Hariovaldismo

O movimento cultural Hariovaldismo trabalha com margens de acerto, jamais de erro. Qual o impacto disso na análise dos escritos do nobre Professor Doutor Hariovaldo Almeida Prado, em que medida a obra do escritor português Fernando Pessoa influencia esse movimento cultural?

É fato que trabalhar com margens de acerto impressiona os discípulos ao mesmo tempo em que desconcerta os adversários do professor Hariovaldo. Como isso funciona?

Cito dois comentários publicados no site do Mestre (1):

1 – “O comuno blogueiro [Eduardo Guimarães, presidente do Movimento dos Sem Mídia] não atacou o melhor de todos, o único portador da realidade estatística, o impoluto, decano da matemática nacional, o DATAPRADO, pois até nossos inimigos sabem de nossa retidão moral, caráter ilibado e competência aprovada.” – Aurelio Monte y Vaz, 11/05/2010

2 – “Escriba vermelho,

Parabenizo-te, pois tu, apesar de entorpecido pela vermelhidão bolchevique que assola tua mente, em um último arroubo de sensatez, não incluíste os seriíssimos DATAPRADO e CMAPP [Centro Munchausen de Análises e Pesquisas Políticas] entre os institutos denunciados.

Digo mais: Fizeste bem em denunciar os institutos em questão, pois apresentavam resultados assaz diferentes da realidade. O DATAPRADO, detentor de métodos moderníssimos de coleta e tratamento de dados, agindo sob o mais absoluto rigor científico, registrou um índice de 96 pontos porcentuais de intenções de voto para nosso libertador, Dom José.

Alguns (…) discutiram o fato de os números da pesquisa, somados, perfazerem cento e dois pontos porcentuais.

Mas esta é a margem de acerto (os métodos modernos não tem margem de erro, mas de acerto), que é de dois pontos para cima.” – Professor Temístocles Sabóia Filho (o bom), 12/05/2010

Esses dados começam a fazer sentido quando se pensa na obra do escritor português Fernando Pessoa (1888-1935): o valor da soma de “a arte-todas-as-artes” sempre será maior do que a soma de cada “arte” considerada individualmente.

Portanto, pode-se considerar o Hariovaldismo o herdeiro intelectual do Sensacionismo, movimento cultural português do início do século XX.

Um texto da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS (2) descreve aquele movimento:

“A arte-todas-as-artes, que tem como propósito comprimir toda a terra, unindo todos os países materialmente e intelectualmente, é o próprio Sensacionismo. Esta arte universal busca sintetizar tudo o que já foi produzido nos mais diferentes tempos e lugares, desde o Egito, a Grécia, Roma, até a época do Orpheu. Uma arte dessa magnitude ‘em vez de ter regras como as artes do passado, passa a ter só uma regra – ser a síntese de tudo’. Por isso, ao contrário das escolas literárias que se assentam sobre bases determinadas, seguindo seus princípios, Fernando Pessoa não assenta o Sensacionismo sobre base nenhuma. Além disso, Pessoa não delimita uma visão de arte porque aceita todas.

‘O Sensacionismo difere de todas as atitudes literárias em ser aberto, e não restrito. Ao passo que todas as escolas literárias partem de um certo número de princípios, assentam sobre determinadas bases, o Sensacionismo não assenta sobre base nenhuma. Qualquer escola literária ou artística acha que a arte deve ser determinada coisa; o Sensacionismo acha que a arte não deve ser determinada coisa’.”

Ao superar a marca de mais de 500 mil page views em seu site, o professor Hariovaldo comentou (3):

“Temos recebidos elogios pela seriedade, coerência, e inteligência do site, se bem que este último elogio é certamente devido a essa plêiade de comentaristas que sóis vós, os que abrilhantam este pequeno espaço com isenção, eqüidade e imparcialidade, fazendo dele um gigantesco libelo da democracia em prol do mundo livre. Por isso mesmo devemos seguir avante, amados irmãos, sempre avante pois a nossa vitória final já se desponta no horizonte. Abaixo a gentalha! Viva a República!”

