“Liberdade”, de Fernando Pessoa por Jô Soares

 

   

para assistir ao Jô Soares declamando Liberdade, clique AQUI

 

 

Ai que prazer

Não cumprir um dever,

Ter um livro para ler

E não o fazer!

Ler é maçada,

Estudar é nada.

O sol doira

Sem literatura.

O rio corre, bem ou mal,

Sem edição original.

E a brisa, essa,

De tão naturalmente matinal,

Como tem tempo não tem pressa…

.

Livros são papéis pintados com tinta.

Estudar é uma coisa em que está indistinta

A distinção entre nada e coisa nenhuma.

.

Quanto é melhor, quanto há bruma,

Esperar por D. Sebastião,

Quer venha ou não!

.

Grande é a poesia, a bondade e as danças…

Mas o melhor do mundo são as crianças,

Flores, música, o luar, e o sol, que peca

Só quando, em vez de criar, seca.

.

O mais do que isto

É Jesus Cristo,

Que não sabia nada de finanças

Nem consta que tivesse biblioteca…

.

sem data

.

.

……………………………………………………………………………………………………………………………………………

Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995).   – 244.

1ª publ. in Seara Nova , nº 526. Coimbra: 11-9-1937.

 

Jô Soares interpreta o poema acompanhado ao teclado por Billy Forghieri

 

Redação

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