Para Delfim, resistência de Geisel levou economia à falência nos anos 70

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Sugerido por Gilberto Cruvinel

 

 

 

Quem quebrou o Brasil foi o Geisel, afirma Delfim

Erica Fraga

De São Paulo

Ricardo Balthazar

Editor de “Poder”

Da Folha de São Paulo

 

A resistência do ex-presidente Ernesto Geisel em abrir a exploração do petróleo à iniciativa privada quando comandou a Petrobras, no governo Médici, levou a economia brasileira à falência no fim da década de 70.

A afirmação é do economista Antonio Delfim Netto, ex-ministro de diversas pastas da área econômica durante o regime militar.

“Quem quebrou o Brasil foi o Geisel”, diz Delfim.

Dependente da importação da commodity, o Brasil sofreu as consequências das fortes altas de preços ocorridas em 1973 e 1979.

 

Karime Xavier – 2.jul.13/Folhapress 

O ex-ministro Antonio Delfim Netto

 

Delfim nega que tenha produzido desequilíbrios, como pressões inflacionárias, durante sua gestão como ministro da Fazenda, quando a economia brasileira teve crescimento expressivo.

O economista admite, no entanto, que o descaso com a educação básica durante o regime militar foi um “erro mortal”.

Folha – Na sua opinião, o que levou ao golpe de 1964?

Antonio Delfim Neto – O Brasil estava uma balbúrdia tão grande que era claro que alguma coisa ia acontecer. Havia uma desorganização total, passeatas na rua, mentiras de toda a natureza, boatos. O Jango abandonou o governo. Essa é que é a verdade. Não foi uma surpresa o que aconteceu. As instituições todas estavam ameaçadas, sob enorme risco. Nem sei se o risco era verdadeiro ou não, é que o governo era uma balbúrdia.

Onde o senhor estava no dia 31/03/64?

Eu estava indo para a escola [Faculdade de Economia da USP] de manhã. Estávamos vivendo um momento muito difícil, uma agonia completa, uma desorganização muito grande, mas eu fiquei surpreendido. Você não sabia o que ia acontecer.

E depois do golpe?

As coisas ficaram normais. Foi cassado o Adhemar [de Barros, governador de São Paulo]. E o Laudo Natel, o vice-governador que foi empossado, me convidou para ser secretário da Fazenda. Eu gostei e fiquei. Isso foi em 1966. Fiquei até março de 1967, quando recebi uma carta do presidente Costa e Silva me convidando para ser ministro.

Eu tinha conhecido o presidente Costa e Silva. Ele estava se preparando para assumir e estava ouvindo algumas pessoas e pediu para o [Rui] Gomes de Almeida (ex-presidente da Associação Comercial do Rio) um nome para falar sobre agricultura no Brasil.

Naquele tempo, agricultura era café. E como eu tinha um trabalho sobre café, ele indicou meu nome. Fui lá, fiz uma palestra para ele numa manhã. Terminou, fui embora e nunca mais conversamos.

Qual foi sua reação quando recebeu o convite?

Aceitar. Nós tínhamos trabalhado toda a vida na universidade sobre desenvolvimento econômico. Então eu aceitei.

Havia algum tipo de condição?

Nenhum. No dia seguinte à carta, fui fazer uma visita para agradecer.

E qual era a situação econômica da época?

A situação econômica estava caminhando. O trabalho do [Otávio Gouveia de] Bulhões (ex-ministro da Fazenda) e do [Roberto] Campos (ex-ministro do Planejamento) foi muito bom. Fizeram um trabalho muito bom de arrumação. Criaram o mecanismo de correção monetária, o FGTS, o BNH. Você tinha na verdade uma grande modernização da economia. Mas tinha grandes problemas também. O comércio exterior era um problema sério.

Eles também criaram incentivos para a exportação?

Não. Tinha um sistema de cambio fixo, muito inconveniente porque à medida que você tem inflação, seu câmbio real vai caindo. Quando em 68, nós introduzimos o “crawling peg”, era um sistema cambial em que você corrigia o câmbio praticamente toda semana, usando uma regra que era a diferença entre a inflação americana e a inflação brasileira. Isso deu um grande estímulo ao setor exportador.
O programa que apresentei para o presidente Costa e Silva era de que nós iríamos fazer crescer a participação de outros produtos, de forma que café não fosse mais câmbio.
Em 1966, 1967, café era câmbio. Essa era uma frase do velho [Eugênio] Gudin (ex-ministro da Fazenda) e é verdade. Cerca de 60%, 70% da receita cambial era café.
De forma que você passou praticamente 10 anos não cobrando nenhum imposto sobre a exportação. O que é o correto porque o imposto tem de ser cobrado no destino.

Por que vocês reverteram a decisão do governo Castelo de dar independência ao Banco Central?

Você estava com uma recessão profunda, um desemprego terrível e o Banco Central insistia em fazer uma política econômica restritiva com o seguinte objetivo: mudar a expectativa inflacionária. Tudo isso estava certo. Só que o custo disso era uma barbaridade. Então foi isso que acabou com a tal independência do Banco Central.
Só que foi uma boa coisa. O Banco Central não tem de ser independente, tem de ser autônomo, tem de prestar conta à autoridade que a urna elegeu, ou que está no poder. Tem de receber uma missão e cumprir com autonomia.
Tanto é verdade que mudou a política e de um crescimento negativo, de quase zero, você teve uma expansão enorme.

A que o senhor atribui o chamado milagre econômico?

