O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, deve assinar o decreto de criação de um comitê em parceria com o governo do Rio de Janeiro na próxima quarta-feira (8), com o objetivo de combater, financeiramente, as organizações criminosas.
A informação é do secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, convidado do programa TVGGN 20H desta terça-feira (31).
Cappelli afirmou que o Ministério da Justiça e Segurança Pública vai trabalhar também em parceria com o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), a fim de criar o costume desta organização para investigar ações de lavagem de dinheiro, uma das principais fontes de financiamento do crime organizado.
Inteligência
No dia 23 de outubro, ao menos 35 ônibus e um trem foram incendiados na capital fluminense após a morte do miliciano Matheus da Silva Rezende, conhecido como Faustão. Além dos ataques, a violência urbana promovida por organizações criminosas se tornaram praxe na região.
Ainda no início de outubro, três médicos foram executados em um quiosque na Barra da Tijuca. Um deles era Diego Ralf de Souza Bomfim, de 35 anos, irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP). Os médicos foram confundidos com o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, preso nesta terça.
“O centro da nossa estratégia é trabalhar com inteligência, com planejamento, com o menor efeito colateral possível como foi feito hoje. Hoje a Polícia Federal (PF), em uma ação muito importante, prendeu novamente o líder de uma milícia do Rio de Janeiro com uma operação, com investigação, com inteligência sem dar nenhum tiro”, afirmou Cappelli.
Capacidade investigativa
O secretário-executivo comentou ainda os esforços para aumentar a capacidade investigativa da PF, a partir da integração com outros governos.
Enquanto a Polícia Rodoviária Federal contava com apenas 50 câmeras para monitorar suspeitos no Rio de Janeiro, a integração com o sistema de vigilância da prefeitura carioca, que possui 900 câmeras, permitiu que a instituição agora faça uma leitura mais qualificada sobre a movimentação de suspeitos.
“Praticamente toda abordagem feita pela Polícia Rodoviária Federal não é uma abordagem aleatória, é uma abordagem que acontece a partir de informação de inteligência”, continua Cappelli.
Segundo o secretário, o ministério está articulando a colaboração também das Forças Armadas, que deve apoiar as operações de segurança nos portos, aeroportos e fronteiras. Já a Marinha deve destinar três lanchas e mais embarcações para o patrulhamento das baías de Guanabara e Sepetiba.
Confira a entrevista de Ricardo Cappelli na íntegra:
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Isso não basta. Será preciso decapitar a milícia nas ruas (com a prisão dos líderes dela) e inutilizar a influência dela no Executivo, Legislativo e Judiciário do Rio de Janeiro. Se isso não for feito a estrutura criminosa rapidamente irá se recompor e voltar a ser lucrativa, contornando as dificuldades criadas pela PF.
Uma pequena história (recorrente):
Trabalhei em um cidade do interior do RJ, com mais de 200 mil habitantes.
Não era um cabróbró da conchinchina…
Pois bem.
Em determinado momento passamos a investigar uma menina, que pelo perfil (histórico criminal)já cometera outros golpes na capital do Estado, que falando rapidamente era assim:
Entrava nas empresas, ganhava a confiança dos donos, passava a controlar o fluxo de caixa e contas bancárias, e desviava a grana, com a ajuda de uma amiga.
Na capital foi descoberta a tempo, deu um prejuízo de 50 mil.
Nesta cidade do interior, desviou 500 mil de uma empresa em 01 ano.
Pedimos a quebra de sigilo bancário em 2020.
Resposta do Judiciário: 2021
Resposta do Bacen: 2022.
Fui transferido, em um rodízio comum na polícia do Rio, já que os delegados têm equipes, e rodam as cidades, ocupando as titularidades como cargos de confiança.
Na outra cidade, encontramos um depósito e um caderno de anotações do tráfico.
O depósito era de um falecido.
Dever de casa: o delegado comprou (isso mesmo, comprou, porque o Estado não paga) um token que dá assinatura digital para ter acesso ao RIF do Coaf.
Fizemos a pesquisa do caderno e anotações.
Pedido de quebra de sigilo bancário: janeiro de 2023.
Resposta do judiciário: este mês.
Andamento: agora vai para o Bacen, e sabe-se deus quando volta.
O processo andou entre a vara especializada na capital e depois de meses resolveram que tramitaria na vara de origem.
O laboratório de crime organizado e lavagem da PCERJ do Rio é um dos melhores do país, fomos convidados a visitar o espaço, talvez pela nossa insistência em agir em um campo tão difícil.
Vi que havia uma ociosidade, um espaço enorme entre aquela tecnologia e disposição de policiais para fazer, e a burocracia do judiciário, caro e lento, e que não responde a ninguém, senão a eles mesmos.
Há também o Bacen: um punhadinho de servidores processam requisições judiciais de todas as comarcas do Brasil, e outro detalhe, cada instituição bancária responde em seu tempo, e nem sempre segue os modelos das respostas (tipo de arquivos e formatos), enfim, os bancos “não dão a mínima”.
Se fosse um policial ou autoridade sentado em cima de procedimentos, corregedoria, punição, rua.
Juiz? Promotor? Bancos? Prazo?
risos.
Acúmulo de trabalho, dizem, mas por que esse argumento não vale para a polícia, contra quem já se supõe desvios de conduta?
Outra historinha dentro dessa história:
Na investigação, soubemos que um dos chefes do tráfico depositou dinheiro em certo dia, e obtivemos o vídeo.
Identificamos o caixa de atendimento (dois na verdade), o horário exato dos depósitos e pedimos ao banco a identificação dos dados cadastrais dos beneficiários daqueles depósitos, só daqueles caixas, nos horários exatos, com base na Lei 12850, artigo 15.
Resposta?
Hã?
Teve? não sei…
É disso que se trata, minha gente.
Polícia é só para chutar porta de barraco.
Se sofisticar um pouco mais a apuração, vai acabar batendo em portas de gente que não está acostumada.
Esqueçam essa patacoada toda, Dino vai fazer o que todo mundo fez até hoje, ou seja, nada.
PS: triste assistir a militarização da PF nessa etapa de combate as milícias.