Gestor de águas israelense diz que dessalinizar água no Brasil é “reconhecer fracasso”

Desde a campanha eleitoral, Bolsonaro dizia querer importar o sistema utilizado por Israel para acabar com a seca na região semiárida brasileira

Um funcionário inspeciona uma usina de dessalinização por “osmose reversa” que transforma água do mar em 189 megalitros de água potável por dia na Califórnia (© AP Images)

Por Rodrigo Gomes

Da RBA

O coordenador de projetos internacionais da Companhia Nacional de Água de Israel (Mekorot), Diego Berger, declarou que a proposta do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), de importar o sistema para dessalinizar água do mar utilizado naquele país seria como reconhecer o fracasso da gestão de recursos hídricos no Brasil, que tem grandes quantidades de água. “O problema aqui é cultural, vocês têm uma cultura da abundância. E, quando você dessaliniza, você está reconhecendo o fracasso da gestão”, disse, em entrevista ao portal UOL.

Desde a campanha eleitoral, Bolsonaro exalta o método israelense e chegou a mandar o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, ao país para conhecer o sistema. Israel está localizado em uma das regiões mais secas do mundo e se tornou referência em processos de reaproveitamento de água, tratamento de esgotos e na técnica para dessalinizar água do mar – esta, um dos processos mais caros que existem.

Além disso, já existe um projeto para dessalinizar água no nordeste brasileiro. É o Programa Água Doce (PAD), concebido em 2003 e lançado em 2004, durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) em parceria com instituições federais, estaduais, municipais e da sociedade civil. Segundo o MMA, com 482 obras já concluídas, o programa já levou água potável para 170 municípios do Semiárido. Outras 700 obras do PAD já foram contratadas e 48 estão em fase de implementação. A meta para 2019 é atingir 1.200 sistemas de dessalinização.

O coordenador explicou que Israel reutiliza 85% do esgoto, que corresponde à metade da água usada para irrigação na agricultura. O país também tem uma política forte de redução de perdas, mantendo um índice em torno de 10%. No Brasil as perdas chegam a 38% em alguns estados. Mesmo São Paulo, que tem o sistema mais complexo de distribuição de água, perde aproximadamente 27% da água produzida todos os dias. Berger avalia que o problema brasileiro está justamente no desperdício.

“Com gestão, acredito que vocês vão perceber que não precisam da última tecnologia. Vocês precisam de uma tecnologia adequada para a realidade de vocês. A tecnologia ajuda, mas, se você não tem uma gestão forte, você não pode fazer nada”, afirmou. “Você tem de ter aqui redução das perdas, utilizar bem as coisas, educar as pessoas. Vocês têm de resolver isso enquanto tem o recurso”, completou.

Redação

10 Comentários

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  1. Em janeiro numa entrevista à revista Época, Vicente Andreu, ex-presidente da ANA, já afirmava que o Brasil sabe como fazer o processo e não precisa de Israel para isso. Chamar Israel seria como no caso de Brumadinho onde vieram com tamanha tecnologia que os tornava desnecessários ao serviço que era preciso mais eficiência que eficácia e tiveram de voltar para trás. O Brasil não precisa extrair água do mar como se faz na região do Oriente Médio onde já está até secando o Mar Morto e vão expulsando o povo palestino das regiões com água. No Brasil, o que já existe desde 2004, é feito a partir de água salobra e voltado a comunidades dispersas e em quantidades menores. Em Israel, a água é dessalinizada a partir do próprio mar, onde se necessita a produção em grande escala, mas com custo muito mais elevado. Mas como o país é desenvolvido e até pleiteia entrar como office-boy na OCDE, vai ter de beber desta água. Bom para as farmacêuticas que com mais sódio na água e alimentos, mais hipertensos a tomar suas drogas.

    https://epoca.globo.com/desconhecimento-da-realidade-diz-especialista-sobre-promessa-de-bolsonaro-de-importar-tecnologia-para-dessalinizar-agua-23349338

    https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2018/03/21/interna_internacional,945700/forum-da-agua-dessalinizar-a-agua-do-mar-nao-resolvera-a-crise.shtml

