Chefe de delegação nunca foi nada, mas João Doria é demais, por Augusto Diniz

O novo presidente da CBF, o irresistível Marco Polo Del Nero, indicou João Doria Jr. como chefe da delegação do Brasil na Copa América. Ninguém sabe ao certo a profissão de Doria, apenas que ele não entende de futebol.

O cargo de chefe de delegação, desde a criação da CBF, sempre foi figurativo – o desbocado Andrés Sanches, ex-Corinthians, quando na posição na Copa do Mundo de 2010, só faltou dizer que se sentia passeando na África do Sul, depois de ter sido colocado de escanteio em vários momentos da viagem.

Chefe de delegação vez ou outra se pronuncia, mas, em geral, é atropelado pelo modelo autoritário imposto pela CBF – ou seja, fala estritamente o necessário e age seguindo o protocolo, com o mínimo de comprometimento.

A tarefa de Doria será responder pela organização da passagem do Brasil pelo Chile, onde se realizará o torneio. A questão é que boa parte das providências é tomada com muita antecedência pelo chão de fábrica da entidade, cabendo a Doria, portanto, a um mês da competição, assumir a gestão dessa etapa final – embora seja a mais crítica, ela já está devidamente encaminhada.

Chamado por muitos de publicitário, a profissão mais adequada para designar João Doria Jr. é promotor de lobby – ela existe no mundo inteiro e exerce forte influência para o bem e para o mal em governos de todos os países.

No caso de Doria, ele essencialmente vive de organizar encontros de aproximação de empresários com políticos, o resto de suas atividades (publicista, apresentador etc.) é percebido por quem conhece o meio, como práticas visando funcionar de escada para sua função principal de fomentador de reuniões entre gente graúda e o poder.

O problema é que para a entidade máxima do futebol no Brasil isso não fica bem. Já não ficava quando chamavam dirigentes de clubes para exercer a atividade, outra categoria questionada permanentemente pelo modus operandi.

Agora, com Doria, ganha ares dramáticos, se não patéticos por ele não viver o dia a dia do futebol e ganhar o pão aproximando interesses privados do poder público – enquanto a sociedade execra o financiamento de empresas de campanhas políticas.

“Diga-me com quem tu andas e eu te direi quem tu és”. A frase define bem a escolha de Del Nero. A CBF continua a mesma.

Redação

15 Comentários

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  1. Inacreditável

    Eu reputo essa decisão a uma forma de afrontar o governo, em função das discussões em conjunto com Bom Senso FC.

    Não há outra explicação. Essa figura abjeta não tem relação com futebol, e seu único objetivo é lutar políticamente pelos tucanos.

    Segundo consta o mesmo foi o mais agressivo participante do Roda Morta da Cultura, quando o negócio era o impeachment de Dilma.

    Hoje vemos em blog’s as ações do mesmo visando ciceronear o Chuchu Alckimin junto ao empresariado, incluindo convescote nos EUA.

    Isso tudo passar a fazer parte do triste retrato do futebol brasileiro sugado pela CBF com o apoio de dirigentes corruptos que choram e reclamam de tudo, mas que simplesmente não largam o osso.

    Infelizmente ainda não vejo motivos para torcer por uma seleção convocada sei lá por quais critérios, gerando caixa para não sei quais propósitos e agora com mais uma pecha negativa de partidarismo.

    1. É, caro Djalma, esse Dória

      É, caro Djalma, esse Dória que é um represante perfeito da mais abjeta e fútil elite paulistana, vai ganhar uma vitrine para fazer seu proselitismo tucano-golpista. Não creio que saiba atuar como lobbista para aproximar empresário de jogador e cartolas. A não ser que queira entrar nesse mercado.

      Já o vejo aproveitando a derrota da seleção para pregar o impeachment, já que a Dilma será a grande culpada claro

  2. Apenas mais um cara rico

    Apenas mais um cara rico puxando o saco de outro cara rico por razões exclusivamente monetárias. Nenhuma novidade. 

