Em entrevista ao canal TV GGN, Ricardo Galvão, ex-diretor do INPE, definiu o discurso de Lula na COP27 como “histórico”. Ele concordou com análise do jornalista Luis Nassif, para quem o petista utilizou a Amazônia para colocar o Brasil como “grande articulador mundial no combate à fome”.
Galvão é ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), órgão responsável por verificar o nível de desmatamento no País através de imagens de satélite. Ele deixou o instituto no governo Bolsonaro, quando o INPE passou a mostrar aumento nas taxas de desmatamento.
Evento onde Lula cumpre agenda nesta semana, a COP reúne delegações do mundo inteiro com o objetivo de discutir o enfrentamento às mudanças climáticas. O evento ocorre em Sharm el-Sheikh, no Egito.
Na entrevista ao canal, Galvão, que faz parte da transição de governo, relevou promessa de Lula para cumprir o programa ambiental de Marina Silva, eleita deputada federal pela REDE Sustentabilidade.
Agora eu sou faço parte da REDE Sustentabilidade, né? E a Rede demorou um certo tempo para demora para dar o apoio a Lula, porque a Marina Silva fazia questão que o apoio fosse programático. Ela elaborou um programa bem detalhado. Teve um evento de ex-presidenciáveis de vários partidos. Não é um movimento em apoio ao Lula. Eu estava lá presente. E eu o abracei e falei: ‘Presidente, o que que o senhor acha da nossa proposta?’; e ele simplesmente disse: ‘Professor, eu as vou cumprir’.
Liderança mundial
Ricardo Galvão ressaltou a dimensão do presidente eleito como uma liderança importante na articulação geopolítica entre as nações. Para ele, às vezes parece que nem o Partido dos Trabalhadores reconhece esse fato.
Me perdoem até alguns bons amigos do PT. Às vezes, até dentro do PT, eles não percebem a dimensão do Lula, certo? Porque extrapola o partido. Extrapola em muito o partido. E (Lula) tem uma importância enorme para a democracia brasileira e para a esperança do mundo. O mundo todo está esperando do Brasil.
pontou Galvão
Além disso, o ex-diretor do INPE, que já trabalhou no exterior, falou que Marina Silva e Lula “são duas personalidades brasileiras que têm uma respeitabilidade mundial enorme”.
Apoio de madeireiros e garimpeiros a Bolsonaro
Ricardo Galvão foi pivô de uma das primeiras polêmicas de Bolsonaro na Presidência da República.
No começo de 2019, o então responsável pelo INPE foi acusado pelo atual mandatário e pelo ministro do Meio Ambiente à época, Ricardo Salles, de manipular os dados de desmatamento na Amazônia. Como resultado, foi exonerado do cargo.
À TVGGN, ele detalhou reunião dentro do contexto desse episódio:
Quando eu tive aquele embate com com o ex-ministro Ricardo Salles, nós ficamos conversando quase 1 hora. E foi uma conversa muito difícil. Estava ele, estava Marcelo Brito, que era então o presidente da associação do agronegócio brasileiro. O Marcelo virou-se a eles e falou: ‘Ricardo, vocês têm que mudar o discurso, porque se não vocês vão prejudicar violentamente a exportação do agronegócio brasileiro. Em particular na minha empresa, que eu produzo óleo de palma, não é? […] se vocês continuarem com esse discurso, vão atrapalhar a nossa exportação’. Aí eu fiquei muito triste como brasileiro. ‘Marcelo, sabes que não podemos fazer isso, porque Bolsonaro foi eleito com 100% de apoio dos garimpeiros e madeireiros da Amazônia.”
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Assista à participação de Ricardo Galvão na TVGGN, com Luis Nassif:
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