Segundo caso em poucos dias: em SP, homem mata jovem de 16 anos a socos

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
[email protected]

Enviado por Gão

Do Terra

Será que esse batbandido gostaria de ser julgado por seus colegas justiceiros ?

“Justiceiro” mata adolescente inocente e é solto em SP

Moradores da pequena Gastão Vidigal (SP) estão revoltados com a libertação de um homem que espancou a socos, até matar, um menino de 16 anos, na segunda-feira de Carnaval. O crime aconteceu na calçada em frente à Delegacia de Polícia e na presença de policiais militares (PMs) e conselheiros tutelares da cidade. Preso em flagrante pela polícia, o encarregado de produção Fabrício Avelino de Almeida, 28 anos, foi colocado em liberdade pela Justiça no mesmo dia.​

O adolescente Renato Duarte Horácio, 16 anos, que morava em Guarulhos e tinha ido passar o Carnaval no interior, foi morto supostamente porque, em companhia da mãe e do irmão de 18 anos, fotografou o movimento da praça da cidade – ele queria levar as fotos como lembrança da viagem.

As fotos, contudo, registraram crianças sem autorização. O pai e o avô dos menores acreditavam que eles estavam sendo vítimas de pedofilia. A Polícia Militar interveio e levou o jovem, a mãe e o irmão a uma delegacia. Eles foram liberados depois de constatado o mal-entendido.

Contudo, Fabrício – que não tinha ligação com a confusão – apareceu na porta da delegacia e, quando o jovem estava saindo, desferiu socos no adolescente. Ele teria dito: “É pedófilo, então venha tirar a foto da minha filha, vem.”

“Colocamos o menino dentro do carro para ir embora, mas mesmo assim, este homem correu para cima e o menino, talvez com medo, saiu pela outra porta, correndo”, contou a enfermeira Adriana Simonato, amiga da mãe da vítima.

“Mas ele não parou e correu atrás e encantoou o menino no capô do carro da conselheira tutelar e começou a agredi-lo com socos na cabeça. Gritamos chamando a polícia e tentamos tirá-lo de cima do menino, mas ele é grandão. A mãe tentou apartar e também foi agredida. E ele só parou de bater quando o menino, junto com a mãe, caiu no chão, sofrendo convulsões”, contou Adriana. Segundo ela, o garoto foi levado para o Hospital São Domingos, em Nhandeara, cidade vizinha, onde médicos tentaram reanimá-lo, sem sucesso.

O agressor, que é irmão da vice-prefeita da cidade, foi preso em flagrante por lesões corporais seguidas de morte, mas foi colocado em liberdade no dia seguinte pelo juiz plantonista José Manoel Ferreira Filho, da Comarca de Votuporanga. O advogado Agenor Maquezini, que defende o agressor, disse que seu cliente está em liberdade provisória concedida pela Justiça e que só vai falar sobre o assunto após a divulgação do laudo da causa da morte pelo Instituto Médico Legal (IML), que deve sair na próxima terça-feira.

Por enquanto, o agressor continua em Gastão Vidigal, o que revolta os moradores. “Não conseguimos compreender como uma coisa dessas aconteceu na nossa cidade. Pior ainda, como a Justiça mantém em liberdade uma pessoa que pratica um crime desses”, disse a comerciante Luísa Lourdes Ribeiro. “Esse homem é conhecido da PM por ser acostumado a arrumar briga aqui na cidade e na região, mas só que ele não tinha a ver com o fato. Ele foi lá só para espancar o menino”, disse Adriana.

O delegado de Gastão Vidigal, Abelardo Alves Gomes, disse que somente o surgimento de um fato novo poderá fazer com que Fabrício volte à prisão.  “Se continuar como está, ele responderá em liberdade”, contou. A reportagem tentou falar com o juiz José Manoel Ferreira Filho, mas o diretor do cartório, que atenderia a imprensa, não retornou as ligações.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

31 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Ou seja, mais outra porra na

    Ou seja, mais outra porra na qual o estado brasileiro falha:  prisao em flagrante.

    Ja nao significa merda nenhuma, nao eh mesmo?

    1. perfeitamente, Ivan…

      sempre dependeu da pessoa e do local da ocorrência

      e repare também que não há relação direta com o crime praticado, ou seja, a avaliação que deixa livre uma besta humana como a do caso em questão é a mesma que joga um ladrão de biscoitos na cadeia de imediato

    2. Não, nisto o Brasil “não

      Não, nisto o Brasil “não falha”: gente presa ilegalmente tá cheio. 40% dos presos no Brasil estão presos sem sentença. O que era para ser exceção virou regra. Mesmo que tenha sido um assassinato, que preserve-se o devido processo legal. Se não se enquadra em prisão preventiva ou temporaria, que responda em liberdade. Como deveria ser com qualquer pessoa, qualquer que seja o suposto crime que tenha cometido. pois é suposto, mesmo que em flagrante, até transitado em julgado. E a desculpa de justiça lenta é só isto mesmo, uma desculpa, das mais esfarrapadas. Até por que quando o não-julgado já está preso, a pressa da justiça e a cobrança da sociedade pela agilidade fica (bem) menor. 

