Para Erundina, alianças do PSB revelam falta de coerência

Da Folha de S. Paulo
 
Alianças do PSB não têm coerência, diz Erundina
 
Por Marina Dias
 
Para deputada, falta sentido político nos acordos regionais de seu partido
 
Semana passada, PSB anunciou a entrada do PSDB no governo de PE, o que desagradou aliados de Campos
 
A deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) diz que não existe “coerência política” nas alianças regionais que seu partido tem fechado para fortalecer a pré-candidatura do governador Eduardo Campos à Presidência.
 
“A certeza que tenho é que não há coerência política a ponto de se conseguir dar unidade a alianças que podem ser reproduzidas no resto do país”, disse à Folha.
 
Na semana passada, o PSDB de Pernambuco aderiu ao governo de Campos. Erundina critica a natureza das decisões e afirma que elas não passaram pela Executiva Nacional do PSB. Apesar das ressalvas, ela diz que Campos “tem o desejo de fazer as coisas de maneira diferente”.
 

Folha – Em que medida a entrada do PSDB no governo de Eduardo Campos altera o acordo entre PSB e Rede?
 
Luiza Erundina – Cada caso é fruto do sistema político exaurido, esgotado em responder às demandas da sociedade. Mantemos regras, normas e sistemas partidários e eleitorais defasados, sem identidade, e isso explica esse caos que existe nas políticas de alianças locais. A certeza que tenho é que não há coerência política a ponto de se conseguir dar unidade a alianças que podem ser reproduzidas no resto do país.
 
PSDB e PSB acordaram possíveis alianças em Pernambuco, Minas Gerais, Paraíba, Rio Grande do Sul e São Paulo. Qual é o limite para esses acordos acontecerem?
 
Isso já está dado. O processo já andou tanto, as conversas já se deram com tanta frequência e não passaram pelas direções partidárias. Marina Silva insiste em encaminhar as coisas de outra forma, mas é uma tentativa muito recente. A junção entre PSB e Rede é salutar, é a construção coletiva de um processo novo e vamos acumular para, se não for nessa eleição, introduzir algo novo num futuro que espero ser próximo.
 
O presidente estadual do PSB-SP, Márcio França, articula há meses um acordo para ser vice na chapa de Geraldo Alckmin. Mas interlocutores dizem que Marina e Campos conversaram e que essa possibilidade agora “tende a zero”.
 
A partir da aliança PSB-Rede esse quadro se encontra mais complicado.
 
É mais importante o PSB ter um candidato próprio ou se aliar ao PSDB de Alckmin?
 
Defendo candidatura própria junto com a Rede para construir uma nova força política e quebrar a polarização PT-PSDB, que é artificial, já que os dois partidos têm muita identidade do ponto de vista de alianças e propostas políticas. Precisamos introduzir novos elementos para renovar a política brasileira. Essa história de palanque duplo, palanque triplo, é um absurdo, é contribuir para esse quadro político caótico.
 
A senhora está disposta a ser candidata ao governo de SP?
 
É um processo complexo, e não podemos colocar as coisas nesses termos, para não quebrar a unidade PSB-Rede.
 
As posturas de Marina e Campos frente à política de alianças não são contraditórias?
 
Não. Há uma intenção de Campos em contribuir para que as coisas se deem de maneira diferente, mas a lógica eleitoral se superpõe a tudo. Somos vítimas dessa lógica.
 
Redação

23 Comentários

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  1. Não são tucanas…

    Nassif, o título do post não reflete o conteúdo do artigo: e Erundina comenta as limitações do sistema político exaurido, e critica a falta de coerência do PSB. Ela não fala absolutamente nada sobre a coerência, ou falta dela, do PSDB.

  2. O jogo é político e eleitoral

    A todos em 2014, ano de eleições presidenciais: muita reflexão e empenho por mudanças, sem perder os ganhos e sem risco de voltar ao passado!

    O que diz a Dep. Erundina é que prá viabilizar o futuro é preciso jogar o jogo com as regras atuais e para isso é preciso encarar as contradições de fato.

