O Brasil do Maranhão e o de Daniel Dantas, por Mino Carta

Sugerido por Antonio Carlos Silva

Da Carta Capital

Este é o país
 
Das atrocidades do Maranhão até a impávida presença de Daniel Dantas e dos serviços a ele prestados por Gilmar Mendes, provas diversas do nosso atraso
 
por Mino Carta
 
Este é o país do futebol e da oligarquia ainda viva em muitos de seus recantos. Este é o país do batuque no morro e das atrocidades ocorridas nestes dias no Maranhão, feudo dos Sarney.

Este é o país do príncipe dos sociólogos, e também aquele que, conforme o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, o Pisa, entre 65 países pesquisados fica em 58º lugar em matemática, 55º em leitura e 59º em ciência, superado pela maioria dos países latino-americanos. Mas o ministro da Educação fala em “grande avanço”, embora tenhamos regredido em matemática e leitura e mantido a mesma classificação em ciência no confronto com a pesquisa de três anos atrás.

Este é o país onde até jornais que apoiaram o golpe de 1964 agora descobrem, tomados de espanto, que os Estados Unidos pretenderam e participaram ativamente da derrubada de Jango Goulart, e mais participariam se preciso fosse. Da mesma forma é o país onde nomes de ditadores e dos seus apaniguados e torturadores, e de quem os apoiou, adornam pontes, viadutos, galerias, avenidas.

Este é o país que anualmente registra mais de 50 mil homicídios, baixa esta próxima do número de mortos americanos ao longo de toda a Guerra do Vietnã. Este é o país que abriga na prisão um certo grupo criminoso chamado PCC, capaz de paralisar a quarta cidade mais populosa do mundo, capital do estado de São Paulo, a ostentar a sua condição de terceira economia latino-americana.

Este é o país onde ministros da Justiça presentes e futuros advogam para o banqueiro orelhudo do Opportunity, pluricondenado no exterior e no Brasil salvo sempre e sempre de qualquer enrascada, a contar com a poderosa e decisiva ajuda, no caso da Operação Satiagraha, do próprio presidente do STF, a corte suprema, à época Gilmar Mendes, habilitado a “chamar às falas” o presidente da República.

Nesta edição, CartaCapital volta a convocar na capa a singular figura de Daniel Dantas, não fosse este o país já estaria na cadeia. DD retorna à berlinda por causa de um livro de autoria de Rubens Valente editado pela Geração Editorial, Operação Banqueiro, incursão certeira por aventuras dantescas.

CartaCapital é certamente a publicação que mais espaço dedicou à personagem nos últimos 15 anos e mantém dele a documentação mais completa. O trabalho pioneiro coube a Bob Fernandes, então redator-chefe, mas sempre repórter. Bob teve um excelente continuador em Sergio Lirio, que o substituiu na chefia da redação e como repórter na cobertura das façanhas de DD.

Há outras citações indispensáveis, a começar por Rubens Glasberg e sua Teletime, na versão impressa e naquela online. Rubens foi o primeiro jornalista alvejado judicialmente pelo banqueiro, que já derrotou em cinco processos de sentença passada em julgado, enquanto o sexto ainda prossegue. Teletime contou também com o trabalho atilado de Samuel Possibon, diretor da sucursal da publicação em Brasília. E não esqueçamos entre os blogueiros o vigoroso, infatigável Paulo Henrique Amorim.

Este é o país de jornalistas, por mais raros, que sabem de suas responsabilidades e buscam a verdade factual. Claro que nem tudo é drama e tragédia. Pelo menos há quem se indigne e resista. Neste momento, receio, porém, que os eventos do Maranhão ganhem a dianteira para simbolizar o nosso atraso aterrador.

 

Redação

13 Comentários

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  1. E vem uma animalzinho de rabo

    E vem uma animalzinho de rabo e diz: imagina na Copa? PQP! A maior parte das pessoas que falam isso não fazem a mínima ideia de quem é Daniel Valente Danta, o DVD, e suas peripécies. E pior, eles tem coragem de dizer que o Brasil acordou? PQP de novo Nassif! Quando depois das prisões dos petistas o ministro Jorge Hage disse em entrevista que os verdadeiros poderosos ainda estavam livres, e que se diga depois sonsamente a Patricia Poeta alegou que o Ministro não quis dizer quais eram os verdadeiros simbolos de corrupção no Brasil, eis de quem Hage estava falando o DVD. Esse é bom, com dois Habeas Corpus você leva!

  2. O mais interessante no editorial do Mino

    é que os dois citados, DD e Sarney, tem antigas ligações que são, no meio jornalístico e na alta sociedade paulistana, mais um desses segredos de Polichinelo.

