Ministra da Mulher do Chile, que elogiou Pinochet, renuncia após pressão feminista

Antes de ser ministra, Santelices elogiou o "lado bom" da ditadura Pinochet, que torturou e estuprou milhares de mulheres perseguidas politicamente

Jornal GGN – A ministra de gênero e mulheres do Chile, Macarena Santelices, sobrinha-neta do falecido ditador Augusto Pinochet, renunciou após um mês no cargo, após “uma reação furiosa à sua nomeação e uma série de erros”. A informação é do jornal The Guardian.

Antes de ser ministra, em maio, Santelices havia elogiado o “lado bom” da ditadura Pinochet, que torturou e estuprou milhares de mulheres perseguidas politicamente.

Uma vez no cargo, ela supervisionou uma série de decisões controversas, levando a hashtag #WeDoNotHaveAMinister a virar tendência nas redes sociais de chilenos.

Na segunda (8), ela nomeou Jorge Ruz – conhecido por trabalhar em um reality show que julga mulheres em competição de maiô – para chefiar a divisão de pesquisa do Ministério.

A Assembléia Feminista Plurinacional descreveu a mudança como “inaceitável”: “Exigimos a partida dela AGORA”, tuitou.

Em maio, o Ministério da Mulher gerou revolta por causa de uma campanha pública contra a violência doméstica, com um vídeo no qual um homem idoso chora por ter abusado da esposa. “Os críticos demonstraram muita simpatia pelos agressores, e o Ministério rapidamente removeu o vídeo”, anotou o Guardian.

Macarena se descreve como feminista, mas condena grupos feministas fortes do Chile por buscar “caos e destruição”. No Twitter, após anunciar a saída, ela escreveu: “No dia em que se entender que os direitos das mulheres não são políticos – que eles pertencem a todos e para todos – podemos avançar”.

Segundo o Guardian, o Ministério da Mulher é feudo da União Democrática Independente do partido de direita, parte do governo de coalizão conservador liderado pelo presidente Sebastian Piñera.

Macarena sai, mas entra em seu lugar Monica Zalaquett, uma ex-vice-presidente que se opôs fortemente à descriminalização do aborto em casos de estupro e de risco para a mulher, durante o governo Bachelet.

“Em 2013, quando o aborto ainda era proibido em todas as circunstâncias, Zalaquett aplaudiu a ‘bravura’ de uma menina de 11 anos que deu à luz após ter sido negado pelo Estado ao direito de aborto”, lembrou o Guardian.

Os protestos contra a tendência anti-feminista no Ministério continuam.

Redação

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