Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
[email protected]

Churchill e os estragos do moralismo, por André Araújo

“O moralismo destrói países e cenários a pretexto de purificar a política, atividade que jamais será moral em qualquer lugar do planeta como jamais foi em toda a História escrita”

Por André Araújo

Winston Churchill foi um estadista inglês completamente fora do padrão clássico dos políticos britânicos. De mãe americana linda e livre, depois de viúva teve 300 amantes, inclusive o Rei Eduardo VII,  Jennie Jerome já teve duas biografias publicadas em português e muitas mais na Inglaterra.
 
Churchill teve um pai nobre mas complicado, desafeto do Rei que o exilou na Irlanda, Churchill teve que se virar na vida desde cedo, ajudado pela mãe, era nobre mas não rico.
 
Tornou-se jornalista errante, cobriu guerras, inconstante na vida burguesa, sempre teve dificuldades financeiras, era cavador e facadista, pediu dinheiro emprestado a quem estivesse perto. Beberrão famoso, por todas essas características foi várias vezes encostado pela política inglesa, onde era raríssimo um político trocar de partido, Churchill trocou duas vezes. Considerado irresponsável, inconfiável e inconsequente.
 
Churchill sempre esteve certo com relação a Hitler. Desde o primeiro dia de sua ascensão na Alemanha Churchill advertiu o Governo inglês que Hitler iria atacar a Inglaterra, opinião única e contrária à opinião da totalidade do establishment conservador que dominava o Parlamento, com Stanley Baldwin e Neville Chamberlin, esses seguros de que Hitler era inofensivo.
 
O irresponsável Churchill era o único certo, todos os demais estavam errados. Ninguém confiava em Churchill mas foi a ele que a Inglaterra teve que recorrer para enfrentar o Terceiro Reich. Os bem pensantes tentaram, mas nenhum chegava a seus pés em capacidade, intuição e visão. Para ver as trípolis incríveis da vida de Churchill, há biografias novas de sua vida privada, a melhor das quais é THE PRIVATE LIFES OF WINSTON CHURCHILL.
 
Exemplo histórico que nos remete às tragédias que o moralismo rasteiro e cego pratica. Se José Dirceu e Antonio Palocci não tivessem sido sacrificados em nome do moralismo, o Brasil estaria hoje em outro patamar de governança. Dirceu, provavelmente, teria sido sucessor de Lula. O trânsito pessoal de Dirceu em Washington e Nova York garantiria alianças estratégicas da economia brasileira.
 
Dirceu foi o maior praticante da Realpolitk no Brasil do PT, enquanto Palocci praticava a política econômica clássica com leve tempero de esquerda, gozando de absoluta confiança do empresariado.
 
No rescaldo do Governo Militar Paulo Maluf teria sido um Presidente infinitamente mais eficiente e produtivo do que Tancredo e depois Sarney. Foi um ótimo Governador e um excelente Prefeito de São Paulo. Sem as obras de Maluf São Paulo hoje seria inviável, mas o moralismo pós UDN o abateu já no desdobramento inconsequente da má liderança de Ulysses Guimarães que produziu Sarney.
 
Maluf nunca foi santo, mas às 6 horas da manhã já estava inspecionando obras. Fez muitas e bem feitas em todas as áreas da infraestrutura.
 
O moralismo de Carlos Lacerda e da UDN autêntica, onde Sarney chefiada uma das facções (a “Banda de Música”), matou Getúlio, o maior estadista brasileiro do Século XX, jogando o País em uma vasta crise, toda ela produto do moralismo. Getúlio era um homem íntegro a ponto de sacrificar a vida antes de ser sequer inquirido por alguém, estava muito acima disso e a Republica do Galeão já insinuava que iriam intimá-lo a depor, algo impensável para Getúlio.
 
O moralismo destrói países e cenários a pretexto de purificar a política, atividade que jamais será moral em qualquer lugar do planeta como jamais foi em toda a História escrita. Bom símbolo do caráter impuro da política foi Charles Maurice de Talleyrand Perigord, Príncipe de Talleyrand, Bispo de Autun.
 
Mais nobre que os Bourbons, Talleyrand foi Ministro do Exterior de oito regimes, da extrema esquerda à extrema direita, da Revolução Francesa à Restauração da Monarquia, mais corrupto que Fouché, recebeu 4 milhões de francos ouro para dar independência à Polônia. Ao vê-lo entrar na Sala do Trono apoiado em Fouché, pois era manco, Chateaubriand disse “Eis que adentra na Sala o vício apoiado no crime”.
 
Esse homem considerado crapuloso salvou a França no Congresso de Viena de 1815, fez da França derrotada uma das vencedoras para reorganizar o mundo, criou a Bélgica, redesenhou o mapa da Europa. Como caráter não valia nada, mas era um grande estadista, superou a Metternich, seu rival em Viena, graças aos céus ainda não existia o moralismo.
 
Homem de todos os vícios conhecidos, fascinado pelo jogo de cartas que praticava com altas apostas, vivia amasiado com uma sobrinha, a Duquesa de Dino, morreu solteiro. Napoleão o detestava, mas precisava dele. Talleyrand pulou fora dos Cem Dias apesar dos desesperados apelos de Napoleão para voltar a Paris e ser seu Ministro do Exterior.
 
Morreu no seu Castelo de Valençay, o mesmo onde nasceu, a França lhe deve duzentos anos de História.
 
 
Residência do Príncipe de Talleyrand em Paris, em 1947 tornou-se o escritório do Plano Marshall e posteriormente a primeira sede da OTAN, Organização do Tratado do Atlântico Norte.
 
 
O Píincipe de Talleyrand, retrato a óleo.

 

Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

99 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Lembrei do filme Lincoln.
    A

    Lembrei do filme Lincoln.

    A abolição da escravidão nos EUA foi feita a partir de ameaças, corrupção, venda de cargos, manipulação, mentiras e prorrogação forçada da Guerra da Secessão. Veja o filme.

    Parece um trocadilho infame neste caso, mas Política é constituída de uma névoa cinzenta. Não é ´´preto no branco´´.

    Como é dito no final do filme (com outras palavras, mas o sentido é o mesmo): um enorme avanço ético e civilizatório foi realizado a partir de corrupção e mentiras.

    Alguém aí vai perguntar ao Obama e à Michelle se eles querem que revoguem a abolição da escravidão nos EUA pois foi uma lei aprovada a partir de ações imorais?

  2. Os textos históricos do Sr.

    Os textos históricos do Sr. Araujo são deliciosos ,não se pode negar .Sempre olhando o passado para embasar sua visão do presente .Lendo o texto acima,podemos concluir :

    1-Se a mãe de Churchill teve 300 amantes e ele era um  “cavador ” ,podemos achar que Churchill era um FDP .

    2-Os politicos corruptos ,ou melhor ,”cavadores “.são os melhores.Sendo assim ,já deveríamos ser a maior potencia mundial  ,pois policos FDP e “cavadores  ”  ,possuimos de longa data ,até para exportar .

    1. Não basta se sór cavador e

      Não basta se sór cavador e burro, ignorante, pascacio. Churchill era cavador mas ganhou o Premio Nobel de Literatura

      por seu magistral conhecimento da lingua inglesa, entre outras coisas. Sua obra literaria é imensa e valiosa.

    2. Não basta se sór cavador e

      Não basta se sór cavador e burro, ignorante, pascacio. Churchill era cavador mas ganhou o Premio Nobel de Literatura

      por seu magistral conhecimento da lingua inglesa, entre outras coisas. Sua obra literaria é imensa e valiosa.

    3. Sobre o item 2: nada a ver

      Uns poucos homens amorais são bons políticos, mas nem todo amoral é um bom político (essa é a tese do AA, se entendi bem).

      FHC – um amoral –  sempre fez vista grossa à corrupção do seu governo, aceitou pixulecos diversos antes de picar a mula (iFHC e triplex em Paris), mas foi um poste como presidente. O PSDB perdeu eleições seguidas para o PT por conta da herança maldita do seu governo.

      O Brasil é carente de bons políticos como Lula e Zé Dirceu.
      E o campo conservador é carente de juízes e promotores com a decência e o espírito cívico de um Sobral Pinto.

  3. O texto tem lá seus méritos…

    … Mas fiquei com um gosto amargo na boca ao constatar que baseado nos exemplos dados, Cunha tem tudo para ser nosso próximo Presidente da República. Ou não? 

    1. Absoltamente nada a ver. Não

      Absoltamente nada a ver. Não basta ser SÓ esperto, é preciso fazer coisas imensamente importantes para o Pais,

      obras, empreendimentos, realizações, movimentos diplomaticos, construções geopoliticas, o positivo precisa ser imensamente maior que o passivo, de modo que o SALDO historico seja gigantesco.

      1. Seu pensamento é absurdo por

        Seu pensamento é absurdo por vários motivos.

        O primeiro, óbvio, é legitimar a corrupção com base em supostas boas ações do praticante. É, sem meias palavras, a lógica do “rouba, mas faz”. Aliás, vc mesmo trouxe o exemplo do Maluf.

        Segundo, por envolver um subjetivismo perigoso quando se fala em relações de poder. Afinal, quem detém o poder é que vai determinar se o saldo histórico é positivo ou não.

        Andre, sem enrolação, é o seguinte: há uma relação direta entre corrupção e pobreza. Não há qualquer efeito benéfico da corrupção, e por nenhum motivo ela deve ser tolerada.

        1. Em um mundo ideal, onde só

          Em um mundo ideal, onde só chevesse o absolutamente necessário em cada região, não teríamos nem enchentes, nem secas.

          No mundo real, onde, por exemplo, o lobby é uma atividade considerada essencial para que os projetos andem, no Brasil é considerada crime.

          Onde os “moralistas” que estão toda hora na TV apontanto o dedo, são piores do que aqueles a quem eles acusam. Onde os orgão de justiça e investigação também são corruptos.

          É utopia querer acabar com a corrupção. É falta de caráter dizer que é contra a corrupção quando olha apenas os “pecados” dos outros.

          As operações Lava Jato e Zelotes são mesmo contra a corrupção? Ou apenas contra a corrupção que interessa?

          Temos uma presidente que até os mais ferrenhos adversários admitem que é honesta. E mesmo assim estão tentando tirá-la do poder, com a ajuda de um verdadeiro gangster que é presidente da câmara dos deputados. Isso é lutar contra a corrupção?

        2. Quem faz a avaliação é a

          Quem faz a avaliação é a Historia, pelo conjunto de centenas de historiadores, o balanço é posterior e demanda tempo.

          Se for avaliar por corrupção nã escapa um unico lider politico de envergadura no planeta. John Kennedy foi eleito pela mais corrupta maquina eleitoral da historia dos EUA, a chamada “mafia de Chicago” controlada até hoje pela familia Dailey, prefeitos de Chicago há quatro gerações, dessa maquina sairam os votos que elegeram Kennedy.  Mais corrupto que os Kennedy só Lyndon Johnson, cuja biografia de quase 1.000 paginas por Robert Caro faria Maluf voltar ao jardim de infancia.

          A politica americana é a mais corrupta do planeta e eles insistem em dar lição de moral ao mundo.

          O pior é que os alunos dessa escolinha ficam embevecidos com os professores do Departamento de Justiça.

          A proposito, há um CASO GRAVISSIMO de corrupção no Tribunall de Contas da União com o filho do presidente que mesmo depois da denuncia foi REELEITO em dezembor e sobre o caso,  como anda o inquerito, se é que existe ?

          Falou em Tribunal ninguem quer investigar, não é mesmo?

          E o ultra gravissimo caso do helicoptero com meia tonelada de cocaina, que fim elevou?

          É um moralismo de anedota

           

  4. foi o contrário

    “advertiu o Governo inglês que Hitler iria atacar a Inglaterra”

    Na verdade foi a Inglaterra que atacou a Alemanha, com a declaração de guerra em 3/9/40.

    O objetivo de Hitler nunca foi a Inglaterra, ele a via como aliada. Seu objetivo sempre foi a expansão para o leste, tanto que ele atacou a URSS quando a guerra já estava ganha pela Alemanha, os alemães iam comer os ingleses pelas beiradas, as possessões britânicas no mundo árabe iam passar para mãos alemãs, inclusive aquelas que já se sabia que tinham muito petróleo. Em abril de 1941 Creta já estava na mão da Wehrmacht, faltava muito pouco para a Alemanha tomar Suez e as possessões inglesas no Oriente Médio. Adicionalmente, os alemães contavam com todas as possessões francesas e belgas na África como fontes de matéria prima.

    Hitler enviou Hess para fazer um acordo com os ingleses, no sentido de que se ele atacasse a URSS, a Inglaterra faria a paz com a Alemanha. Churchill fingiu que aceitou, Hitler invadiu a Rússia e o final da história nós conhecemos.

    1. A Alemanha atacou a Polonia

      A Alemanha atacou a Polonia em 1º de setembro de 1939, a Polonia  tinha um Tratado de Mutua Defesa com a Inglaterra,

      era automatico pelo Tratado que atacando a Polonia a Alemanha teria a declaração de guerra da Inglaterra, portanto dizer que foi a Inglaterra que começou a guerra é simples jogo de palavras, foi a Alemanha quem iniciou a Segunda Guerra.

      1. isca…

        Você já se perguntou qual seria o interesse inglês de ter um tratado de defesa mútua com os Poloneses ? Jogo de palavras é dizer que os ingleses firmaram esse tratado com os Polones por pura nobreza de espírito…

        Óbvio que foi uma isca.

        Hitler foi um fantoche. A alemães foram o pretexto para que se criasse você sabe o quê na Palestina…

        Já se sabia qual seria o final do jogo desde outubro de 1929, ou talvez desde 1919, quando Hitler ingressou no partido nazista, supostamente como mero infiltrado.

        1. O interesse era cercar a

          O interesse era cercar a Alemanha , assim como havia o Tratado Anglo-Franco-Russo antes da grande Guerra para cercar o Imperio Alemão a leste, o principio do “encirclement” de modo a evitar que a Alemanha tivesse que combater só em um lado.

          1. protocolo secreto

            “O interesse era cercar a Alemanha”

            O interesse era acabar com a Alemanha e com a URSS ao mesmo tempo, fazendo com que eles se matassem.

            Li que havia um protocolo secreto no tratado entre a Inglaterra e a Polônia, em que se dava uma interpretação ao artigo 1º do tratado, no sentido de que a “potencia européia” da qual a Polõnia seria defendida pelo Reino Unido seria exclusivamente a Alemanha (excluindo a URSS, portanto). Isso foi antes de setembro de 39 (se é que esse protocolo não foi ‘inventado” depois). Portanto, o objetivo realmente nunca foi proteger a Polônia, como você diz.

            Hitler, o fantoche assassino e paranoide, que destruiu e ao mesmo tempo beneficiou aqueles que dizia mais odiar (um dos maiores paradoxos da história), fez exatamente o que os ingleses queriam em 22 de junho de 1941.

             

      2. isca…

        Você já se perguntou qual seria o interesse inglês de ter um tratado de defesa mútua com os Poloneses ? Jogo de palavras é dizer que os ingleses firmaram esse tratado com os Polones por pura nobreza de espírito…

        Óbvio que foi uma isca.

        Hitler foi um fantoche. A alemães foram o pretexto para que se criasse você sabe o quê na Palestina…

        Já se sabia qual seria o final do jogo desde outubro de 1929, ou talvez desde 1919, quando Hitler ingressou no partido nazista, supostamente como mero infiltrado.

      3. porque não declarou guerra à Rússia ?

        “a Polonia  tinha um Tratado de Mutua Defesa com a Inglaterra,”

        Se tinha um tratado de mútua defesa com a Polônia (assinado um pouco antes da invasão), porque a Inglaterra não declarou guerra também à Rússia, que também invadiu a Polônia pelo Leste ?

        É sabido e consabido que Stalin admirava Hitler. Os soviéticos odiavam muito mais os ingleses do que os alemães. Foi em parte graças à intervenção alemã na primeira guerra que os bolcheviques chegaram ao poder. Se Hitler não tivesse atacado a Rússia, seria muito provável uma aliança entre os dois, que teria aniquilado a Inglaterra.

        Uma boa leitura:

        http://www.haciendapub.com/articles/churchills-deception-dark-secret-destroyed-nazi-germany-louis-c-kilzer

        Como curiosidade, o despertar de “Cesare” (O gabinete do Dr. Caligari, filme de 1920 – ver a partir de 0:24):

        [video:https://www.youtube.com/watch?v=UEEOEnAmGl8%5D

         

        https://en.wikipedia.org/wiki/From_Caligari_to_Hitler

        (se possível procurar saber quem foram os roteiristas do filme. Ironias da vida)

        1. Stalin, Churchill e Hitler

          Hitler tinha os ingleses como povo de mesma origem que os alemães. Os soviéticos, ao contário segundo ele, eram os eslavos (nome que tem origem em escravos, slavos em latim) que detinham as terras que a Alemanha precisava e as riquezas, como o petróleo. Isto está no Mein Kampf. Não faz sentido Stalin admirar o homem que escreveu isto.

