Cunha teve aumento incompatível de R$ 1,8 mi em bens, aponta Receita

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – A pedido da Procuradoria-Geral da República, nas investigações da Operação Lava Jato, a Receita Federal detectou um aumento patrimonial de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, e de sua família, incompatível com os seus rendimentos.
 
A solicitação do MPF ocorre após a suspeita de que Cunha, sua esposa Cláudia Cruz e sua filha Danielle Dytz da Cunha mantiveram contas secretas no exterior, abastecida com recursos desviados do esquema de corrupção da Petrobras. O peemedebista e sua família totalizam R$1,8 milhão, entre 2011 e 2014, valores considerados pela Receita como “indício de variação patrimonial a descoberto”, que indica a incompatibilidade com o salário bruto de R$ 33,7 mil do deputado.
 
Além do posto na Câmara, Eduardo Cunha e sua esposa também são sócios de empresas na área de comunicação. Ele negou as acusações e justificou que os recursos têm origem em negócios no exterior.
 
“Os montantes dos indícios apontados estão significativamente influenciados pelos gastos efetuados com cartão de crédito”, diz um trecho do documento, em que a Folha de S. Paulo foi o único jornal a ter acesso. O jornal também identificou um aumento patrimonial de Cunha referente ao ano de 2010, em cerca de R$ 50 mil, que chegam a R$ 100 mil em valores atuais corrigidos.
 
Não há especificação no documento sobre os tipos de gastos, se têm relação com os cartões abastecidos por alguma das quatro empresas ligadas ao deputado no exterior, e não há detalhes sobre o que provocou o aumento descoberto pela Receita.
 
Apesar de responder ao jornal, o presidente da Câmara tem mantido uma postura mais discreta, evitando falar com a imprensa. Nos bastidores, observa-se que a mudança de Cunha foi recomendação da sua equipe de advogados que o defendem no Supremo Tribunal Federal (STF). 
 
Os especialistas orientaram o peemedebista a ficar em silêncio durante o recesso parlamentar para não confrontar ministro do STF, que julgarão, a partir de fevereiro, o pedido de afastamento de Cunha do cargo, entregue pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. “A estratégia é ficar calado. Isso dura enquanto ele aguentar, quanto mais tempo, melhor”, teria dito um aliado de Cunha à reportagem de O Globo.
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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  1. R$ 1,8 milhão ? A receita

    R$ 1,8 milhão ? A receita está querendo passar um atestado de idoneidade moral ao ocupante da cadeira da presidência da Câmara?

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