  2. É isso mesmo, Nassif, não temos a consciência da importância dos bens naturais que Deus nos deu. Também, nos falta educação e cultura, para nos ensinar a entender a importância desses bens naturais que, nos foi dado e, por isso, nos falta senso de preservação e de conservação do que deve ser protegido; nos falta senso, humanidade e capacidade racional, para compreender o valor de se proteger os recursos naturais renováveis, para a manutenção da vida do planeta e da humanidade, principalmente, da Água, que é vida.
    Se a água é vida, então, a Principal e mais importante Política Pública, dentre outras tantas, deveria ser, a proteção dos Biomas Brasileiros, através de ação integrada e responsável, dos entes federados (União, orientando e coordenandor supremo das Políticas Públicas e orientador dos parceiros federados; Estados e DF, orientando e coordenando as ações dos Municípios e; os Municípios, Orientando e coordenando as ações dos seus Distritos e Comunidades,), a partir das bacias e microbacias hidrográficas; da proteção e da restauração das fontes
    e nascentes, onde quer que elas estejam; de reposição da vegetação marginal e ciliar, recomendada por lei; dos biomas naturais estratégicos da nação, responsáveis pela produção, armazenamento, distribuição e regularização dos recursos hídricos das bacias, microbacias, rios, lagos, lagoas, igarapés, arroios, etc, recursos hídricos esses, necessários ao consumo e uso humano, dos animais, dos vegetais e das culturas, do solo, de suporte ao regimes pluviais, etc.
    É pois, em função da sustentabilidade permanente e do suprimento de nossas necessidades, que temos a obrigação de preservá-los, de conservá-los e de protegê-los, para assegurarmos a vida e, vida em abundância, no planeta, bem como de criminalizar e punir com leis rigorosas, nivelando-se, os crimes ambientais que coloquem em risco o equilíbrio ambiental desses Biomas, equivalentes a crimes contra a humanidade.
    Todos os cidadãos são iguais perante a lei e, a lei, a justiça imparcial e as penalidades justas, têm que serem iguais para todos os cidadãos, já que as consequências desses crimes, atingem e prejudicam o ambiente de todos.
    Resumindo o nosso comentário a essa matéria: https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2019/05/20/brasil-requer-gestao-nao-dessalinizar-agua-diz-chefe-hidrico-de-israel.htm, o que o Chefe Hídrico de Israel, quiz dizer, com muita propriedade e, verdade, talvez tenha sido mais ou menos isso: “Vocês, brasileiros, são muito ricos em em recursos hídricos mas, não têm senso de fraternidade e de solidariedade entre seu povo e, lhes faltam uma cultura e vontade política, para bem gerir seus recursos hídricos e de assegurar o direito igual de todos, de acesso a água, que é de todos os cidadãos brasileiros.”
    Análisem isso que foi escrito e dito por nós, com racionalidade e imparcialidade e, avaliem se ela serviu ou não. Se não serviu, esqueçam, apenas, cumprimos nosso dever de cidadão em opinar. Se serviu, muito bem, aperfeiçoem e repassem para outras pessoas, para conhecimento da informação e, se acharem convenientes e positivas, transformem em corrente da cidadania, sugerindo que todos, se interessem em lê e consultarem a CF, CE e a Lei Orgânica de seu Município para se informarem pois, o Brasil, está precisando conhecer a verdade, o amor ao próximo e a justiça imparcial e, não esqueçam o que Deus falou pelo Profeta: “sereis libertos pelo direito e pela justiça” (Isaías 1,27).
    Paz e bem.