          O citado “Churchill`s deception” é intrigante. Tem versão em português. O autor, jornalista, sustenta que foi um sócia de Rudolf Hess quem foi a Nuremberg e preso ficou até os anos 80. O verdadeiro, provavelmente, ficou na Inglaterra, depois de em 1941 saltar de paraquedas para se encontrar com um duque, esperança de acordo com a aristocracia inglesa, simpática ao nazismo. Interessante que nunca fizeram um filme sobre este episódio. 

           

          1. os “cacos” (intencionais ou não) de realidade nos filmes

            Caligarius é a bota do soldado romano.

            Calígula, que queria ter uma estátua sua no Templo de Jerusalém, tinha essa nome porque usava uma versão pequena dessa bota, uma caligula (Ave Cesar, mão e braço estendidos, palma para baixo)

            Cena de outro filme famoso (será que ninguém nunca pensou sob o absurdo aparente desse enredo ?)

            [video:https://www.youtube.com/watch?v=0APF3SO9tqE%5D

          2. cryptos…

            Li por aí que o sujeito que abre a arca diz o seguinte:

            La al anash rachitzna (“Eu não confio nos homens”) V’la al bar elohin samechna (“nem nos anjos”), vHu Eloha kshot v’Oraytei kshot (“Ele é o verdadeiro Deus e a Torah é a verdade”), bei ana racheitz v’lishmei kaidsha yakira… tushbechan (“nele eu confio e no seu sagrado e precioso nome “)

             “He visited Palestine in 1937 to discuss the possibility of large scale immigration of Jews to the Middle East with Arab leaders. British authorities, however, ordered him out of the country.”

            “He spent his youth in Linz, Austria, which had also been Hitler’s home town. As a boy, Eichmann was teased about his looks and dark complexion and was nicknamed “the little Jew” by classmates.”

            http://www.historyplace.com/worldwar2/biographies/eichmann-biography.htm

            (a qual das “visitas” dele, a primeira ou a última, se refere o texto abaixo ?)

            https://en.wikipedia.org/wiki/Eichmann_in_Jerusalem 

             

          3. cryptos…

            Li por aí que o sujeito que abre a arca diz o seguinte:

            La al anash rachitzna (“Eu não confio nos homens”) V’la al bar elohin samechna (“nem nos anjos”), vHu Eloha kshot v’Oraytei kshot (“Ele é o verdadeiro Deus e a Torah é a verdade”), bei ana racheitz v’lishmei kaidsha yakira… tushbechan (“nele eu confio e no seu sagrado e precioso nome “)

             “He visited Palestine in 1937 to discuss the possibility of large scale immigration of Jews to the Middle East with Arab leaders. British authorities, however, ordered him out of the country.”

            “He spent his youth in Linz, Austria, which had also been Hitler’s home town. As a boy, Eichmann was teased about his looks and dark complexion and was nicknamed “the little Jew” by classmates.”

            http://www.historyplace.com/worldwar2/biographies/eichmann-biography.htm

            (a qual das “visitas” dele, a primeira ou a última, se refere o texto abaixo ?)

            https://en.wikipedia.org/wiki/Eichmann_in_Jerusalem 

             

      4. porque não declarou guerra à Rússia ?

        “a Polonia  tinha um Tratado de Mutua Defesa com a Inglaterra,”

        Se tinha um tratado de mútua defesa com a Polônia (assinado um pouco antes da invasão), porque a Inglaterra não declarou guerra também à Rússia, que também invadiu a Polônia pelo Leste ?

        É sabido e consabido que Stalin admirava Hitler. Os soviéticos odiavam muito mais os ingleses do que os alemães. Foi em parte graças à intervenção alemã na primeira guerra que os bolcheviques chegaram ao poder. Se Hitler não tivesse atacado a Rússia, seria muito provável uma aliança entre os dois, que teria aniquilado a Inglaterra.

        Uma boa leitura:

        http://www.haciendapub.com/articles/churchills-deception-dark-secret-destroyed-nazi-germany-louis-c-kilzer

        Como curiosidade, o despertar de “Cesare” (O gabinete do Dr. Caligari, filme de 1920 – ver a partir de 0:24):

        [video:https://www.youtube.com/watch?v=UEEOEnAmGl8%5D

         

        https://en.wikipedia.org/wiki/From_Caligari_to_Hitler

        (se possível procurar saber quem foram os roteiristas do filme. Ironias da vida)

        1. Hitler por Hitler

          “Eu sigo com a determinação de um sonâmbulo ao longo do caminho que me é dado pela Providência”

          Adolf Hitler, 1936

          Ironias da vida 2…

        2. Hitler por Hitler

          “Eu sigo com a determinação de um sonâmbulo ao longo do caminho que me é dado pela Providência”

          Adolf Hitler, 1936

          Ironias da vida 2…

        3. A Inglaterra e França tinham

          A Inglaterra e França tinham planos prontos para atacar por ar a URSS, especialmente bombardeando os campos de petroleo de Baku, que forneciam combustivel aos alemães. A URSS atacacou a Polonia vinte dias depois da Alemanha e os dois Estados Maiores da Inglaterra e da França aprofundaram os planos de ataque a URSS mas os Primeiros Ministros  Chambrlain e Daladier chegaram a conclusão que NÃO HAVIA RECURSOS MILITARES para enfrentar ao mesmo tempo Alemanha e Russia, sendo a Alemanha o perigo mais imediato porque vizinho da França e perto da Inglaterra, então optou-se para se concentrar todos os recursos na frente oeste, onde mesmo esses recursos, especialmente aereos, eram insuficientes.

          A Inglaterra entrou na guerra com somente 600 caças, quando precisaria o triplo, não havia a minima condição de atacar a União Sovietica. Então, o constrangimento não foi moral e sim de realismo militar.

          Esse tema é tratado com profundidade na HISTORIA DA SEGUNDA GUERRA de Winston Churchill em seis volumes.

          Anthony Beevor na sua recente e monumental historia da 2ª guerra tambem aprofunda o assunto.

          1. é uma boa justificativa

            É uma boa justificativa, até óbvia diante das circunstâncias.

            A questão é saber o que aconteceu (anos) antes. Como foi que Hitler subiu ao poder, e pelas mãos de quem ?

            Quem tem esse poder hipnótico ? Quem joga nos dois lados, com e contra si mesmo ?

            “Quem está por trás de tudo isso ?”

            Não sou só eu quem pergunta (ver pág. 48):

             

            https://books.google.com.br/books?id=ZWxVw-H5twUC&pg=PA47&lpg=PA47&dq=%22who+is+behind+all+this%22+Dr.+Mabuse&source=bl&ots=pRSctp-2X&sig=7y2_AY6JCcIY6YUF_oEu9kzFCOA&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwjnpdH_0eHKAhUCGZAKHc63B0IQ6AEILDAC#v=onepage&q=%22who%20is%20behind%20all%20this%22%20Dr.%20Mabuse&f=false

             

             

  5. “No rescaldo do Governo

    “No rescaldo do Governo Militar Paulo Maluf teria sido um Presidente infinitamente mais eficiente e produtivo do que Tancredo e depois Sarney, foi um ótimo Governador e um excelente Prefeito de São Paulo, sem as obras de Maluf São Paulo hoje seria inviável mas o moralismo pós UDN o abateu já no desdobramento inconsequente da má liderança de Ulysses Guimarães que produziu Sarney. Maluf nunca foi santo mas as 6 horas da manhã já estava inspecionando obras, fez muitas e bem feitas em todas as áreas da infraestrutura.”

    Relativizar o legado corrupto, higienista, reacionário de Paulo Maluf, alegando moralismo é triste1!

    1. E qual é o legado do

      E qual é o legado do Sarney?   Historia é uma balança, é preciso ver o saldo no peso de cada um.

      Churchill era considerado a seu tempo tão ruim que perdeu a cadeira de deputado UM MES DEPOIS DO FIM DA SEGUNDA GUERRA,  da qual foi o unico lider contra o nazismo do primeiro ao ultimo dia do conflito.

      Churchill só ganhou na Historia, a seu tempo era considerado um mau elemento, reabilitou-se um pouco na Guerra Fria, QUE PREVIU ANTES QUE QUALQUER OUTRO POLITICO OCIDENTAL, é dele a expressão “”Cortina de Ferro”.

      A Historia é cheia de contradições, não tem bandido e mocinho.

    1. Meu caro, Maluf teve muitos

      Meu caro, Maluf teve muitos pecados mas acredito que tinha mais condições de governar o pais que o José Sarney, o saldo seria mais positivo, veja que estamos colocando na balança dois politicos muito controvertidos, nenhum tem boa avaliação,

      seria então o caso do menos ruim. Viajei com Maluf em 1982 para o Canada. EUA e Mexico, viagem de 20 dias,  o que ele fez para defender interesses do Brasil foi muito alem de minhas expectativas, trabalhava das seis da manhã à 11 da noite sem parar fazendo contatos para ajudar as exportações de São Paulo, nessa época era Governador do Estado, fui com ele à PEMEX para vender equipamentos de minha firma, de taxi fusca, falamos com o presidente da PEMEX, o Senador Javier Diaz Serrano, Maluf foi um vendedor excepcional, desses de bazar, dinamico e envolvente, naquele instante ele representava as empresas de São Paulo como exportadoras de equipamentos, vc pode imaginar Sarney fazendo isso?

      Acho que seria um Presidente muito realizador, a proposito, quais as realizações dos seis anos do Governo Sarney?

  6. O interessante neste

    O interessante neste raciocínio do André Araújo é que, além de colocar algumas acima do bem e do mal, ainda confere a esses a legitimidade desse moralismo. É um paradoxo interessante.

    Explicando: os petistas estariam acima das acusações de corrupção, e ainda poderiam exercer o moralismo contra Cunha, por exemplo. Lula deveria ser poupado das acusações, mas não há problema em sua afirmação de que no Congresso há 300 picaretas. Essa não seria moral.

    tipo assim, moralismo no * dos outros é refresco.

      1.  A denúncia do Janot não faz

         A denúncia do Janot não faz uma ponderacao entre o bem que o Cunha possa ter feito ao país e os ilícitos. Diz que ele cometeu um crime e pronto. Lula disse que havia 300 picaretas no Congresso, independente de eles fazerem bem ou mal ao país. A crítica teve como base o moralismo que vc critica.

        O que chama atenção em seu comentário é um certo autoritarismo. Vc acha que sua opinião sobre os políticos deve prevalecer sobre a dos outros. Que vc é quem sabe quem faz bem ou mal ao país. Cunha foi eleito com as mesmas regras que elegeram Dilma e lula.

        Em uma democracia, é o eleitor quem deve decidir quem faz bem ou mal ao país. E cabe ao judiciário decidir quem cometeu um ilícito ou não. Não cabe a ququer instituição ponderar uma imaginaria relação entre o bem e o mal pra decidir quem deve ser responsabilizado pelo judiciário ou nao.

      2. André Araújo, uma dúvida: em

        André Araújo, uma dúvida: em uma democracia quem deve contabilizar esse saldo? Quem deve fazer essa ponderação entre o bem que um político fez ao país e o mal que a corrupção que ele praticou causou?

        Eu sou contra o raciocínio por si só, ou seja, acho que nem deveria existir esse cálculo. Mas já que vc acha que ele deve ser feito, a quem caberia?

          1. Sem duvida a história vai

            Sem duvida a história vai julgar. Só que isso ocorrerá no futuro.

            E hoje, como avaliar os casos envolvendo os políticos do presente?

          2. Tal qual Hitler tambem foi

            Tal qual Hitler tambem foi eleito, assim como incontaveis trastes da Historia. Eleição é apenas um mecanismo de escolha, não santifica ninguem, mais ainda pelo pessimo sistema brasileiro onde o voto de legenda pode eleger um deputado federal por São Paulo com 301 votos, no grupo dos cinco carregados pelos votos do Dr.Eneas. Outros com pouquissimos votos foram eleitos pelos votos de Tiririca e Celso Russomano, no Senado há 22 suplentes sem nenhum voto.

  7. Nassif, precisa melhorar os

    Nassif, precisa melhorar os critérios para publicação de posts.

    O Maluf mandava espancar professores assim como fez recentemente o Beto Richa.

    Será que você publicaria um texto defendendo o Beto Richa e chamando-o de excelente governador?

     

  8. Imagino o André Araújo

    Imagino o André Araújo postando esse texto em um portal cheio de comentaristas com pensamento binário. O “elogio” mais leve que receberia seria “petralha”.

  9. Positivamente maquiavélico e
    Positivamente maquiavélico e em sentido oposto à tese midiática: da moral sobre o emprego (a renda)
    Aos de raciocínio simples pode parecer o lema malufista do “rouba, mas faz”, entretanto, o texto primoroso do AA, vai muito além, trata de propósitos, que é a essência da ação política.
    Parabéns!

  10. Cada vez mais admiro a

    Cada vez mais admiro a maneira de pensar do André. Seguinte: reza a lenda que a história é sempre contada a partir da versão dos vencedores. Imagino que se Hitler tivesse ganho a 2ª guerra mundial e se tornado o dono do mundo, Churchill seria apenas conhecido literalmente como u grande filho da puta, um beberrão inveterado e um excelente frasista, enquanto ele, o monstro, depois de ter queimado alguns judeus, homossexuais, comunistas, ciganos, deficientes físicos, etc,e tc, etc, seria o repsosnável pela expansão geopólítica da pátria dos grandes filósofos, fabricantes de carros, de elevadores e de remédios. Ou seja, o que conta é o resultado, né, caro André, e não os meios que são utilizados? Mundinho cão, esse…

  11. Trombones

    O problema do moralismo à brasileira é o fato de sempre ser ecoado e respaldado na (ainda) grande mídia. Além, é claro, de contar com lideranças fracas e inépcias no poder público. Acho que a única saída seria implodir completamente esse oligopólio midiático, matando-o financeiramente e redistribuindo o espólio em companhias menores. A falta de diversidade e a importância hipertrofiada que esses veículos possuem é o grande mal desse país.

    Toda as vezes que eu abro uma página desses veículos eu me aborreço com a baixíssima qualidade de suas matérias. Ontem mesmo eu vi uma “reportagem” sensacionalistíssima sobre a “sonegação” do Brasil em fornecer material sobre o Zika virus a laboratórios no exterior. Quando é fato público e notório que o impedimento está na legislação, para evitar, por exemplo, o tráfico da biodiversidade.

    Sinceramente, se não houvesse esse espaço e a automática blindagem concedida pela mídia, será que esses procuradores e delegados investigariam o ex-presidentes ou a concessão para a compra de caças? Algo que levou mais de dez anos para se concretizar?

    O erro do Palocci e do Dirceu foi não terem corrigido quando havia tempo essa hipertrofia da grande mídia brasileira. Foram ingênuos, cairam pelas mãos de quem eles ajudaram. Quem perdeu foi o país. 

  12. Trombones

    O problema do moralismo à brasileira é o fato de sempre ser ecoado e respaldado na (ainda) grande mídia. Além, é claro, de contar com lideranças fracas e inépcias no poder público. Acho que a única saída seria implodir completamente esse oligopólio midiático, matando-o financeiramente e redistribuindo o espólio em companhias menores. A falta de diversidade e a importância hipertrofiada que esses veículos possuem é o grande mal desse país.

    Toda as vezes que eu abro uma página desses veículos eu me aborreço com a baixíssima qualidade de suas matérias. Ontem mesmo eu vi uma “reportagem” sensacionalistíssima sobre a “sonegação” do Brasil em fornecer material sobre o Zika virus a laboratórios no exterior. Quando é fato público e notório que o impedimento está na legislação, para evitar, por exemplo, o tráfico da biodiversidade.

    Sinceramente, se não houvesse esse espaço e a automática blindagem concedida pela mídia, será que esses procuradores e delegados investigariam o ex-presidentes ou a concessão para a compra de caças? Algo que levou mais de dez anos para se concretizar?

    O erro do Palocci e do Dirceu foi não terem corrigido quando havia tempo essa hipertrofia da grande mídia brasileira. Foram ingênuos, cairam pelas mãos de quem eles ajudaram. Quem perdeu foi o país. 

  13. Outra coisa: o PT se fez

    Outra coisa: o PT se fez apontado todas as mazelas produzidas pelos velhos cacicões da política. Era o partido ético e moralista. Espanta ver a que nível chegou seus apoiadores e a sua militância atual. talvez por conta disso, seja tão bom ler algo comoa entrevista de Paulo Delgado hoje, no valor.

  14. André Araujo, ótimo texto. Os

    André Araujo, ótimo texto. Os incautos nao entendem esse choque de verdades com  base em analise objetiva da historia. Parabéns.