    – Por uma NOVA POLÍTICA sem os velhos caciques reacionários (Sarneys, Malufes, Renans, Barbalhos) que tanto com PT quanto com PSDB controlam o legislativo e sequestram parte substancial do poder politico.

    – Por NOVA GESTÃO com mais transparência e sem vacilo com a CORRUPÇÃO.

    – Pelo fim das reeleições – inesgotável fonte de corrupção;

    – Por um NOVO PACTO FEDERATIVO (convocação imediata de constituinte exclusiva para as reformas políticas – os atuais legisladores Deputados e Senadores – jamais acabarão com seus privilégios).

    – Pela renovação das classes políticas;

    – Por um desenvolvimento econômico, sustentável e solidário!

    – Pelo compromisso de vinte anos de prioridade absoluta p/Educação: 10% do PIB já!

    – Pelo fim da polarização: sem ´mensalão´ e sem ´trensalão´ viabilizando com o fim das reeleições um governo de TRANSIÇÃO DEMOCRÁTICA, coligando o que há de melhor do PT + PSDB + independentes e partidos de esquerda relegando aos fisiológicos o baixo clero longe dos controles de poder.

    PSB/SP –  com ERUNDINA – Governadora 

    PSB/BRASIL –  com MARINA ou EDUARDO CAMPOS – Presidente

    1. A nova velha política

      Então quer dizer que as contradições do PT devem ser criticadas, mas as contradições do PSB são facilmente desculpadas?

      Ambos tem que lidar com a mesma realidade política podre. O que justifica certo pragmatismo são políticas transformadoras, o que o governo Lula e também o governo Dilma apresentaram e vão continuar apresentando…

      A política de Marina/Campos é a do tripé conservador, defendido pela Mirian Leitão, pelo Itaú e pelo há de mais de direita no Brasil: juros altos, superávite primário e câmbio supervalorizado, que na era FHC nos levou ao FMI por três vezes e que bateu num desemprego de cerca 12,0% contra os 4,6% atuais…

      E qual é a posição dessa dupla em relação ao modelo de partilha do pré-sal?

      Está escancarado que o PSB se transformou no viagra do PSDB, como mostra outro poss do Nassif…

      https://jornalggn.com.br/noticia/para-campos-alianca-com-psdb-e-a-nova-politica

       

    2. Eu apoio

      Eu acho que isso da ‘polarização’ é uma encenação praticada por ambos os lados, posto que as bases de sustentação dos governos são as mesmas e não houve nenhuma alteração em estamentos.

      E que uma coligação PSB-PT-PSDB reduziria a força do fisiologismo.

      Mas cuidado, Militão. Aqueles que defendem coisas cegamente lhe chamarão de reacionário fascista em 3…2…1…

  3. Mudança de lado

    É evidente que se Campos e a cúpula do PSB rompeu a aliança com o PT e acrescentou o PSDB em seu governo de Pernambuco houve mudança de lado. Isso é cristalino, é direito do partido, se foi uma decisão partidária, não vamos julgar o mérito, certo ou errado, mas houve mudança de lado, ponto questão de escolha. 

    Agora se a Erundina tem restrições ao que o PSDB representa, deve deixar claro, como deixou ao desistir da chapa com Haddad por não aceitar a aliança com o grupo de Maluf. Questão de escolha, e por sua trajetória, coerente. E quanto aos “neossocialistas” Bornhausen e Heráclito Fortes ? Nenhuma análise? Continuo esperando, até porque Erundina tem trajetória e densidade política, uma hora ela vai falar. Ou não ?

  4. Mais uma

    Erundina, a quem eu muito respeitava, está finalmente mostrando a mão e os anéis. Diz: “defendo candidatura própria junto com a Rede para construir uma nova força política…”. Nova???

  5. Consolida-se o PSBd, Partido da Social-Duducracia Brasileira

    Consolida-se o PSBd, Partido da Social-Duducracia Brasileira

    Em entrevista para a Folha de São Paulo, Luiza Erundina se preocupa com as alianças do PSBd, que revelam, segundo ela, falta de coerência do seu partido.

    Erundina – respeitável, lutadora e progressista deputada, deveria estar falando, a bem da verdade, sobre a sua própria coerência.

