No Rio De Janeiro, Casas De Sucos Que São Mais Que Sucos.

Café c/ leite servido na mesa, menos de 1us

 

FRUGAL TRAVELER

Ver o mundo sem estourar o orçamento

The New York Times
Se você leu o recente
artigo da capa na Times intitulado “ Foreigners Follow Money to Booming Brazil, Land of Martini $ 35″, você sabe quão caro o Brasil se tornou. Em relação a algumas medidas, Rio de Janeiro e São Paulo são agora mais caros do que Londres ou Nova Iorque ou Oslo – é surpreendente, considerando que alguns dos seus serviços municipais estão mais para La Paz ou Dakar.

É desnecessário dizer que a economia em expansão no Brasil e a moeda forte tornaram-lhe um lugar difícil para viajar pensando no barato. Eu nunca vou parar de recomendar o Rio de Janeiro como destino, mas, nos dias de hoje, sobreviver em uma viagem com baixo orçamento nessa cidade exige alguns truques.

Hoje eu vou compartilhar um deles: por muito menos do que o preço desse martini de US$ 35, você pode ter três refeições diarias, típicas brasileiras, com porções generosas, surpreendentemente saudáveis, sem colocar os pés fora do luxuoso paraíso à beira-mar de Ipanema.

Aqui está a dica: as casas de sucos nas esquinas da cidade, sem compromissos, de atendimento rápido, onde o atendente anota seu pedido e sai gritando – “uma laranja com mamão, sem açúcar!” – e na parede pilhas de abacaxis, goiabas, maçãs e mangas. Um ou dois minutos depois, aparece um copo através da abertura na parede, com gelos, o delicioso suco. Você consome no balcão, e se manda de volta para a praia.

Pelo menos, é isso que muitos turistas pensam para que servem essas casas de suco – a maioria das quais são pequenas redes de bares que você somente encontra no Rio. Longe disso. Elas também são restaurantes, algo muito semelhante ao diners gregos de Nova York, com menus completos que vão desde o café da manhã aos baratos salgadinhos, do prato de arroz com feijão no almoço aos saudáveis sanduíches ​​para as pessoas de bikini que vem da academia e vão para a praia. Pelo fato de a comida ser muito variada e de baixo custo, bem brasileira e muito saudável, o turista quase que poderia ter todas as suas refeições nesses lugares por uma semana.

Ou pelo menos um dia. Que é o que eu fiz na semana passada no Beach Sucos, meu favorito, no número 198 da Rua Visconde de Pirajá, a rua principal de Ipanema (existem dois outros locais). Meu objetivo: variar os pedidos, para criar um menu para um dia inteiro e saber quanto custaria o típico café da manhã, almoço e janta.

Se isso parecia amistoso, ou frenético, e estranho o fato de eu continuar voltando, os garçons não demonstravam. Estão acostumados com clientes regulares, especialmente os trabalhadores das lojas locais que vivem em bairros muito menos rico e não podem arcar com os preços dos restaurantes típicos de Ipanema. O fato de que eu tirava fotos de tudo não parecia atormentá-los também: eles já estão acostumados com as câmeras dos felizes turistas.

Eu vou mostrar minha seleção das três refeições do dia a seguir, mas, primeiro, uma pausa para mostrar aquilo que você pode ter no Beach Sucos pois o menu está em Português, e um monte de itens disponíveis não constam nele, mas são mostrados em fotos ou avisos na parede e atrás do balcão (os menus das concorrentes são bastante semelhantes). Ele pode ser confuso. Não é à toa que os visitantes tendem a pedir sempre a mesma coisa, assim, é é… suco de graviola.

Sucos (juices): As escolhas são infinitas. A lista na parede tem 38 frutos, a partir dos familiares – laranja, abacaxi, limão e melancia – para as incomuns: frutas da Amazônia e do Cerrado, como cupuaçu, cajá e a minha nova favorita, mangaba, parecida com uma pérola. Elas não são disponíveis em todas as estações do ano, e algumas frutas de transporte mais difícil estão disponíveis apenas em polpa congelada. Para descobrir, pergunte se um certo suco é “natural”, a palavra que em português vagamente significa “espremido fresco”. Existe uma lista separada de sucos Especiais, em sua maioria misturas como abacaxi e hortelã fresco, um refrescante que te leva a invejar os brasileiros. Uma frase útil aqui é “sem açucar”, que significa “no sugar”.