  15. o que importa mnos

    o que importa mnos comentários do oandré é o ojetivo final, que é o

    desmascarar esse moralismo udenista que sempre fez  mal ao país…

    esse é o ponto, me parece…

    o resto são exemplos dos quais podemos concordar ou não….

  16.  Há 500 anos Maquiavel, de

     Há 500 anos Maquiavel, de forma magistral, mostrou que a política e a ética são coisas inconciliáveis. Agora sobre o Maluf,  o que me pergunto é que , embora realmente ele fez obras capitais SP, o preço delas era  sempre supersuperfaturado (como a Avenida Roberto Marinho – bem feito ao nosso Citzen Kane  -rs ) . E isso fazia com que o governante que viesse depois dele encontrasse os cofres vazios. E aí quando falta dinheiro, os pobres são os primeiros que sofrem. A questão pra mim é que os políticos sempre levam uma vantagem por fora. Mas parece que no Brasil isso passou dos limites aceitaveis – assim como o André mostra como servidores da casta do funcionalismo público vivem numa gandaia nababesca insustentável . Uma vez vi o analista político Carlos Mello falando que a corrupção é a graxa que ajuda a movimentar a engrenagem política, mas que ela em exagero pode travar o mecanismo. Acho que o Brasil chegou nesse ponto. 

  17. Comentário.

    Fato que a política possui essa dicotomia analítica entre o que é e o que deve ser. No entanto, é pensando em “como é” que se encaminha para o “deve ser”.

    Por outro lado, falar sobre a política a partir de “cima” o personaliza, isolando de seus contextos que vão além da “realpolitik” e que, ao fim e ao cabo, aparece tudo no mesmo nível.

    Ademais, Churchill, em discurso ao parlamento inglês, declarou serem melhores os nazistas aos bolcheviques (Leon Poliakov, “Europa Suicida”). Até que as V-1 e V-2 apareceram.

    Enfim, será que a questão está bem colocada?

     

    1. Como todo homem inteligente

      Como todo homem inteligente Churchill mudava de opinião constantemente, até 1935 gostava de Mussolini, a quem admirava,

      mduava de opinião de acordo com as circunstancias. Em 1932 através das irmãs Mitford, ingleses pro nazistas que moravam na Alemanha, marcou um almoço com Hitler no Hotel Regina em Munich que só não se realizou porque o avião de Churchill não consegiu pousar devido à neblina, Hitler ficou lá esperando.

      Churchill era um colonialista de alma, tinha horror a Gandhi e tudo fez para que a India não tivesse independencia, tomou muito dinheiro dos milionarios judeus de Londres e com isso defendia a causa de Israel, na qual no intimo não acreditava, achava

      assim como George Marshall e Dwight Eisenhower que a criação do estado de Israel seria um estovo à geopolitica das potencias no Oriente Medio, ao defender a criação de Israel pode-se dizer que Churchill estava vendido. Essa narrativa tem abundantes textos em PRIVATE LIFES OF WINSTON CHURCHILL.

  18. Menos, meu caro. bem

    Menos, meu caro. bem menos. 

     

    maluf ótimo governador e prefeito? de onde saiu isso? maluf foi prefeito em um momento em que choviam dólares no brasil. como governador, ainda pegou parte da chuva, que já estava minguando. todas as obras foram boas? nem a pau. o minhocão é o símbolo da destruição do centro de sp. estava congestionado no dia seguinda à inauguração. falo com conhecimento de causa: morei nas proximidades por 15 anos, na atual nova cracolândia do josé serra. o custo da obra, caso maluf tivesse metade da visão que vc propõe, teria pagado várias estações a mais de metrô em sp, na década de 70. precisa explicar? o aeroporto de guarulhos foi feito em região de neblina. após a inauguração, foi um dos que mais fechou no mundo. foi salvo pela mudança climática, imprevisível em 1980, que diminuiu a neblina na região. mas ainda nos idos de 80 tivemos que importar máquinas caríssimas para minimizar os efeitos na neblina e tornar  o aeroporto menos inútil. a paulipetro, então, nem se fala. consumiu centenas de milhões de dólares para encontrar água quente em  piratininga. nem um barril de petróleo. na educação foi um desastre consumado: congelou salários de professores e iniciou o lento desmonte da escola pública em sp, consumado por 20 anos de tucanagem. preciso explicar o desastre da cohab de gesso? casas e mais casas pré-fabricadas que não resistiram ao tempo?

    maluf foi pego por um moralismo seletivo, que devia ter recaído sobre a arena inteira, inclusive sarney e seus democratas de ocasião. a divisão do pds em dois partidos, para a eleição de tacredo, criou os corruptos do bem, necessários para se fazer a primeira aliança espúria da nova república, marca política da nossa democracia. o moralismo ficou latente até 2002, quando o ‘radical’ lula foi eleito até por sp, justamente pq a coalização de fhc não tinha mais como esconder os mal feitos e seus efeitos danosos sobre a economia e a vida das pessoas. os artífices tucanos e suas más obras foram salvas recorrentemente por um judiciário patético, que agora se traveste em moralista contra o garantismo que sempre defendeu nos últimos 30 anos.

  19. Os moralistas de sempre

    Nunca gostei do Maluf, mas vendo o que nos rendeu um partido como o PSDB: cinismo e ma gestão, entendo perfeitamente André Araujo e ja entendia muito bem O Principe, de Maquiavel, com “os fins justificam os meios”.

    Como ja narrei algumas vezes neste Blog, tenho uma familia de classe média, onde a maior parte é conservadora e moralista. Adoram criticar a vida que os outros levam, o governo, os politicos em geral. Mas nunca fazem nada pelo proximo, para ajudar, pelo Pais, nada. So vivem para eles mesmos e, se puderem, exploram os empregados, sonegam impostos, dão muitos “jeitinhos” e ainda reclamam muito. E estou falando de médicos, dentista, engenheiros, contabilistas, advogados e procuradores.

  20. Achei o post ótimo, provocador

    O moralismo seletivo do PIB (perfeito idiota brasileiro) é uma estátua de areia, não aguenta uma chuvinha de argumentos.

    É que nem a ideia de meritocracia, tão cara a eles, que é mais furada que tabuleiro de vendedor de pirulito. O professorRenato Santos de Souza (UFSM/RS) desnudou essa bobagem em 2 posts matadores aqui no GGN, em 2013 – http://goo.gl/Do026p
     

  21. André, o sofista.

    É André Araújo e seu método: uma mistura mal arrumada de historiografia com história contrafactual.

    Saca só…

    …O cara tá muito bem falando de Churchill – um aristocrata inglês com a cabeça no século XIX, tentando salvar algum pirão pro declinante Império Britânico – e, sem nenhuma transição, me solta esta:

    “Se José Dirceu e Antonio Palocci não tivessem sido sacrificados em nome do moralismo, o Brasil estaria hoje em outro patamar de governança. Dirceu, provavelmente, teria sido sucessor de Lula. O trânsito pessoal de Dirceu em Washington e Nova York garantiria alianças estratégicas da economia brasileira.”

    Quiçá, e por assim dizer, esse continuísmo – verdadeiro curto-circuito – deixaria Foucault horrorizado.

    Ou não…

    …Vai que os textos de André são o prenúncio de uma nova episteme no saber histórico?

    Sabe-se lá as surpresas que nos reservam esses campos eternamente cambiantes do saber?

    Falemos sério e deixemos de conversa pra fazer boi dormir.

    O discurso da Realpolitik é recurso ideologicamento supra-ideológico pra justificar tudo aquilo que os detentores do poder econômico e político fazem ou fizeram, não obstante quaisquer razoáveis questionamentos éticos. Aqui cabe uma observação: uma ação é “realpolitisch” se deu certo; se deu errado é crime e/ou desastre histórico.

    Que fique bem entendido: ao cidadão comum está vedado o apelo a qualquer Realpolitik para seus atos. Realpolitik é álibi só pra quem tá bem bem bem lá em cima.

    Vá lá o André Araújo querer maximizar os ganhos de seu grupo familiar, via algum recurso escuso, pra ver o que lhe acontece.

    É Carnaval. Esqueçamos o blog nassífico e caiamos na folia com antiquíssimo sucesso de Noel.

    ONDE ESTÁ A HONESTIDADE?

    Noel Rosa 

    Você tem palacete reluzente

    Tem joias e criados à vontade

    Sem ter nenhuma herança nem parente

    Só anda de automóvel na cidade

     

    E o povo já pergunta com maldade:

    Onde está a honestidade?

    Onde está a honestidade?

     

    O seu dinheiro nasce de repente

    E embora não se saiba se é verdade

    Você acha nas ruas diariamente

    Anéis, dinheiro e até felicidade

     

    Vassoura dos salões da sociedade

    Que varre o que encontrar em sua frente

    Promove festivais de caridade

    Em nome de qualquer defunto ausente

  22. Adorei o texto

    Os argumentos bombásticos detonam a noção cretina que existe no senso comum do brasileiro médio: o de que as relações políticas são iguais às relações sociais ordinárias.  É dessa crença idiota que nasce a incompreensão de todo o processo político.

    O homer brasileiro não consegue entender, por exemplo, as alianças políticas ocasionais entre os diversos atores e seus grupos.  Acusam Lula por ter recebido apoio eventual de Maluf ou ter feito aliança com o PMDB de Sarney, dentre outros episódios absolutamente normais no campo político.

    Essa incompreensão elementar do analfabeto político torna-o incapaz de qualquer exercício de raciocínio nesse campo.

    1. Há um problema

      Milhões votaram em Lula julgando, desejando, esperando, supondo, etc que esta política de alianças espúrias para se governar não aconteceria com o PT. Por sinal esta dependência dessas alianças parece não ter dado o resultado esperado. D. Dilma que o diga.

  23. Ótimo texto. Na verdade a

    Ótimo texto. Na verdade a formação do PT tem inerente a ela uma espécie de “razão astuta”, como diria Hegel. Para vencer a elite ele tomou uma de suas armas, o moralismo. Porém o moralismo é uma arma da elite, ela o tomou de volta. O que acontecerá agora?

  24. As considerações pelo prisma

    As considerações pelo prisma da moral são míopes, por isso o texto é ótimo. Para fazer uma consideração da corrupção numa “consideração extra-moral”, poderíamos comparar ela com algo do qual não temos uma relação afetiva. Por exemplo, comparemos a corrupção com o desgaste natural dos dentes propiciado por milhões de colônias de micro-seres em nossa boca. Inclusive, num sentido antigo da palavra corrupção ambos os fenômenos se equivalem, como quando se diz “a natureza se corrompe”. Pois bem, não tenho como evitar o desgaste de meus dentes, e no final os milhões de micro-seres vencerão. Nem por isso desisto de fazer profilaxia.

    Há quem pense que são coisas diferentes: ledo engano!!!

  25. Caros camaradas
     
    Sempre é um

    Caros camaradas

     

    Sempre é um prazer ler os textos de André Araújo, eu particularmente estou sempre aprendendo com eles – e sempre nos levam a pensar

    Mas discordo de um ponto:  enquanto Palocci praticava a política econômica clássica com leve tempero de esquerda, gozando de absoluta confiança do empresariado. 

    Vou dar minha opinião de engenheiro (os economistas me perdoem): Pallocci fez um programa neoliberal ordinário, elaborado por algum destes economistas de banco. Sua “jestão” foi uma droga, e o país começou a crescer quando ele caiu fora do Ministério da Fazenda

    Se o programa deste camarada foi de esquerda, Milton Friedman era mais comunista do que marx

  26. As três etapas do mentiroso

    Todo moleque apanhado em flagrante defende-se em três etapas. De primeira, nega na cara-de-pau ter feito o que fez. De segunda, diz: o fulaninho também faz isso! E por fim, assume o que fez e diz que aquilo é o certo.

    Julgando pelos post´s que eu tenho visto aqui, percebo que a maioria dos petistas já passou da primeira fase. A maioria está na segunda fase, sempre acusando FHC, Alkmin ou Aécio de terem roubado, como se a roubalheira do PSDB justificasse a do PT. Mas alguns, como o André Araújo, já chegaram à terceira fase.

    Essa de comparar Zé Dirceu a Churchill, pelo visto o André não esperou abrir o carnaval para começar a beber. Mas enaltecer Paulo Maluf, essa eu nem estranho tanto assim. É uma obsessão de muitos brasileiros achar que o político bom é aquele que faz muitas obras, e só. Vem desde o tempo do Adhemar rouba-mas-faz. Mas é justamente essa mania de fazer obras superaturadas gastando mais do que dispõe no orçamento que tem arruinado o país de tempos em tempos, o problema é que na memória do povo fica aquele governante como um grande realizador, e a crise subsequente é jogada nas costas de seu sucessor que só pegou a rebordosa (Lula fez isso com Dilma, e é só o exemplo mais recente). Se Maluf houvesse sido eleito em 1984, com o país em profunda crise com inflação e recessão, e nesse cenário ele começasse a fazer obra atrás de obra, seria como dar purgante a um paciente com diarréia. O resultado teria sido bem malcheiroso… 

  27. Menos, André.Misturar

    Menos, André.Misturar Churchill e Talleyrand  com Maluf é demais. Do mesmo modo é incompatível Maluf com Zé Dirceu e Palloci. 

    Maluf, como administrador, roubou dinheiro público e escolheu suas obras de acordo com o superfaturamento que lhe proporcionava. O caos que é a cidade de São Paulo tem muito da falta de planejamento e direcionamento da cidade para os seus interesses promíscuos e ladroagem pura e simples. Zé Dirceu e Palocci são lobistas e eu não vejo crime neste tipo de atuação. Vendem o seu conhecimento e seu relacionamento para empresas. 

    Churchill, Getúlio e Talleyrand são estadistas, que carregando os defeitos humanos que todos temos, mudaram a história dos seus países. José Dirceu, por sua visão estratégica ao elaborar o projeto petista de governo,  também mudou o Brasil. Maluf não. Maluf é um ladrão que, seja como prefeito ou governador, atuou com arrogância e usou o poder para roubar.

    1. Churchill, Getulio e

      Churchill, Getulio e Talleyrand jamais se preocuparam com direitos humanos. Já Maluf tirou foto ao lado de Lula e Haddad,

      para isso serviu?

      1. Esta deve ser da banda

        Esta deve ser da banda moralista.

        O Brasil que enxerga um palmo diante do nariz está e ver claramento para onde o moralismo está nos levando.

        O pior é que é um moralismo praticado por bandidos.

        Mas , acho que é melhor um realizador ladravaz do que santo que nada faz.

    2. É preciso julgar Maluf com fatos e não com suposições

       

      Vera Lucia Venturini (sexta-feira, 05/02/2016 às 16:24),

      Como eu disse em comentário enviado quinta-feira, 11/02/2016 às 23:19, para José Adaílton V Ribeiro, junto ao comentário dele enviado sexta-feira, 05/02/2016 às 20:03, toda a resistência em relação ao Paulo Maluf é implicitamente baseada na suposição de Winston Churchill probo e Paulo Maluf corrupto. Você aceitaria a avaliação de Andre Araujo se se demonstrasse que a suposição da honestidade de Winston Churchill e da desonestidade de Paulo Maluf é falsa?

      A idéia do Andre Araujo parece-me mais ser semelhante a que eu tenho de que a corrupção é um penduricalho minúsculo que não afeta a economia e só deveria ser levada em conta para avaliar negativamente um governante quando provada. Discordo de Andre Araujo porque como ele expõe parece que ele considera que o combate a corrupção tem efeitos nocivos à economia.

      E eu creio que Paulo Maluf precisa ser atacado pela ideologia dele que é conhecida e não pela acusação não provada juridicamente de que ele é corrupto. Como Andre Araujo é de direita, ele não é tão crítico de Paulo Maluf como são críticos os que são de esquerda. A esquerda, entretanto, não pode partir para a crítica ao Paulo Maluf pelo critério da corrupção e esquecer aspectos ideológicos que são em meu entendimento mais importantes e são provados.

      Embora resvale também pela questão da corrupção há uma crítica rápida à escolha de Andre Araujo do exemplo de Paulo Maluf feito pelo comentarista Francisco Aguas em comentário enviado sexta-feira, 02/02/2016 às 09:15. O comentário de Francisco Aguas está na segunda página, mas eu fiz referência a ele no comentário enviado quarta-feira, 10/02/2016 às 20:50 e que eu intitulei “4ª Parte: Relação de comentários na 2ª pg que qualificam o post”  na sequência dos comentários que eu enviei para Andre Araujo e que começa pelo comentário enviado terça-feira, 09/02/2016 às 14:29, e que se encontra na primeira página deste post. Avalio que, para a esquerda, já é suficiente combater Paulo Maluf pelo que ele tem de direita.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 12/02/2016

      1. Comento para aproveitar a oportunidade de indicar dois links

         

        Vera Lucia Venturini (sexta-feira, 05/02/2016 às 16:24),

        Tenho vários objetivos para colocar este comentário aqui. E o deveria enviar mais para junto do seu comentário, mas utilizarei o meu comentário anterior para você como veículo de resposta para que se possa ter uma sequência distinta com o meu comentário e depois com o comentário de Andre Araujo que lhe respondeu.