    Ano retrasado (2012), coerente, recusou ser vice-prefeita de Fernando Haddad, porque o PP aderiu á candidatura do PT e por causa de uma fotografia de Lula, Haddad e Maluf, que retratava a adesão política, em posição minoritária, do PP. 

    Vale ressaltar que o PP não é o PT, e que Lula, Haddad e demais dirigentes do PT jamais sentaram ou sentarão na mesa do partido deles, o PT, com Paulo Maluf ou quaisquer outros dirigentes do PP, para tomar decisões sobre o Partido dos Trabalhadores.

    Ano passado (2013), no entanto, vimos uma longa romaria de políticos, do naipe de um Hieráclito Fortes e de um Jorge Bornhausen em direção ao PSBd, o partido de Luiza Erundina, não por adesão minoritária a uma candidatura, mas sim para se filiarem e sentarem à mesma mesa partidária que a deputada, e tomarem, em conjunto e em pé de igualdade (na melhor das hipóteses), as decisões sobre o PSBd, agora de todos eles.

    Decisões, por exemplo, sobre a “edificante aliança programática” do PSBd com Ronaldo Caiado, da UDR, para a candidatura de Eduardo Campos, já tomada e temporariamente acobertada por uma pequena birra de Marina Silva, atual inquilina na barriga de aluguel do PSBd (nada que a Secretária-Geral da Rede, Neca Setúbal, também dona da Rede ITAÚ, não possa contornar com uns trocadinhos de campanha a mais).

    Como as adesões destes luminares da ditadura ao PSBd foram tomadas antes do 5 de outubro, pergunta-se por que a coerente deputada Erundina não se transferiu do PSBd para outro partido, como o PSOL, diante da flagrante agressão ao programa do PSBd trazida por esses senhores ?

    Terá sido por que Marina a convenceu que isto, a conversão desta turma ao mundo novo, faz parte da ‘nova política’ (pausa para os risos) ? Ou que o importante é confiar na revolucionária chapa Eduardo-Marina (*) ? E que tudo isto é importante para acabar com “aquela raça de políticos”, no dizer dos seus novos colegas do PSBd, e assim libertar o povo brasileiro, em nome de Jesus ? 

    Com a palavra a deputada Luiza Erundina.

    _______________________________________________________

    (*) Como diria o Zé Serra: “o PSBd lança a chapa Dudurina: VOTE NUM TRAÍRA E LEVE DOIS”.

  6. Erundina, a Pura, agora

    Erundina, a Pura, agora aceita a velha forma de fazer política? Será que foi convencida pelos Bonhausen e pelo Heráclito Fortes, seus companheiros de partido?

    Mas fica cada vez mais difícil manter aquele discursinho de imaculada que ela usou em 2012.

    Terá ela se transformado em Erundina, a Pragmática, ou preferirá continuar como Erundina, a Demagoga de Ocasião?

     

  7. Vítima

    “Somos vítimas dessa lógica”. Ai, ai… poliana nessa altura do campeonato é de lascar. Ou ao menos não se faça (ou tente nos fazer) de boba. Respeite-se.

  8. Personalismo e Oportunismo

    Caros, o PSB nasceu e morrerá um partido personalista. Surgiu sob Miguel Arraes e com a morte deste foi herdado pelo eduardo campos. O primeiro era um politico que se identificava com o povo, o segundo nasceu em berço de ouro e sempre foi um oportunista, vide os precatorios, e um socialista hipocrita. Destacou-se sob a sombra de Lula. O PSB é um partido mcom dono e reflete a personalidade de seu dono, não há democracia em partido que tem dono. Vide o PPS. Portanto, o PSB reflete seu lider, um oportunista nada democrático. A Luiza Erundina sabia disso ha muito tempo e a isso se sujeitou porque no fundo tem seu projeto personalista de poder e vê agora uma grande oportunidade de realizar-se. Como disse inocêncio oliveira em uma seção da camara: o mais bestinha desses politicos da corda em relogio de pulso no fundo de uma piscina usando luva de boxe.

