Crise Bebianno expõe forças que comandam Bolsonaro, por Janio de Freitas

Afastamento do secretário-geral da Presidência expõe participação dos militares e sua atuação no controle do governo

Jornal GGN – A crise no Planalto envolvendo Gustavo Bebianno, ex-presidente nacional do PSL e um dos homens fortes da campanha de jair Bolsonaro, expôs a tensão entre duas forças no governo Bolsonaro: a dos militares e dos filhos do presidente. A análise é de Janio de Freitas, na sua coluna deste domingo (17) na Folha de S.Paulo.

“Certo, que prescinde de comprovação, já tantas de conhecimento geral, só o fato de que quem deveria mandar é o único que não manda”, pontua o articulista sobre o papel do próprio Jair Bolsonaro como presidente da República. 

“De direito, é seu o poder de decisão, de mando, de rumos. Esses e outros poderes, porém, desde a posse do presidente estiveram de fato e sem direito com um vereador e um deputado, Carlos e Eduardo, em razão do sobrenome e desrazão, digamos, mental. O pai submete-se, obediente e confiante, ao que presume serem a capacitação e a lucidez dos filhos”, completa Janio.

O afastamento de Bebianno do cargo de secretário-geral da Presidência aconteceu na sexta-feira (15), em razão de uma reportagem da Folha revelando a existência de um esquema de candidaturas laranjas do PSL, durante a presidência de Bebianno entre janeiro e outubro de 2018.

Bebianno tentou se manter no cargo, mas sob a influência do filho Carlos, o presidente manteve a direção que deve levar a exoneração do ex-parlamentar, a ser publicada pelo governo na edição do Diário Oficial desta segunda-feira (18).

“Em contraste com essa ruptura, ao tempo mesmo em que a pressão transbordava e parecia vitoriosa, o comentário pedido por jornalistas ao vice Hamilton Mourão recebia resposta sucinta e direta: “Vamos pacificar isso”. A situação negava sentido à frase”, explica Janio de Freitas.

A fala de Mourão apenas confirmou a crise. Bebianno estava recusando a demissão. E, enquanto tentava se manter no cargo em reuniões com Bolsonaro, Carlos expunha a decisão do governo pela sua saída.

“O “vamos” não foi plural majestático: era a forma verbal de alguém que não fala por políticos, mas por um grupo de “unidos e coesos”, como diz o impreciso lugar-comum dos militares. E a “pacificação” não decorreu de reuniões, debates e concordâncias ao final. O pouco tempo em que a permanência de Bebianno foi reabilitada é típico de decisão comunicada para ser posta em prática”, conclui Janio.

A certeza que fica no caso Bebianno é que Bolsonaro não tem exercido seu poder de mando no Executivo. Por outro lado, as incertezas são: o extensão do poder dos filhos de Bolsonaro e se os generais continuarão atuando na penumbra ou se a participação dos militares daqui em diante ganhará mais clareza.

“O encontro de Bebianno e Bolsonaro foi nova marcha à ré, direção, pelo visto desde a posse, que merece a predileção do pai. Carlos tem o apelido de pit-bull e o justifica. Enquanto Bebianno está enfraquecido por ter explicações a dar sobre verbas de campanha do PSL. Embora, é verdade, como chefe da campanha de Bolsonaro tenha entrado na categoria dos que sabem muito de muita coisa —e isso, no câmbio livre, tem alta cotação. A “crise” não tornou mais clara a posse do poder, entre três filhos e um batalhão de generais”, pontua Janio. Para ler sua coluna na íntegra, clique aqui.

Redação

11 Comentários

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  1. O Brasil vai, ou não, tremer amanhã?

    O que é que o Bebianno sabe e que os mortais comuns ignoram?

    Vão ficar apenas os laranjas sadios no governo, enquanto as laranjas podres serão descartadas/esmagadas?

    Além de laranja e mentiroso, o Bebianno é prevaricador, pois sabe de coisas que, se reveladas, são capazes de fazer o Brasil tremer.

    O Bolsonaro teme. Quem ocupará o Ministério da Mentira?

  2. Bebianno tem informações privilegiadas. Se essas informações forem publicadas, o Brasil tremerá.
    Porque o Bebianno não levou ao conhecimento das autoridades competentes, oportunamente, as irregularidades que ele tem conhecimento?

    Ora, se a lei dispõe que abdestituição de função dar-se-á quando se verificar que, por negligência ou benevolência, o funcionário contribuiu para que se não apurasse, no devido tempo, a falta de outrem, além disso, o funcionário público tem o poder-dever de levar ao conhecimento da autoridade superior irregularidades de que tiver conhecimento em razão do cargo.

  3. Desgraçado o país que tem um presidente que não pensa…
    atualmente o Brasil é governado por mediadores inatingíveis

    ou movido pelas ordens de fascistas que se colocam no comando neutros

    reparem como nossas instituições, ou qualquer sistema de controle, ficam sem poder fazer nada

  4. Hoje falei com um amigo bolsominion arrependido. Esse era radical de carregar bandeirinha e pit bull de zap. Frequentador compulsivo de jornais nacionais agora advoga que a culpa é dos filhos 1, 2 e 3. Diz que não votou nos filhos. Perguntado afirmou ter votado em fegacê, ÇERRA45, Aidimin e Laércio.
    Sobre Lula disse que deveria continuar preso até o juízo final. Disse que a globo era petista.
    ……………..O homem é …zélite!
    Para ele conhecer o outro lado da lua, eu disse a ele que não precisava ser chinês. Recomendei a “Análise Política da Semana” do PCO no youtube.

    1. “Não conseguimos encontrar uma conta registrada com esse endereço ou usuário”
      Buscador, como você encontra o avatar do emerson57 se ele não tem conta?
      Ou mente ou não está procurando direito!

  5. Temos na presidência um idiota útil, um rei louco, controlado e manipulado por medíocres desprezíveis da escória de poder que nos flagela há séculos, e a quem atribuem sempre dar a última palavra!
    A deles.

  6. Bolsonaro como aluém com passado abaixo da mediocridade sabe que 90% de sua ascensão à cadeira presidencial deve-se ao filho mais novo que por muito tempo e diuturnamente criou a campanha barra pesada das fake news. A um só tempo destruia reputações de inimigos e falseava sobre o pai ser um mito.
    Mas a realidade não pode conviver por muito com a falsidade. Em breve voltam ao seu local de nicho

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