        Um dos motivos é que preciso fazer mais uns dois comentários junto a este post “Churchill e os estragos do moralismo, por André Araújo” para que se possa ter só em uma página uma série de comentários que se iniciou com o de Aleandro Chavez enviado sexta-feira, 05/02/2016 às 09:41, sendo que esse comentário de Aleandro Chavez ainda se encontra na primeira página e que eu creio que seria melhor que toda a sequência ficasse em uma só página.

        Não tinha muito mais que dizer para você, mas lembrei-me que você enviou quarta-feira, 10/02/2016 às 18:16, um comentário junto ao post “O xadrez da Lava Jato e a incógnita Janot” de quarta-feira, 10/02/2016 às 20:22, aqui no blog de Luis Nassif e de autoria dele e o seu comentário foi transformado no post “A ingenuidade e os monstros antropofágicos do poder brasileiro, por Vera Lúcia Venturini” de quinta-feira, 11/02/2016 às 14:31.

        Assim deixo este comentário aqui para ajudar a levar o comentário de Aleandro Chavez para a segunda páigna e também para trazer o link para esses dois posts, “O xadrez da Lava Jato e a incógnita Janot” e “A ingenuidade e os monstros antropofágicos do poder brasileiro, por Vera Lúcia Venturini”. Assim, o link para o post “O xadrez da Lava Jato e a incógnita Janot” é:

        https://jornalggn.com.br/noticia/o-xadrez-da-lava-jato-e-a-incognita-janot

        E o link para o post “A ingenuidade e os monstros antropofágicos do poder brasileiro, por Vera Lúcia Venturini” é:

        https://jornalggn.com.br/noticia/a-ingenuidade-e-os-monstros-antropofagicos-do-poder-brasileiro-por-vera-lucia-venturini

        Tanto o seu como Luis Nassif são excelentes posts e um elogio pelo conteúdo do seu comentário é mais uma justificativa para ter deixado o link do post. Além disso, os dois tratam da discussão sobre o Lava Jato e, portanto, é bastante pertinente um link para o post tendo em vista a discussão que Andre Araujo trouxe aqui para o blog com este post “Churchill e os estragos do moralismo, por André Araújo”.

        Ressalte-se que ainda assim considero que tanto o seu post como o de Luis Nassif trazem muito do preconceito que habita primeiro na sociedade e que levará ainda muitos anos para ser eliminado e que depois percebemos presente na política, na grande mídia, na burocracia estatal. Esquecemos que por vivermos nessa cultura, nessa sociedade esses preconceitos também habitam em nós.

        É este mesmo preconceito que nasceu na sociedade é que nos faz acusar Paulo Maluf de corrupto sem que a justiça tenha dado amparo a nossa acusação. Nós crescemos em uma cultura que admite chamar um político de corrupto sem que a Justiça tenha tramitado em julgado uma sentença condenatória contra esse político.

        Clever Mendes de Oliveira

        BH, 12/02/2016

  28. Comparações

    Churchill . apesar da sua falta de moral politica, talvez o autor do post , talvez falta de dados, deixou de   destacar o quanto cresceu percentualmente o patrimônio de Churchil comparativamente ao dos políticos brasileiros citados.Este aspecto supostamente faz uma grande diferença.Numa conversa de botequim algum comentarista diria que o inglês não era conhecido pela aquela célebre distinção de como Maluf e seu contemporâneos  atuavam na administração pública.

    1. A comparação proposta só existe com base na boca de Matilde

       

      Jose Adailton v Ribeiro (sexta-feira, 05/02/2016 às 20:023),

      Esquecendo a falta de uma sentença condenatória indicando a parte do aumento do patrimônio fruto de falcatruas de algum político brasileiro e que permitisse fazer um possível comparativo com o aumento do patrimônio de Winston Churchill, talvez haja muitas razões para considerar inapropriada a sua proposta de comparação.

      Primeiro pode ser que os ingleses não deem muita importância ao mexerico de candinha. Também pode ser que o patrimônio de Winston Churchill fosse tão grande que um acréscimo ainda que maior do que o do político brasileiro seria proporcionalmente menor. Há também a possibilidade de Winston Churchill ser um mau administrador de patrimônio. Vai ver que Winston Churchill, como se diz entre fazendeiros mais abastados, bebia um bezerro por dia e ai não havia patrimônio que desse para financiar esse vício ou hábito. Ou pode ser também que não havia amigos suficientes para fornecer a ele fichas de jogo.

      Enfim, você mesmo reconhece que a comparação não pode ser feita por falta de dados e assim não vejo sentido na comparação proposta uma vez que ela só faria sentido após uma pesquisa exaustivamente aprofundada. Só que embora sem sentido implicitamente você a faz, assim como muitos outros fizeram nos comentários que em quase negavam a aceitar a escolha de Paulo Maluf por Andre Araujo como um político de truz. Implicitamente você, e tantos outros, supõe Winston Churchill probo e Paulo Maluf corrupto. Trata-se de uma suposição tomada como verdade e assim caminha a humanidade, basta cair na boca de Matilde para que não haja mais discussão.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 11/02/2016

  29. José Dirceu e os estragos do moralismo, por Sérgio da Mata

    p { margin-bottom: 0.25cm; line-height: 120%; }

     

    T&D: Qual é o objetivo do Programa Anticorrupção?

    José Dirceu: O Programa Anticorrupção tem como objetivo criar uma consciência ética no país. Ele parte da idéia de que o grande instrumento de combate à corrupção é o controle social e a participação do cidadão, das entidades da sociedade. O problema da corrupção no Brasil não é de lei, é um problema cultural e de estrutura da administração pública. A proposta é promover mudanças nos Tribunais de Contas, no sistema de controle interno, no sistema financeiro – lei do cheque, lei do sigilo bancário, lei da movimentação financeira. Discutirá o controle, mudanças e, principalmente, a participação popular no Orçamento. Propõe a criação de entidades como o Instituto Catarinense Contra a Corrupção, criado na Universidade Federal de Santa Catarina. O programa reúne personalidades como Márcio Thomás Bastos, Modesto Carvalhosa, Aristides Junqueira e Bisol. Tem apoio de entidades internacionais que estão discutindo a questão. A idéia do programa é a mesma da campanha contra a fome: fazer com que surjam, na sociedade, entidades, associações, movimentos com a participação do cidadão contra a corrupção.

    (revista ‘Teoria e Debate’, 01/12/1995)

    Realpolitik, definitivamente, não é a arte de dar tiro no próprio pé.

     

     

  30. “Esse homem considerado

    “Esse homem considerado crapuloso salvou a França no Congresso de Viena de 1815, fez da França derrotada uma das vencedoras para reorganizar o mundo”

    Não é bem assim AA. Talleyrand não representou uma França “derrotada”, porque vc sabe que sobrou pouco da 6ª Coalisão; os franceses ainda tinham poder de negociação mínimo em 1815.

  31. Mais uma postagem do André

    Mais uma postagem do André Araújo querendo convencer as pessoas de que devemos nos contentar com o “rouba mas faz”? Que preguiça.

     

    1. Parece que Andre Araujo prefere comentários menos preguiçosos

       

      Ozzy (sábado, 06/02/2016 às 00:10),

      É bem verdade que àquela hora da madrugada de um sábado de carnaval não se poderia esperar muito mais. Você, entretanto, já teve participações mais elaboradas e mais esclarecedoras. Aqui você se equivoca até em dizer que Andre Araujo defende que devemos contentar com o “rouba, mas faz”.

      O texto de Andre Araujo é mais dentro da visão do artigo de José Arthur Giannotti, aparecido na Folha de S. Paulo de quinta-feira, 17/05/2001, com o título “Acusar o inimigo de imoral é arma política, instrumento para anular o ser político do adversário” e que consiste na ideia de que os políticos de primeira grandeza tem uma área cinzenta de atuação e que pequenos defeitos de comportamento não comprometem a atuação do político nem se deve permitir que haja interferência de outros poderes voltados para os pequenos deslizes. Eu deixei um link para esse artigo de José Arthur Giannotti na quinta parte de uma série de comentários que eu enviei para Andre Araujo.

      Eu discordo em muito das posições de Andre Araujo em especial porque discordo da percepção dele de que operações como Lava Jato e julgamentos como a Ação Penal 470 são nocivas ao país. Eu creio que elas são benéficas, o que pode haver de ruim é a percepção das pessoas de que o que aconteceu com o a Petrobras e nos eventos que resultaram na Ação Penal 470 produziu como consequência o atraso econômico do Brasil. Em meu entendimento a atual crise econômica tem outras causas.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 11/802/2016

  32. Como bem disse Hobsbawm,

    Como bem disse Hobsbawm, Churchill errou em basicamente tudo na sua vida política. O seu único acerto – e bastante significativo – foi com relação a Hitler.

    Ademais, tanto quanto militar quanto como político, foi um desastre.

    1. Não errou em tudo. Foi um

      Não errou em tudo. Foi um excelente Ministro da Marinha entre 1911 e 1915, a ele deve-se a modernização substancial da frota britanica de couraçados, especialmente pela troca de carvão por oleo combustivel. Para abastecer de opelo a frota Churchill fez o Almirantado comprar o controle da então ANGLO PERSIAN OIL CO., dona do petroleo do Irã, hoje BP, uma das majors mundiais do petroleo hoje.

      Como Ministro da Fazenda foi mediocre, não entendia de economia.  Mas na volta a Primeiro Ministro na decada de 1950 foi um bom governante, apesar da idade avançada.

      O que tona Churchill especial são esses altos e baixos, nunca foi “certinho”, as vezes era genial e outras vezes era um desastre.

  33. Exagerou AA,

      Meu caro, elencar o Dr. Paulo com tais estadistas, mesmo compara-lo a Dirceu e Pallocci, é um exagero, que espero ser retórico.

       Meu 1o emprego foi com ele, de 1975 a 1979, como patrão uma pessoa ótima, conheci D. Maria, a mãe ( excelente pessoa ), D. Nely/D. Silvia, até o Otavio ( o filho mais velho que ele esconde devido a sequelas de um acidente ), Roberto/Roberta, a familia inteira, tanto os das Ruas Inglaterra e México, como a parte do “falecido”, nos casarões do Ipiranga.

        Para mim, a melhor do Dr. Paulo, foi a “grande rasteira ” na Convenção da ARENA de 1978, sobre o General Geisel e Laudo Natel, pois nesta “campanha” para auferir delegados, comecei a ver de perto, até participar, de como funciona a “realpolitik”, para qual o “treinamento” tinha sido feito antes, quando da eleição para ACSP ( lembro de Guilherme Afif puxando o saco dele – um chato ).

        A “memória” do Dr. Paulo :  É até do folclórico politico a memória dele, mas não é, é verdade, pois mais de 10 anos após eu ter saido das “asas malufistas”, o encontrei em um jantar no Monte Libano, e a pessoa que eu estava acompanhando, foi me apresentar a ele, o “Deputado”, “Ex-Governador”, me apresentei formalmente, e o Dr. Paulo já me perguntou: “Como vai o economista, ele lembrava do velório da minha mãe (1976), perguntou de meu tio, que trabalhou para a mãe dele, se precisar de alguma coisa, procure o Carneiro ou a D. Marina.

         Então, caro AA, devo até minha faculdade para o Dr. Paulo, pessoalmente não tenho absolutamente nada contra ele, nunca votei nele, mas coloca-lo neste rol, sinto muito, não dá.

    1. Meu caro Junior, não comparei

      Meu caro Junior, não comparei evidentemente, eu apenas joguei na analise de tipos sob o ponto de vista operacional.

      O personagem que mais admiro é Talleyrand, tanto que dei a meu filho mais velho o nome dele, pela flexibilidade mental de se ajustar a regimes tão diferentes como o do inicio da Revolução Francesa, Talleyrand assinou os decretos de confisco de terras da Igreja sendo ele mesmo Bispo e o da execução de Luis XVI e 28 anos depois foi Ministro do Exterior do governo do irmão do guilhotinado,  Luis XVIII, na Restauração, governo que pos abaixo todas as conquistas da Revolução, menos a bandeira tricolor, Talleyrand impediu que os Bourbons retornassem com a bandeira flor de lis, que eles queriam.

    2. Maluf não é estadista, mas é igual a Dirceu/Palocci. Bom enredo

       

      Junior50 (sábado, 06/02/2016  às 01:53),

      Não concordo com a avaliação de Andre Araujo sobre Paulo Maluf classificando-o como estadista, mas ai a minha divergência mira no próprio conceito de estadista, uma vez eu nem admito esse conceito.

      Agora não vejo José Dirceu e Antonio Palocci como superiores a Paulo Maluf. Em meu entendimento, e entendimento de quem tem ideologia próxima a de José Dirceu e a de Antonio Palocci, e não gosta da ideologia de Paulo Maluf, os três foram políticos de destaque na história recente do Brasil.

      José Dirceu foi realmente fundamental na vitória de Lula. E Antonio Palocci foi a melhor escolha para ministro da Fazenda e no momento mais adequado para aquela escolha. E Paulo Maluf teve aqueles dois momentos: o da vitória sobre Lauro Natel  na convenção da Arena de 04/06/1978, e o da vitória sobre Mario Andreazza na convenção do PDS (antiga Arena) de 11/08/1984, que realmente lhe dão um destaque maior entre os políticos brasileiros nos últimos 50 anos. É claro que se pode dizer que o Eduardo Cunha também ganhou a eleição para presidente da Câmara. Sem tirar os méritos pela vitória que ele tem, foi uma vitória em cima de um PT e de uma presidenta enfraquecidos.

      O que eu queria, entretanto, salientar aqui é um elogio a sua história que engrandece o post de Andre Araujo. Como eu disse na quinta parte do meu comentário para Andre Araujo (Quinta parte porque eu dividi o comentário em cinco partes), a sua história não só mereceria ser incorporada ao post de Andre Araujo mais como um complemento do que como um contraponto, como também ela deveria fazer parte de qualquer documentário sobre a vida de Paulo Maluf. É bem verdade que deve haver muitas histórias semelhantes e talvez uma só fosse a escolhida, mas valeu a reprodução da sua aqui neste post.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 11/02/2016

  34. Excelente artigo

    Realmente, a políticasegue a lógica de Maquiavel, Sr. Araújo. concordo com tudo o que disse.

    Se Dirceu não tivesse sido preso, seria hoje o melhor presidente que este país já teve, melhor ainda do que Vargas talvez. Mas aí, os bancos não estariam tendo os lucros astronômicos que tem hoje, não é mesmo? Por trás da prisão de Dirceu, existiram interesses de grupos econômicos.

    Se Maluf tivesse vencido Tancredo, talvez não tivéssemos a hiper inflação na década de 80, , a desastrosa Constituição cidadã, de 88 que foi escrita por PMDBistas e por pré tucanos, com o cerne do republicanismo que arrasa o país hoje, o país continuaria crescendo ao ritmo de 7% ao ano. Não teríamos tido o Collor, o confisco de popupança, o planoReal, com seus 12% de desemprego.

    Pode parecer absurdo, mas a verdade é esta, o moralismo, que não serve ao país, não serve para nada.

     

     

    1. Seu elogio é pelo que você crê e não pelo que Andre Araujo diz

       

      Zé Guimarães (sábado, 06/02/2016 às 06:48),

      Você elogia o post de Andre Araujo, dizendo concordar com tudo o que ele disse, mas traz argumentos que não me parecem encaixar bem no que o Andre Araujo disse. As conjecturas são semelhantes, mas Andre Araujo é menos confiante em prever o futuro. Enquanto para você:

      “Se Dirceu não tivesse sido preso, seria hoje o melhor presidente que o país já teve”

      Andre Araujo é muito menos assertivo. Para ele:

      “Se José Dirceu e Antonio Palocci não tivessem sido sacrificados em nome do moralismo, o Brasil estaria hoje em outro patamar de governança. Dirceu, provavelmente, teria sido sucessor de Lula”.

      Também no que diz respeito a Paulo Maluf há diferenças nas conjecturas que vocês fazem, embora dessa vez você tenha admitido a dúvida. Para você:

      “Se Maluf tivesse vencido Tancredo, talvez não tivéssemos a hiper inflação na década de 80, a desastrosa Constituição cidadã, de 88 que foi escrita por PMDBistas e por pré tucanos, com o cerne do republicanismo que arrasa o país hoje, o país continuaria crescendo ao ritmo de 7% ao ano”.

      Enquanto para Andre Araujo:

      “No rescaldo do Governo Militar Paulo Maluf teria sido um Presidente infinitamente mais eficiente e produtivo do que Tancredo e depois Sarney”.

