FALA FADS: Transição energética não combina com termelétrica

População, ambientalistas e pesquisadores se mobilizam contra projeto da holding Natural Energia, no Vale do Paraíba

Termelétrica de Caçapava. Foto: Divulgação/ Eduardo Tavares
Termelétrica de Caçapava. Foto: Divulgação/ Eduardo Tavares

Enquanto cerca da metade da energia consumida no Brasil vem de fontes renováveis, contra os menos de 3% registrados no mundo, verifica-se uma tendência brasileira em ampliar a geração termelétrica por meio da queima de gás natural, que de natural mesmo só tem o nome, pois é tão fóssil e produtor de gases de efeito estufa quanto qualquer outro produto “parente” do petróleo, movimento contrário ao defendido publicamente pelo governo brasileiro mundo afora num contexto de transição justa e sustentável.

Entre as usinas termelétricas planejadas para entrarem em operação, uma se destaca: projeto da holding Natural Energia pretende construir uma usina com 1.743 MW de capacidade instalada em Caçapava, na porção paulista do Vale do Paraíba.

Se o capital está assanhado com os lucros que o empreendimento pode trazer aos investidores, a população local, ambientalistas e pesquisadores se mobilizam contra o projeto, sabendo dos riscos que toda a região vai correr caso a infeliz proposta se concretize.

Para debater esse assunto e ouvir representantes da população do Vale do Paraíba paulista, convidamos:

📌 Artur Coutinho tem 75 anos e é graduado em Engenharia Mecânica. Nasceu no distrito de Quiririm, Taubaté (SP), neto e filho de agricultores, cresceu nas várzeas de Caçapava e Taubaté. Sua propriedade rural é vizinha “de cerca” do terreno onde está prevista a construção da termelétrica.

📌 Luciana Gatti coordena o Laboratório de Gases de Efeito Estufa do INPE, estuda há 20 anos as emissões de carbono na Amazônia e já publicou 3 artigos na Nature como primeira autora. É graduada em Química pela FFCLRP/USP (1987), mestrado em Química Analítica pelo IQF/USP (1991) e doutora em Ciência pela UFSCar. É especialista em medidas de alta precisão de Gases de Efeito Estufa e estudos em escala regional utilizando aviões de pequeno porte. Coordena projetos de cooperação internacional em parceria principalmente com NOAA, Universidade do Colorado, Universidade de Leeds, Leicester, Wageningen, Edimburgo, entre outras.

📌 Raquel Henrique nasceu em Caçapava, é geógrafa e doutora em planejamento urbano e regional. Ativista e educadora ambiental, é membro da ONG Ecovital e atualmente constrói a Frente Ambientalista do Vale do Paraíba (@frenteambientalistavalesp);

📌 A âncora do debate será Perla Müller, que é advogada graduada e mestre em Direito pela UNESP; foi presidenta da Comissão de Direitos Humanos da 12ª Subseção da Seccional Paulista da OAB 2022-2023; coordenadora do Núcleo de Estudo e Formação Política “David Aidar” de Ribeirão Preto; ex-vereadora em Ribeirão Preto; foi superintendente do IBAMA em São Paulo de 2023 até março de 2024.

📢📢📢📢📢 Anote aí – Fala FADS Transição energética não combina com termelétrica nesta quarta-feira, 10 de abril, a partir das 18 horas, na TVGGN. Para saber mais sobre a FADS, acesse nossos perfis https://www.facebook.com/falafads e https://www.instagram.com/fads.br.

Veja todos os debates Fala FADS que já produzimos por meio da playlist AQUI.

Redação

3 Comentários

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  1. Boa tarde. Estudos mostram que Balbina,Tucuruí, e Samuel, as 3 maiores hidreletricas construidas Regiao Amazonica emitem gases de efeito estufa maiores, ou na mesma proporcao de usinas a carvao, resultado emissao metano atmosfera.
    Pergunto: geracao energia hidroeletrica é verdadeiramente limpa? Onde estão as Sete Quedas no municipio de Guaira/PR?

  2. “[…] verifica-se uma tendência brasileira em ampliar a geração termelétrica por meio da queima de gás natural, que de natural mesmo só tem o nome, pois é tão fóssil e produtor de gases de efeito estufa quanto qualquer outro produto “parente” do petróleo […]”

    Meu Deus do céu, que terraplanismo energético é esse? Será que a pessoa já estudou hidrocarbonetos, entende exatamente o que está falando? Entende alguma coisa de sistema elétrico e da necessidade de fontes de estabilização, de geração flexível para fechar o balanço de energia, em um contexto de crescimento de fontes intermitentes como eólica e solar? Que justamente para reduzir impactos sociais e ambientais estão sendo construídas hidrelétricas a fio d’água, que deixam de ter a capacidade de regulação do sistema desempenhada pelos reservatórios?

    Que bom que temos gás natural para termelétricas, assim não precisamos de usinas a óleo ou carvão. Olhem a situação da Alemanha, em que os verdes lograram fechar todas as usinas nucleares, optando justamente pelo gás natural, visto como mais limpo. Mas lá erraram o cálculo, pois passaram a depender totalmente do gás russo, e agora precisam queimar combustíveis muito mais sujos (ou depender do GNL americano, muito mais caro e com muito mais emissões ao longo da cadeia…). Uma tragédia ambiental e econômica. A AfD agradece.

    A propósito, porque nenhum engenheiro eletricista com atuação na área foi convidado para o “debate”? Deixemos terraplanismo e chapabranquismo ideológico para o lado de lá, que como é cediço não tem qualquer compromisso com a ciência…

  3. Acho que é preciso reconsiderar este negócio de dizer que nossas fontes de energia são “renováveis”. Hidrelétrica se esgota também, não é uma fonte para sempre, não dá para usar 110% de energia. A demanda aumenta e é preciso construir uma nova. Ou seja: é tão renovável quanto seria uma usina nuclear.
    Se empregamos estes conceitos assim, aqui, estamos mal resolvidos…

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