Cultura no governo Bolsonaro assume discurso e estética nazista em vídeo institucional

Secretaria Especial de Cultura copia palavras de Goebbels e usa como trilha sonora uma ópera associada a Hitler

Jornal GGN – As redes sociais ferveram na noite de quinta (16) e madrugada de sexta (17), depois que a Secretaria Especial de Cultura do governo Bolsonaro divulgou um vídeo institucional que claramente assume uma estética nazista.

Na produção, o secretário Roberto Alvim copia parte de um discurso histórico de Joseph Goebbels, ministro da propaganda nazista. Até a trilha sonora escolhida para o vídeo é uma referência a Hitler: uma época citada na biografia do führer. Além disso, a aparência, os objetos em cena, o enquadramento, o tom de voz, tudo remete à estética da Alemanha sob o nazismo.

“A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”, disse Goebbels em um pronunciamento para diretores de teatro.

Alvim fez uma adaptação: “A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada.”

 

 

No vídeo, Alvim anuncia o início de uma nova década, em que a cultura será pautada pela posição ultraconservadora do governo.

“A Pátria, a família, a coragem do povo e sua profunda ligação com Deus amparam nossas ações na criação de políticas públicas. As virtudes da fé, lealdade, auto-sacrifício e da luta contra o mal serão alçadas ao território sagrado das obras de arte”, disse.

“Almejamos uma nova arte nacional capaz de encarnar os anseios da população brasileira”, comentou. “2020 será o ano de uma virada histórica. Será o ano do renascimento da arte e da cultura no Brasil”, prometeu.

Segundo o secretário, “a cultura não pode ficar alheia às imensas transformações intelectuais e políticas que estamos vivendo.”

Foi de Alvim a ideia de nomear o jornalista e militante de direita Sergio Nascimento de Camargo para presidente da Fundação Palmares.

O vídeo foi divulgado logo após uma transmissão ao vivo, feita por Jair Bolsonaro no Facebook, em que os integrantes do governo anunciam uma série de programas culturais. A ideia é direcionar a verba federal para os projetos alinhados ideologicamente ao bolsonarismo. A isso, não chamam de censura, mas de “curadoria”.

Só para o Prêmio Nacional das Artes, que selecionará propostas para teatro, exposições, ópera, contos literários, entre outros, estão previstos 20 milhões de reais.

 

Redação

13 Comentários

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  1. Você tem toda razão. O vídeo realmente incorporou elementos essenciais da estética nazista. Todavia, há algo mais que pode ser dito sobre esse espetáculo grotesco.
    A “arquitetura da destruição” no 3º Reich alemão era uma realidade avassaladora que não podia ser interrompida e contava com o apoio da maioria da população. Isso não ocorre no Brasil, país em que ainda existem partidos de oposição funcionando dentro de um quadro relativamente tranquilo. O Judiciário e o Legislativo não foram totalmente dominados pelo bolsonarismo, fato que nos leva a concluir que nós estamos diante de um vídeo que expressa a “estética da auto-destruição” no Reich bananeiro.
    Esse Ministro da Incultura está com os dias contados. A reação dentro e fora do país já está sendo imensa. Ela se tornará irresistível, especialmente quando a Alemanha exigir explicações do governo brasileiro (o combate ao nazismo é uma política de Estado naquele país).
    Alvim faz cara de nazista e discurso de nazista, mas no fundo ele é apenas um brasileiro patético com evidentes problemas cognitivos. Ele almeja granjear para si mesmo a glória de Goebbels, mas se esquece o fim trágico que teve aquele ministro de Hitler.
    Goebbels cometeu suicídio e foi incinerado numa vala com alguns galões de gasolina. Nós já podemos comemorar o suicídio de Roberto Alvim. Não faltará gasolina para queimar o cadáver dele.

  2. Um dos vídeos mais ridículos da história desse país…..um desgoverno capenga querer ditar e impor a cultura de um povo……parece coisa da tv do bispo……..se houvesse congresso e não apenas oposição de tweeter, esse ministro sinistro já estaria convocado para explicar essa aberração, e assinando uma citação judicial quando comparecesse……outra dúvida, o tal queiroz é miliciano?????? Ninguém toca nesse assunto…….

    1. Mesmo demitido Alvim deve explicações. De onde vieram as ideias que nortearam o tal discurso? Quem, no Planalto – ou nos EUA – o orientou?

