Reação europeia contra xenofobia francesa

UE x Sarkozy:

União Europeia analisa política francesa de expulsão

Bruxelas, 2 set (Prensa Latina) A Comissão Europeia pôs hoje sob a lupa o procedimento que segue a França com a expulsão de ciganos romenos e búlgaros, cujos direitos à livre circulação pelo espaço comunitário poderiam ter sido vulnerados, segundo organizações defensoras.

Fontes do organismo executivo da União Europeia (UE) informaram que a diretora avalia se Paris cumpre com o regulamento comunitário e procede a partir de um exame caso por caso ou leva a cabo de maneira deliberada deportações em massa dessa singular etnia de origem indo-europeu.

A política de expulsões adotada este verão pelo presidente francês Nicolás Sarkozy levou a uma onda de críticas por parte de organizações defensoras dos direitos das minorias na Europa, de partidos políticos progressistas e até da Igreja Católica.

O debate chama a atenção basicamente no tratamento discriminatório para cidadãos europeus de origem romena e na maneira inescrupulosa de “estigmatizar” a determinados povos para justificar políticas nacionais no âmbito da segurança interna, como é o caso francês.

Relatórios circulados por diversas organizações não governamentais do continente e os protestos dos governos de Romênia e Bulgária obrigaram à diretora da UE a pedir explicações ao executivo francês.

O secretário romeno de Estado para Assuntos Europeus, Bogdan Aurescu, reclamou à UE que analise se as deportações foram “verdadeiramente voluntárias” ou se forçaram aos imigrantes gitanos a aceitar os 300 euros oferecidos a mudança de abandonar esse país.

Aurescu acusou ao governo francês de maquiar as estatísticas sobre criminalidade dos deportados para impressionar à opinião pública.

O líder do bloco socialista no Parlamento Europeu, Martín Schultz, deplorou a falta de transparência das autoridades comunitárias ao criticar a decisão da comissaria de Justiça, Viviane Reding, de velar à opinião pública o exame do caso francês.

Segundo um porta-voz da Comissão Europeia, supõe-se que uma reunião fixada para esta sexta-feira com representantes do governo de Sarkozy contribua informação mais detalhada sobre o controvertido procedimento com cidadãos em situação irregular, conforme à versão oficial da França.

Ao defender a política de expulsões, o ministro francês de Imigração, Eric Besson, assegurou na quarta-feira passada em Bruxelas que França respeitou “escrupulosamente” as normas comunitárias, mas alegou que a liberdade de movimento não pode ser incondicional.

Uns mil ciganos foram deportados em agosto, com o que ascende a quase nove mil os cidadãos dessa etnia expulsos da França durante 2010, desde que o executivo iniciou o desmantelamento dos acampamentos instalados em todo o país.

O ministro búlgaro de Relações Exteriores, Nikolai Mladenov, expressou nesta semana desconcerto pelo fato de que nem Bulgária nem Romênia fossem convidadas a um encontro internacional convocado por Paris para debater essa problemática.

O encontro, segundo Sofía, convidaram delegados da Alemanha, Espanha, Itália, Grécia e Reino Unido, estados que albergam um maior número de imigrantes zíngaros, de uns 10 milhões que habitam na Europa.

O Movimento Associativo Cigano Madrilenho convocou para o sábado 4 de setembro a uma mobilização pacífica ante a sede da UE na capital espanhola em apoio aos ciganos romenos que são deportados pelo Governo francês, segundo um comunicado dessa entidade.

A concentração se levará a cabo também em Barcelona e em outras cidades europeias, inclusive Paris, de maneira simultânea, indica uma nota da União Romena.

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Luis Nassif

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