sexta, 26 de abril de 2024

Esqueleto no armário – naufrágio Príncipe de Astúrias

Esqueleto no armário, está expressão ganha nova roupagem com o naufrágio do navio Príncipe das Astúrias em Ilhabela, se a hipótese dos imigrantes ilegais, mais de 1000, se confirmar, este é o maior naufrágio de navios de passageiros, maior até do que o do Titanic e o pior, com suspeitas de crimes graves e uma verdadeira conspiração envolvendo seu afundamento.

Começo com este artigo para situar no tempo e no espaço.

 Príncipe de Astúrias –  O transatlântico considerado como o ” Titanic brasileiro”

 

O naufrágio ocorreu em Ilhabela-SP

O Príncipe de Astúrias
O destino e os mistérios de nosso arquipélago reservaram um dos maiores desastres registrados pela costa brasileira. Por mais de nove décadas, histórias impressionantes, sobretudo, perguntas sem respostas envolvem a todos que tiveram contato com a trajetória do transatlântico Príncipe de Astúrias. Era madrugada de 5 de março de 1916. Noite chuvosa, onde o cinza da tempestade contrastava com as cores e a alegria do carnaval, celebrado nos luxuosos salões do navio. De repente, um grande estrondo. A música deu lugar a gritos e aflição. Nas classes mais pobres, onde todos dormiam, o sono mergulhou no caos. Em apenas cinco minutos, toneladas, e principalmente, milhares de sonhos, foram a pique.A Europa vivia anos turbulentos. A Primeira Grande Guerra
imprimiu no velho continente destruição e desordem. O desemprego entre os mais pobres e o medo entre os mais abastados foram fatores que motivaram milhares de cidadãos a imigrarem para países mais tranquilos e com melhores oportunidades de vida. A América do Sul, destino livre da guerra, com forte agricultura e industrialização incipiente que demandavam mão-de-obra, surgia como destino preferencial. Neste cenário, as companhias de navegação eram os vetores deste fenômeno, e as rotas para a América eram as mais lucrativas, pois levavam imigrantes e bens industrializados e traziam de volta produtos agrícolas, principalmente o café. A empresa espanhola Pinillos, Yzquierdo & Co. investiu neste filão. Instalou a primeira linha regular América do
Sul – Europa. Para alcançar seu objetivo, aumentou sua frota com dois dos mais modernos navios da época, o Infanta Isabel e o Príncipe de Astúrias.Lançado ao mar apenas dezesseis dias após o desastre do Titanic e, portanto, ainda sob o impacto e a comoção daquela terrível tragédia, Astúrias representava o que de melhor a engenharia naval poderia produzir. Naquele dia o navio fazia sua sexta viagem à América do Sul e tinha como destino, Buenos Aires. Transportava, dentre uma extensa lista de carga, 40 milhões de libras esterlinas em ouro destinadas a pagar alimentos e suprimentos fornecidos pela Argentina durante a Primeira
Grande Guerra. Levava ainda a bordo 11 toneladas de ouro, que serviriam como lastro monetário para abertura de um novo banco. Porém, o que havia de mais valioso, culturalmente, eram as nove estátuas em bronze.
O conjunto era destinado a compor e finalizar o monumento De Los Espanholes, uma homenagem que a colônia espanhola na Argentina prestava ao centenário da independência platina. O luxuoso transatlântico podia transportar até 1890 passageiros, dos quais 150 na primeira classe, 120 na segunda, mais 120 na segunda
econômica e 1500 em alojamentos para imigrantes. Naquela madrugada, sob o comando experiente do ainda jovem Capitão Lotina, o navio navegava pelas águas de Ilhabela. Não fazia o caminho usual, ao largo das ilhas, mas passava perigosamente próximo à costeira, entre Ilha da Vitória e Ilha de Búzios. A escuridão reinava. Diante da pouquíssima visibilidade, Lotina ordenara apito de sereia, destinado a alertar possíveis embarcações e evitar qualquer colisão. No passadiço, diante de um raio, vislumbrou bem próximo o paredão rochoso da Ponta da Pirabura.
Diante do pior, perguntou:
– É terra?
Sem esperar resposta, prontamente ordenou, no telégrafo:
-Toda a força à ré, todo o leme à boreste!Nada mais podia ser feito. Um grande estrondo se ouviu. O Príncipe de Astúrias chocou-se com a única laje submersa da região, o que provocou um rasgo de 44 metros no casco. Vários estalos precederam duas grandes explosões, decorrentes do contato da água fria com as caldeiras. Neste momento, centenas de imigrantes e viajantes, em suas camas, apereceram. Muitos dos que conseguiram chegar ao convés ainda com vida perderam suas vidas ao serem jogados contra as pedras, pelas terríveis ondas. Tudo isto aconteceu em apenas cinco minutos. Os pedidos de socorro não puderam ser transmitidos, em razão da rapidez do naufrágio, o mar não lhes deu tempo.
                                                  Jeannis Michail Platon, mergulhador, escritor e empresário

 

Redação

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