Capitalismo, Consumo e Materialismo

No contexto mundial marcado pelo predomínio quase hegemônico do sistema capitalista financeiro, pela intensificação do processo de globalização, pelo progresso das mídias de massa e pela revolução técnico científica informacional, nunca a mentalidade do consumismo exacerbado foi tão intensamente divulgada e aceita. Esse tipo de pensamento, século XXI, foi capaz de transformar e subordinar a sociedade a valores materialistas e até mesmo superficiais.

As mídias de massa, nesse contexto, tem papel fundamental na medida em que bombardeia televisões, jornais, internet e revistas com mensagens publicitárias de lojas, cartões de crédito, “shopping centers”, empresas entre outros. Assim, culturalmente, muitos acreditam, hoje, que consumir pode ser uma fonte de felicidade e que possuir determinados produtos é uma necessidade para integrar plenamente a sociedade, seguindo esses valores consumistas.

Claro exemplo disso é a personagem Jacinto de Tomes, do livro “A Cidade e as Senas”, de Eça de Queirós, que, enquanto vive em Paris, possui uma extensa livraria e todos os instrumentos tecnológicos imagináveis. Apesar de situado em outra época, já se percebe a subordinação da vida e de seu valor à posse material quando, no início do enredo, formula-se a equação metafísica de Jacinto, que diz que suma potência e suma ciência resultavam em suma felicidade.

Desse modo, com a situação do crescente consumismo, quem ganha são os grandes empresários, fabricantes e capitalistas, que aumentam seus lucros. Quem perde é a população, que pode se tornar manipulada, alienada ou até atrelada a créditos bancários que não podem quitar, e o meio ambiente, cujos recursos são intensamente explorados e sofrem com a produção crescente de lixos.

O mundo globalizado não deixa espaço para as improvisações ou meros gestos de boa vontade e esperança. Já não há mais caminhos sólidos para o amadorismo e a sorte deixou de ser confiável.

Os negócios e as oportunidades fluem agitadamente sempre dependentes da informação e da capacidade de resposta ágil e eficiente dos profissionais que têm o poder e o dever de decisão.

Apesar de ser notória a necessidade de buscar atualização disciplinada e sistemática para o profissional moderno, os limites do tempo, a avalanche de compromissos, e até o elevado custo financeiro da atualização são marcos inibidores, e tudo fica para depois. Sempre depois.

Embora o mundo virtual seja eficiente no estoque de dados úteis, constatamos, a cada dia mais fortemente, que o excesso de opções esparsas e desconexas não nos permite absorver as informações e conhecimentos indispensáveis.

Observa-se, no entanto, que a subversão dos valores é indubitável e que a mentalidade consumista da atualidade vem causando consequências sociais, como alienação, e ambientais, como poluição e desmatamento.

Assim, cada vez mais indivíduos se esforçam para poder consumir o que não necessitam, solidificando ainda mais o materialismo que caracteriza a mentalidade do século XXI.

*Neemias dos Santos Almeida é Professor e Pedagogo. Colunista, Articulista, Membro da ONG Atuação Voluntária, Escritor, Voluntário junto ao órgão internacional PNUD/Brasil, e ávido leitor que vive a internet e suas excentricidades desde 2001.

Redação

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