Lei dos Meios? O plim plim treme de medo

No Jornal Hoje, ao final da matéria sobre a reeleição de Correa no Equador, em tom grave e sério, Delis Ortiz concluiu: -“Agora, com maioria no Congresso, vai poder fazer as reformas que limitam a liberdade de imprensa no país”.

A notícia, em uma cobertura isenta, deveria ser “vai poder regulamentar os meios de comunicação”. Mas, o Plim Plim está morrendo de medo de que se faça o mesmo por aqui, dai emitir sua opinião/julgamento/conclusão, buscando “água mole em pedra dura” dar continuidade à sua cruzada contra qualquer ação governamental que limite/discipline/penalize os seus “interesses”.

Os grandes conglomerados de comunicação no Brasil cresceram durante o período dos governos militares e foram importantes para a “união nacional”, para usar um termo em moda na época. Virou folclore a “inocente” afirmação do general-presidente de então, Medici, que: “era muito bom assistir ao Jornal Nacional. Enquanto no mundo tinha guerra, catástrofes, fome e destruição, aqui não acontecia nada disso”. Outros preferem acreditar que aconteciam coisas sombrias nos porões da ditadura sim, mas que a nossa grande mídia preferia silenciar, para não incomodar a tranquilidade dos então governantes (conforme hilária passagem relatada acima).

Com a redemocratização do Brasil, Sarney e ACM, respectivamente, presidente e Ministro das Comunicações, utilizaram as concessões de rádio e TV como “moeda política”. (Um tipo de “Mensalão”, que não interessava ser denunciado na TV) É desta forma que se explica que 271 políticos são sócios ou diretores de 324 veículos de comunicação”, especialmente emissoras de Rádio e TV, segundo o estudo “Donos da Mídia”.http://donosdamidia.com.br/levantamento/politicos. Sobre o número de políticos com emissoras, postei no twitter que, curiosamente, eram “171 + 100”.

Recentemente, ganhou grande repercussão a declaração de Assange de que o Brasil “era o país dos 30 Berlusconis”. Outros preferem definir a concentração dos meios com a afirmação de que “apenas 6 famílias controlam 70% da mídia no país.”

Tudo corria bem. Os “Donos das Mídias” comungavam dos mesmos interesses com os milicos, com os “coronéis” da “Nova República” e até nos 2 governos FHC. O problema (???) começou quando Lula finalmente derrotou os meios de comunicação e se elegeu presidente. Sobre isso, recomendo a leitura do Prof. Dr. Antônio Albino Canelas Rubim http://www.labcom.ubi.pt/files/agoranet/06/rubim_colling_midiaculturaeleicoes.pdf

O resto da história é recente e todos são testemunhas. Lula atraiu o ódio dos conservadores ao governar não mais para as “zelite”, mas sim para o povo; o Brasil cresceu; a renda dos trabalhadores cresceu; o desemprego diminuiu; a qualidade de vida da maioria da população melhorou, com casa própria, filhos na faculdade, acesso ao crédito, carro novo na garagem da Classe C, etc, etc. Lógico que Lula se reelegeu e ao sair, deixou Dilma em seu lugar. Os grandes meios de comunicação diziam que “a terrorista era um Poste”. Agora já viram que o “Poste” não está para brincadeira, e suprema ironia, ela “reduziu as tarifas de energia elétrica”.

Foi aos meios de comunicação –depois de tentar uma convivência republicana com eles, tendo apanhado muito, sistematicamente- e falou diretamente ao povo: “a turma que é contra o Brasil está sendo derrotada”. Xilique da oposição barata tonta e de seus porta-vozes oficiais, a grande mídia.

Na Argentina, a Ley dos Meios foi implantada e contrariou os interesses do Clarin, que para cumprir a lei, seria obrigado a se desfazer de parte de seu império midiático. Até hoje no Brasil, sem uma “regulamentação”, os grandes veículos praticam a chamada “propriedade cruzada” (ou seja, são donos de TVs, Rádios, Revistas, Jornais, Portais de Internet e outros meios) livremente, apesar de ser (teoricamente) proibido por nossa Constituição. (O “teoricamente” é justamente pela falta da tal regulação). No Uruguay, Mujica já se declarou a favor da regulamentação. Agora, é o Correa que -diz o Jornal Hoje- que vai fazer.

O plim plim, com seus 340 veículos, certamente não deseja a regulamentação da comunicação no país. Claro, isso iria atrapalhar os “seus interesses”. Mas, cá entre nós, a TV é uma concessão pública, que deve seguir regras claras de interesse público. Enquanto isso, eles aproveitam qualquer coisa, até a reeleição no Equador, para defender os seus interesses empresariais e políticos. “Somos contra a Censura”, dirão. Ok, mas na época dos Milicos vocês a achavam bacana, né? Façam-me o favor….

Redação

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