      No caso de Paulo Maluf sua conjectura vai muito além da de Andre Araujo e peca exatamente na parte que Andre Araujo também  claudica. Não que Paulo Maluf não pudesse ser mais eficiente do que Tancredo Neves ou José Sarney, mas eficiente em que? Foi o que Andre Araujo faltou completar.

      Paulo Maluf seria mais eficiente em realizar obras, só que aquele momento não seria adequado para o país lançar-se com ímpeto em um grande projeto de investimentos. O país já estava crescendo a taxas elevadas e o que seria necessário é um maior controle dos gastos públicos e uma maior preocupação com a arrecadação. Nesse ponto Tancredo Neves, se tivesse existido seria muito mais eficiente do que Paulo Maluf.

      Com Tancredo Neves provavelmente também não haveria o Plano Cruzado e nem a hiperinflação que o fracasso do plano produziu. Se com Paulo Maluf o Brasil também não corresse esse risco, eu não saberia conjecturar, mas concordaria em parte como você que sem o Plano Cruzado o Brasil não teria a “Constituição cidadã, de 88 que foi escrita por PMDBistas e por pré tucanos, com o cerne do republicanismo”.

      Disse que concordaria em parte porque você fez, na frase que transcrevi e que tal como está eu concordo, dois acréscimos que merecem reparos. E assim, os dois acréscimos me fazem ficar em posição contrária a sua. No seu entendimento é “a desastrosa Constituição cidadã, de 88” “com o cerne do republicanismo” “que arrasa o país hoje”.

      Sempre considerei despreparados os ministros da Fazenda que não conseguem administrar o país sob a alegação de que a Constituição não permite. E o que é mais importante, a Constituição de 88 é para mim uma das mais modernas constituições que apareceram no mundo nos últimos 50 anos. É claro que uma constituição democrática exige mais igualdade entre os eleitores e nesse ponto ainda estamos bem longe de uma constituição moderna e plenamente democrática.

      E o seu comentário é mais uma defesa da corrupção, pelo menos a corrupção dos grandes homens públicos. E embora eu discorde da posição de Andre Araujo, não creio que o texto dele possa ser tomado como um texto de quem defende a corrupção.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 11/02/2016

  35. José Dirceu e os estragos do moralismo, por Sérgio da Mata

    p { margin-bottom: 0.25cm; line-height: 120%; }

    Para refrescar a memória, altamente seletiva, do Sr. André Araújo, convém ver o que dizia um dos dirigentes máximos do PT quando o PT era “contra o que aí está”…

     

    Teoria e Debate: Qual é o objetivo do Programa Anticorrupção?

    José Dirceu: O Programa Anticorrupção tem como objetivo criar uma consciência ética no país. Ele parte da idéia de que o grande instrumento de combate à corrupção é o controle social e a participação do cidadão, das entidades da sociedade. O problema da corrupção no Brasil não é de lei, é um problema cultural e de estrutura da administração pública. A proposta é promover mudanças nos Tribunais de Contas, no sistema de controle interno, no sistema financeiro – lei do cheque, lei do sigilo bancário, lei da movimentação financeira. Discutirá o controle, mudanças e, principalmente, a participação popular no Orçamento. Propõe a criação de entidades como o Instituto Catarinense Contra a Corrupção, criado na Universidade Federal de Santa Catarina. O programa reúne personalidades como Márcio Thomás Bastos, Modesto Carvalhosa, Aristides Junqueira e Bisol. Tem apoio de entidades internacionais que estão discutindo a questão. A idéia do programa é a mesma da campanha contra a fome: fazer com que surjam, na sociedade, entidades, associações, movimentos com a participação do cidadão contra a corrupção.

    (Revista Teoria e Debate, 01/12/1995)

     

  36. 1ª Parte: Defendo o combate à corrupção, mas ela é irrelevante

     

    Andre Araujo,

    Fui digitando meu comentário fazendo muitas referências e transcrevendo muitos comentários e todo esse esforço reultou no alargamento do comentário ao ponto de precisar de alguns recortes. Assim resolvi dividi-lo em cinco comentários.

    Este post como muitos outros fazem parte dos seus posts históricos com muito conhecimento sobre Winston Churchill e sobre o príncipe Talleyrand. Seu conhecimento é quase enciclopédico, mas há nele sempre um viés preconceituoso que, mesmo aos olhares não tão metodológicos do historiador acadêmico, dá uma sensação de déjà vu.

    Independentemente do viés preconceituoso seus post sempre trazem contribuições esclarecedoras de outros comentaristas que muito bem vale as relacionar. Antes porem vou transcrever neste comentário para você neste seu post “Churchill e os estragos do moralismo, por André Araújo” de sexta-feira, 05/02/2016 às 19:12, aqui no blog de Luis Nassif, um comentário que enviei sexta-feira, 05/02/2016 às 19:54, para junto de um comentário de Bonna enviado terça-feira, 02/02/2016 às 14:34, junto a uma sequência de comentários que se iniciara com outro de Bonna enviado terça-feira, 02/02/2016 às 13:01, no post “A senhora Lo Prete e senhor Petrobrax, por André Araújo” de terça-feira, 02/02/2016 às 20:08, também de sua autoria e também aqui no blog de Luis Nassif.

    O endereço do post “A senhora Lo Prete e senhor Petrobrax, por André Araújo” é:

    https://jornalggn.com.br/noticia/a-senhora-lo-prete-e-senhor-petrobrax-por-andre-araujo

    O primeiro comentário de Bonna consistia em perguntar “Qual foi a importância dada pela força-tarefa da Operação Lava-Jato ao tal bote de 4 mil ???”. E a pergunta tinha como justificativa a seguinte frase do texto do seu post “A senhora Lo Prete e senhor Petrobrax, por André Araújo” em que você diz:

    “o cientista político Aldo Fornazieri, que dizia que a Lava Jato está em declínio, citando como expressão desse declínio a importância que seu deu a um bote de 4 mil Reais”

    Não vi justificativa para a pergunta de Bonna no que você dissera e resolvi dizer isso no comentário que envie para Bonna e aproveitei para fazer outras observações que cabem bem aqui. A observar que eu enviei o meu comentário junto ao segundo comentário de Bonna. Disse eu lá:

    – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

    “Bonna (terça-feira, 02/02/2016 às 14:34),

    Tenho certa resistência aos textos de Andre Araujo que tratam do problema da corrupção. Andre Araujo é um defensor do capitalismo e é contrário a corrupção, e ele não quer ver semelhança entre corrupção e o capitalismo. Na essência, capitalismo, com a apropriação que se faz do trabalho de outrem e que é a mais valia, e corrupção são da mesma natureza, salvo que o capitalismo é permitido pela lei e a corrupção não é permitido.

    Como são da mesma natureza, a corrupção não é inimiga do capitalismo. Os defeitos que o capitalismo carrega, em especial a concentração de renda, são os mesmos da corrupção. E as qualidades do capitalismo (assegura maior crescimento econômico) também estão presentes na corrupção, pois só assim se explica a China ser acusada de um dos países mais corruptos e ao mesmo tempo oferecer tanto crescimento e a Dinamarca sem crescimento ser considerada um dos países menos corruptos. Pode ser também que esses índices que avaliam a corrupção nos países sejam corrompidos.

    Quem como Andre Araujo admira o capitalismo não quer ver o capitalismo comparado com a corrupção. Só que como grande estudioso do capitalismo no seu aspecto histórico, Andre Araujo sabe que a corrupção muito provavelmente é fator de impulso ao crescimento econômico. Concentra o capital, mas ao mesmo tempo gera mais ganância por mais capital e com isso gera mais crescimento. Enfim ele sabe que não existe essa contradição entre crescimento econômico e corrupção, ou entre capitalismo e corrupção.

    Diante do dilema: moralizemos todos ou locupletamos todos, Andre Araujo avalia que, sendo inviável a possibilidade de moralização geral e que o locupletamento de todos é um achincalhe, seria recomendável uma terceira via em que o capitalismo segue o seu caminho e a corrupção o caminho dela como se os dois não estivessem umbilicalmente unidos. E o combate à corrupção ficaria por conta de pegar alguns funcionários públicos de segundo ou terceiro escalão.

    A solução salomônica de Andre Araujo é ruim porque cria um espaço para a corrupção desenfreada, desde que os participantes não sejam da ralé. O problema maior que essa corrupção acaba sendo superdimensionada pelos que não participam dela e há uma espécie de estresse coletivo que cria uma aversão a política e uma tendência a atribuir à corrupção males que são de outras naturezas e precisam ser combatidos.

    Em minha avaliação, apesar de legal o capitalismo não é algo naturalmente bom e se deve atuar sobre ele de modo a o corrigir. A forma de correção mais interessante é via o aumento da carga tributária de tal modo a permitir corrigir o efeito mais nocivo do capitalismo que é a tendência à desigualdade. E a corrupção por não ser algo legal deve ser combatida, como qualquer outra ilicitude que venha a ocorrer.

    É preciso, entretanto, atentar para o fato que o aumento da carga tributária torna o Estado mais forte, e em consequência fornece ao capitalismo um poderoso instrumento para o seu pleno desenvolvimento e assim aumenta a força do capitalismo e também cria mais oportunidade de corrupção.

    O erro de Andre Araujo então prende-se muito ao pouco esforço que ele quer que se ponha no combate à corrupção, e a visão um tanto liberalizante de não ver os defeitos do capitalismo e a necessidade de mais Estado para corrigir esses defeitos. Essa visão a meu ver equivocada e ainda eivada dos vícios de um preconceito às vezes escondido, às vezes latente, ressurge nos textos dele em que ele analisa a situação brasileira com frequência e desde há muito e ficou mais evidente com o advento do julgamento da Ação Penal 470 no STF.

    Andre Araujo, como a maioria das pessoas, mas ele com mais pesar, pois é advogado e conhecedor do assunto, não foi capaz de perceber que a Ação Penal 470 no STF deu uma nova conotação ao crime de corrupção. Depois do julgamento no STF da Ação Penal 470 um funcionário público que tenha uma gama muito grande de poderes e que receba uma vantagem indevida (Como um deputado federal, um senador, um ministro) não pode alegar crime de caixa dois com uma pena muito mais branda. O crime é o de corrupção.

    Trata-se de um avanço de interpretação da legislação penal brasileira que Andre Araujo como outros não souberam ou não quiseram entender. E um avanço em parte assegurada pela magistral aula do atual presidente do STF, Ricardo Enrique Lewandowski, na seção se não me engano de 19 de setembro de 2012 [No comentário que vou transcrever abaixo verifica-se que a data certa é 20/09/2012], e no esforço do ex-ministro Joaquim Benedito Barbosa Gomes, que, com todos os defeitos que possui – defeitos que a percepção preconceituosa de Andre Araujo soube bem observar e divulgar – lutou incansavelmente para atingir o objetivo que ele como um bom promotor público (Como Procurador Federal essa era a função que ele assumiu no processo) perseguia e bem perscrutou para atingir.

    Outro equívoco de Andre Araujo é dar muita importância à mídia. Como uma pessoa que já viveu bastante e com uma formação muito boa – pois além da formação em Direito com especialização em Administração Pública pela FGV, Andre Araujo é um grande estudioso da economia brasileira – ele não tolera ver as pessoas macaqueando frases ocas e trejeitos inábeis que se escutam e se veem na mídia. Não ocorre a ele que é a mídia que macaqueia as frases ocas e trejeitos inábeis que grassam na cultura ocidental pela própria deficiência de formação cultural educacional mais preocupada em preparar pessoas para executar bem a tarefa que a vida lhes reservou [E o trabalho, o acaso, as circunstâncias e a genética lhes capacitaram].

    Vale aqui indicar um post mais recente de Andre Araujo onde há manifestação semelhante dele principalmente na forma como ele quer ver sendo tratado o capitalismo e a corrupção. Trata-se do post “Churchill e os estragos do moralismo, por André Araújo” de sexta-feira, 05/02/2016 às 19:12, aqui no blog de Luis Nassif e que pode ser visto no seguinte endereço (Aqui vou omitir o link para não ficar redundante):

    Até que aqui neste post “A senhora Lo Prete e senhor Petrobrax, por André Araújo” de terça-feira, 02/02/2016 às 20:08, André Araujo foi mais comedido nas críticas a operação Lava Jato. Ainda dá para você o ver aflorar alguns defeitos, mas é mais em relação à relevância que ele dá à mídia. Não vi, entretanto, esses defeitos na indagação que você faz. Para mim você é que foi equivocado ao propor a seguinte pergunta:

    “De onde o Sr Fornazieri tirou a informação de que a Força Tarefa da Lava Jato foi atrás de uma “denúncia” sobre um barquinho de 4000 reais e que por isso estaria se desvalorizando ???”

    Eu não assisti a nada desses programas radiofônicos a que Andre Araujo faz referência e você pode ter assistido, mas você não está correto na sua indagação a Andre Araujo com base no que ele disse neste post. Em suma não foi do texto de Andre Araujo que você tirou a informação sobre a qual você indaga. No texto de Andre Araujo não há nada que indique que o Sr Fornazieri falou “que a Força Tarefa da Lava Jato foi atrás de uma “denúncia” sobre um barquinho de 4000 reais e que por isso estaria se desvalorizando”.

    O que há no texto de Andre Araujo que pode ter levado a você a fazer a indagação transcrita acima é a seguinte frase:

    “Complementando os espantos dos bem pensantes, o jornalista Alexandre Machado ontem no seu horário DE VOLTA PARA CASA na Rádio Cultura FM discutiu com o cientista político Aldo Fornazieri, que dizia que a Lava Jato está em declínio, citando como expressão desse declínio a importância que seu deu a um bote de 4 mil Reais”

    Após uma releitura do texto de Andre Araujo você vai perceber que está bem claro que a informação que ele diz que o Sr Fornazieri disse não é em nada semelhante à indagação que você faz.

    Em meu entendimento o Sr Fornazieri assim como o Andre Araujo dão grande importância à mídia e tomaram o destaque que a mídia deu ao barco de 4.000 reais como indicativo de que o Lava Jato já não consegue ter a relevância de antes. Para quem antes discutia Pasadena agora ficar discutindo uma nota fiscal de uma compra de um particular a uma empresa privada de um barco de 4.000 reais sem dúvida que deixa transparecer um sinal de debilidade.

    Ocorre que a importância política da operação Lava Jato, ao contrário do que pensa Andre Araujo e talvez Sr Fornazieri não está nos valores envolvidos, mas nas pessoas envolvidas e na época em que elas se viram envolvidas.

    Insisto, ao contrário do que pensa Andre Araujo, não é a mídia que dá relevância à Operação Lava Jato, pois a importância da Operação Lava Jato decorre da audiência que ela tem, independentemente de ela envolver um barquinho de 4.000,00 ou a compra da Refinaria de Pasadena. E é uma atração que depende muito da época. Tão logo a economia se recupere tanto o barquinho de R$4.000,00 como a Refinaria de Pasadena perdem a importância.”

    – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

    Volto a falar sobre o comentário transcrito acima na segunda parte deste meu comentário.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 09/02/2016

    1. 2ª Parte: A aula de Lewandowski no julgamento da AP 470

       

      Andre Araujo,

      Na primeira parte do meu comentário acima, e enviado terça-feira, 09/02/2016 às 14:29, eu fiz referência à “magistral aula do atual presidente do STF, Ricardo Enrique Lewandowski, na seção se não me engano de 19 de setembro de 2012”. Não quis alongar em meu comentário e por isso não busquei o link para a “magistral aula do atual presidente do STF”.

      Hoje, entretanto, tendo mais tempo para pesquisa, encontrei a referência em comentário que enviei para você segunda-feira, 01/01/2012 às 00:30, há, portanto, 4 anos, junto ao post “O erro de entender o STF como técnico e politicamente neutro” de sábado, 29/09/2012 às 15:59. O endereço do post  é:

      https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/o-erro-de-entender-o-stf-como-tecnico-e-politicamente-neutro

      Como avalio que o meu comentário para você lá no post “O erro de entender o STF como técnico e politicamente neutro” é bem pertinente aqui, vou transcrevê-lo na integra e não somente deixar o link para o vídeo da “magistral aula do atual presidente do STF”, observando-se que a data da “magistral aula do atual presidente do STF” ocorreu em 20/09/2012 e não no dia 19 como eu informara antes no comentário que transcrevi no que se constituiu a primeira parte do meu comentário aqui para este seu post. Disse então eu para você lá no post “O erro de entender o STF como técnico e4 politicamente neutro”:

      – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

      “Andre Araujo,

      O título deste post “O erro de entender o STF como técnico e politicamente neutro” de sábado, 29/09/2012 às 14:59, aqui no blog de Luis Nassif e originado de comentário seu junto ao post “Barbosa prepara penas duras para Dirceu e Delúbio” não me pareceu adequado para intitular seu comentário. O próprio título em si do post já é ruim, pois, salvo raríssimas exceções, ninguém entende o STF como técnico e politicamente neutro.