Nunca houve milagre. Milagre é efeito sem causa. O crescimento do Brasil naquele período foi consequência do trabalho dos brasileiros, basicamente da grande arrumação que houve no setor econômico, produzido no governo Castelo Branco.
Você teve uma enorme arrumação das finanças públicas, você teve uma redução da taxa de inflação. O Brasil estava falido, essa é que é a verdade. De forma que você criou uma base para que os brasileiros pudessem trabalhar muito mais ativamente.

A nova política do Costa e Silva cumpriu a função de ganhar credibilidade em um momento em que a oposição ao regime tinha sido muito forte?

A credibilidade foi ganha. Você ganha credibilidade quando você cumpre a palavra que você dá. Então, os empresários sabiam que o que tinha sido prometido ia acontecer.

E o aumento da concentração de renda incomodava?

A distribuição de renda incomoda porque, no fundo, o homem tem alguns desejos, alguns valores que são fundamentais. Um deles é a liberdade de iniciativa. A segunda é que ele quer uma relativa igualdade. E a terceira é que uma sociedade razoável precisa ter igualdade de oportunidades. O que significa que todos têm de partir do mesmo ponto em uma sociedade competitiva. Isso significa, no fundo, educação e saúde, universais e gratuitas, que é o que está na Constituição na verdade.
Então, a desigualdade, ela incomoda. Como você não podia atacar outra coisa, o processo político transformou a desigualdade numa coisa muito mais significativa porque todos estavam melhorando. Todos melhoraram, só que uns melhoraram mais do que os outros e a distância entre nós estava crescendo. O que não é uma coisa agradável.

Havia uma cobrança nesse sentido?

Ah sim, o que se poderia fazer era aumentar enormemente a oferta de gente que tinha o beneficio da educação, principalmente os de universidade. E isso foi feito. Você teve um aumento dramático de vagas nas universidades. Mas isso não produz efeito instantâneo.

Por outro lado o ensino básico foi deixado de lado?

O ensino básico foi deixado de lado. Acho que aí houve um erro. Na verdade, acho que, desde o Império, nós deixamos o ensino básico na mão da prefeitura. Isso foi um erro mortal. As prefeituras nunca se comoveram com o ensino básico.
Houve um grande esforço de alfabetização com o Mobral, que o Mário Henrique Simonsen dirigia. Mas a gente descobriu depois que o alfabetizado virava analfabeto tão logo terminava o curso de alfabetização. Como ele não lia coisa nenhuma, só ouvia rádio, seis meses depois ele era incapaz de ler de novo.

Há críticas de que quando o senhor deixou o governo Costa e Silva já se acumulavam desequilíbrios, como pressões inflacionárias. Quais foram os fatores que levaram o país a quebrar após os choques do petróleo?

Em 1972, eu estava em Roma numa reunião do Fundo (Fundo Monetário Internacional). E o Giscard D´Estaing que era o ministro de finanças da França, tinha ficado muito amigo do Brasil. E ele me disse: olha Delfim, os árabes estão preparando um cartel. Eles vão elevar o preço do petróleo a US$ 6. Nós pagávamos US$ 1,20 o barril.

Quando voltei para o Brasil, comuniquei isso ao presidente, o presidente convocou uma reunião. Nossa proposta, minha e do [Antonio] Dias Leite (ex-ministro de energia) era: vamos abrir a exploração de petróleo. Vamos fazer contrato de exploração de petróleo com empresas privadas, que era para acelerar o processo.

O Geisel se opôs dramaticamente. Quem quebrou o Brasil foi o Geisel. O Geisel era o presidente da Petrobras. A Petrobras passou 20 anos produzindo 120 mil barris por dia. Quando houve a crise do petróleo, as reservas eram praticamente iguais a um ano de exportação, não tinha dívida. A dívida foi feita no governo Geisel.

O Geisel, na verdade, era o portador da verdade. O Geisel sempre tinha a verdade pronta.

Como foi seu conflito com o economista Mario Henrique Simonsen?

Nunca houve conflito com o Simonsen. Isso é uma tolice. Uma invenção. Primeiro, o Simonsen foi embora porque quis. O Simonsen tinha consciência clara de que o Brasil tinha quebrado. Tanto que ele não entregou o orçamento. Ele foi embora em agosto sem briga nenhuma.
Vou lhe contar mais. O Figueiredo soube que o Simonsen tinha ido embora quando contaram para ele que o Simonsen estava na praia tomando banho.

O quão importante foi o apoio dos empresários para o regime?

Na verdade, como o Brasil crescia, os empresários estavam satisfeitos. Não só os empresários. O Brasil estava satisfeito. Essa é que é a verdade. O governo criou condições amigáveis para o funcionamento de uma economia de mercado. O sujeito sabia o seguinte: palavra empenhada era palavra cumprida.

Como o senhor via a questão da repressão durante o governo militar?

No governo você não tinha a menor informação. Você tinha uma separação completa entre o governo e as instituições, as forças armadas. Nunca teve nenhuma interferência. Na verdade, nós víamos nos jornais alguma coisa.
Uma vez eu perguntei ao presidente Médici e ele disse: não, não há.
Ele me disse: “é uma guerra, Delfim. Mas não há tortura”.
Tortura é uma coisa deplorável. Quando o sujeito está sob a guarda do Estado é que ele tem de ser protegido.

Mas em 1970 os que estavam dispostos para a guerra já não estavam todos mortos?

Não sei se estava todo mundo morto. É outra coisa. Hoje estamos longe. Precisa ver como eram as coisas. Seguramente, não tem um lado só. O importante é: o governo nunca teve a menor interferência militar. Nunca. Desde o começo, o governo tentou preservar as instituições de mercado. Não era por ideologia. Era por pragmatismo. Porque não tem como você construir de novo uma sociedade democrática sem que o mercado esteja funcionando razoavelmente bem. 

 

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

19 Comentários

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  1. E a divisão do bolo?

    Parei de ler a entrevista na primeira mentira (Jango abandonou o governo). Fato é que o Brasil era um país socialmente injusto em 1964 (e continua sendo, ainda que tenha melhorado nos últimos anos) e a ditadura só fez piorar as coisas, seja pela barbárie que instalou, seja pela prometida “divisão do bolo” que nunca houve!

    1. É por aí, Celio,O cara fala

      É por aí, Celio,

      O cara fala um montão de coisas como se fosse um oráculo incontestavel até hoje.

      É claro que ele vai “morrer atirando” contra os insignificantes “cubanistas” pra justificar o golpe. Eles “precisam” acreditar nisso para justificar a quartelada quew foi feita baseada somente nop OLHO GRANDE.

      E ele sabe que foi uma quartelada; ele admite que não tinha nenhuma ciência do que poderia acontecer; ele admite que a economia é uma “ciència inferior”, portanto, pra esse tipo de análise. Hje vem fazer PROVOCAÇÃO se dizendo grande leitor de Durkheim e Simmel e reclazmando que ninguém criticou o utilitarismo.

      É claro que ele gostou do golpe. Ele era da turma que não tinha voto mas “sabia tudo” o que fazer – e, portanto, o tapetão ou a porrada lhes daria razão.

      .
      Quando ele diz que “Naquele tempo, agricultura era café” – haha –  parece campanha eleitoral para deputado em são paulo, ou, mais uma vez, racionalização golpista. Tudo isso até hoje.

      Tudo em nome do “desenvolvimeeeeento”.

      Os golpistas receberam o apoio negado aos governos constitucionais – tudo em nome da liberdaaaade –  e favoreceram as mesmas malandragens financeiras que, ele mesmo, o próprio delfim, chama, hoje em dia, de “PATIFARIASSSS”.

      Achataram salário e tudo mais – e sem liberdade, o que, pros tais “liberais” era mera contingência.

      Sinceramente, me deu preguiça de ler o resto da entrevista. Possso até tentar ler depois mas nem sei… Esses economistas quando falam de política…. parecem crianças mimadas falando dos próprios intereeeesssses.

  2. Absurdo

    Sou fã do Delfim de hoje

    Mas ai ele chutou legal

    Em 18 meses as empresas privadas teriam feito jorrar petroleo no Brasil

    Tenha do Sr. Delfin

  3. Ah, tá…

    O Delfim é isso mesmo, falador, boa prosa, até simpático. Um bonachão. E não falo isso com ironia. Até me esqueço que ele foi do PDS. E coloca a culpa no Geisel. Ou mais, na ausência de capital privado na Petrobras! Porém, a taxa de juros do Fed chegou a pouco mais de 19%. O Delfim não fala sobre crescimento sobre endividamento, que persistiu naqueles anos, mas sobre o esforço do povo brasileiro (legal, o povo trabalha pois precisa, ao contrário dos rentistas); em resumo, o povo “fez sua parte” e o governo não fez a sua (incluindo o Delfim).

    Mas em 1975, por aí, o governo iniciou a estruturação de contratos de risco para a área petrolífera. Contratos estes com… empresas privadas!

    Sem deixar de lado o fato de empresas nacionais fazerem empréstimos lá fora e pagarem os valores ao BC antecipadamente, quitando dívida em câmbio do dia… mas que não era transferido ao exterior de imediato. Resultado: quem pagava a diferença do câmbio era a Viúva.

    Então, foi o choque do petróleo (1973? 1979? Irã-Iraque?) e algo mais…

    Caro Delfim, continue o assunto, o senhor me fascina!

  4. Amores antigos.

    Elio Gaspari, em um dos seus livros sobre a ditadura, conta como Geisel vetou o nome de Delfim para governador de São Paulo. E por motivos que eram o oposto de julgar Delfim incompetente.

    Pelo visto Delfim ainda guarda mágoas.

  5. É incrível o prestígio que as

    É incrível o prestígio que as autoridades que quebraram o país ou estiveram associadas ao processo , tem com a Casa Grande. O trio de ouro é formado por Delfim , big cake , FHC , o tri quebrador  e Mailson da Nóbrega , o cinquentinha ( de inflação ) , todos figuras fáceis no Pig …

  6. Por que Delfim Netto mente

    POr Kiko Nogueira, DCM

    http://www.diariodocentrodomundo.com.br/por-que-delfim-netto-mente/

     

    Delfim Netto é, provavelmente, um dos maiores casos de blindagem da história e um exemplo de sobrevivência política impressionante.

    Levou tempo para ele aceitar depor na Comissão da Verdade. Esteve lá no ano passado. Na versão paulista da comissão, repetiu seu velho refrão quando perguntado sobre os abusos do regime: não sabia de nada.

    “Havia a mais absoluta separação. No meu gabinete nunca entrou um oficial fardado”, disse. “Não existia nenhum vínculo entre as administrações”.

    Delfim não era um contínuo. Assinou o AI-5 quando era ministro da Fazenda de Costa e Silva. “Direi mesmo que creio que não é suficiente”, afirmou naqueles tempos. Ao chancelar o ato, estava ajudando a suspender o habeas corpus para crimes políticos e contra a segurança nacional, o que foi fundamental para a indústria da repressão.

    Ocupou esse mesmo cargo entre 1969 e 1974, sob Médici. Depois foi ministro da Agricultura e do Planejamento com Figueiredo. Sobre seu legado na economia, declarou que “Geisel quebrou o Brasil”. Não ele.

    Nos anos Figueiredo, tornou-se uma figura meio pop. Jô Soares tinha um quadro em que metia uns óculos de lentes de fundo de garrafa, um terno apertado e o imitava. Num depoimento para o documentário “Muito Além do Cidadão Kane”, Roberto Civita, da Abril, contava que, em 1980, quando o grupo tentou uma concessão de TV, a empresa tinha a seu lado “Golbery e Delfim, os dois homens mais importantes do governo naquela época”.

    Declara não ter conhecimento da OBAN, apesar de sua proximidade com gente como Henning Boilesen, o dinamarquês que presidiu a Ultragás e financiou a tortura. Mesmo sob censura, o cidadão medianamente informado tinha noção do que acontecia. Delfim, repito, não era um contínuo. Depois da redemocratização, foi cinco vezes deputado federal, virou colunista de jornais e revistas, conselheiro de Lula e absolvido sem julgamento.

    Delfim Netto mente. E impede que se conheça melhor um período importante da história do Brasil.

    Albert Speer era conhecido como “o bom nazista”. Arquiteto do Terceiro Reich, depois ministro do Armamento, querido de Hitler, sempre negou ter ideia do extermínio em massa dos judeus. Foi julgado em Nuremberg e preso em Spandau. Publicou uma autobiografia que virou best seller e doou parte dos lucros para instituições judaicas de caridade.

    Trinta anos após sua morte em 1981, documentos revelaram não apenas que ele conhecia os campos de concentração como participou de roubos de obras de arte de judeus.

    Não há, hoje, um único edifício ou viaduto de Speer de pé em Berlim. A obra de Delfim está aí.

  7.  
    Comentário justo e

     

    Comentário justo e pertinente.

    Delfim sempre teve por ideologia o Estado forte, comandando a restante da economia.

    O estado que dá o pontapé inicial na imensa engrenagem produtiva.

    Sempre pensou assim e por isso concorda com o governo Dilma/Lula, que economicamente tem muita semelhança ao regime de 1964.

  8. Nem preciso mais falar

    O Brasil, até a Petrobrás “não tinha petróleo”, de acordo com as petroleiras que sempre atuaram livremente aqui. desde a virada do século XIX.

    Pra que procurar se é mais rentável trazer e revender aqui? 

    Como já falaram alguns colegas:

    1) Falácia que o Brasil quebrou porque “não abriu”: Quebraria de qq. jeito, com a(s) crise(s) (do preço) do petróleo.

    1.1) Não dava tempo de evitar a crise (uma “canetada” dos produtores que multiplicou o preço no mundo (e multiplicaria de novo, do secular patamar de US$ 1 a 3 dólares para os ~100 atuais que já chegaram a > U$ 150).

    1.2) Os contratos de risco abriram o mercado. Furava quem quisesse. A industria estrangeira é que não se animou muito (trazer é mais rentável!).

    1.3) Com as descobertas no mar (Petrobrás), os neoliberais fernandistas atenderam aos desejos da indústria estrangeira, já que ficou mais evidente que havia óleo. O custo da prospecção e exploração ficou com a Petrobrás. Na hora de produzir (ganhar $) ele quebrou o monopólio (apesar de já haver os contratos de risco).

    2) É curioso que um país rico em recursos, com desenvolvimento pujante no final do governo JK tornou-se um “traste” com ~1 ano de Jânio e ~2 de Jango. É óbvio que houve uma freada de arrumação para não deixar escapar o controle da economia pelos plutoligarcas que usaram a paranóia das Forças Armadas. Retormaram a onda de JK e até mesmo algumas coisas de Jango (Eletrobrás, 13o., reforma agrára, etc.). Mas sob controle deles (os plutos).

    3) É indiscutível que os militares, apesar de seu paranóico anticomunismo fantasmagórico, inoculado em cursos camaradas (ESG) de West Point, têm como diferença fundamental dos seus equivalentes civis: são mais nacionalistas e menos entreguistas (“comprometidos”). Quando os plutos perceberam que já começavam a “atrapalhar”, despertaram seu espírito “democrático” nas “Diretas Já” (ex. da Falha)…

    4) Para nosso azar, a redemocratização veio como oportunidade dos “plutos” para, rápido como quem rouba, desmontar o que ainda tinha de país quase como terra arrasada. Desnacionalizaram, desestatizaram, submeteram nossa renda à banca, desinvestiram (ou não investiram), acabaram com a educação pública, enfim alugaram o país, suas riquezas e seu povo ao trabalho semi-escravocrata do interesse exógeno (também fazem em seus países, incluindo EEUU), Aquele conhecido e perene esquema de “quanto mais vc trabalha mais vc deve”. E quanto mais deve, mais se aperta … e mais trabalha …  e mais deve!

    Portanto, ouso dizer que o Brasil de 1960 era, no conjunto, proporcionalmente mais Brasil do que hoje.

    Os plutos que sabem que golpes pegam mal, desenvoveram um know-how mais sutil, de manipulação miRdiática (antes era decalarado), de manobras coxinhas, de sabotagens e corpo mole na economia produtiva (ganham n financeiro), no aparelhamento geral e específico (ex: Judiciário0 e tantas outras táticas que fazem o tãodesejado e necessário desenvolvimento carregar um imenso arrasto, ao invés de soprar vento à favor.

    Governar este país com seriedade e interesse legítimo é um enooooooooooooooooooooooorme desafio.

    Se for em acordo com os plutos, “governar o Brasil é muito fácil”.

    Uma das frases (di)lapidares de FHC.

  9. Valeu Geisel!

    “… vamos abrir a exploração de petróleo. Vamos fazer contrato de exploração de petróleo com empresas privadas, que era para acelerar o processo.

    O Geisel se opôs dramaticamente.”

     

    Só me resta fazer um agradecimento tardio a Ernesto Geisel. Não fosse ele, a Petrobrax teria sido fundada nos anos 70.

    1. Exato o que eu comentei

      Exato o que eu comentei originalmente.  O Brasil so tem a agradecer a Geisel por isso.  Mesmo se isso quebrou o Brasil.

    2. Mas as reservas do pré sal já

      Mas as reservas do pré sal já eram conhecidas desde os anos 70. Se tivéssemos pego o bonde do cartel do petróleo naquela época o Brasil seria bem diferente do que é hoje. O que defendem as políticas dos militares naqueles tempos são os mesmo que defendem a privatização da Petrobras hoje. Vai entender…

  10. José Dirceu em 2006: “Numa só entrevista, verdades e mentiras”

     

    Luis Nassif,

    Não tenho muito a que dizer de novidade ao que eu venho dizendo há mais de vinte anos toda vez que eu faço elogios a Antonio Delfim Netto. Sempre quando faço uma resenha das qualidades dele, eu gosto de fazer uma resenha dos defeitos que eu também vejo nele.

    Só que mesmo já não tendo nada a acrescentar, toda vez que o tema é Antonio Delfim Netto, brotam assuntos e mais assuntos para se falar sobre ele. Assim, para este post “Para Delfim, resistência de Geisel levou economia à falência nos anos 70” de sábado, 05/04/2014 às 12:59, aqui no seu blog com a transcrição por sugestão de Gilberto Cruvinel da entrevista que Antonio Delfim Netto concedeu aos repórteres da Folha de S. Paulo Erica Fraga e Riocardo Balthazar, há assuntos sem fim para comentar.

    Ao mesmo tempo, não há um assunto novo para o qual ele traga uma abordagem diferente daquela que já apresentou antes. E quando se trata de entrevista é sempre a mesma história que ele tem para contar. Não é surpresa, pois desde 1985 quando saiu do governo, antes de completar 57 anos em primeiro de maio, o trabalho de Antonio Delfim Netto foi apenas teórico e provavelmente sem ser no âmbito acadêmico. Nos últimos 30 anos tudo que ele tem feito é nos brindar com bons artigos sobre economia em que qualquer observador mais atento pode constar neles os mesmos defeitos e qualidades que sempre o acompanharam. É bem verdade que nos últimos anos, ele pareceu-me mais comedido nas declarações que ele fazia em relação aos desafetos dele.

    Muito provavelmente a minha primeira intervenção no seu blog foi junto ao post “O maior economista brasileiro” de terça-feira, 13/08/2007 às 07:00, na aba de economia em que você comenta a eleição na sexta-feira, 09/08/2007, (ou pode ser, uma vez que você se refere à sexta-feira passada, na sexta-feira, 02/08/2007) que o jornal “O Valor Econômico” resolveu fazer para o título de “mais importante economista do país”. Você faz a crítica da escolha mencionando entre outros economistas merecedores o Antonio Delfim Netto.

    Lembro que fiz alguns comentários. Na época seus posts eram publicados no site do Ig e no site do projetobr. Lembro que uma vez chequei os dois posts e em um havia mais comentários, mas alguns comentários estavam com respostas cruzadas. O seu texto pode ser visto no seguinte endereço:

    http://www.desenvolvimentistas.com.br/desempregozero/2007/08/o-maior-economista-brasileiro-por-que-simonsen/

    O texto está um pouco confuso porque ele não deu o mesmo título que você e inicia a transcrição do seu texto com a primeira frase, mas logo em seguida há o seguinte esclarecimento, sem estar em negrito ou itálico ou entre aspas:

    “Nassif, levanta que haveria 2 critérios racionais para definir um economista como o melhor. Um deles seria suas contribuições inovadoras para ciência econômica.  A outra seria sua contribuição para a transformação da realidade. Sob ambos critérios, há economistas que se destacaram mais do que Simonsen. Por que então ele foi eleito?”

    A partir dai entra de novo o seu texto repetindo a frase inicial e na sequência se reproduz todo o seu post.

    Como se pode ver no seu texto há um pouco mais de elogio a Antonio Delfim Netto, mas nada que representasse uma argumentação inconsistente.

    Você surpreendeu mais nas respostas. Para ilustrar reproduzo do site do Ig o primeiro comentário meu enviado segunda-feira, 13/08/2007 às 11:09:30, para você lá no seu post “O maior economista brasileiro”. Disse eu lá:

    – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

    “Nassif,

    Não creio que o Simonsem possa ser avaliado como menos competente do que o Delfim, embora considere esse último como o economista que melhor tem argumentado sobre a economia política nos últimos 15 anos na imprensa brasileira, esclarecendo-a para leigos como eu. Mas o Delfim foi quem impediu de o Simonsem fazer o controle dos gastos públicos no início do governo Figueiredo com dois argumentos que depois se demonstraram falsos: 1 – dívida não se paga rola; 2 – não se cresce sem capital externo. Em 1983, o FMI veio ao Brasil e obrigou o país a começar a pagar a dívida. E já em 1984, mandando capital para fora do país, a economia brasileira começava a crescer. Infelizmente o plano cruzado em 86 destruiu tda a nossa economia.

    E há outro fator de comparação que faz o Simonsem superior ao Delfim, no meu modesto entendimento. O Simonsem pegou a carga tributária com 22% do PIB e a entregou com 27%. Delfim pegou-a com 27% e a entregou com 24%. Evidentente que os eleitores de Simonsem nunca atentaram para esse detalhe do Simonsem nem nunca o leram, ou pelo menos nunca leram a seguinte pérola dele publicada na revista Exame de 5 de fevereiro de 1992, página 13: “De fato, é preciso certa pobreza de espírito para levar qualquer dos três (Ele estava analisando as idéias de Marx, Milton Friedman e Friedrich August von Hayck) a sério, pelo menos dentro da perspectiva dos conhecimentos atuais””

    – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

    A sua resposta, enviada segunda-feira, 13/08/2007 às 11:09:30, é a seguinte:

    “Clever, a idéia de que dívida foi feita para rolar foi do Paulo Lyra, presidente do BC na era Simonsen. O grande endividamento se deu no governo Geisel, tendo Simonsen como Ministro da Fazenda”.

    E há meu segundo comentário enviado segunda-feira, 13/08/2007 às 11:09, com uma resposta enviesada sua. Retiro o meu comentário do blog seu no site do Ig. Disse eu lá em comentário enviado terça-feira, 14/08/2007 às 18:18:36:

    – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

    “Luis Nassif,

    Afirmar que o discurso repetido durante todo o ano de 80, de 81 e de 82 pelo Delfim Neto era idéia do Paulo Lyra, o indicado do Simonsem, é fazer pouco caso do Delfim.

    Colocar nos ombros do Simonsem, a responsabilidade pelo triste crescimento da dívida externa que saltou de U$17 bilhões em 74 para U$50 bilhões em 79, ou seja, U$33 bilhões em 5 anos, omitindo que de 79 para 83, ou seja, em 4 anos, ela saltou para U$81 bilhões, ou seja, um acréscimo de U$31 bilhões, é injusto sob o critério de ordem de grandeza. E é reducionista do processo histórico ao não dar relevância a duas análise importantes do governo Geisel. A primeira expressa no livro “A economia brasileira em marcha forçada”. E a segunda pode ser lida na entrevista do Geisel publicada postumamente pela Folha de São Paulo. (Alias a entrevista do Geisel foi publicada na mesma época em que o FHC tecia loas a Globalização, o que demonstrava que o Geisel estava mais vivo que o sempre alegre FHC).

    Mas você estava certo na comparação do Delfim, alguem de ação, com o Simonsem, um economista mais teórico. Eu faço essa comparação com uma analogia com o carro-de-boi em que os bois constituem o ajuste fiscal e o carro o crescimento. O Simonsem queria os bois à frente e o Delfim queria que o carro puxasse os bois.

    Essa, entretanto, é outra discussão.”

    – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

    Sua resposta, enviada terça-feira, 14/08/2007 às 18:18:36 foi:

    “O Delfim tem um monte de erros, factuais e verbais. Mas a frase “dívida foi feita para ser rolada” não é dele.”

    A resposta ficou enviesada porque a discussão não era sobre a autoria da frase.

    Outro exemplo de beneplácito no tratamento dado a Antonio Delfim Netto é a sua resposta para o seguinte comentário meu enviado quarta-feira, 29/08/2007 às 03:34, tal como eu a tenho gravado do que ficou no site projetobr:

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    “Nassif,

    Afirmar que a frase “dívida não se paga, rola”, seja idéia de Paulo Lyra, presidente do Banco Central no período de Geisel, não impede o uso dessa frase pelo Delfim.

    A sua convicção na exclusividade da frase a Paulo Lyra fez-me duvidar das várias vezes em que ouvi Delfim dizê-la na televisão. Não tenho fitas gravadas de Delfim sendo entrevistado naqueles anos de 79, 80, 81, 82 e 83 e assim fico sem poder passar para seus leitores a informação definitiva sobre essa idéia.

    Faço, entretanto, duas considerações. Primeiro, Delfim é muito inteligente para ser divulgador das idéias de Paulo Lyra. E segundo, em testemunho do que afirmo, há na Veja de 29 de dezembro de 1982, após parágrafo que finaliza com a frase: “Estes fatos mostram, simplesmente, que o Brasil não tem como pagar parcelas de sua dívida externa sem transformar compromissos que vão vencer em novos empréstimos – pedindo assim, na essência, que seja adiada a hora de pagar”, o parágrafo seguinte iniciando-se com a seguinte frase: “O ministro Delfim insistiu, na semana passada, em que isso significa “rolar” a dívida para frente, um processo que vem sendo feito há anos”.

    Pode-se alegar em defesa de Delfim que ele apenas tentava dourar a pílula da moratória.

    Qualquer leitor de São Paulo poderia scanear umas duas ou três entrevista do Delfim naquela época nos jornais paulistas e demonstrar quão comum era essa frase na fala de Delfim. E quem é o Paulo Lyra?”

    – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

    Na sua resposta, enviada quarta-feira, 29/08/2007 às 17:23, você diz:

    “O Delfim tem outros defeitos e cometeu outros erros. O erro do endividamento externo foi do Geisel-Simonsen-Velloso. O Delfim pegou a economia em 1979, já em plena crise do petróleo. O endvidamento das estatais, na época, foi para fechar as contas”.

    O meu esforço em fazer estas recuperações de comentários agora que os posts não podem mais ser acessados se justifica diante do conteúdo deste post “Para Delfim, resistência de Geisel levou economia à falência nos anos 70” e também tendo em vista o que você expôs recentemente no post “O jeitinho nos anos eleitorais” de quinta-feira, 03/04/2014 às 06:00. O endereço do post “O jeitinho nos anos eleitorais” é:

    https://jornalggn.com.br/noticia/o-jeitinho-nos-anos-eleitorais

    Você e Antonio Delfim Netto ficam atirando em dobradinha e não sei realmente o que vocês conseguem acertar. Para exemplificar, retiro do seu post “O jeitinho nos anos eleitorais” a seguinte passagem:

    “De 1975 em diante, embora em um regime ditatorial, o general Ernesto Geisel comandou um brutal processo de endividamento, escudando-se na máxima de que “dívida não foi feita para ser paga, mas para ser rolada”. Por trás da estratégia a noção de que, se a economia perdesse vigor, seu governo perderia legitimidade. Na época, o mundo experimentava um bolha de liquidez, em função da reciclagem dos petrodolares acumulados no período”.

    O que ficou parecendo é que o seu post “O jeitinho nos anos eleitorais” veio mais como uma preparação de terreno para o teor do que Antonio Delfim Netto viria a dizer na entrevista. A questão toda gira sobre a dívida externa. Você lá no post “O jeitinho nos anos eleitorais” e Antônio Delfim Netto nesta entrevista concedida à Folha de S. Paulo e reproduzida aqui neste post “Para Delfim, resistência de Geisel levou economia à falência nos anos 70” tratam o período de Ernesto Geisel como tendo provocado aumento maior da dívida.

    Bem, e o que dizem os dados? Há um quadro bem elucidativo sobre este assunto e pode ser visto na página 19, na tabela II intitulada “Tabela II – Alguns indicadores sobre a dívida externa” no artigo “Endividamento externo no Brasil: origens e consequências (1964-2006)” de autoria de Creise Wickert e que pode ser visto no seguinte endereço:

    http://tcc.bu.ufsc.br/Economia293379

    Os dados lá são os seguintes. Em 1968, a dívida total menos as reservas era de 3,9 bilhões. Em 1969 era de 4,0 bilhões. Em 1970 era de 5,0 bilhões. Em 1971 era de 6,6 bilhões. Em 1972 era de 7,3 bilhões. Em 1973 era de 8,5 bilhões. Em 1974, era de 14,7 bilhões. Em 1975 era de 24,1 bilhões. Em 1976, era de 25,6 bilhões. Em 1977 era de 30,8 bilhões. Em 1978, era de 40,3 bilhões. E utilizando dados da tabela IV intitulada “Tabela IV – Alguns indicadores sobre a dívida externa”, tem-se o seguinte: em 1979 era de 46,1 bilhões e em 1980, era de 57,4 bilhões.

    A relação de endividamento no período de Emílio Garrastazu Médici de 1970 a 1971 foi de 2,9%, saindo de um endividamento de 5,0 bilhões e indo para um endividamento de 14,7 bilhões. Já considerando somente 4 anos de governo de Ernesto Beckmann Geisel o endividamento de 1974 a 1978 deveria passar de 14,7 para 43,2, portanto, maior do que a dívida de 40,3 bilhões de dólares que consta da tabela para 1978.

    Bem, esta entrevista de Antonio Delfim Netto fez-me lembrar de post recente publicado aqui no seu blog. Trata-se do post “A implosão da mentira, de Affonso Romano de Sant’Anna” de sexta-feira, 04/04/2014 às 11:09, originado de sugestão de Assis Ribeiro que reproduziu parte do poema de  Affonso Romano de Sant’Anna intitulado “A implosão da mentira”. O endereço do post “A implosão da mentira, de Affonso Romano de Sant’Anna” é:

    https://jornalggn.com.br/noticia/a-implosao-da-mentira-de-affonso-romano-de-santanna

    O poema “A implosão da mentira” já havia sido reproduzido aqui no seu blog na eleição de 2010 e ele foi publicado em 1984 ainda tendo em vista a repercussão do episódio do Rio Centro e sendo, em razão da comemoração dos cinquenta anos do golpe bem pertinente a reprodução dele.

    Pensei em transcrever aqui um comentário que eu enviei para você segunda-feira, 07/10/2013 às 21:14, para o post “O pecado que Delfim Netto nunca conseguirá expiar” de terça-feira, 08/10/2013 às 00:24, aqui no seu blog. O endereço do post “O pecado que Delfim Netto nunca conseguirá expiar” é:

    https://jornalggn.com.br/noticia/o-pecado-que-delfim-netto-nunca-conseguira-expiar

    Em meu comentário de segunda-feira, 07/10/2013 às 21:14, eu transcrevo um comentário meu enviado para o post “Numa só entrevista, verdades e mentiras” de sábado, 26/08/2006 às 16:14, no blog de José Dirceu quando ele ainda era no site do Ig. Hoje também já não existe o post. Naquela época, os comentários ficavam com o endereço de email exposto e penso que em razão disso muitos posts tiveram que ser eliminados. Naquela época os comentários lá no blog de José Dirceu não tinham limitação de tamanho e eu escrevi um bom bocado. O assunto é entrevista de Antonio Delfim Netto e se se pudesse acessar o original da entrevista veria que Antonio Delfim Netto não mudou nada.

    Como disse não tenho muita coisa a acrescentar. Transcrevo, entretanto, a seguir três críticas que eu faço a Antonio Delfim Netto e que eu relaciono no comentário que eu fizera no blog de José Dirceu. Disse eu lá:

    “Mas, como eu já mencionei em comentário feito à sua notícia, em 24/08/06, intitulada “Na pauta do CDES, metas para o desenvolvimento”, se a Delfin cabe elogio, três críticas a ele devem ser feitas:

    1ª – O ar prazeroso que parece emanar da assinatura dele em cada ato do Golpe de 64.

    2ª – A referência sempre depreciativa que ele tenta imputar a Geisel, um dos poucos militares com visão de estadista que tivemos.

    3ª – A forma malévola como ele utiliza dados estatísticos para convencimento ou refutação de uma tese”.

    Eu lembro que uma vez eu relacionei cinco críticas. Aqui só há três embora no meu comentário eu acrescente mais uma e que seria uma quarta. E reproduzo um parágrafo do meu comentário em que eu explicito esta quarta crítica. Disse eu lá:

    “Um dos grandes males que Delfin causou a economia brasileira foi ter reduzido a carga tributária de 27% do PIB, nível que ela alcançou no final do governo Geisel, para 24 % do PIB no final do governo Figueiredo. Mas ele não dá o braço a torcer. Sempre que pode, culpa a alta carga tributária pelo atual pouco expressivo crescimento econômico brasileiro”.

    A quinta crítica provavelmente seria a questão da frase dele, “dívida não se paga, rola” que você diz que é da lavra de Paulo Lyra, como se Paulo Lyra tivesse sido o tutor de Antonio Delfim Netto ou como se ele não a utilizasse.

    Bem há muito mais links para serem deixados quando se fala sobre Antonio Delfim Netto. Há uma frase dele sobre o problema que representa o desemprego que de tão bela eu ainda não estou convencido de que é dele. Se tiver oportunidade eu faço uma transcrição dela aqui neste post.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 07/04/2014

    1. A. D. Netto é quem mais bem ensina economia para leigos

       

      Luis Nassif,

      Em meu comentário anterior enviado segunda-feira, 07/04/2014 às 21:46, eu mencionei uma bela frase de Antonio Delfim Netto que eu, vez ou outra, venho a reproduzindo-a, ao mesmo tempo que teço loas ao ex-ministro. Trata-se de frase publicada no artigo dele “Metas inflacionárias” que fora publicado no jornal Valor Econômico de terça-feira, 04/10/2011, e fora aqui reproduzido no post “As metas inflacionárias, por Delfim Netto” de também terça-feira, 04/10/2011 às 11:38. O endereço do post “As metas inflacionárias, por Delfim Netto” é:

      https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/as-metas-inflacionarias-por-delfim-netto

      E a frase a que eu faço referência é a que eu transcrevo a seguir. Diz lá o ex-ministro Antonio Delfim Netto:

      “A igualdade de oportunidade é objetivo fácil de ser enunciado, mas esconde enormes problemas conceituais e práticos. De qualquer forma, deve começar com a chance de todo cidadão ganhar a vida com o seu esforço. De todos os desperdícios de recursos naturais de uma sociedade, nenhum é mais injusto, mais prejudicial à integração social e à autoestima do cidadão, do que negar-lhe a oportunidade de viver honestamente e sustentar a família com o resultado de seu trabalho”.

      O artigo “Metas inflacionárias” vale a leitura não somente pela frase que eu transcrevi. Ele termina com uma transcrição de frase de artigo de Kenneth Saul Rogoff intitulado “The optimal degree of commitment to an intermediate monetary target” e foi publicado em 1985, podendo ser visto no seguinte endereço:

      http://scholar.harvard.edu/files/rogoff/files/51_qje85.pdf

      E a frase de Kenneth Saul Rogoff e transcrita por Antonio Delfim Netto é a seguinte:

      “A sociedade pode, às vezes, melhorar seu bem-estar nomeando um banqueiro central que não compartilha (sic) seus objetivos sociais e que, em seu lugar, aumente o “peso” da estabilização monetária relativamente à estabilidade do emprego”.

      Antonio Delfim Netto não somente transcreveu a frase de Kenneth Saul Rogoff. Antonio Delfim Netto dá à frase uma dura introdução. Transcrevo também a introdução porque, dada a autoridade de Antonio Delfim Netto, a introdução faz uma crítica definitiva à frase de Kenneth Saul Rogoff e também nos informa um pouco sobre o entendimento da Ciência Econômica por parte de Antonio Delfim Netto. Diz lá o ex-ministro:

      “Ninguém subscreveria hoje esta barbaridade autoritária que, até 2007, era o limite intransponível da “ciência” monetária”.

      Bem, aproveito ainda para deixar o link para o post “A política monetária, por Delfim Netto” de terça-feira, 27/03/2012 às 09:00, aqui no seu blog, contendo a transcrição do artigo “Política monetária” de Antonio Delfim Netto publicado no jornal Valor Econômico daquela data. O endereço do post “A política monetária, por Delfim Netto” é:

      https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/a-politica-monetaria-por-delfim-netto

      Há artigos bons de Antonio Delfim Netto tanto mais antigos como mais recentes, Indico este porque vejo-o como um bom exemplo de como Antonio Delfim Netto tem repassado para leitores leigos nas colunas econômicas dele nos jornais boas lições de economia.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 08/04/2014

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