PSG, Messi e o futebol no centro da lavagem de dinheiro, por Luis Nassif

Some-se à invasão do futebol pelos sites de loteria online e se terá, provavelmente, a maior lavanderia do planeta, capaz de se ombrear com o concorrente maior, a indústria do tráfico de drogas.

Em conferência de imprensa, na 2a feira passada, o presidente do Barcelona, Joan Laporta, anunciou dívidas de mais de 1,35 bilhão de euros. Esse endividamento fez o clube abrir mão de seu maior ídolo, Lionel Messi. Por outro lado, informações divulgadas por jornais europeus indicam que, sozinho, os ganhos de Messi corresponderão à metade do faturamento anual do PSG, que o adquiriu.

A conta não fecha, e apenas escancara a enorme zona cinzenta na economia do futebol e nas cifras.

O PSG é um clube deficitário, que sobrevive graças a um potentado do Catar. Além disso, participa de uma liga de futebol em crise, a Ligue 1, da França. Com o Covid, a temporada de 2019-2020 foi interrompida mais cedo. Fracassou o contrato de televisão com a Mediapro, deixando os clubes sem as receitas de televisão. A liga recebeu propostas da Amazon, da Discovery e do serviço de streaming DAZN. Nenhum dois lances foi considerado suficiente pela liga.

Houve queda no patrocínio dos clubes. O PSG amargou perda líquida de 124 milhões de euros na temporada 2019/2020. E a receita total da Ligue 1  caiu 16%, para 1,6 bilhão de euros, de acordo com a Deloitte.

A saída de Messi do Barcelona está ligada também ao chamado “fair play financeiro”, um pacto para impedir a lavagem de dinheiro dentro dos clubes e, ao mesmo tempo, proteger os clubes menores evitando os grandes investimentos. 

As fontes de arrecadação são as receitas de transmissão de TV, ingressos nos estádios e ações dos departamentos comerciais. Sò podem gastar até 30% a mais do que arrecadam. Ficam de fora gastos com instalações de treinamentos e projetos comunitários.

Para administrar os contratos, a UEFA criou o Órgão de Controle Financeiro dos Clubes (CFCB). Ao final de cada temporada, cada clube precisa apresentar balanço ao órgão.

Curiosamente, o PSG tem índices piores que o Barcelona.  Pelas regras do fair play, a soma dos salários – jogadores, comissão técnica e funcionário – não pode superar 70% da receita prevista para a temporada. Na temporada 2019/2020, a relação salários/receita do PSG chegou a 99%, contra 54% do Barcelona.

Por trás da operação, há os interesses geopolíticos do Catar. O Qatar Sports Investments, fundo apoiado pelo Estado, adquiriu io PSG em 2011. A alegação do Catar é que pretende diversificar os fluxos de receitas para além da petroquímica. Críticos apontam a intenção explícita de lavar dinheiro.

Sempre há as estimativas de vendas de camisa, alavancadas com a compra de jogadores conhecido. Mas outro ponto que tem reforçado a ideia de mega-lavagem de dinheiro no futebol é o fato da BitMEX, plataforma de negociação de criptomoedas, ter se tornado o primeiro patrocinador oficial do AC Milan. Pouco depois, o US COmmodity Futures Trading Comission, conseguiu que o Tribunal Distrital do Distrito Sul de Nova York ordenasse à BitMEX depositar até US$ 100 milhões, por operar uma plataforma de negociação não registrada, que abria espaço para lavagem de dinheiro.

Some-se à invasão do futebol pelos sites de loteria online e se terá, provavelmente, a maior lavanderia do planeta, capaz de se ombrear com o concorrente maior, a indústria do tráfico de drogas.

Luis Nassif

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