70% dos professores se sentem ainda sem qualificação suficiente para poder endereçar essa temática.”
Para Mendes, a formação dos professores, sobretudo no que tange a atualização dos métodos de ensino nas escolas, deve ser tratada como prioridade.
“Basta colocar a criança na escola? Claro que não. As escolas precisam se transformar, sair dessa inércia, do modelo obsoleto”, defendeu.
“Os professores estão com um dos pés numa canoa nova – que é essa canoa da escola para todos, que busca o convívio, a troca, a garantia de equidade – e o outro pé numa canoa antiga, de uma escola conservadora, justamente pelo receio, medo de não darem conta dessa nova realidade. O que a gente precisa fazer como sociedade é apoiar, oferecer subsídios, orientar e instrumentalizar esses educadores para que eles abandonem essa canoa antiga”, sugeriu.
“A gente está falando de um tipo de educação que é pautada por reconhecer que existem diferenças na forma de aprendizagem de cada alunos. Quando a escola reproduz o modelo de adotar um único formato de aula, com 50 alunos que ficam ali por 50 minutos só ouvindo um conteúdo na lousa ou material didático, esse modelo exclui por natureza, independente da deficiência. O caminho é transformar a sala de aula num laboratório onde o professor tem que ir explorando formas diferentes de abordar o conteúdo”, insistiu.
Na entrevista, Mendes também relatou o trabalho exemplar das equipes de educação de algumas cidades brasileiras durante a pandemia, para garantir a manutenção do ensino à distância para alunos especiais.
Ele falou ainda do Instituto Rodrigo Mendes, que há 25 anos trabalha para que “nenhuma criança ou adolescente fique de fora da escola em virtude de alguma deficiência”. O Instituto oferece, através da plataforma Diversa, meios de ajudar na formação continuada dos educadores à luz das melhores experiências internacionais.
Assista a entrevista completa:
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