  2. Reação do Estado de Direito

    As primeiras punições a justiceiros começaram a aparecer:

    RIO DE JANEIRO
    Dono de trailer arrombado é preso por prender suspeito em poste
    Outros três adolescentes já passaram pela mesma situação após tentativa de roubo; dois casos foram registrados no Rio e um em Belo Horizonte, em Minas Gerais

    PUBLICADO EM 05/03/14 – 16p0
    DA REDAÇÃO

    O dono do trailer arrombado por um adolescente de 16 anos no bairro de Santíssimo, zona oeste do Rio de Janeiro, foi autuado por lesão corporal após espancar e amarrar o jovem a um poste na madrugada desta quarta-feira (5). O homem, que não teve o nome revelado, assinou um termo circunstanciado e foi liberado. O caso foi encaminhado para o Juizado Especial Criminal (Jecrim). O adolescente foi atuado por fato análogo ao crime de tentativa de furto.

    O caso aconteceu perto da Praça São Vitor, perto da Estrada da Posse. Policiais militares do 40º Batalhão, em Campo Grande, também na zona oeste, foram até o local e levaram o menor para o Hospital Estadual Rocha Faria, em Campo Grande, onde foi medicado. Depois, o jovem foi levado para a 35ª Delegacia de Polícia (Campo Grande), onde o caso foi registrado.

    Outros casos

    No início de fevereiro, um menor de 15 anos foi espancado e preso nu, pelo pescoço, a um poste com uma tranca de bicicleta, no bairro do Flamengo, na zona sul da cidade, por um grupo de “justiceiros”. O adolescente é suspeito de praticar furtos e roubos na região. O caso teve grande repercussão, depois que a artista plástica Yvonne Bezerra de Mello, fundadora da ONG Uerê (dedicada a atividades de reforço escolar a crianças do Complexo da Maré, zona norte), publicou uma foto do menor em seu perfil no Facebook.

    No fim do mês, um menor de 17 anos teve os pés e as mãos amarrados após roubar o celular de uma pedestre, em Botafogo, zona sul do Rio. Um grupo de moradores tentou linchar o jovem, enquanto outras pessoas defendiam que nada fosse feito até a chegada da polícia.

    Em Belo Horizonte, um menor acusado de furto foi amarrado em um poste no bairro Santo Antônio, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, no dia 26 de fevereiro.

    Com Agência Estado

    1. “O homem, que não teve o nome

      “O homem, que não teve o nome revelado, assinou um termo circunstanciado e foi liberado”:

      Em outras palavras, o “homem” era branco, e o “ladrao” era preto.

  3. nunca será resolvido, só vai piorar…

    há tempos atrás a reação violenta da sociedade ocorria por temor……………..era do rádio

    e de lá pra cá não mudou, continua sendo o temor, só que hoje é a televisão que aponta os que devem, segundo o entender do SBT, por exemplo,  serem massacrados ou agredidos sem dó nem piedade, logo, o alcance é bem maior

    mas se você pegar um cara como esse, tenho quase certeza que ele vai dizer que é preciso resolver de imediato, matando, por causa da impunidade, a mesma impunidade que certamente vai deixá-lo livre, como já deixou

    mas tem algo muito pior, também resultante da mídia, ser forte e violento é charmoso (BBB)

  4. É O ÓDIO DIFUNDIDO NA MIDIA

    Esses bárbaros, de ódio inflamado diariamente pela midia, que veem Marcelo Resende e outros iguais, vivem à cata de alguém para justiçar. Esse é um exemplo típico: não sabia nada do caso, não tinha nada a ver com isso, mas, não quis saber _ queria somente exercer sua violência. Convenceu-se de que se tratava de um pedófilo, embora fosse um menino jovem, fora do espectro desse tipo de transgressor. Talvez por isso mesmo o quis justiçar covardemente, pois relatam que era grande e o menino frágil. A midia e os estimuladores devem se sentir culpados por esses crimes que tanto fazem para estimular. 

    1. Para se sentirem culpados,

      Para se sentirem culpados, teriam que ter consciência. Então, infelizmente, fica por isso mesmo. Matar alguém a socos é de uma selvageria sem limites, é inimaginável. Nessa hora não tem um gás qualquer para impedir o assassinato? Ficou todo mundo olhando? quem sabe filmando com o celular?

  5. fiquem de olho. O golpe não

    fiquem de olho. O golpe não virá dos manifestantes contra a Copa. Virá de episódios assim, cada dia esse povo vai assumir mais sem medo esse tipo de militarismo, essa sociedade do genocídio dos pobres será o tom oficial do governo.

