CPIs e Reputações

A primeira vez que ouvi falar em “assassinato de reputação” foi lendo uma famosa e corajosa série de publicações de Luis Nassif (http://bit.ly/10JWbPJ) onde ele detalhava como Daniel Dantas e seus assessores conseguiam emplacar na mídia denúncias infundadas contra seus inimigos  ou opositores nos negócios. Algumas revistas e alguns “jornalistas” (entre aspas, mesmo) tornaram bem evidentes a sua participação neste tipo de “esquema”, sendo frequentemente utilizados para se obter  o chamado “efeito cascata”. Ou seja, repercutiam o que ouviram de terceiros ou foram pagos para dizer.

Apenas como exemplo, digitei no google “o nome da revista semanal mais vendida” (?!?) e “assassinato de reputação”, encontrando na busca 632.000 resultados. Até ai, nenhuma novidade. 

A minha surpresa veio quando um jornalista da Carta Capital, presença constante nos eventos de blogueiros progressistas, resolve denunciar o então diretor da sucursal da Época porque este foi “flagrado em grampos da CPI, em conversas com o araponga Dadá”. Logo, o tal profissional “faria parte do esquema de Cachoeira”.  Ilações, como se sabe, é um atalho extremamente perigoso. Os bons jornalistas o evitam, preferindo checar e apurar as informações. 

A matéria, assinada por quatro jornalistas da revista Época, sob o título “O ministro entrou na festa” (http://migre.me/c1lCj) ouviu sim Dadá, como também ouviu o Ministério Público, empresários e políticos envolvidos. O Ministério Público Federal e a Polícia Federal abriam investigações e, nos meses seguintes, foram presos diretores da Warre (http://migre.me/c1lFe) e os repasses interrompidos.(http://migre.me/c1lGq). Bingo. A matéria da Época foi certeira.

Repercutindo a “denúncia da Carta Capital”, Luis Nassif também escreveu que “Dadá era uma verdadeira agência de notícias, abastecendo vários veículos – Época, Andrea Michael, da Folha etc – e também a ABIN (Agência Brasileira de Inteligência). Coube a ele municiar a Época, o Jornal Nacional, o próprio Protógenes com as gravações da repórter Andreá Michael” ( http://bit.ly/KLxt5N).

As conversas do  ex-diretor de Época com Dadá geraram a reportagem que acabou prejudicando o próprio Cachoeira, que tinha 30% da obra. As queixas de Cachoeira e Cláudio Abreu foram captadas pelas escutas da Operação Monte Carlo (http://migre.me/c1lIf). 

Por este trabalho, Eumano Silva, profissional com mais de 20 anos de profissão, ganhador do Prêmio Esso e passagem por veículos como Folha de São Paulo, IstoÉ, CorreioBraziliense e Época, teve sua postura ética questionada pela primeira vez em sua carreira, justamente por um ex-colega.

Mas, colocando os pingos nos “iis”, o relatório da CPMI de Cachoeira afirma textualmente “Nossas investigações preliminares não identificaram ações desse profissional em prol dos objetivos do grupo criminoso, de modo que os diálogos mostram tratativas que se encerram dentro dos parâmetros de uma relação jornalista-fonte”. Acho que assim se encerra mais uma tentativa de “assassinato de reputação”, ou no mínimo, uma “reporcagem mal feita”, como se diz nas redações. Fiquemos atentos.

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Redação

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