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Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa…
.
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
.
Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
.
Grande é a poesia, a bondade e as danças…
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
.
O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca…
.
sem data
.
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Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995). – 244.
1ª publ. in Seara Nova , nº 526. Coimbra: 11-9-1937.
Jô Soares interpreta o poema acompanhado ao teclado por Billy Forghieri
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Esse é um poema daqueles que credenciam o viver
Pessoa, Pessoa… leio a ti e concluo que há semideuses sim, Pessoa.