Novamente, vemos a influência de Fernando Pessoa. Do texto da UFRGS:

“Como, segundo Pessoa, a arte não tem fim social para o artista, e, sim, ‘um destino social’, o papel social da arte é, consequentemente, diferente do artista. Desta forma, para poder expressar uma sensação, o poeta precisa primeiro tomar consciência dela, a fim de que possa exprimi-la da maneira mais adequada.”

Daí pode-se entender o desprezo do professor Hariovaldo pela “gentalha”. O “destino social” de sua arte são os comentaristas – homens bons e mulheres boas do país – e pouco se importa com o “fim social”, que se torna irrelevante em relação ao teor da mensagem transmitida.

Os escritos do professor Hariovaldo seriam, portanto, um exemplo de arte elitista?

Essa é uma pergunta inadequada e é, em última análise, o grande motivo de confusão dos adversários do professor Hariovaldo.

O Hariovaldismo, da mesma forma que o Sensacionismo, é uma “arte universal busca sintetizar tudo o que já foi produzido nos mais diferentes tempos e lugares”. Ele trafega com desenvoltura por vários movimentos culturais porque incorpora, em graus variados, elementos de cada um deles.

Para uma melhor compreensão dos escritos do professor Hariovaldo, vale a pena lembrar os princípios do Sensacionismo. Novamente, do texto da UFRGS:

“A sensação, por si só, não possui valor artístico ou mesmo sentido. Somente ao tomar consciência da sensação o poeta pode lhe dar valor artístico. A partir disso, Pessoa apresenta os princípios do Sensacionismo:

1. Todo o objeto é uma sensação nossa;
2. Toda a arte é a conversão de uma sensação em objeto;
3. Toda a arte é a conversão de uma sensação em outra sensação.

Segundo tais princípios, o poeta deve transformar uma sensação sua em objeto – este objeto é a própria palavra – para, através deste objeto, comunicar o valor do que se sente a um interlocutor, visto que o que se sente não se pode comunicar, apenas o valor do que se sente.”

Vem daí o “Viva a República!” do professor Hariovaldo. Para a Wikipedia (4), “o conceito de república é ambíguo, confundindo-se às vezes com democracia, às vezes com liberalismo, às vezes tomado simplesmente em seu sentido etimológico de ‘bem comum’; mais recentemente, tem sido interpretado pelo senso comum como ‘respeito às instituições’.”

Para o professor Hariovaldo, todavia, essa ambiguidade não existe. “Respeito às instituições” se transforma em respeito aos valores dos homens bons e das mulheres boas do país, pessoas que se tornam o próprio conceito de República. Para ser mais exato, o professor reafirma suas origens acadêmicas pois trata-se de uma República de Estudantes (5):

“As suas origens remontam ao século XIV, em Coimbra, berço da academia de Portugal e do Brasil, quando o D. Dinis, por diploma régio de 1309, promoveu a construção de casas na zona de Almedina e que deveriam ser habitadas por estudantes, mediante pagamento de um aluguel, cujo montante seria fixado por uma comissão, expressamente nomeada pelo Rei, constituída por estudantes e por ‘homens bons’ da cidade. É assim que a partir de um tipo de alojamento comum, permitindo minimizar os encargos financeiros, viriam a surgir, por evolução, as atuais Repúblicas. Ainda hoje as ‘casas’ caracterizam-se pela exaltação de valores universais que unem o passado ao presente: a vida em comunidade, a soberania e a democraticidade. As decisões são geralmente tomadas por unanimidade e todos os membros responsabilizados na gestão da ‘casa’.”

Alvíssaras!

Notas:

(1) http://hariprado.wordpress.com/2010/05/09/grande-homem-bom-indicara-o-vice-de-jose-serra/

(2) http://www.seer.ufrgs.br/index.php/NauLiteraria/article/viewFile/5070/2925

(3) http://hariprado.wordpress.com/2010/04/23/meio-milhao-de-homens-bons-alvissaras/

(4) http://pt.wikipedia.org/wiki/Rep%C3%BAblica

(5) http://pt.wikipedia.org/wiki/Rep%C3%BAblica_de_estudantes

Redação

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