Falta transparência à mídia e à própria Transparência Internacional para falar de corrupção

As memórias do relacionamento promíscuo entre TIB e Lava Jato ficam à margem do noticiário quando a intenção é atacar autoridades

Manchetes de O Globo, Uol e Folha de S. Paulo, destacando o ranking da Transparência Internacional
Manchetes de O Globo, Uol e Folha de S. Paulo, destacando o ranking da Transparência Internacional

Há anos a Transparência Internacional Brasil (TIB) vem ocupando espaço de destaque nos jornais da grande mídia, sendo uma de suas fontes favoritas para abordar a pauta do combate à corrupção. De tão interessada no tema, TIB foi flagrada em mensagens apreendidas pela Operação Spoofing agindo em conluio com a Lava Jato. As memórias desse relacionamento promíscuo quase sempre ficam à margem do noticiário, sobretudo quando as considerações da TIB são providenciais para basear ataques às autoridades ou às instituições.

Este é o caso da manchete que ocupou a página principal de todos os grandes portais nesta terça (30), dando conta de que o Brasil foi rebaixado em um ranking criado pela TIB, que expõe a “percepção global” sobre o combate à corrupção. Ironicamente, segundo análise do Conjur, não há transparência, por parte da TIB, sobre como esse índice foi criado, nem quem está por trás das análises. TIB também não gosta de revelar quem são seus principais financiadores.

Em nome da transparência, também seria de bom tom, no trato com os leitores, que a grande mídia lembrasse, a cada matéria onde a TIB é usada como fonte, de seu vínculo com os procuradores de Curitiba e do Distrito Federal, e das investidas nebulosas – e aparentemente frustradas – para tentar influenciar o destino de bilhões (sim, bilhões) de reais em multas (acordos de leniência) aplicadas às empresas investigadas na Lava Jato.

Afinal, a mesma Transparência Internacional que agora pauta a mídia com um ataque ao Brasil a partir de um ranking cujos critérios não são claros, foi objeto de ordem do Supremo Tribunal Federal para esclarecer o conluio com a Lava Jato. Curiosamente, TIB sustenta que as decisões do STF – que contrariam os interesses e desnudam os erros da Lava Jato – ajudaram a piorar a percepção do enfrentamento à corrupção no país. É, no mínimo, um conflito de interesses esse tipo de apontamento.

Entre as decisões criticadas pela TIB, está a do ministro Dias Toffoli, que suspendeu a multa aplicada à empresa J&F em uma operação inspirada na Lava Jato. A grande mídia omite as digitais da Transparência Internacional no acordo de leniência da J&F com a Operação Greenfield. Conforme o GGN mostrou em detalhes aqui, membros da TIB tentaram influenciar no destino de parte desses recursos (2,5 bilhões de reais).

Depois, a turma de Curitiba tentou criar a Fundação Lava Jato com recursos da multa da Petrobras. Nos dois casos, TIB entrou desenhando o sistema de governança (que dizia onde e como a fortuna deveria ser aplicada).

A grande mídia ignora ainda que o primeiro contato da Transparência Internacional no Brasil, o lobista Josmar Verillo, se beneficiou da leniência da J&F, que precisou vender a Eldorado Celulose para fazer frente às multas aplicadas pelos procuradores.

“De forma opaca e secreta, a T.I. atuava no sentido de quebrar empresas brasileiras e depois ‘vender redenção’. Ao mesmo tempo, conseguia que empresas pertencentes aos grupos expoliados fossem para as mãos de aliados. Parte da dinheirama foi parar nos cofres do governo americano e suíço”, frisou o Conjur.

Falta transparência à grande mídia e à Transparência Internacional para falar de Lava Jato e da indústria do combate à corrupção que se instalou no Brasil desde 2014, onde a própria TIB tentou penetrar e colher alguns louros.

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6 Comentários

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  1. Se a TI incluiu a próprias ações e de seus associados no Brasil na computação do tal índice de percepção da corrupção, é natural que ele tenha piorado muito.
    Outra coisa que os especialistas participantes na corrupção não lembram, é que a percepção é menor nos governos corruptos, que tratam de evitar investigação e divulgação dos mal feitos. E o contrário acontece nos governos sérios, com o trabalho normalizado dos órgãos a corrupção é revelada e perseguida, podendo ser percebida até pelos piores cegos, aqueles que não querem ver.