      O seu comentário já foi bem contraditado. E salvo alguma desatenção minha, três comentários em oposição ao seu foram transformados em posts aqui no blog de Luis Nassif, a saber:

      1) O post “Sobre a nomeação de Joaquim Barbosa para o STF” de domingo, 30/09/2012 às 10:40, oriundo de um comentário de Thomas Goroh enviado sábado, 29/09/2012 àss21:17. O endereço do post “Sobre a nomeação de Joaquim Barbosa para o STF” é:

      http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/sobre-a-nomeacao-de-joaquim-barbosa-para-o-stf

      2) O post “A confusão entre tribunal político e tribunal partidário” de domingo, 30/09/2012 às 08:19, e oriundo de comentário de Carlos Arthur Newlands Junior, enviado sábado, 29/09/2012 às 22:45, para junto do comentário enviado sábado, 29/09/2012 às 19:50, por Helio Santos. O post “A confusão entre tribunal político e tribunal partidário” pode ser visto no seguinte endereço:

      http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-confusao-entre-tribunal-politico-e-tribunal-partidario

      e 3) O post “Trechos da sabatina de Joaquim Barbosa” de domingo, 30/09/2012 às 08:13, e originado de comentário de J. Roberto Militão enviado sábado, 29/09/2012 às 22:47. O endereço do post “Trechos da sabatina de Joaquim Barbosa” é:

      http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/trechos-da-sabatina-de-joaquim-barbosa

      Deixei só a indicação dos posts sem uma análise de cada comentário porque tomaria muito tempo, mas no geral concordo com eles. E para facilitar em encontrar os comentários aqui neste post “O erro de entender o SRF como técnico e politicamente neutro”, lembro que com 102 comentários os três comentários se encontravam na primeira página deste post.

      O que mais queria enfatizar aqui é que a idéia de que o STF seja um órgão eminentemente político não é muito bem fundamentada, ou melhor, não é de todo esposada pela doutrina. É uma radicalização que tem suporte no fato de que nas decisões do STF há outros fatores além daqueles que a análise pontual da lei esteja a indicar. Uma decisão do STF que leve à quebra do Estado não será tomada porque o STF tem que preservar o Estado.

      Junto ao post “Como Barbosa foi tratado quando analisou o mensalão tucano” de terça-feira, 11/09/2012 às 14:58, contendo o texto de Ricardo Noblat intitulado “Foi mal, Barbosa!” e que foi trazido aqui para o blog de Luis Nassif após transcrição em comentário de Eduardo Guimarães, eu faço a indicação reproduzida a seguir de trabalho de Luís Roberto Barroso:

      http://www.luisrobertobarroso.com.br/wp-content/uploads/2011/08/STF-Suprema-Corte-Corte-Constitucional_Merval.pdf

      Trata-se de artigo “Supremo Tribunal Federal Brasileiro, Suprema Corte Americana e Tribunal Constitucional Federal Alemão: algumas notas sobre as distinções existentes”. Não é para você a indicação. Faço-a como uma forma de mais bem esclarecer a idéia de ação política de uma suprema corte. Ainda que o Tribunal Constitucional Federal Alemão tenha uma formulação da sua concepção de modo mais técnico, ele não deixa de ser um órgão político. Em meu entendimento, o Tribunal Constitucional Federal Alemão, pela necessidade da indicação requerer a aprovação de uma maioria de dois terços, adquire um viés de certo modo conservador, pois os aprovados não podem defender teses radicais que não contam com uma ampla maioria no parlamento. Não há nem o reacionarismo da direita nem a vanguarda da esquerda. É um modelo que espelha bem o modelo democrático europeu: um modelo excludente das minorias. É um modelo político, porem mais conservador e menos partidário.

      De todo modo, se a Suprema Corte de um país, seja no modelo alemão seja no modelo brasileiro ou a sua semelhança no modelo americano, tem o componente político a ser considerado na sua atuação, também não se pode furtar de considerar que há limite na atuação política do STF e que decorre da própria natureza da ação do julgador. E aqui eu chamo atenção para o post “Sobre o processo de avaliação e decisão dos magistrados” de sexta-feira, 31/08/2012 às 09:37, aqui no blog de Luis Nassif em que Waldyr Kopezky após breve introdução transcreve artigo “E o professor me disse: “Isso é assim mesmo!”” de Lenio Luiz Streck e que saíra publicado no Conjur. O endereço do post “Sobre o processo de avaliação e decisão dos magistrados” é:

      http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/sobre-o-processo-de-avaliacao-e-decisao-dos-magistrados

      Enfim, um juiz não pode fugir ao que dispõe a legislação. O interesse político prevalece em uma decisão da STF porque o alcance da decisão é nacional enquanto uma decisão de um juiz de primeira instância não tem uma repercussão maior do que o entorno do município em que ela for dada. No caso da Ação Penal 470, a decisão dos julgadores é política porque a decisão vai estabelecer limites da atividade partidária em todo o território nacional, mas os ministros da Suprema Corte não podem se afastar dos limites da lei.

      A relação entre o jurídico e o político talvez tenha tido o seu instante de maior grandeza no julgamento da Ação Penal 470 quando da declaração do voto do ministro Ricardo Lewandowski proferido na sessão de 20/09/2012 e que pode ser visto no seguinte endereço:

      http://www.youtube.com/watch?v=m6uyOzTG2T8

      Há três momentos em que o voto dele é extremamente jurídico. Quando ele justifica a mudança do entendimento da corrupção passiva com base na mudança de entendimento de outros membros do STF. Quando (Por volta de 15 minutos) ele reforça este entendimento ao dizer que entendia como comprovada a prática do crime de corrupção passiva imputada ao réu Pedro e diz o seguinte em seguida:

      “Deixo desde logo de levar em consideração um fato interessante apresentado pela defesa, qual seja, o de que em relação à votações citadas pelo acusação ao réu de sua parte não participou destas votações no que diz respeito à Reforma Tributária nem da votação relativa à Lei de Falências. Tal circunstância porém, como observado, não descaracteriza o crime de corrupção passiva nos termos da orientação jurisdicional fixada pela Corte nesta Ação Penal desde que comprovada a percepção da vantagem indevida”.

      Com essa fundamentação, o Ministro Ricardo Lewandowski afasta a Ação Penal 470 da discussão sobre compra de votos.

      E depois (A partir de 20 minutos e 50 segundos) quando ele tece algumas considerações sobre o crime de lavagem de dinheiro. Como ele disse, referindo-se ao voto do ministro Dias Tofoli, no crime de lavagem de dinheiro, “o dolo do agente, ou seja, a vontade consciente de atingir o resultado delituoso deve ser sempre claramente demonstrado eis que não existe o dolo eventual nem a forma culposa desse delito conforme firme orientação doutrinária estrangeira ou pátria sobre o tema”.

      É todo ele um voto jurídico, mas com repercussões políticas sem tamanho. Com esse voto não se discute mais se houve compra de voto, pois não é preciso a compra para caracterizar o crime. Ao mesmo tempo não é qualquer recebimento que caracteriza o crime. É preciso que se tenha comprovado “o dolo do agente, ou seja, a vontade consciente de atingir o resultado delituoso”. Daí porque muitos não compreendem que em situação em que houve o recebimento, mas há uma explicação devida para o recebimento não há que se falar em corrupção passiva. Assim, nem todo recebimento por parte de parlamentar é crime e nem todo crime por recebimento pode acarretar a anulação da eleição.

      A todo momento, a Suprema Corte é política, mas é uma política dentro de uma lógica jurídica que impede o STF de deixar de cumprir o que está estabelecido no ordenamento normativo do pais e de onde deriva o próprio entendimento do Tribunal e no qual o Tribunal assenta a fundamentação de qualquer decisão que ele profere em um círculo lógico espiralado que em cada momento avança um pouco, mas sempre de forma encadeada e compreensível.

      Quanto ao fato de que os indicados de um partido em uma situação como a do Brasil e dos Estados Unidos preencham um determinado perfil que mais o aproxima do partido que o indicou não tenho dúvida de que isto sempre ocorreu no Brasil. E ocorreu no governo do PT. Aliás, como eu disse recentemente, a indicação de Joaquim Barbosa, em que pesou bastante o fato de ele ser negro, e o fato de ele ter uma história de luta, de ele ter um currículo excepcional, teve talvez como um grande fator diferencial o fato de ele ser o que ele tem sido, ou seja, um feroz perseguidor da criminalidade, sendo que esta criminalidade deve ser entendida como estando dentro do âmbito da criminalidade combatida pelo Ministério Público Federal que trabalha com a maioria dos crimes de colarinho branco.

      – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

      Eu tive várias oportunidades de debater com você a respeito da Ação Penal 470. Como muitos amigos seus foram condenados em razão do julgamento no STF você questiona a validade do resultado dessa Ação Penal que significou a transformação do crime de caixa dois em crime de corrupção quando envolve um funcionário público com a gama de poderes de um deputado federal. Penso que você ainda não percebeu a evolução que representou para o ambiente jurídico brasileiro o resultado do julgamento da Ação Penal 470 pelo STF.

      De certo modo você resiste a aceitar que a independência do Poder Judiciário e do Ministério Público e também da polícia tanto a federal como as estaduais seja saudável politicamente para o Brasil. Pode ser que no final todos se tornem corruptos e a evolução esperada não aconteça, mas parece-me mais provável que a medida que esses ilícitos de corrupção são elucidados há uma tendência de a democracia ficar mais justa.

      É claro que sempre haverá alguns cabeças ocas e despreparados, mas com algum talento especial que desenvolveram uma comunicação cativante e pelo rosto e tom de voz consigam o domínio sobre qualquer audiência e consigam eleger-se em detrimento de pessoas muito mais capazes e preparadas. É a condição humana que impõe uma desigualdade que impede e provavelmente sempre impedirá de a democracia cumprir o seu designo de igualdade.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 09/02/2016

      1. 3ª Parte: Eu não acredito no mito do estadista

         

        Andre Araujo,

        Antes de mencionar alguns comentários aqui neste post que eu considero que merecem destaque, eu faço mais uma transcrição trazendo uma parte de um comentário que eu enviei terça-feira, 19/05/2015 às 22:41, para Luis Nassif  junto ao post “Um projeto à espera de um estadista” de terça-feira, 19/05/2015 às 17:28, e que pode ser visto no seguinte endereço:

        https://jornalggn.com.br/noticia/um-projeto-a-espera-de-um-estadista

        E a parte do meu comentário que eu considero pertinente aqui é a que transcrevo a seguir:

        – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

        “Bem, aleguei que não precisava dizer aquilo que já fora dito com muito mais propriedade e com brilho e competência que me faltariam, mas vou transcrever aqui uma discussão que mantive junto ao post “Falta uma perna no Plano de Levy, por Andre Araujo” de domingo, 22/02/2015 às 18:09, aqui no seu blog e oriundo de texto de Andre Motta Araujo. O comentarista Mucio Linhares da Rocha, enviou domingo, 22/02/2015 às 12:0, lá para o post “Falta uma perna no Plano de Levy, por Andre Araujo” o seguinte comentário:

        “Para um ESTADISTA esse momento de Lava Jato, tentativa de impítimam (prefiro assim e com meuzovo) e tudo mais, estaria criada a situação perfeita pra que ele em definitivo consolidasse o PODER em suas mãos. Dilma porém prefere cortar tomates ou sei lá o que com Ana Maria Braga na Rede Grobo”.

        É um comentário contrário ao que eu pensava e fiz uma crítica radicalizando um pouco para mostrar minha discordância. Assim eu dizia no meu comentário endereçado a Mucio Linhares da Rocha e enviado domingo, 22/02/2015 às 17:12, e que eu intitulei: “Em um bom dicionário o seu estadista é definido como ditador”:

        “Se você tiver algum respeito pelo blog, faça uma consulta prévia quando for utilizar um termo assim mais forte ou sobre o qual você não tenha um bom domínio. Qualquer dicionário vai poder esclarecer a você que o termo que você deveria usar no seu comentário é ditador e não estadista. Estadista não é quem manda no Estado. Estadista é um termo que os historiadores costumam aplicar aquele governante que na opinião dos historiadores tomaram em determinado momento as medidas que de novo na opinião dos historiadores eram as medidas certas. Como se vê é um termo que só faz sentido sendo aplicado por historiadores. O que salta aos olhos não é o seu caso”.

        A minha intenção na resposta que eu dei para Mucio Linhares da Rocha era apenas enfatizar que eu não acreditava no mito do estadista. E para ser justo deixo também a replica que Mucio Linhares da Rocha fez ao meu comentário, tendo a enviado domingo, 22/02/2015 às 20:48. Disse ele lá:

        “O historiador faz o estadista. Você é um jênio(assim mesmo). Seu guru é Merval Pereira, seu estadista é o FHC. Suas penas são tucanas e sua bagagem intelecto-moral deixa pra lá”.

        – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

        Transcrevi esse trecho do meu comentário para mostrar uma diferença acentuada que eu tenho com você. Eu não dou importância ao mito do estadista. Há pessoas com carisma ou pode ocorrer de circunstâncias excepcionais favorecerem outras e há mesmo pessoas com capacidades excepcionais que também se destacam.

        A história é cumprida e são muitos os lugares no mundo de tal modo que aqui e alhures, agora ou lá atrás alguém possa merecer essa alcunha. Ainda assim há muito de mito nessas construções que sob aquele olhar circunstancioso e metodológico da academia acaba por se desmoronar. Sem os grandes juristas da época, muito pouco teria deixado Napoleão Bonaparte. Para os primeiros quinze anos dos século XXI e os trinta e cinco últimos anos do século XX, quem poderia ser apontado como estadista no mundo?

        E José Sarney serve como um contra exemplo. Os quase 60 anos de vida pública dele não consegue revelar algo além de um político medíocre. Ainda assim participou com destaque na vida política desse país durante os sessenta anos. E nos cinco anos que foi presidente do Brasil, o pais cresceu mais do que nos oito do presidente Fernando Henrique Cardoso e certamente haverá de ter crescido mais do que nos muito provavelmente oito anos de governo da presidenta Dilma Rousseff.

        Na transcrição acima eu fiz menção ao post “Falta uma perna no Plano de Levy, por Andre Araujo” onde eu teria argumentado com Mucio Linhares da Rocha sobre o termo estadista. Infelizmente na parte do meu comentário transcrita eu não deixei o link para o post e assim eu deixo o link a seguir. O post “Falta uma perna no Plano de Levy, por Andre Araujo” pode ser visto no seguinte endereço:

        https://jornalggn.com.br/noticia/falta-uma-perna-no-plano-de-levy-por-andre-araujo

        Na sequência que se vai constituir na quarta parte do meu comentário para você, eu tentarei fazer breve referência a alguns dos comentários que considero que servem para ainda mais qualificar este seu post. Primeiro vou focar os comentários que estão na segunda página deste post que agora já conta com 88 comentários.

        Clever Mendes de Oliveira

        BH, 09/02/2016

        1. 4ª Parte: Relação de comentários na 2ª pg que qualificam o post

           

          Andre Araujo,

          Bem, e agora destaco os comentários que eu avalio que qualificam ainda mais este seu post “Churchill e os estragos do moralismo, por André Araújo”. Vou começar da segunda página quando havia 80 comentários no post (Na verdade eles eram em número de mais de 85 comentários e eu atribui a indicação de 80, pela existência de grande número de comentários repetidos. Entretanto, logo após ter enviado a primeira parte desta sequência de comentários o número passou para 87 e com esta quarta parte deve passar para 90). No entanto, começo fazendo referência a um comentário seu enviado sexta-feira, 05/02/2016 às 15:19, para junto do comentário de Andre Luiz RRR enviado sexta-feira, 05/02/2016 às 09:40. Quando escolhi esse seu comentário, ele, como o de Andre Luiz RRR, enviado sexta-feira, 05/02/2016 às 09:40, estavam na primeira página, embora fossem os últimos e assim eu esperava que rapidamente eles iriam para a segunda página. O seu já foi até antes e o de Andre Luiz RRR também iria para a segunda página, mas apenas após se ter incorporado a este post a primeira parte do meu comentário.

          A observar que há uma sequência de comentários que iniciam com um de Aleandro Chavez que com mais alguns comentários poderão ir para a segunda página, mas eu vou comentar na última parte das cinco em que eu dividi o meu comentário original. Inicio então as menções aos comentários da segunda página pela indicação do comentário de Andre Luiz RRR, que, por ser pequeno, eu o transcrevo a seguir. Disse lá Andre Luiz RRR:

          “Parei de ler nos elogios a Maluf. Nojo”.

          Não tenho problema em ver elogios a alguém de ideologia distinta da minha. Normalmente se trata de elogios vindo de alguém com ideologia também distinta da minha. Não deixo, entretanto, de buscar fundamentação para os elogios. Se alguém disser que Paulo Maluf é um grande gerente do orçamento público, ou um grande planejador, eu vou questionar essas afirmações. Se se diz que Paulo Maluf é um grande empreendedor, eu fico mais condescendente a aceitar essa afirmação. Posso questionar a direção que ele dá ao espírito empreendedor dele.

