Café (já) tem 10 museus e ocupa 0,8% de área no país

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

Café (já) tem 10 museus e ocupa 0,8% de área no país

por Silvio Reis

Com a inauguração de mais dois museus do café em 2017, o primeiro do Rio de Janeiro e o terceiro do Paraná, o Brasil tem atualmente dez museus que contam a história da cafeicultura regional e nacional. E não faltam projetos para aumentar a quantidade de espaços culturais nessa área.

De diferentes formas, o café brasileiro ganhará reforço de divulgação em 2018. Dois grandes museus fazem aniversário. A antiga Fazenda Lageado, em Botucatu, foi a primeira Estação Experimental de Café do país, nos anos 1970. Há 30 anos, tornou-se preservada em forma de museu do café, mantido pela Universidade Estadual Paulista, Unesp.

O suntuoso palacete do Museu do Café de Santos anunciou uma programação diversificada, internamente e na cidade, para comemorar 20 anos de fundação. Exposições, cursos, degustações, passeios de bonde e outras atividades poderão ser intensificadas, inclusive no museu virtual.

A próxima novela da TV Globo às 18 horas, Orgulho e Paixão,, será ambientada em uma das fazendas do Vale do Café, roteiro turístico do Vale do Paraíba Sul Fluminense. Nessa região, a Fazenda São Luís da Boa Sorte, em Vassouras, inaugurou no ano passado um Museu do Café para preservar parte da memória do Estado no século XIX.

Estas e outras divulgações vão favorecer a meta divulgada pela Associação Brasileira da Indústria do Café, ABIC, para o Brasil se aproximar, até 2021, do maior consumidor do produto, os Estados Unidos. Por enquanto, na vice-liderança, o desafio é alcançar uma taxa de crescimento superior a 3% ao ano.

Novos roteiros turísticos e museus contribuem para aquecer o mercado interno. No Norte do Paraná, a Rota do Café integra oito municípios. “Todos têm uma história para contar”. Para os visitantes, “uma nova história para viver”. Londrina faz parte desse roteiro com o Museu do Café, divulgado em 2011 no Guia dos Museus do IBRAM, Instituto Brasileiro de Museus.

O Museu do Café de Ibiporã teve inauguração em 2012, após restauração de uma estação ferroviária. O Museu do Café Massuci, em Rolândia, foi lançado no ano passado, na Fazenda Bimini. Parte do acervo é formado por obras em papel jornal do artista plástico Edson Massuci.

Milhões de grãos

Inaugurado em 1957, Ribeirão Preto, SP, abriga o primeiro espaço histórico-cultural dedicado à cafeicultura brasileira. O Museu do Café Francisco Schmidt ocupa a antiga “casa grande” da Fazenda Monte Alegre. Viabilizado por fazendeiros e pelo Instituto Brasileiro do Café, IBC, leva o nome de um dos barões do café e se encontra no campus da Universidade de São Paulo, USP.

A sede da Fazenda Taquaral, onde morou o fundador de Campinas, Barreto Leme, ganhou uma réplica, em 1996 e hoje representa o Museu do Café de Campinas. O MUCA pesquisa, coleciona, conserva, expõe e divulga a influência do café no desenvolvimento socioeconômico e cultural.

Com muita história para contar, somente a partir do ano 2000 Minas Gerais ganhou o primeiro museu do café, no Hotel Fazenda Pedra Negra, em Três Pontas. A propriedade expõe produtos típicos e oferece um Museu Vivo, com atividades cafeeiras em execução. Também no Sul de Minas, o Museu de Botelho, aberto em 2007, já possui cerca de 600 peças e decoração temática.  Outros museus poderão surgir pelo país. Em 2016, para a conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC de Poços de Caldas, Mário Marcos Borges Bueno projetou um museu e um centro de formação profissional para a mineira Guaxupé, sede da maior cooperativa de café do mundo. 

Uma informação recente para os dez museus em atividade vem de uma pesquisa da Embrapa: toda a área produtiva ocupada pela cafeicultura brasileira representa 0,86% em relação aos 850,3 milhões de hectares. Parece pouco espaço para o maior exportador mundial de café.

Silvio Reis, jornalista 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

4 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Museu do Café de Ibiporã

    Muito boa essa reportagem! Sou de Ibiporã e o Museu do Café aqui é simplesmente maravilhoso, resgatando a simplicidade e tradição da nossa história. Parabéns pelo tema 🙂

  2. Café brasileiro – potência institucional afetada

    A peso histórico do café como lastro da inserção internacional do Brasil, ao longo de quase três séculos, conferiu a forte presença institucional do país no segmento.

    Por anos, as empresas, os executivos e o corpo diplomático brasileiro sempre tiveram um imagem de liderança e de credibilidade inconteste no setor. Como exemplo disso, destaco o peso e o decisivo papel que tivera o industrial Horácio Sabino Coimbra para que o Brasil estreitasse, nos anos 70, os seus laços diplomáticos e comerciais a então longínqua República Popular da China. Atualmente, temos a presidência da Organização Internacional do Café, a mais importante associação de países importadores e exportadores do setor cafeeiro mundial, por meio o experiente executivo José Sette Dauster. http://www.ico.org/ed_e.asp?section=About_Us

    A forte presença institucional, no entanto, não foi capaz de transformar o país como um país primasse pela inovação efetiva. Nesse sentido, permanecemos muito aquém de produtores regionais como a Colômbia, além do fato de que mantivemos a nossa postura de pensar o produto como uma commodity per se ou, no máximo, como um café solúvel, sem grandes agregação de valor. Itália, Starbucks e Nespresso são coisas que passamos a importar como algo inovador, não como um produto que poderia ser potencioalizado por aqui. 

    Há esperça de que uma nova geração de aprecioadores desta bebida possa dar um novo impulso inovativo ao produto, por meio do incremento, a lá brasileira, da exportação do conceito de barista brasileiro. É ver para crer e, assim, superarmos a perspectiva de sermos meros exportadores do produto físico para tornarmos exportadores de ideias inovadoras, lastreada neste produto secular a nossa economia.

     

     

  3. Segundo o escritor Monteiro Lobato. . .

    Segundo o escritor Monteiro Lobato o grande problema do Brasil era o L das exportações brasileiras, o traço vertical do L correspondia ao café, o traço horizontal a todos os outros produtos somados, e assim era desde o começo do século XX até os anos 60, o país era um grande cafezal, o interior de São Paulo, Minas Gerais, norte do Paraná era formado em sua grande maioria por sítios e fazendas de café, e o país não  era pobre por isso, muita pobreza na zona rural, mas nas cidades, os salários eram melhores e a economia estável, a inflação era baixa, e o país crescia, mesmo com essa monocultura, pois o café era puro ouro obtido com o suor dos agricultores e com o calor do sol, quase nenhum insumo era usado nessa lavoura, hoje o café ocupa o sexto lugar na relação das principais commodities exportadas pelo Brasil, perde para o minério de ferro, para o petróleo, soja e derivados e carnes, nossa indústria produz tudo que se pode imaginar, mas ainda somos pobres no contexto mundial, 

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador