O Deutsche Bank e os emergentes

Por Marco Antonio L.

Deutsche Bank recomenda diminuir peso dos emergentes

Qua, 22 de Junho de 2011 20:16 2

Mary Stassinákis e Laura Britt, no Monitor Mercantil

“A incerteza em torno da economia chinesa pesa sobre as perspectivas dos mercados emergentes”, afirma John Paul Smith, diretor de Análise Estratégica do Deutsche Bank. E, segundo ele, “o cenário básico do banco para os mercados emergentes é que fecharão este ano com perdas da ordem de 5%, porque as preocupações e a gigantesca incerteza em torno do crescimento da China e o mercado das commodities continuarão”.

Smith tornou-se bearish contra os mercados emergentes em novembro do ano passado quando recomendou posição underweight nas ações russas e surpreendeu o mercado, considerando que a Rússia constituía o mercado predileto dos administradores de fundos naquela época.

E ele garante: “Embora as possibilidades de um rebound em curto prazo sejam grandes por causa do péssimo desempenho dos mercados emergentes desde o início deste ano, isto não espera-se que terá duração por causa de muitos questionamentos que existem em torno do crescimento da China. Mas existe possibilidade de vermos um considerável sell-off na região, considerando que a China desempenha papel de gigantesca importância sobre os assets da região, assim como, sobre os mercados internacionais”.

Embora o Deutsche Bank não esteja aguardando uma aterrissagem anômala para a economia da China, os investidores já iniciaram seus preparos até para esta possibilidade e é por isso que observa-se recuo nas ações e nas commodities nos últimos meses.

Para Smith, “o grande temor é por causa de eventual desaceleração da China de ordem de 5% a 6% anual, junto com o fracasso de solução dos problemas que persistem no setor bancário. Tudo isso, poderá constituir um gigantesco golpe para os mercados das commodities e, naturalmente, das ações”.

Corrida de 14%

“As ações européias conseguirão enfrentar a desaceleração na economia mundial e realizarão corrida da ordem de 14% até o final deste ano, enquanto a crise da Grécia será solucionada sem que ocorra algum episódio do tipo Lehman Brothers”, estima Karen Olnei, analista estratégica e diretora da Pesquisa Européia do UBS.

A meta do UBS para o indicador pan-europeu Stoxx 600 no final deste ano são 310 unidades, de cerca de 270 hoje, e para o indicador FTSE 100, da Grã-Bretanha, a meta é de 6.700 unidades, 14% superior aos níveis atuais. “Apesar de que os próximos dois meses serão difíceis para as bolsas de valores por causa dos dados macroeconômicos dos EUA sobre o setor de transformação e o desemprego. Mas, após o verão, a situação ficará calma e será reiniciada a corrida”, informa Olnei.

Olnei prevê que “os três grandes riscos são a possibilidade de duplo fundo na economia norte-americana, o fim do QE2 do Fed, a crise de dívida da Grécia e a desaceleração da economia da China”. Mas mantém seu otimismo e julga que – todos estes riscos se normalizarão e os fundamentos vencerão levando os mercados em níveis mais altos”.

Com relação à Grécia, o UBS assegura que “a crise grega será solucionada sem que haja uma ocorrência de algum choque financeiro, a exemplo da derrocada do Lehman Brothers, em 2008. As autoridades européias retardarão qualquer evolução que poderia resultar em algo assim”.

Riscos “monstruosos”

Richard Bernstein, ex-diretor de Investimentos do Merrill Lynch e fundador e analista-estratégico da Richard Bernstein Capital Management, acredita que “o mercados emergentes enfrentam perigos monstruosos neste ano, enquanto os investidores continuam ignorando as fortes pressões inflacionárias e o problemático mercado de crédito”.

Bernstein recorda que “os mercados emergentes eram os preferidos do mundo dos investidores desde 2009, porque os investidores estavam caçando os desempenhos mais elevados e, eram inspirados pela avaliação de que países como China e Brasil irão liderar o crescimento econômico mundial nos próximos anos, enquanto as economias do mundo desenvolvido permanecerão quase estacionadas”.

“Mas aquilo que ignoram os investidores hoje é que o grande risco não são os EUA, mas os mercados emergentes, e que é impressionantemente gigantesco”, esclarece Bernstein. “Os desempenhos dos bônus estatais brasileiros de curto prazo e também os da Índia já têm superado aqueles de longo prazo, e isto historicamente antecede um período de considerável queda.”

“Algo semelhante àquilo que está acontecendo na Grécia, Irlanda e Portugal. E a inflação na Índia e no Brasil já começou a aumentar perigosamente. Também, a economia da China está desacelerando cada vez mais seu ritmo de crescimento de dois dígitos que estávamos acostumados e isto porque as autoridades chinesas já adotaram a política de asfixiar para valer”, conclui Bernstein.

Luis Nassif

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