    Sebastião Farias
    Um brasileiro nordestinamazônida

  3. A natureza é justa e a ela todos estamos sujeitos, queiramos ou não.
    Aqueles que a exploram sem critério, mais cedo ou mais tarde viverão da herança do que fizeram da natureza.
    Habitantes milenares do oriente, esgotaram os recursos da natureza pela justificação divina de que ao homem era dado tudo o que na terra havia para uso, gozo, abuso e fruição.
    Em obediência à ordem de seus deuses, que pela propaganda boca a boca nos chega até hoje, destruíram pelo uso e pelo abuso a natureza de seus territórios e ora buscam, pela exploração desordenada, destruir a natureza do território de outros povos em nome do lucro fácil e rápido, como de pleno direito.
    Somente a resposta natural os fez procurarem sobrevivência no reaproveitamento do que restou de seus territórios, e tais “conselhos” quanto a poupança de recursos naturais têm sempre um “quê” de cobiça desses que detém a economia do mundo.
    A terra não terá sido o primeiro planeta esgotado pela colonização dos exilados da capela.

  4. Ótimo artigo escrito por quem entende do assunto de recursos hídricos. Vamos espalhar essa discussão nas nossas redes sociais, e aprofundar o assunto para levalo aos nossos políticos que foram eleitos recentemente com os nossos votos, e mostra par eles a importância de se tratar das questões de saneamento básico e conservação das nossas reservas de água doce.

  5. Em primeiro lugar o exemplo tem que vir de cima vamos parar de hipocrisia e jogar só no lombo do povo,um país onde o gestor de água usa água potável para lavar as ruas ,onde deixar vazar água como água,onde a proteção ambiental seguer existe,onde so se vê lucros e zero investimento a culpa é só do povo?

  6. Resumir o q temos a aprender com as técnicas e inovações q Israel utiliza a simples dessalinização é no mínimo muita ignorância ou vontade de diminuir as verdadeiras intenções do nosso presidente, que quando assumiu deixou de ser de um viés específico e passou a ser de todos nós! Pensem nisso.

  7. Concordo plenamente. O Nordeste não tem água por falta de vergonha e desonestidade dos políticos. Onde está o Rio São Francisco? Parou a transposição que já foi inaugurada umas 3 vezes?

  8. A ignorância deste governo é imensa. Parece que parou nos anos 50 60, quando o esforço de Israel para cuidar daquele pequeno território, seco e cheio de pedras exigiu sim muito foco na questão da água foi louvável e exitoso. Mas o problema Israelense não é de água salobra mas de água salina. A água salobra exige outra tecnologia, que foi bastante estudada e desenvolvida por vários institutos no Brasil. O problema Israelense é escassez de recursos hídricos O nosso problema é outro e se houvesse um respeito pelos resultados das pesquisas e pesquisadores brasileiros e pelos resultados já obtidos, não passaríamos esta vergonha. Um governo realmente brasileiro estimularia programas para o desenvolvimento de pesquisa e inovação tecnológica com foco na seca. E este programa poderia usufruir do que já foi desenvolvido no país. Mas como é um governo colonizado, quer importar tudo . Temos um presidente que afirma que não há pesquisa no país. Um presidente que diz defender o agronegócio corta verbas de pesquisa no país. Ele não sabe que a produtividade agrícola no país, uma das maiores do mundo, se deve exclusivamente aos desenvolvimentos da pesquisa em centros como a EMBRAPA, empresa estatal e dos centros de pesquisa nas Universidades Publicas. Estas pesquisas só podem ser desenvolvidas aqui pois o objeto da pesquisa é a Terra, a fauna a flora, o clima do Brasil. Porque o Presidente não pergunta aos pesquisadores da EMBRAPA o que fazer no semiárido nordestino. Com certeza eles poderão dar respostas abalizadas. Antes de anunciar compra e importação seria interessante que este governo buscasse apoio em dados e conhecimentos de nossos pesquisadores.

  9. https://jornalggn.com.br/brasil/links-para-a-historia-do-brasil-de-1894-a-2018/.
    Esse link acima, ajuda a entedermos, a cadeia de perpetuação da ignorância do povo do Brasil, para facilitar sua dominação e exploração, pelas elites do Brasil que, ainda fazem o trabalho interno de desinformação e de alienação da população, para beneficiar o colonizador e imperialista, com os quais, simpatizam.
    Tirem suas próprias conclusões.

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