  9. Resta a Erundina e Roberto

    Resta a Erundina e Roberto Amaral ficarem jogando biriba enquanto o Dudu faz a “nova política” com seus “novos amigos”, os “arejadíssimos” tucanos e ex-comunistas de Pernambuco, como Bob Freire e Jarbas Vasconcelos.

    Como diria minha tia, que é tão “nova” quanto esses meninos, “tragam meus sais!” 

  10. Quem diria… o PT faz

    Quem diria… o PT faz alianças com PP, PMDB, PDT, PSC e tudo pelo governismo. Agora o PSB fez uma aliança com o PSDB e pronto…

      1. E quem disse que o Delcídio é

        E quem disse que o Delcídio é petista! Pra mim ele em um pássaro emplumado de bico grande conhecido por tucano. Ele usa a sigla do PT para se eleger e, depois, passa todo mandato prestanto serviço, debaixo do pano, a oposição. Na verdade ele é a mistura de tucano com camaleão, ou seja um grande tuncamaleão.

  11. O sonho de consumo da

    O sonho de consumo da Errundina é o aconxego de um ninho. Por linhas tortas ela chegou lá: Deixou o PT, que não faz ninho, filiou-se ao PSB, então solteiro, que agora se casou com o PSDB, que faz ninhos em todos os estados em que é majoritário e, que por amor, vai ceder ao seu cônjuge grandes quantidades de ninhos para uso e consumo dele.

  12. PSB   surgiu  com   Miguel 

    PSB   surgiu  com   Miguel  Arrais ?  e  o  que  eram  João  Mangabeira,  Hermes  Lima,  Jamil Jaddad,  Adalgisa  Nery,  Aurélio  Viana e tantos  outros….?  Onde  estavam ?

        Não  é  de  agora….Garotinho  já  foi  PSB  (  e  PT,  PDT,  PMDB…que  farra !) mas  os  fundadores,  lá  de  trás ( antes  de  Arraes) ,  não  teem  nada  com  isso  .)

  13. Eu não vi o Militão citar os

    Eu não vi o Militão citar os Bornhausens , Heráclitos et caterva como sinônimos de políticos antigos, fisiológicos e corruptos. São estes que dentro do PSB farão a nova política? E se por acaso o coroné Dudu ganhar ele não fará aliança com Sarney, Collor, Renans etc?

    Pare de subestimar nossa inteligência !

    Faz-me rir !

    1. A Dep. Erundina responde:

       

          NILVA,

          É disso que estamos falando e propondo, na condição de ser uma 3a via possível e necessária pois a história nos reservou esse momento crucial de interlocução política tanto com tucanos como com petistas de quem sempre fomos aliados leais.  

          A polarizaçao PT x PSDB foi importante e indispensável para a alternância de poder e se exauriu. A realidade é que nosso sistema político impõe a qualquer facção dessa polarização, petistas ou tucanos, que o derrotado esteja sendo ´eleito´ para exercer a principal oposição restando ao vencedor apenas submeter-se às espúrias alianças com as lideranças dos ´300 picaretas´  que todos conhecemos. Os exemplos são dispensáveis.

          Porém, se o PT e o PSDB com quem sempre o PSB esteve aliado, ora aqui, ora ali, conforme a realidade local e sempre em condições leais e se, diante de um processo eleitoral que poderá ser virtuoso e ao final, se a 3a via for escolhida pela maioria da popula~ção e PT + PSDB, uma aliança de coalização com nítida e transparente proposta de uma transição institucional e aceitarem construir uma nova agenda política, econômica e social para o futuro, então, aquelas lideranças reacionárias, clientelistas e retrógradas não serão indispensáveis.

         Com uma maioria sólida, o baixo clero adere por sua própria natureza governista. Portanto, essa não é uma lógica eleitoral, o que se impõe é uma visão e um compromisso com o futuro.

         É isso o que propomos e o que afirma Erundina em sua última resposta na entrevista:

         “P: As posturas de Marina e Campos frente à política de alianças não são contraditórias? “Não. Há uma intenção de Campos em contribuir para que as coisas se deem de maneira diferente, mas a lógica eleitoral se superpõe a tudo. Somos vítimas dessa lógica.”

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