  3. Na copa de 1958 o Brasil teve

    Nas copas de 1958 e 1962 o Brasil teve um chefe de delegação muito importante, o Dr Paulo Machado de Carvalho, que, segundo dizem, teve atuação crucial na gestão da equipe e até na vitória na Copa. Daí virou até nome do estádio Pacaembu.

    Já este daí é lamentável. Uma figura bizarra.

    1. Ele foi crucial para a

      Ele foi crucial para a vitória em 62 sim, sem dúvida, Daniel. Dizem que ele foi responsável pelo efeito suspensivo que permitiu a atuação do Garrincha na final. Tinha sido expulso na semi.

      Já o Dória não sabe escalar o time. Só conhece o Neymar, que já foi convidado para seus regabofes, com certeza

      1. Ao Juliano

        Como respondi anteriormente, em 62, o futebol era gerido pela CBD, uma espécie de Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Mas depois que a CBF passou a ser a entidade máxima do futebol no País, acabou na prática a função. Um abraço.

    2. Ao Daniel Quireza

      O Paulo Machado de Carvalho, o “Marechal da Vitória”, foi importante para as conquistas de 58 e 62. Só que não existia a CBF, criada em 1979, mas sim a CBD, que gerenciava todas as modalidades esportivas do País. Um chefe de delegação do futebol, naquela período, tornava-se quase um presidente do esporte. Hoje, com a CBF, o cargo tornou-se meramente figurativo.

  4. ….

    isso fora o BV q é procedimento usual do indivíduo……ultrapassando por algumas vezes aquela linha tênue q separa o ético do anti etico…..

    recentemente o mesmo deu piti pela ausencia de petistas num evento jabazão q ele fez num resort, 

    Não existe uma explicação coerente sobre essa escolha, nem mesmo p/ fazer frente ao “bom senso” pois de fato bom senso é o q não existe nesse relacionamento com a CBF!

  5. João Doria Jr – o influente

    Difícil, quase cômico, o posicionamento do autor em querer conceber João Doria Jr. como lobbista.

    É melhor defini-lo como um promoter de seminários, palestras e eventos corporativos. O resto é adjetivação em demasia, excesso de oba-oba. 

    Não dá para comparar o Doria Jr com figuras como Jorge Serpa, Fredrico Augusto Schmidt ou Negrão Lima. Ao contrário daquele, esses apresentavamde uma priofundidade intelectual e cultural incomensurável e um refinamento único no trato com as instâncias de poder. (vestir um costume alinhado não quer dizer nada).

     

     

  6. A última frase da matéria

    A última frase da matéria resume tudo. Afinal, quem entende de futebol nessa entidade? E precisa? Se fosse sério, a maioria estaria fora. Agora, é provável que esse povo da CBF seja especialista em outros conhecimentos.

    Mas eles não são os culpados. Considerando o ditado caipira, que diz que as pessoas são aquilo que deixam elas serem, é o caso de perguntar quem coloca esse povo para dirigir a instituição.

  7. Augusto Diniz, vvocê não sabe

    Augusto Diniz, vvocê não sabe qual é a profissão de João Dória, ou esta afirmação é apenas força de expressão? 

    Então vamos ver se você adivinha: a função dele é aproximar politicos de ricaços,  e ricaços de politicos, para tirar algum de ambas as partes, para levar vantagem. Descobriu quam é a profissão dele? Não? 

    Então vou ser mais claro com outro exemplo: quem aproxima ricaço de prostituta, e prostituta de ricaço é o que? Se você pensou que é CAFETÃO, acertou.

    Portanto a profissão de João Dória é a de CAFETÃO. 

  8. Economia global

    Com esta sublimação dos negócios, que deixou abaixo do nível do chão a atividade real ou produtiva (mas que é controlada desde uma nuvem), os que mandam e/ou ganham mais não sujam as mãos, não vestem capacete, avental nem chuteiras.

    Isso ocorre no esporte, na indústria e em qualquer atividade onde exista algum espaço de lucro entre a realidade e a miragem que é passada para o consumidor. 

  9. Mas as “passeatas” anti

    Mas as “passeatas” anti governo foram uma boa campanha de mkt para a CBF, afinal todo mundo “vestiu a amarelinha” … logo faz jus a honraria. Eles se merecem.

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