  3. Então vamos a uma especie de silogismo que os minions adoram:
    O nazismo era de esquerda. Goebells era nazista. Roberto Alvin é fã das ideias de Goebells. Então Roberto Alvin é um nazista esquerdista.
    Roberto Alvin é Ministro do governo Bolsonaro. Roberto Alvin é um nazista esquerdista. Então o governo Bolsonaro é nazista esquerdista!!
    KKKKK!!! Que bagunça!!!
    Só rindo mesmo de tanta bobagem nesta gaiola das loucas!!

  4. Não sei se dou risada ou se solto gargalhadas. Agora eu pergunto:
    Mas o que a Globo et caterva fizeram com o PT não foi idêntico com o Hitler fez com os judeus, ou seja, apontou um culpado pelos males da Alemanha e o demonizou?
    Mas Bolsonaro alguma vez escondeu que era simpatizante do nazismo?
    Mas Bolsonaro não cansou de insultar as minorias, mostrando todo seu desprezo por elas?
    Mas como é que ficam os judeus que apoiaram Bolsonaro?
    Mas era necessário desenhar pras pessoas entenderem que esse governo SEMPRE foi nazista?
    O que, em nome de Deus, as pessoas NÃO entenderam?
    Agora só falta a nossa grande Bücherverbrennung.
    Depois teremos a Kristallnacht.
    Depois teremos a nossa Conferência de Wannsee.
    Finalmente teremos nossas instalações onde “Arbeit macht frei”
    Só tem uma coisa que eu não entendo: se pros Bolsonaristas o Nazismo é de esquerda, agora Bolsonaro virou esquerdista? É isso?

  5. Este vídeo não pode e não deve ser atacado com memes ou discursos pouco sérios.
    Como meu tio em 1945 morreu na Itália em combate com os nazistas devemos simplesmente exigir que qualquer referência e apologia ao nazi-fascismo, como o vídeo que é uma cópia da Estética Nazista, o lema do presidente da república que é uma cópia descarada de: Deutschland über alles: Alemanha acima de tudo o deus acima todos, foi colocado para agradar o eleitorado evangélico.
    Senhores chegamos ao fundo do poço, pior do que isto só as prisões em campos de extermínio. Querem ver se há algo mais fundo?

  6. Nassif: confesso, não sei porque tanta indignação. Principalmente dos da ColôniaDeIsrael. O governo só está cumprindo programa eleitoral. Nunca escondeu princípios e propósitos. Estão apenas pondo em prática o discurso do palanque. A promessa de novas modalidades de “fornoscrematórios” se materializa. Por quê o espanto? Logo virão os “locaisreservados”, onde serão confinados aqueles que os VerdeSauvas acharem incomodam o desempenho dos planos das casernas. A DemocraciaDaBaioneta parece vai começar pelo INSS, com aposentadorias. Em cada dez pedintes, nove serão deslocados para Goias, nas terras dos Caiados, onde serão reeducados. Guedes e o meliante TogaSuja já terminaram o projeto. O RetiroDosArtistas, por exemplo, será presidido pela ViuvaPorcina, “aquela que foi sem nunca ter sido”. E a povalha andará com um círculo colorido no peito, para não se distinguir dos arianos.

    Chocaram o Ovo da forma mais rasteira e sórdida e agora reclamam da Serpente? Têm de ser coerentes. Pariram Mateus? Embalem, agora…

  7. Agora, depois da demissão do Roberto Alvim e a reação da mídia capitalista – OESP, Folha, certamente Globo, mais à notinha, e demais firmas privadas de comunicação social – é que dá para entender: os ideólogos do golpe que o capital está dando nas democracias deram um jeito de tentar passar a mensagem que não há autoritarismo no governo Bolsonaro. E pelo visto, Olavo de Carvalho participou da elaboração da mensagem de Alvim pois que, depois de sua demissão, o ex-secretário declarou que estava triste com o “guru”. Olavo de Carvalho – ou simplesmente “Olavo”, como disfaçam a Folha e o OESP – deliberadamente botou Alvim na fogueira. Queimar Alvim foi o custo dessa operação de propaganda da direita. Foi barato…

    “Estão vendo como o governo Bolsonaro não compactua com o nazismo?”, pode argumentar o porta-voz da turma que está no poder, como se não houvesse muitas outras providências nefastas e ditatoriais realizadas e em curso pela turma do Bolsonaro, a turma do dólar.

  8. Acho que o que surpreende é o governo exonerar, afinal o conteúdo do discurso retirada as palavras e a retórica já foi muitas vêzes enunciada por membros do governo e pelo presidente.

  9. Desconfiem de todo idiota que coloca em suas falas ou textos coisa do genero:
    “A Pátria, a família, a coragem do povo e sua profunda ligação com Deus amparam nossas…”
    Certamente resultará em alguma aberração.
     

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