O ex-conselheiro da Vale, José Duarte Penido, decidiu fazer de sua renúncia do Conselho de Administração o principal palco para críticas das orientações que o governo Lula quer implementar na mineradora, aproximando-a dos projetos de desenvolvimento e de indústria federal.
Uma carta formal, que foi repetida em peso por nomeações em conselhos e presidências de estatais, bancos e principais players econômicos do país durante o governo de Jair Bolsonaro, foi transformada em viral ataque ao governo Lula: “nefasta influência política”, descreveu Penido, no comunicado oficial que foi distribuído aos acionistas. Mas quem é o ex-conselheiro que se tornou manchete dos principais jornais nesta semaan?
De perfil discreto e conservador, José Luciano Duarte Penido é um empresário que detinha grande influência entre os acionistas da Vale e representava uma das principais forças de decisões entre os que lucram com a estatal.
Disputa com Castello Branco
O ex-conselheiro assumiu a Presidência do Conselho de Administração da Vale em maio de 2021, quando disputou o cargo com o ex-presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco. O “opositor” na disputa, Castello Branco havia recém deixado o comando Petrobras por atritos diretos com o então presidente Jair Bolsonaro.
Apesar do peso de Castello Branco, Penido foi eleito para o comando do board dos negócios da mineradora por mais que o dobro de votos que o recém desafeto de Bolsonaro: mais de 2,6 bilhões de acionistas votaram por Penido para o comando do Conselho da Vale contra 1,04 bilhões de Castello Branco.
No ano passado, no grupo de 13 conselheiros, 6 que assumiram uma cadeira foram novas figuras econômicas no Conselho, e Penido foi um dos 7 que permaneceram de gestões anteriores.
As ligações e o sucessor Daniel Stieler
Penido também integra a linha do grupo de acionistas do seu sucessor no comando do Conselho da Vale, o conselheiro Daniel André Stieler, que assumiu a presidência este ano, para o biênio 2023-2025.
Em comunicado aos acionistas, Stieler afirmava que “daria continuidade ao trabalho” do biênio anterior, de Penido.
Stieler, por sua vez, é funcionário de carreira do Banco do Brasil e ocupou a Presidência da Previ, o fundo de pensão do banco, em junho de 2021, em uma movimentação direta das nomeações da família Bolsonaro.
O conselheiro foi emplacado na Vale em abril de 2023, juntamente com Luiz Henrique Guimarães, indicado pelo bilionário Rubens Ometto, que controla a Cosan e é uma das principais acionistas da mineradora.
Ainda no BB, o atual presidente do Conselho de Administração da Vale, Daniel Stieler destacou amplo apoio ao ex-presidente do Banco do Brasil, Fausto Ribeiro, figura de amplo apoio do ex-presidente e que também foi nomeado por Jair Bolsonaro.
Em uma das primeiras mudanças do governo Lula nas entidades financeiras, o atual presidente exonerou Fausto Ribeiro e nomeou, em seu lugar, Tarciana Paula Gomes Medeiros.
Junto com Stieler, Fausto Ribeiro também mudou boa parte do alto escalão do Banco do Brasil, em 2021, gerando críticas entre conselheiros independentes do banco.
A crise no comando da Vale
A carta de renúncia de Penido foi um dos ápices da dificuldade do governo Lula em alinhar empresas estratégicas brasileiras às políticas de desenvolvimento do atual governo.
No início do ano, o presidente pediu ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que tratasse com Daniel Stieler a nomeação de Guido Mantega para o cargo de CEO da Vale.
A escolha de Lula para o comando da mineiradora incomodou os acionistas, que pressionaram contra Mantega. Caso não seja ele, o Planalto tentava negociar, junto aos acionistas, um nome que interessasse ao governo para alavancar o modelo de investimentos que projeta.
Os acionistas tentam manter Eduardo Bartolomeo, o atual CEO da empresa, no cargo. O mandato dele termina em maio deste ano, e nos últimos meses o governo tem tentado chegar a um consenso com os representantes da Vale sobre quem assumirá a companhia.
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Não explicou quem é, de onde veio, o que faz\ ou fez. O título não faz jus ao conteúdo.
Lamentavelmente a imprensa brasileira costuma esquecer os fatos do passado sobre algumas pessoas importantes.
No caso do Sr.José Lucio Duarte Penido, ninguém mencionou que esse senhor já foi réu na Ação Penal 20030201000640-8, do TRF2, pela compra de votos de 26 deputados estaduais, em dezembro de 2.000, para eleição de José Carlos Gratz (ex-criminoso conhecido do Espírito Santo) à presidência da Assembléia Legislativa de Vitória, quando era presidente da Samarco Mineração, onde a referida empresa havia recebido um cheque de R$ 1.825.000,00, pela venda de créditos de ICMS, para a empresa ESCELSA, que ao invés de ser contabilizado na Samarco, foi usado para comprar votos de deputados capixabas.