  6. períodos de efeito dominó provocados…

    desde que passamos a nos entender e a nos expor como integrantes de um estado democrático de direito, são inúmeros os períodos de efeito dominó rumo ao caos social, à brutalidade e ao ódio

    agora eu pergunto: quem vem participando da mesma forma, tanto na ditadura como na época dos esquadrôes da morte, a mídia ou a sociedade como um todo?

    antes era manipulação das mentes, hoje é das emoções

    1. a mídia ou a sociedade como um todo?

      É a banda podre de todos grupos, que agora tem apoio oficial de vários, como midia e setores da área jurídica.

  7. peço que entendam de uma vez por todas…

    para essa mídia internacional e bandida que temos, somos todos extermináveis

     

    esse putos sempre foram predadores da pior espécie e não vão mudar nunca

    1. É que o facínora tem

      É que o facínora tem residência fixa, e deve cumprir outras exigências para ser julgado livre, dai não terem pedido prisão preventiva; na maioria dos casos é assim mesmo. Parece que não foi detido em flagrante delito, acho que o único caso em que o acusado fica já detido na delegacia. Não quer dizer que não vá ser julgado, como dá a entender, maliciosamente, a midia, insuflando a população para registrar mais um ato de impunidade. Foi aberto inquérito para proceder investigação. Da materialidade dos indícios/provas apurados, é que surge um relatório do delegado, que é encaminhado para o Judiciário, recebido, e, autuados os autos judiciais que vão dar origem aos procedimentos que cuminam no julgamento popular, pelo Juri. Dai que, condenado, vai ser encaminhado para a Vara das Execuções Penais e será preso, espero.

  8. Caro Nassif e demais
    A

    Caro Nassif e demais

    A direita encontrou um caminho, uma luz.

    Esse f(v)ilão será explorado, em meio a indignações, está o apoio.

    Saudações

  9. Se isso não é um crime

    Se isso não é um crime hediondo, eu nao sei o que é. Reforça uma suspeita de que o principal problema do Brasil é uma justiça absolutamente injusta, desigual e influenciável pelo dinheiro.

    Se ha politicos corruptos, sonegadores, violencia extremada, podemos creditar a certeza da impunidade de modo mais amplo do que julgamentos midiáticos.

  10. Quem tiver paciência de reler

    Quem tiver paciência de reler meu posts antigos, verá que há tempos venho alertando aqui nesse blog que esses casos de linchamento só iriam aumentar…

    Nossa sociedade está cada vez mais intolerante (efeito da radicalização da mídia desde 2006), e além disso nossas leis não cumprem a função social de pacificá-la e tranquliza-la. A população está cansada de ver criminosos barbarizando impunemente. Por isso, reage feito uma turba ensandecida.

    A pena tem três funções: preventiva (dar o exemplo, incutir medo da sanção), retributiva (espécie de vingança, purgação) e ressocializadora. O Estado brasileiro falha em todas as três. Criminosos não tem medo de serem presos (ao contrário, riem na cara dos delegados pois sabem que rapidamente serão soltos) e, quando são presos, não passam nem perto de serem ressocializados.

    Assassinos, assaltantes e estupradores tem o “direito” de responder em liberdade por anos a fio. Na remota hipótese de condenação, rapidamente saem da cadeia (Pimenta Neves cumpriu 3 anos de regime fechado, Macarrão cumprirá 5). Enquanto isso, traficantes pé-de-chinelo ficam presos desde o primeiro dia, por efeito da política de “guerra às drogas” dos EUA que influenciam nosso legislativo e judiciário. São esse último grupo os tais “40% presos sem julgamento” a que a turma dos direitos humanos se refere. Realmente, é um absurdo que esses caras fiquem presos, enquanto bandidos perigosos ficam à solta.

    Esse sistema vêm de há muito no Brasil. Não é culpa do governo atual. Mas cabe a ele reformá-lo, pois infelizmente em seu colo estourou a bomba relógio social armada lá atrás. 

    1. se acontecer algo assim com um filho meu

      se acontecer algo assim com um filho meu  eu mato o assasino desgraçado—a vida  para mim deixa de importar–não vou esperar pela justiça

  11. Vi o caso no Datena

    Vi o caso no Datena ! 

    Consegue chocar , se sobrepondo no meio da violência cotidiana que já vivenciamos. 

    O caso acumula uma série de aberrações : o jovem foi detido sem nenhuma evidência de delito ; constatado que não havia feito nada , foi liberado em seguida , e o sujeito que o matou não ficou preso , apesar de a situação ter ocorrido em frente à delegacia e o sujeito detido logo em seguida , policiais não impediram a ocorrência do crime nem configurou flagrante para seu autor. 

    Não seria caso também para a Corregedoria da Policia investigar a atuação das autoridades locais ?

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador