Logan

Se excluirmos X-Men First Class, filme de 2011 em que Logan aparece numa cena curta dizendo “Go fuck yourself.” quando tentam recrutá-lo https://www.youtube.com/watch?v=T2ZjNVnOQxQ, o filme que estreou a semana passada é o melhor com a participação do Wolverine.

Logan é interessante menos por causa da violência exagerada, tão comum nos filmes norte-americanos, mas por causa da humanização dos personagens. Envelhecidos e decrépitos, Logan e o Professor Xavier sofrem os mesmos problemas que as outras pessoas. Logan encontra uma filha indesejada e não sabe como lidar com ela. Para evitar surtos, Xavier usa medicamentos que o deixam sonolento. Ele passa a maior parte do tempo confinado numa cama.

Os super-heróis aposentados nos fazem refletir sobre a condição humana, inclusive e principalmente quando tem que enfrentar adversidades impostas pela decadência biológica. Xavier começou a perder a memória e se tornou um peso inútil. O corpo de Logan já não consegue mais se regenerar como antigamente. Ao ver a cena de Xavier sendo transportado para o banheiro no colo do amigo, lembrei do meu pai idoso que já não conseguia mais andar e que precisava ser carregado da cama para a sala, da sala para a cozinha ou para o banheiro.

Quando nós nos tornamos pesos mortos, as novas gerações começam a assumir o nosso lugar. O mesmo processo ocorre no filme Logan. Mas os novos mutantes não lutam porque querem salvar o mundo e sim porque querem ser salvos dele fugindo para o Canadá. Qualquer semelhança com a realidade atual nos EUA não é mera semelhança.

A violência exagerada é a matéria prima fundamental de todos os filmes com o personagem Wolverine. Em Logan ela se torna apenas um complemento estético para que, de vez em quando, possamos lembrar que não estamos vendo um filme sobre nossas vidas. É isto que faz de Logan um filme acima da média. Ele não retira sua matéria prima apenas da ficção e da realidade, mas de algo que é profundamente humano onde quer que existam seres humanos.

Um bom filme. Vale o ingresso. 

Fábio de Oliveira Ribeiro

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