  3. Fui ao centro da cidade com

    Fui ao centro da cidade com um amigo,resolver um problema do cotidiano.Chegamos ao local,chamamos o elevador,entramos e no seu interior já se encontrava um senhor.Demos bom dia,que ele respondeu.Marcamos nosso andar, o elevevador subiu.Meu amigo virou-se para mim,perguntando?Rapaz,você viu o caso de um tal tremsalão envovendo tucanos de alto coturno.É ví,respondi.Parece que a mídia não se interessou muito.E o caso do tal Helicoptero que caiu abarrotado de cocaína,você soube.Sim,soube os  proprietários são um Senador e um seu filho Deputado,mas da mesma forma do tal tremsalão  tucano, a midia não deu muita bola.Meu amigo,meio que irritado bradou:Cadê a Globo,a Folha,O Estadão,A Veja,cadê A Veja,onde estão?O elevador parou,o senhor que já estava dentro,pediu licença saiu, já do lado de fora,olhou para mim e meu amigo deu um sorrisinho sacana e apontou para o bolso dele.Ficamos,eu e meu amigo,sem entender a situação.A porta do elevador se fechou, e só aí me dei conta que aquele FDP era Daniel Dantas.

  4. Um texto irretocável de um

    Um texto irretocável de um dos maiores jornalista brasileiro de todos os tempos,Mino Carta.Alvíssaras,meu capitão.Terra à vista.Sem sombra,medo e pesadelo,à vista a terra limpa e abençoada da liberdade.

  5. MINO, JORNALISTA ADMIRÁVEL

    Desde há muito tempo admiro Mino Carta.

    Tenho por ele um grande respeito, por ter a condição, honrosa condição de criticar com muita capacidade e imparcialidade.

    Parabéns, Mino.

  6. A inacreditavel explicação da

    A inacreditavel explicação da Governadora Roseana : O Maranhão tem problemas porque ficou mais rico. Como pode uma pessoa com essa conversa ser Governadora? O problema não é o aumento da criminalidade, que seria justificavel pelo aumento da prosperidade, o problema é de gestão da penitenciaria de Pedrinhas, não tem nada a ver uma coisa com outra, quem se expressa assim não tem sequer a inteligencia da esperteza, é pessoa de parcos recursos intelectuais.

    Tanto numa empresa como em um governo é impossivel alguem liderar e construir sem ter nenhuma credibilidade.

    Não vão fazer absolutamente nada e estão apenas vendo como controlar os danos de midia.

    Saiu hoje uma licitação de caviar para o palacio do Governo. Dá para acreditar numa desfaçatez dessa?

    É coisa de  Quinto Mundo, pais africano de 3ª categoria, na Europa nas recepções oficiais é tudo o mais frugal possivel,

    é de rigor e chique os governos serem os mais modestos nas comidas e bebidas de cocktails, é considerado

    inapropriado e cofona serviar qualquer coisa cara, os Reis e Primeiros Ministros fazem questão de demonstrar o máximo

    de respeito ao dinheiro publico, eu e outros componentes de uma missão empresarial no Canadá nos anos 80 saimos de um almoço oferecido pelo governo provincial do Quebec com tanta fome que saimos do palacio e fomos diretos a uma lannchonete, o almoço era uma saladinha, um mini bife e uma mini batata, salada de fruta e agua mineral.

    No dia seguinte o chefe da comitiva ofereceu um jantar no hotel Four Seasons em Montreal, os canadenses ficaram CHOCODOS com a exuberancia de comida, cascatas de camarão, ouvi comentarios muito criticos a esse desperdicio por parte de um Pais pobre, estava presente o Embaixador do Brasil, Geraldo de Syllos e sua esposa, os canadenses comentavam entre eles como um pais pobre tem a desfaçatez de jogar dinheiro fora com aquela ostentação de comida, pensando fazer bonito o chefe da missão passou recibo de Odorico Paraguaçu.

    Lagosta e caviar no Mranhão, “para receber convidados”, é atestado de breguice irrecuperavel, aliás o então Presidente Sarney virou celebridade em Nova York ao desfilar de limousine BRANCA, a coisa mais ridicula pela cafonice que algum pode ver em Nova York, é carro para noiva de suburbio, tal é a “”elite” que nos representa.

     

    1. Caro AA, apesar de estar fora

      Caro AA, apesar de estar fora do “framework” Daniel Valente Dantas, seu comentário é por deveras pertinente. Também não concordo com tamanha cafonice dessa senhora, o atraso brasileiro sem dúvida tem uma fração chamada Sarney.

    2. ‘Quem não reagiu ficou vivo’

      ‘Quem não reagiu ficou vivo’ — governador de São Paulo

      ‘Estupra mas não mata’– ex-governador de São Paulo

      ‘Mulher gosta de farda’– secretário de um presidenciável

      ‘O Brasil gosta de dois pretos: o Pelé e o asfalto’ — ministro do ociólogo

      ‘O país da piada pronta’ –José Simão.

  7. Por essa e outras é que sou

    Por essa e outras é que sou leitora assinante da Carta Capital. Embora nao perdoe o Mino ter feito a capa que fez após as últimas eleições, considerando o Eduardo Campos o grande vencedor . Aí, ele se achou…..

  8. E o que houve com ele?

    Desde o calaboca de 1 bilhão para vender a participação na Brasil Telecom para a OI não se fala mais dele, o que anda fazendo o Banqueiro de Olhos Azuis?

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