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  3. O pão nosso de cada dia

    Final de janeiro de 2019

    Eu estava precisando urgentemente de dinheiro e resolvi vender o carro usado que era a único bem possível de ser negociado na situação de inadimplência em que me encontrava. Coloquei um anúncio no jornal de maior circulação da minha cidade durante 3 semanas. Não recebi sequer um telefonema de um potencial comprador procurando saber do preço.

    E fiz negócio com o dono de uma revendedora de carros usados que pagou 30 mil pelo carro cujo preço de mercado era, naquele momento, de no mínimo 36.

    Assinei a papeleta de transferência e o dono da revendedora me disse: “aguarde um telefonema nosso pois você precisa ir ao cartório junto com o eventual comprador para regularizar a transferência.”

    Sexta-feira passada, 08/11, a seguradora me avisou que estava na hora de renovar o seguro do carro que não sou mais o dono. Eu tive um susto e fiquei matutando: que diabo o dono da revendedora fez com o meu ex-carro? (se tem ex-noiva, por que não pode ter ex-carro?).

    “Nada – disse ele. O carro está aqui esperando por um comprador. Se você quiser comprá-lo eu lhe vendo por 32 mil, quase o mesmo preço que você me vendeu em janeiro passado. E tem financeira que lhe empresta este valor em 24 meses.

    E eu pensei com os meus botões: Vade retro, satanás! Falou em financeira, falou em inadimplência novamente.

    Conversando com um corretor de imóveis que ganhou muito dinheiro durante os governos Lula-Dilma.

    – E aí, como vão as vendas?
    – Nem queira saber. Durante o governo Dilma, teve mês que eu vendi 4 imóveis novos, no valor total de 2,7 milhões de reais. Este ano faz 10 meses que eu não vendo porra nenhuma. Mas o que mais me deixa puto são os comentários e as piadas de alguns amigos de profissão que dizem “estamos fodidos, mas em compensação o Lula, o maior ladrão que esse país já teve em todos os tempos, segundo a Rede Globo, Sérgio Moro e o miliciano Bolsonaro, está (estava) preso”.

    – Mas vocês, corretores, votaram em peso no miliciano, não foi? Você não acha que essa escolha foi um tiro no pé?

    – Não foi no pé, foi nos ovos.

    Uma outra situação extrema vexatória na qual eu me meti foi ao encontrar um ex-vendedor de remédios homeopáticos. Nos velhos tempos eu brincava com ele ao perguntar como era possível distinguir uma bolinha branquinha da outra já que todas as doenças não eram exatamente iguais.

    – Como vai a saúde?
    – Você não soube? O médico do SUS me deu 3 meses de vida. É câncer no pulmão e por falta de dinheiro para comprar cigarros eu resolvi parar de fumar. Mas o pior é que quase todo mundo na minha família está desempregado e ninguém tem condição de pagar pelo meu enterro. Você tem alguma sugestão para eu resolver este problema?

    – Ter, eu tenho. Mas não sei se você vai ficar satisfeito com ela.

    – Fala, porra! Não existe diferença entre o fodido e o fodido e meio.

    – Então, tá! Acerte com os seus familiares o seguinte: assim que você morrer, que eles queimem os seus documentos, que joguem ácido no seu rosto e nos seus dedos, que coloquem o seu corpo dentro de um saco preto de lixo e que o joguem em um aterro sanitário à noite. No dia seguinte, quando as crianças e os urubus forem em busca do café da manhã no aterro escolhido, elas encontrarão o seu corpo e chamarão a polícia. Mas não fique chateado diante da expectativa de ser chamado de presunto pelos grandes jornais de sua cidade e a polícia disser que sua morte foi produto de uma briga entre traficantes de drogas.

    Depois de passar pelo IML, seu corpo será doado então a uma faculdade de medicina e os alunos da cadeira de fisiologia rirão muito de sua aparência cadavérica. Mas nada disso lhe incomodará pois você já estará morto.

    Mas lembre-se, enquanto ainda está vivo, da frase que disse a Fátima Bernardes, quando ainda fazia o JN ao lado do ex-marido, o Bonner: “nós vivemos no melhor dos mundos possíveis”. E se a Globo disse…

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  4. A Bolívia não tem o ouro negro mas tem o ouro branco, o LÍTIO! A maior reserva de lítio encontra-se na Bolivia.
    E com o advento dis carros elétricos…

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