Festival In Edit 2011: Fui, vi e conto.

Postado originalmente: http://klaxonsbc.com/2011/05/02/festival-in-edit-2011-fui-vi-e-conto/

 

Quinta-feira última (28/11/2011) estreou em São Paulo a terceira edição do Festival IN EDIT, com documentários músicais nacionais e internacionais. A programação completa e outras informações estão aqui e recomendo que confiram. No último final de semana pude assistir dois relevantes documentários: Do It Again e Soul Train.

O primeiro trata de uma inusitada história onde um jornalista musical do The Boston Globe , Geoff Edgers, tenta reunir o The Kinks (seminal e sumariamente importante banda inglesa dos anos 60) para uma entrevista e não satisfeito quer tocar uma música, durante a conversa, com os caras. A rusga dentro do núcleo principal da banda, composto pelos irmãos Dave e Ray Davies, serve como fio condutor para temperar as andanças de Edgers em busca de informações precisas sobre a possibilidade da reunião. Conversas com Robyn Hitchcock, Paul Weller, Sting, a bela atriz Zooey Deschanel, Peter Buck (REM), Scott McCaughey(The Young Fresh Fellows),o produtor Shel Talmey e com ex-componentes do Kinks (Pete Quayfe, Mick Avory, Bob Henrit).  O enredo se entrelaça com a reviravoltas financeiras na vida do jornalista em plena crise dos jornais. No final, Edgers vai para Inglaterra tentar falar com Ray Davies numa convenção anual de fãs dos Kinks. Não consegue. Depois da recusa de Ray Davies em falar com ele, acaba entrevistando um melancólico Dave Davies, que explicita o trabalho vão do jornalista. Não há possibilidade de reuni-los nem para uma entrevista. Vale pelas canjas conseguidas com os notáveis fãs da banda, é sempre bom ouvir Get Back In The Line, David Watts, You Really Got Me, Waterloo Sunset. Detalhe curioso: a consultoria que Edgers recebe durante toda a empreita é de Warren Zanes (Del Fuegos) que sempre viveu às turras com seu irmão Dan Zanes e poderia ser uma boa referencia para conseguir o objetivo de reunir o The Kinks, só serve para deixar o jornalista mais cético. O mundo do fã e a impossibilidade de comunhão longeva de uma banda de rock and roll.

Soul Train é um documentário que traz a história do famoso programa de música e atitude que serviu para dar contornos ao desenvolvimento da música soul e abrir espaços para a cultura black na conservadora sociedade norte-americana. Soul Train foi mais que um programa e seu idealizador, apresentador e produtor Don Cornelius, é até hoje uma referência na afirmação do negro e de sua cultura na América. O programa migra de Chicago para Los Angeles e ganha a América. Os dançarinos que nem eram pagos, mas que faziam a cabeça da rapaziada dos guetos e dos subúrbios de várias cidades americanas na forma que se vestiam, nos passos criados de dança e na atitude geral, a vigorosa música e seus mais ilustres representantes (Curtys Mayfield, Al Green, James Brown, Gladys Night, Stevie Wonder, Aretha Franklin, The Jackson Five, Marvin Gaye, The O’Jays, Smokey Robinson, Sly Stone, Teddy Pendergrass) acho que não preciso dizer mais nada. O documentário segue o rastro da música black, começando com o soul, passando pela diluição e a respectiva reação à discoteca ao nascimento e a afirmação do hip hop. Cornélius não é o narrador, mas a história é contada sobre sua ótica e dialoga com sua militância, com seu empreendedorismo e escancara suas contradições, ele não estava ali por acaso. Belo e indispensável documentário para quem gosta de música e, principalmente, para quem acompanha as mudanças da industria cultural e seus impactos sociais.

Dois temas bacanas, valeu a pena sair e prestigiar o IN EDIT, ainda dá para ver os dois citados que serão reprisados e conferir outros tantos, é só se ligar na programação linkada acima.

Redação

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