Açaí: Antes da fruta açaí, uma berry roxa, transformar-se em uma mania de alimento saudável, ​​muito discutível, em todo o mundo, a sua polpa, congelada misturada com granola (você come com colher) ou banana ou salpicado com ginseng ou guaraná, se tornou uma presença obrigatória no cenário das casas de suco do Rio. (Note que já vem pré adoçado, não existe a opção “sem açucar” por aqui).

Vitaminas: O termo para milkshake, que aparentemente o brasileiro acredita ter muitas vitaminas. Notável é a opção de abacate – feita com avogados.
Misturas incomuns: Você observa cartazes anunciando as saudáveis
​​misturas que combinam ingredientes como sementes de trigo e linho no suco. Chamados de bomba baiana.

Salgados: Nunca são listados no menu, essas “coisas saborosas” dentro de um balcão de vidro são encontrados por todo o Brasil, constituídos geralmente por algum tipo de massa (cozido ou frito) e algum tipo de enchimento como carne ou queijo ou palmito. Eles são baratos e satisfazem.

Café da manhã: café, torradas com manteiga, omeletes e saladas de frutas dão uma toque especial ao local pela manhã, muito parecido ao do jantar.

Sanduíches quentes: Várias categorias no menu aparecem sob esse título, que vão desde o clássico misto quente (presunto grelhado e queijo) a filet mignon e filé de frango e uma lista enorme de variedades de hambúrguer com diversas coberturas. Note-se que muitas casas de suco usam a abreviação X-burguer para designar cheeseburger, uma vez que a letra X em Português soa como “cheese”. Adorável, a menos que você seja um incauto turista alérgico à lactose.

Sanduíches naturais (“natural sanwiches”): Mais uma vez, a palavra natural significa algo um pouco diferente do que em Inglês – refere-se a lanches que não são grelhados e, geralmente, são menos gordurosos. Estamos falando de salada de frango, ricota, esse tipo de coisa.

Pratos Executivos (“executive plates”): Na hora do almoço em dias de semana, a Beach Sucos fica cheio de pessoas que trabalham na redondesa e que não podem pagar o que os turistas e a alta classe desembolsam em restaurantes da área. Pratos executivos (é muito improvável encontrar executivos no local) são combinados de carne-arroz-feijão-salada que qualquer um que tenha andado pela América Latina reconhecerá.

Pizzas e crepes: Não me  pareceu coisas boas, mas eu não testei.
Doces (sweets): Beach Sucos oferece o brigadeiro clássico (um bombom como trufa super-rico de leite condensado, manteiga, pó de cacau e coberto de chocolate granulado), o quindim (super-rico em gemas de ovos e coco) e bolos vendidos em fatia.

Aqui está o menu que eu desenvolvi (embora eu realmente coma muito mais do que listei aqui para fins de amostragem), com preços em reais (no cambio de 1,68 reais por dólar). Alguns itens são destinados para duas pessoas.

Café da Manhã (13,35 reais)

1) Suco de laranja (3,50 reais): Fruta fresca, é claro. Também é muito bom misturado com suco de mamão.
2) Cafezinho (1.20): Café, servido à sua mesa com o leite fumaçando.
3) Meia salada de frutas (4,25): enorme e deliciosa.
4) Meio omelete de presunto e queijo com torradas (4,40): Não é uma obra de arte, mas saboroso.

Almoço (19,40 reais)

1) suco de Jabuticaba (4,80 reais): O suco do cupuaçu, fruta, que tem uma polpa branca e um sabor que lembra uva, é uma obrigação provar se for na estação. Encontrá-lo em qualquer outro lugar no mundo é quase impossível.
2) Prato Executivo: estrogonofe de frango (12,00): servido com arroz, salada e batatas fritas. Os brasileiros desenvolveram um estrogonofe próprio, e Beach Sucos faz uma versão muito boa.

3) Sobremesa: Brigadeiro ou quindim (2,60).

Jantar (12,30 reais)

1) Clorofila Mix (4,90 reais): Um preparado estranho onde misturam suco de abacaxi e kiwi com a semente de trigo, linho, e pó de guaraná.
2) Sanduiche de ricotta com espinafre (7,40): na categoria “sanduíches light”.

Total geral: 45,05 reais ou 26,80 dólares

O que deixa você ainda com tímidos 8 dólares em relação ao custo do martini, mas quem bebe martini no Brasil, afinal? Por US $ 8, você pode ainda se dar ao luxo de tomar quatro valentes caipirinhas dos vendedores de rua da Lapa um bairro que faz parte do centro. Mas, acreditem duas será o bastante.

Veja o original no link: http://frugaltraveler.blogs.nytimes.com/2011/09/20/in-rio-de-janeiro-juice-bars-that-are-more-than-juice/ 

 

 

 



 

 

 

 

Redação

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