O “acolhimento”. Diferentes práticas na psicologia

A 2ª Mostra Nacional de Práticas em Psicologia recebeu mais de 5 mil relatos, que mostram a beleza, a importância e abrangência do trabalho de seus profissionais no país. Suas práticas são classificadas em 19 áreas de atuação, com 14 diferentes processos de trabalho.


Um destes processos, o acolhimento, é assim definido pelo Ministério da Saúde:  “Acolhimento é uma diretriz da Política Nacional de Humanização (PNH), que não tem local nem hora certa para acontecer, nem um profissional específico para fazê-lo: faz parte de todos os encontros do serviço de saúde. O acolhimento é uma postura ética que implica na escuta do usuário em suas queixas, no reconhecimento do seu protagonismo no processo de saúde e adoecimento, e na responsabilização pela resolução, com ativação de redes de compartilhamento de saberes”.


A psicologia, em suas diferentes áreas de atuação, permite identificar o acolhimento de forma transversal. Para isso, destacamos alguns relatos de práticas que utilizam este processo.  Comecemos pela Saúde: -“A oportunidade de colocar o que sente neste momento de vida, em um grupo que apresenta sentimentos similares, tem proporcionado na enfermaria um ambiente mais cooperativo e solidário. Destacam (os atendidos) que poder ter um espaço para compartilharem suas dúvidas, angústias ou temores, sem serem julgados, tem sido bastante significativo e fortalecedor, alterando inclusive a imagem que se tinha do serviço público”. Valquiria Wanda Lopes dos Santos, coordenadora da prática “Grupo de acolhimento para acompanhantes hospitalares”, Hospital da Restauração. Recife, PE.


Na Assistência Social: –“No decorrer das atividades, outro momento de acolhimento ocorria na recepção e no espaço de convivência da Associação, momento em que  emergiam os históricos de vida, vínculos familiares, a relação do usuário com o trabalho, seu projeto de vida e suas dores. Ressaltamos que a prática não era exclusiva da psicóloga, nem dos técnicos de nível superior, mas todos os integrantes da equipe do projeto se envolviam de alguma forma no momento do acolhimento”. Nivya Kellen de Castro Valente, coordenadora da  prática “Psicologia e Processos de Acolhimento: A experiência do Projeto Nós e& Voz na inclusão social de pessoas com transtorno mental”. Associação Chico Inácio, Manaus, AM.


Na Comunidade: –“Percebemos que a separação da família, a necessidade de adaptação a um novo ambiente, em especial uma instituição e a própria idade, provoca desmotivação, baixa auto-estima e até isolamento das pessoas e com o nosso trabalho conseguimos elevar a auto-estima, motivação, comunicação e companheirismo dos idosos em casas de repouso.”  Gilson Luiz de Amorim Melo, coordenador  da prática “Terceira idade: reforçando a auto-estima, motivação e comunicação entre homens e mulheres idosos”. Recife, PE.


Nos Direitos Humanos: –“A experiência do trabalho realizado no atendimento destes adolescentes nos mostra que o psicólogo atuante deve ter um olhar ampliado e ter acesso à toda demanda que envolve o ato infracional e ao adolescente que o cometeu, além de compreender a necessidade que perpassa brevemente pela própria questão da adolescência, a fim de obter melhor compreensão do significado da infração na vida de cada adolescente”. Maria Fernanda Jorge Rocha. Prática: “A presença do psicólogo educador social em um programa de medidas socioeducativas em meio aberto”. São Carlos, SP.


Na Educação: –“Proporcionou-se um espaço de acolhimento, escuta e respeito às dificuldades ou sofrimento psíquico, fazendo com que os sujeitos pudessem se fortalecer para enfrentar o que lhes afligia, bem como repensar sua postura diante de seus conflitos. O Plantão Psicológico na escola , também se caracteriza como uma forma de levar ao conhecimento de todos o fazer do psicólogo”. Edinara Michelon Bisognin, coordenadora prática “Plantão Psicológico: Espaço de escuta e acolhimento”. Frederico Westphalen, RS.


No Trabalho: –“A intervenção em Psicologia possibilitaria um espaço de acolhimento, onde os afetos conflituosos poderiam se integrar e permitir a articulação com estratégias coletivas de defesa para relacionar-se com o campo do trabalho”. Evelyn Yamashita Biasi, coordenadora prática “A atenção à saúde do trabalhador no cotidiano de uma clínica-escola”. Adamantina, SP.


Em Questões de Sexualidade e Gênero: –“Após mais de dez anos de existência do setor de atendimento psicológico, ainda encontramos dificuldades para a construção de espaços de interação/reflexão das práticas de atendimentos entre a equipe de psicologia e da delegacia. A falta de diálogo, por vezes, gerou situações em que os funcionários acabaram por retificar as violências, através de discursos moralistas e de concepções pessoais conservadoras”. Tayane Rogeria Lino, coordenadora da prática “Uma experiência de pronto atendimento na Delegacia Especializada de Crimes contra a Mulher.  Belo Horizonte/MG.


No Mundo Jurídico: –“O trabalho com o instituto da adoção é bastante delicado, complexo e tem por intuito levar os postulantes à reflexão. Por um lado, a equipe interprofissional busca realizar um trabalho socioeducativo que envolva formação, orientação e acompanhamento de uma pessoa, casal ou grupo que deseja receber uma criança como filho”. Darlene Cairo Ribeiro e Silva. Prática “O instituto da adoção e o trabalho do psicólogo na Vara da Infância e Juventude”. Vitória da Conquista-BA


De norte a sul do país, a interação transdisciplinar dos profissionais de psicologia permite uma melhor compreensão do processo de “acolhimento” e sua importância para a sociedade.   Neste sentido, a  2ª Mostra Nacional de Práticas em Psicologia pretende compartilhar a riqueza da contribuição de seus profissionais, em suas diversas áreas e processos, reafirmando “o compromisso com a construção do bem comum” .

Redação

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