          Ainda assim, mesmo que eu não considerasse a ideia de estadista como um mito eu não consideraria Paulo Maluf como tal. Paulo Maluf perdeu para Tancredo Neves e perdeu também para Fernando Henrique Cardoso na dobradinha que Paulo Maluf tentou fazer com Roberto Marinho, para assegurar o apoio de Roberto Marinho a candidatura dele na eleição de 1998, mas foi derrotado quando se aprovou a emenda da Reeleição e Roberto Marinho teve de descartar Paulo Maluf para deixar o caminho de Fernando Henrique Cardoso mais limpo. A vitória sobre Lauro Natel (Na convenção da Arena de 04/06/1978) e sobre Andreazza (Na convenção do PSD, antiga Arena, de 11/08/1994) foram dois momentos excepcionais de Paulo Maluf, mas ele acumulou mais derrotas do que vitórias.

          De todo modo como se vê acima na transcrição do comentário de Andre Luiz RRR, ele criticou o seu elogio a Paulo Maluf. A reação dele revela mais alguém de esquerda que não gosta do estilo de direita de Paulo Maluf, ou alguém que carrega uma total antipatia pelo que se considera comportamento indevido com o dinheiro público. Todo mundo deveria ter essa antipatia, mas ela só poderia existir em relação a um determinado político após o político receber a sentença condenatória. A antipatia fruto do ouvir falar é o que há de pior seja na esquerda seja na direita. No mundo todo percebe-se essa antipatia indevidamente antecipada que apenas revela o quanto estamos no estágio da barbárie.

          Você tem certo preconceito contra a esquerda, mas não chega a ter um perfil de direita como o de Paulo Maluf, e então você faz uma resposta justificando o seu elogio, mostrando em comparação uma superioridade de Paulo Maluf em relação a José Sarney. Por isso eu fiz uma referência a José Sarney em parte anterior do meu comentário e aqui cabe complementar.

          Sempre procurei mostrar a distinção de um homem publico como Tancredo Neves e um homem público como Juscelino Kubitschek. Tancredo Neves era um getulista que defendia os interesses do Estado e provavelmente faria um governo obcecado com uma política de austeridade que envolvia não só o corte de despesas dai o mote do discurso de posse fosse não gastar, como também o aumento de receita que ele iria fazer sem alarde, porque todos que o apoiavam eram contrários ao aumento de impostos. Juscelino Kubitschek era um empreendedor e não podia fazer um governo senão que caracterizado por grandes projetos e obras. O Paulo Maluf de certo modo era alguém mais parecido com Juscelino Kubitschek, do que com Tancredo Neves.

          Ocorre que em 1985, o governante ideal seria aquele que se preocupasse com o acerto das contas públicas. O Brasil já crescia puxado pela moeda desvalorizada e assim, um aumento de gastos públicos, mesmo que destinado a investimentos iria apenas acirrar a inflação. José Sarney não tinha o perfil de austeridade e estava sob a dominância do PMDB que não defendia o aumento de receita, por isso não conseguiu fazer nem o corte de despesas, nem o aumento de receita, nem tinha um perfil empreendedor para fazer grandes obras.

          Acho que o Brasil perdeu com a morte de Tancredo Neves. E o que eu gosto de destacar mais é que com Tancredo Neves haveria novo aumento da carga tributária que em meu entendimento o Brasil precisava. Com Paulo Maluf não haveria esse aumento de carga tributária e nisso sua ideologia muito se aproxima da ideologia dele. Gostaria de estar enganado, mas eu não me lembro de um só texto seu defendendo o aumento da carga tributária.

          De todo modo, apesar de ter assegurado em 5 anos mais crescimento econômico do que Fernando Henrique Cardoso em oito anos, José Sarney é responsabilizado pelo Plano Cruzado, obra de economistas do PSDB e tratado como um político incompetente. Não gosto da ideologia de direita de José Sarney ainda que ele seja de uma direita mais comedida do que a direita de Paulo Maluf, mas sempre manifestei dúvidas sobre a capacidade dos analistas políticos que acusam algum político de incompetente.

          Uma comparação interessante seria entre Fernando Henrique Cardoso e José Sarney. Há o aspecto do crescimento econômico que eu salientei anteriormente favorável a José Sarney, mas não tenho dúvidas de que Fernando Henrique Cardoso permanecerá na história como alguém superior a José Sarney. José Sarney, entretanto, teve a seu tempo carisma, um instrumento importante para que alguém ainda novo possa se destacar no mundo político e assumir cargos executivos e assim poder tornar-se um governante com relativa capacidade de decisão. Como diz o ditado é de menino que se torce o pepino, ou seja, é de novo que se prepara para a tomada de decisão.

          O que fará Fernando Henrique Cardoso ser avaliado favoravelmente quando comparado com o José Sarney foi o fato do Plano Cruzado não ter dado certo e o Plano Real ter dado certo. Agora pelo fato do Plano Cruzado não ter dado certo a dívida pública brasileira ficou pequena. E em razão do Plano Real ter dado certo a nossa dívida ficou assustadora.

          Então, mesmo medíocre, José Sarney não é menor do que Fernando Henrique Cardoso, nem também menor do que Paulo Maluf. Fernando Henrique Cardoso que acabou sendo o responsável pela perda definitiva de prestígio de Paulo Maluf tinha mais que os outros dois um entendimento mais completo ainda que mais no plano teórico sobre o papel do Estado no funcionamento do mundo capitalista. Paulo Maluf tinha mais que ambos um espírito empreendedor. José Sarney foi por mais tempo próximo ao poder na forma de executor e não de um mero analista e não foi alguém tão reacionário como Paulo Maluf.

          Bem, como eu já disse dei destaque para o comentário de Andre Luiz RRR e a sua resposta pelo fato dos dois comentários estarem em um primeiro momento perdidos no fim da primeira página e em seguida separados de uma página para a outra e dei destaque também pelo fato de o questionamento sobre a importância que você dá a Paulo Maluf ter sido motivo de muitos comentários. Assim, fazendo considerações sobre o comentário de Andre Luiz RRR, eu estou de certo modo analisando vários outros.

          Se, entretanto, eu fosse indicar pela qualidade, a melhor crítica a ser indicada em minha avaliação com referência a sua avaliação de Paulo Maluf é a do comentário de Francisco Águas, enviado sexta-feira, 05/02/2016 às 09:15, que após transcrever um parágrafo do seu post com elogios a Paulo Maluf, diz de modo bastante sucinto o seguinte:

          “Relativizar o legado corrupto, higienista, reacionário de Paulo Maluf, alegando moralismo é triste!”

          Embora sucinta essa é a crítica mais completa aos seus elogios a Paulo Maluf. Tenderia a concordar com ela, se eu, como eu creio que é também como você pensa, não considerasse equivocada a acusação de corrupto a um político contra o qual não há uma sentença condenatória transitada em julgado. No Estado Democrático de Direito, comporta-se como corrupto, pelo menos no sentido lato do termo, alguém que acusa um político de corrupto sem que haja contra esse político uma sentença condenatória transitada em julgado.

          Aliás, aqui cabe apontar uma diferença entre o meu entendimento e o seu a respeito da corrupção na política. Parece que a necessidade da sentença condenatória transitada em julgado para você é apenas para quando se trata de políticos de grandeza superior. Quando se trata de um ladrão de galinha ou um político do rez de chaussée, você não acha que haja necessidade da sentença condenatória transitada em julgado.

          Também diria que você não faria a mesma crítica de Francisco Águas, uma vez que você tem uma ideologia mais próxima da de Paulo Maluf e, portanto, não vê, com o mesmo conteúdo malévolo, o higienismo e o reacionarismo dele.

          Depois desse comentário, há entre os comentários alguns provenientes do comentarista denominado Servidor Público e que renderam muita discussão até interessante e que também servem para qualificar o seu post, mas que mais dizem respeito à Segunda Guerra Mundial e não guardam relação com o que é mais de meu interesse destacar.

          Um comentário que merece ser mencionado aqui é o de Aleandro Chavez enviado sexta-feira, 05/02/2016 às 09:28, mas que não só por se localizar na segunda página como por se colocar junto a uma resposta sua enviada sexta-feira, 05/02/2016 às 09:15, para junto do comentário de Raposo Lupo enviado sexta-feira, 05/02/2016 às 08:43, está meio que perdido. São quatro parágrafos curtos em que ele chega a mencionar Paulo Maluf, mas apenas para exemplificar um argumento. Ele responde a sua resposta para Raposo Lupo na parte que você diz o seguinte:

          “. . . . Não basta ser SÓ esperto, é preciso fazer coisas imensamente importantes para o Pais, obras, empreendimentos, realizações, movimentos diplomáticos, construções geopolíticas, o positivo precisa ser imensamente maior que o passivo, de modo que o SALDO histórico seja gigantesco”.

          E Aleandro Chavez faz o contraponto ao que você diz com os seguintes quatro parágrafos:

          “Seu pensamento é absurdo por vários motivos.

          O primeiro, óbvio, é legitimar a corrupção com base em supostas boas ações do praticante. É, sem meias palavras, a lógica do “rouba, mas faz”. Aliás, vc mesmo trouxe o exemplo do Maluf.

          Segundo, por envolver um subjetivismo perigoso quando se fala em relações de poder. Afinal, quem detém o poder é que vai determinar se o saldo histórico é positivo ou não.

          Andre, sem enrolação, é o seguinte: há uma relação direta entre corrupção e pobreza. Não há qualquer efeito benéfico da corrupção, e por nenhum motivo ela deve ser tolerada”.

          Não concordo com o Aleandro Chavez, mas valorizo o comentário porque avalio que ele tentou ser lógico na argumentação dele. Ao contrário dele, eu não considero o seu pensamento absurdo. Não vi você tentando legitimar a corrupção. Como já disse você não dá relevância nem a corrupção nem ao combate que se faz a ela. Eu até acho que essa postura sua é equivocada, mas não vejo nisso absurdo.

          Em meu entendimento, ele acerta em dizer que há subjetivismo nos seus critérios de julgamento do político. No fundo o seu julgamento se ancora na frase “A moral correta é a do vencedor”. O saldo histórico do político fica a depender do resultado.

          E então Aleandro Chavez expõe uma opinião dele sobre a corrupção. Diz ele, reproduzindo o final do comentário dele já transcrito acima:

          “ . . . . há uma relação direta entre corrupção e pobreza. Não há qualquer efeito benéfico da corrupção, e por nenhum motivo ela deve ser tolerada”.

          E se não existir a relação que Aleandro Chavez diz que existe entre corrupção e pobreza? E se existir a relação, mas ela for invertida: os países mais pobres são os menos corruptos? Será que se for demonstrado que a relação entre corrupção e pobreza for o inverso do que ele imagina, ele passaria a se constituir em um defensor da corrupção? Eu creio que já comentei alguma vez no blog que eu sou mais inimigo da corrupção do que muitos dos que se dizem contrário a ela, exatamente porque eu penso que muito provavelmente a corrupção não é empecilho para que um país cresça mais e mesmo assim continuo querendo que a corrupção seja combatida.

          Penso que já disse sobre isso várias vezes aqui no blog de Luis Nassif e lembrei-me do post “Nunca se roubou tão pouco, por Ricardo Semler” de sexta-feira, 21/11/2014 às 11:51, aqui no blog de Luis Nassif transcrevendo artigo de Ricardo Semler publicado originalmente na Folha de S. Paulo. O endereço do post “Nunca se roubou tão pouco, por Ricardo Semler” seria:

          http://www.jornalggn.com.br/noticia/nunca-se-roubou-tao-pouco-por-ricardo-semler#comment-516258

          Disse seria porque deixei o endereço de um dos dois comentários que enviei para o post, mas quando tentei acessar veio como resposta a informação: “acesso negado”. O artigo do Ricardo Semler também está disponível no blog de Diego Costa aqui no site do jornalggn, mas lá há apenas 1 comentário. Deveria existir, entretanto, mais de 40 comentários junto ao post “Nunca se roubou tão pouco, por Ricardo Semler”.

          Há ainda que destacar na segunda página deste seu post “Churchill e os estragos do moralismo, por André Araújo” de sexta-feira, 05/02/2016 às 19:12, o comentário de José de França, enviado sexta-feira, 05/02/2016 às 08:10. Aliás, sendo o último da segunda página e o primeiro enviado para o post “Churchill e os estragos do moralismo, por André Araújo” pode-se dizer pelo horário do comentário que o post apareceu pela primeira vez no mais tardar às 8:00 horas da sexta-feira, 05/02/2016.

          José de França traz à memória o filme de Lincoln com a mensagem subliminar de que com a abolição da escravidão “um enorme avanço ético e civilizatório foi realizado a partir de corrupção e mentiras”. Para mim o avanço ético e civilizatório foi alcançado apesar de corrupção e mentiras e que essas devem ser combatidas.

          E na quinta parte do meu comentário eu pretendo indicar os outros comentários que ficaram  na primeira página. A observar que ao final da primeira página há uma série de comentários que se iniciam como um de Aleandro Chavez enviado sexta-feira, 05/02/20016 às 09:41, e que eu chego a mencionar. Com os meus comentários a sequência de comentários ficará cortada e talvez eu envie mais um ou outro comentários para levar toda a sequência para a segunda página.

          Clever Mendes de Oliveira

          BH, 10/02/2016

          1. 5ª Parte: Relação de comentários na 1ª pg que qualificam o post

             

            Andre Araujo,

            Faço agora referência aos comentários que se encontram na primeira página, repetindo o que eu dissera antes sobre um comentário de Aleandro Chavez que eu vou mencionar mas que levou a uma sequência de comentários que serão entrecortados se distribuindo entre a primeira e a segunda página. Se me sobrar tempo faço mais uns cinco a sete comentários de modo a levar todos para a segunda página.

            Considerando que o comentário ainda se encontra na primeira página, e tendo em vista que pretendo fazer as indicações dos comentários começando de baixo para cima, faço de imediato referência ao comentário de Aleandro Chavez enviado sexta-feira, 05/02/2016 às 09:41, em que ele volta a questionar o subjetivismo das suas escolhas. Ele o toma por petista e considera que você estaria colocando os petistas acima do bem e do mal e dando aos petistas, no caso, você, o direito de julgar os outros.

            Concordo quanto ao subjetivismo, mas você não usa o subjetivismo em prol do PT, mas sim em prol do seu subjetivismo. A critica a ser feita deve apontar falhas no seu subjetivismo, isto é, na sua ideologia, que não é em hipótese nenhuma  uma ideologia que tenha proximidade com a ideologia do PT. A sua ideologia é um tanto elitista (acho o termo mais adequando do que higienista como o empregou Francisco Águas em comentário enviado sexta-feira, 05/02/2016 às 09:16, e que se encontra na segunda página e já foi mencionado em parte anterior do meu comentário, embora eu reconheça que elitista e higienista têm significados diferentes) e um tanto autoritária.

            Embora haja revolucionários autoritários, considero que o seu autoritarismo muito o aproxima do conservadorismo e até do reacionarismo. São nessas características de sua ideologia que repousam os resultados dos seus julgamentos dos políticos.

            Outro comentário é o de Adolpho, enviado sexta-feira, 05/02/2016 às 10:49, que embora um tanto zombeteiro aponta para o que já foi dito também acima: o seu julgamento traz junto a ideologia de que a moral correta é a do vencedor e que, portanto, o que conta é o resultado, independentemente dos meios utilizados. Eu concordo com essa visão desde que os meios sejam lícitos, ainda que moralmente possam ser questionados.

            Há um segundo comentário de Adolpho enviado sexta-feira, 05/02/2016 às 10:52, em que ele fala de um PT que foi ético e moralista e que apontava as mazelas produzidas pelos velhos caciquões da política e que agora estaria com um discurso espúrio como esse seu. E faz menção, como algo de bom, à entrevista dada ao Valor Econômico por Paulo Delgado, que foi deputado constituinte pelo PT. Vale fazer um adendo sobre essa entrevista.

            Não tinha visto a entrevista de Paulo Delgado. Ia deixar para depois a tentativa de leitura da entrevista e se possível deixar a indicação do link aqui para ela. Antecipei-me e fui a procura da entrevista na internet, mas na busca da entrevista encontrei alguns links interessantes sobre Paulo Delgado que de qualquer maneira vale à pena deixar indicados aqui. Primeiro link é para notícia sobre a eleição do representante da Câmara dos Deputados à vaga de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) quarta-feira, 06/12/2006, há, portanto, nove anos e publicada no Paraná Online. O título da matéria é “Câmara elege pefelista para vaga no TCU” e pode ser vista no seguinte endereço:

            http://www.parana-online.com.br/editoria/pais/news/213119/?noticia=CAMARA+ELEGE+PEFELISTA+PARA+VAGA+NO+TCU

            E o primeiro parágrafo da matéria traz o seguinte texto:

            “O Plenário da Câmara escolheu ontem o deputado Aroldo Cedraz (PFL-BA) para a vaga de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), com 172 votos. O deputado Paulo Delgado (PT-MG) obteve 148. Os deputados Gonzaga Mota (PSDB-CE) e Ademir Camilo (PDT-MG) obtiveram 50 e 20 votos, respectivamente. Houve 6 votos em branco e 3 nulos. No total, votaram 399 deputados. Com a escolha do deputado Aroldo Cedraz para a vaga do TCU, assumirá na Câmara o suplente do deputado, João Carlos Bacelar (PL-BA)”.