  2. Não acompanho os relatórios da TIB – talvez somente a Globo faça isso -, portanto não sei se está em tempo deste relatório ser disponibilizado e, portanto, não passou de uma grande coincidência isso tomar as manchetes, justamente agora, quando volta a se falar de industrialização! Vi um professor esses dias no canal 247, não consigo lembrar o nome dele, mas ele muito bem pontuou que um projeto de estado irremediavelmente só vingará, se os meios midiáticos forem revistos urgentemente! Acho que este relatório se trata disso, de um ataque à soberania do País!

  3. É um escárnio na nossa cara. Um estudo dessa tal ONG “Transparência” com critérios obscuros e que, ainda por cima, em deboche aos fatos, trata de “percepção” de corrupção, não do fato em si – o que é uma questão comunicacional-cognitiva (midiática também, pois), não factual.

    É a mesma delinquência de quem apela para a tal “sensação” de insegurança, para esconder métricas objetivas de segurança pública; se a população se sente insegura em um local em que os indicadores históricos estão melhorando, trata-se, portanto, de manipulação e/ou terrorismo midiático.

    Ou seja, falar em percepção ou sensação de corrupção é discurso calhorda de quem devia estar tendo orgasmos múltiplos com os sigilos de cem anos do governo anterior, com os critérios nada republicanos de nomeações, com as ameaças de golpe de Estado, com os bilhões que esperavam angariar em parcerias espúrias com procuradores e juízes aloprados e mesmo marginais.

  4. MULHER DE CÉSAR
    Quem cobra, primeiro tem que dar exemplo. Ora, de onde vem o dinheiro que financia essa ONG? Essa ONG deveria abrir suas planilhas, expor as origens de seus recursos financeiros para, ao depois, vir falar de “transparência”. Lembremos essa ONG apoiou a Farsa Jato e seria beneficiada pela república de Curitiba, acaso a Fundação Farsa Jato de Dallagnol fosse criada com R$ 2,5 BILHÕES, transferidos pelo Departamento de Justiça norte-americano ILEGALMENTE, para a Farsa Jato finaciar candidatos da extrema-direita tal qual a CIA o fizsera nos idos da década de 1960. Por ser ilegal e imoral, o Supremo Tribunal Federal, a pedido da Procuradoria Geral da República, impediu que Dallagnol criasse uma Fundação Privada com os tais recursos públicos. A Fundação Farsa Jato iria contar com a participação dessa tal Transparência Internacional, mamando dinheiro público travestido de Fundação Privada.
    PIG – PARTIDO DA IMPRENSA GOLPISTA
    Se o PIG fosse isento, de veria cobrar ou, pelo menos, ressaltar essas coisas acima, em homenagem a paridade de armas. Por que? Porque da Administração Pública brasileira sabemos de onde vem e para aonde vai o dinheiro, a partir do orçamento público.
    Já dessa TI ninguém sabe.
    Depois que li o livro de Frances Stonor “Quem pagou a conta”, elaborado a partir de documentos publicados pela CIA, passei a desconfiar de tudo e de todos. No referido livro consta que, nos anos anteriores ao golpe de 1964, a CIA, por intermédio da Fundação Ford, financiou aqui a campanha de 250 deputados, o IBAD e o IPES e, pasmem, até o CEBRAPE de Fernando Henrique Cardoso também bebeu da mesma água anos depois. O IBAD e o IPES foram organizações criminosas, travestidas de “institutos”, que deram verniz intelectual ao golpe de 1964 para fazer campanha na mídia a favor da ditadura militar. E quem garante que essas milícias (IBAD – IPES) não financiaram atividades criminosas e/ou obscuras contra um governo legitimamente eleito (João Goulart)? O dinheiro da administração Lula a gente sabe de onde vem e para aonde vai (orçamento público). Dessa tal transparência, de onde vem e como são aplicados?
    A melhor defesa é o ataque, logo os partidos de esquerda, os sindicatos, as lideranças progressistas poderiam DESAFIAR essa ONG lavajatista publicar suas planilhas, abrir seus orçamentos, apontar suas fontes de financiamentos e como são empregados seus recursos etc, porque a mulher de César não basta ser honesta, tem que parecer honesta.

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