            Tanto Aroldo Cedraz como Paulo Delgado havia sido derrotados na urna na eleição de outubro de 2006, e a indicação seria um prêmio de consolação. É sintomático que enquanto o PT estivesse a indicar Paulo Delgado, quem era eleito era o Aroldo Cedraz do PFL. Para se ver quão frágil é e foi o PT é só verificar que já em uma época em que o PT não era massacrado por todos os lados, afinal Lula fora reeleito no segundo turno com 60% dos votos, o partido não tinha força para eleger um candidato como o Paulo Delgado para o TCU.

            E deixo também o link de outra entrevista de Paulo Delgado que saiu no Valor Econômico no suplemento EU & Fim de Semana de sexta, sábado e domingo, 18, 19 e 20/06/2010, e que com o título “O desiludido utópico” pode ser vista no seguinte endereço:

            http://www.paulodelgado.com.br/entrevista-com-paulo-delgado/

            E aqui no blog de Luis Nassif a entrevista de Paulo Delgado ao jornal Valor Econômico foi reproduzida no post “A crise do parlamento” de sexta-feira, 18/06/2010 às 18:49, que pode ser visto no seguinte endereço:

            https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/a-crise-do-parlamento

            Na entrevista não há uma só palavra contra Lula ou contra Dilma. A culpa toda era lançada no parlamento e nos eleitores que elegiam os parlamentares. Paulo Delgado não conseguira eleger-se na eleição de 2006 e também na eleição de outubro de 2010, ele foi derrotado.

            E agora o link para a entrevista de que Adolpho fala. “O PT chamou o urso para dança” é o título da entrevista que foi publicada na sexta-feira, 05/02/2016 e pode ser vista no seguinte endereço:

            http://www.valor.com.br/cultura/4424812/o-pt-chamou-o-urso-para-dancar

            Infelizmente a entrevista só fica disponível na íntegra para assinantes do jornal. E infelizmente o texto de Paulo Delgado é só para destilar fel em Lula e em Dilma Rousseff. Ele propõe a renúncia da presidenta Dilma Rousseff, renúncia que ele chama de abdicação em que ela renunciaria, mas deixaria claro um acordo para a permanência de programas sociais relevantes do PT. Em outras palavras, o PT renuncia ao direito de comandar o Brasil e bateria palmas para quem assumisse no lugar do PT desde que quem assumisse garantisse para o PT que seria bonzinho.

            Além de falar mal do Lula e da presidenta Dilma Rousseff, Paulo Delgado se dedica a fazer a defesa da política pública de saúde mental fruto da Lei nº 10.216 de 06/04/2001, e pela qual ele lutou durante 12 anos. Sou leigo no assunto para entrar nesse debate, mas não se pode esquecer que a mesma política foi adotada nos Estados Unidos, no governo de Ronald Reagan, e a razão para tal rompante modernizador do ex-presidente americano foi o interesse das empresas farmacêuticas em ver todo mundo sendo tratado a custas de remédios e havia também o interesse do governo que via no abandono da política manicomial então existente uma forma de reduzir gastos. Com a política que Ronald Reagan adotou, quem iria ter que cuidar do doente era a família. Esta, entretanto, é uma questão polêmica.

            O ruim foi ver ele fazer afirmações que são comuns em pessoas da direita e elitistas como você. Ao concordar em considerar excessiva a intervenção do Estado, ele foi perguntado sobre que efeitos na política teria tido a consolidação do poder das corporações e a esta pergunta ele respondeu o seguinte:

            “ . . . . [u]ma característica desse período é que, se antes o Parlamento era reconhecido como o principal topo das elites do Estado democrático, hoje é formado por guetos de todo tipo”

            Como para a entrevistadora, a jornalista Rosângela Bittar, a resposta não tenha sido clara, ela resolveu insistir no assunto esperando uma resposta mais completa e ela veio. Diante da pergunta: “O senhor dizia que, se antes o Parlamento era a elite…”, o Paulo Delgado respondeu:

            “[se antes o Parlamento era a elite d]a representação da sociedade pluriclassista, mas, com a irrupção do dinheiro sujo nas campanhas, acabou-se com a ideia de eleger o melhor dos melhores. Hoje, quem ganha é o melhor dos piores. Uma das características do Parlamento é que você dificilmente consegue enviar para o Parlamento um representante muito melhor do que a prática daquele setor que ele representa”.

            Além do elitismo que é uma ideologia da direita e frequentemente o elitismo está associado com o autoritarismo que também é de direita, embora os partidos comunistas sejam autoritários e de certo modo elitista, há trechos na entrevista de Paulo Delgado que revelam até certo atraso na concepção da política. Transcrevo a seguir um desses trechos. Diz ele lá:

            “. . . . O governo mirou o topo dos Três Poderes com a ambição de controlar e uniformizar tudo, achando que isso é ser de esquerda. Houve sindicalização da elite do Estado. Até o Itamaraty pediu filiação à CUT. O fisiologismo, o paternalismo e o clientelismo, que eram as três principais características do Estado brasileiro getulista, avançaram e se universalizaram no período petista”.

            O clientelismo e o fisiologismo são sinônimos que fazem parte do processo democrático. Não os aceitar é não aceitar o processo democrático. Só a falta de compreensão do processo democrático e o desconhecimento total da população sobre o funcionamento da democracia é que possibilita que esses termos sejam utilizados de forma equivocada com o sentido de ilicitude que nunca é tipificada.

            O paternalismo é uma expressão sem muito significado, mas talvez o termo pudesse ser vinculado aos programas sociais que o PT colocou em execução. No entanto, se o termo é apresentado como característica crítica não faz sentido mencionar os programas sociais do PT como algo a ser preservado.

            E a entrevistadora deveria ter perguntado se a indicação dele para o TCU fazia parte da “ambição de controlar e uniformizar tudo”, de que ele fala no trecho transcrito acima? E ainda sobre o elitismo na prática democrática, considero que, mesmo que ficar demonstrado que o elitismo é mais eficiente, um democrata de esquerda não pode ser elitista. A ideologia elitista como é a sua é uma ideologia anti democrática e anti esquerda. Assim serve bem para caracterizar a ideologia de Adolpho, a frase em que ele encerra o comentário de sexta-feira, 05/02/2016 às 10:52, e que transcrevo a seguir. Disse ele lá:

            [. . . .] “talvez por conta disso, seja tão bom ler algo como a entrevista de Paulo Delgado hoje, no valor”.

            Não vejo em Paulo Delgado má-fé. A crítica ao fisiologismo, clientelismo e paternalismo, eu a tomo mais como fruto da ingenuidade e desconhecimento do funcionamento da democracia representativa em um sistema capitalista e do papel proeminente que o Estado assume em todo o desenvolvimento tanto da democracia como do capitalismo. Tenho que reconhecer, entretanto, que a ingenuidade é estranha em um sociólogo como a formação que ele tem.

            Pode-se perceber que nos últimos comentários em que já havia no post muitos comentários que permitiam novas observações, os comentaristas podiam mais bem desenvolver as idéias em torno dos temas que você trouxe para esse post “Churchill e os estragos do moralismo, por André Araújo” de sexta-feira, 05/02/2016 às 19:12. Assim entre os últimos há muitos bons comentários.

            Começo mencionando o de Agincourt enviado sexta-feira, 05/02/2016 às 14:54, principalmente pelos dois parágrafos que transcrevo a seguir e com os quais concordo. Diz lá o comentarista Agincourt:

            “O discurso da Realpolitik é recurso ideologicamento supra-ideológico pra justificar tudo aquilo que os detentores do poder econômico e político fazem ou fizeram, não obstante quaisquer razoáveis questionamentos éticos. Aqui cabe uma observação: uma ação é “realpolitisch” se deu certo; se deu errado é crime e/ou desastre histórico.

            Que fique bem entendido: ao cidadão comum está vedado o apelo a qualquer Realpolitik para seus atos. Realpolitik é álibi só pra quem tá bem bem bem lá em cima.”

            Sobre os dois parágrafos vale ler o artigo de José Arthur Giannotti, aparecido na Folha de S. Paulo de quinta-feira, 17/05/2001, com o título “Acusar o inimigo de imoral é arma política, instrumento para anular o ser político do adversário” e que pode ser visto no seguinte endereço:

            http://www.cefetsp.br/edu/eso/filosofia/artigogiannottigerapolemica.html

            O artigo é a confirmação do primeiro parágrafo do trecho transcrito do comentário de Agincourt. E uma discussão mais recente do artigo de José Arthur Giannotti pode ser visto junto ao post “Qual o futuro da Operação Lava Jato?, por Sérgio Saraiva” de sexta-feira, 14/08/2015 às 20:41, aqui no blog de Luis Nassif, no seguinte endereço:

            https://jornalggn.com.br/blog/sergio-saraiva/qual-o-futuro-da-operacao-lava-jato-por-sergio-saraiva

            Enviei dois comentários para Sergio Saraiva e que aparecem na sequência de uma resposta de Sérgio Saraiva para junto do comentário de Monica Far enviado sexta-feira, 14/08/2015 às 12:17. Em meus comentários eu deixei muitos links que ajudam a discutir essa questão da amoralidade da política.

            E em uma entrevista concedida por José Arthur Giannotti e Dalmo Dallari para a BBC do Brasil e reproduzida no post “Giannotti e Dallari falam sobre a corrupção no Brasil” de quinta-feira, 01/12/2011 às 11:49, publicado aqui no blog de Luis Nassif, é fácil observar que José Arthur Giannotti não estende a zona cinzenta da amoralidade para qualquer político. O endereço do post “Giannotti e Dallari falam sobre a corrupção no Brasil” é o seguinte:

            https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/giannotti-e-dallari-falam-sobre-a-corrupcao-no-brasil

            E na entrevista, que foi intitulada “Duas visões: o Brasil é hoje um país mais corrupto?”, diante da seguinte pergunta para José Arthur Giannotti:

            BBC Brasil: Em um artigo publicado na Folha de S.Paulo em 2001, o senhor afirmava que era necessária ao jogo democrático uma “zona cinzenta de amoralidade”, na qual os atores políticos articulam manobras em meio a falhas do sistema. O senhor não acha que, em termos práticos, a linha que separa a amoralidade da imoralidade é muito tênue?

            Ele responde assim:

            Giannotti: Certamente a diferença entre imoralidade e amoralidade é tênue. A ação política implica certa aposta na amoralidade.

            Quando Napoleão se lança em uma luta para massacrar um povo, isso é imoral, mas depois, se ele tivesse conseguido construir a Europa, os próprios europeus diriam: “nós passamos por isso, foi imoral, mas foi algo importante, válido”. Então, esta ação terá se constituído em algo amoral.

            Na ação política, existem certas faixas em que não se distingue o que é amoral e imoral. O estadista entra nessa faixa: vai se decidir se a sua ação é amoral ou não de acordo com o êxito da sua política.

            O que acontece é que essa ideia passou para que qualquer vereador se veja na construção de um grande Brasil. Mas ele não constrói nada, apenas se aproveita do país, se dizendo acima do bem e do mal.

            Além disso, o êxito de uma política é extremamente relativo. Pode se dizer que (sem ações imorais) não teríamos feito a integração de tantas pessoas no mercado de trabalho e de consumo, mas não é porque isso foi feito que todas as imoralidades praticadas no governo possam ser justificadas”.

            Como se pode ver na resposta de José Arthur Giannotti, ele confirma o segundo parágrafo do trecho do comentário de Agincourt que transcrevi acima.

            Talvez o erro do Agincourt foi considerar que você pertence ao grupo do segundo parágrafo e não ao grupo do primeiro.

            Há um comentário de Evandro Condé de Lima enviado sábado, 06/02/2016 às 22:53, e que se acha junto do comentário de Mary rose enviado sexta-feira, 05/02/2016 às 15:07, que traz uma questão que venho discutindo há bom tempo. Como o comentário de Evandro Condé de Lima é curto e traz argumento relevante em um debate transcrevo-o a seguir:

            “Milhões votaram em Lula julgando, desejando, esperando, supondo, etc que esta política de alianças espúrias para se governar não aconteceria com o PT. Por sinal esta dependência dessas alianças parece não ter dado o resultado esperado. D. Dilma que o diga”.

            No segundo turno da eleição de Fernando Collor de Mello em 1989, eu costumava dizer que a diferença entre o PT e o Fernando Collor de Mello era que o PT acreditava no discurso que fazia enquanto Fernando Collor de Mello não acreditava. Achava isso uma vantagem de Fernando Collor de Mello, pois o discurso do PT contra o fisiologismo, o clientelismo e o paternalismo, como o Paulo Delgado ainda faz nos dias de hoje é um discurso ou decorrente da má-fé ou decorrente da ingenuidade. Tanto em 1989, como hoje, ainda que sabendo equivocado, eu prefiro votar em quem erra por ingenuidade a votar em quem age com má-fé.

            Outro comentário curto, pertinente e relevante é o de João Mezzomo enviado sexta-feira, 05/02/2016 às 15:53, e que transcrevo a seguir:

            “Ótimo texto. Na verdade a formação do PT tem inerente a ela uma espécie de “razão astuta”, como diria Hegel. Para vencer a elite ele tomou uma de suas armas, o moralismo. Porém o moralismo é uma arma da elite, ela o tomou de volta. O que acontecerá agora?”

            Um segundo comentário dele enviado logo em seguida na sexta-feira, 05/02/2016 às 15:53, também traz um ótimo argumento comparando a corrupção com o desgaste que os vermes causam aos dentes e que eles, os vermes, hão de vencer, ainda assim não deixamos de fazer a profilaxia.

            Sergio da Mata envia um comentário na sexta-feira, 05/02/2016 às 20:19, e o reenvia no sábado, 06/02/2016 às 20:19, e que consiste de parte de uma entrevista de José Dirceu concedida a Revista Teoria e Debate em 01/12/1995, em que José Dirceu defende um Programa Anticorrupção. Sérgio da Mata apresenta a entrevista em tom crítico a José Dirceu. Não me parece que seja o caso de má-fé ou ingenuidade que eu discuti antes. Trata-se apenas de estratégia política. Todo político deve ter um programa anticorrupção, pois isso serve para angariar voto. E um programa anticorrupção deve ser bem vindo, pois é importante que um governo atue com rigor nessa área. Não se pode deixar de lembrar que o PT aumentou a pena para a corrupção e tentou aumentar também a pena para o crime de caixa dois. Não conseguiu a aprovação do Congresso Nacional para o caso do crime de caixa dois, mas com a decisão do STF no julgamento da Ação Penal 470, o crime de caixa dois quando praticado por funcionário público que detém a gama de poderes de um deputado federal é equiparado ao crime de corrupção.

            O que é preciso evitar é que o combate à corrupção se transforme no foco de um governo e nem pode ser utilizado para escamotear ações ilícitas do governante.

            E por fim menciono o comentário de Junior50, enviado sábado, 06/02/2016 às 01:53. É um comentário para discordar de você de ter dado o destaque a Paulo Maluf. Ele faz isso contando uma história acontecida com ele e Paulo Maluf. É um comentário que vale ser colocado junto ao seu post um pouco como contraponto, um pouco como complemento pela história interessante que ele traz. Talvez haja muitas histórias como a dele, mas pelo menos algumas dessas várias histórias semelhantes caberiam bem em qualquer documentário sobre Paulo Maluf que se fosse fazer.

            Clever Mendes de Oliveira

            BH, 11/02/2016

  37. Um inglês iria rir às gargalhadas com esse post do André

    A Inglaterra é muito menos condecendente que a justiça brasileira para com corruptos. Lá José Dirceu ficaria mais de 30 anos em cana, sem direito a semi-aberto. Chucrchill era beberrão? Sim, mas não era ladrão. HÁ UMA DIFERENÇA ENORME ENTRE SER UM BEBERRÃO E SER UM CORRUPTO. Os ingleses sabem disso. Será que o André sabe? No mais, sobre Palocci, existiam muitos outros com perfil parecido para colocar no lugar, mas o desenvolvimentismo podre do PT nunca permitiria isso, e ganhamos de presente um Guido Mantega para destruir a economia. A culpa não é do moralismo, é da concepção arcaica que a esquerda brasileira tem de economia mesmo.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador