Sucessão no União Brasil pega fogo
por Luis Felipe Miguel
Luciano Bivar está saindo da presidência do União Brasil, depois de brigar com ACM Neto. É provável que seja expulso do partido.
Em seu lugar entra seu antigo aliado, Antônio Rueda, pernambucano como ele. Bivar ficou bravo com a destituição e, ao que parece, fez ameaças contra a vida de Rueda.
Em entrevista, Bivar desmentiu com uma frase significativa: “Homem não ameaça, homem faz”.
Agora, as casas de Rueda e da irmã – que, por sinal, é também a tesoureira do União Brasil – foram atingidas por incêndios.
Segundo a investigação preliminar, incêndios criminosos. O advogado de Rueda acusa diretamente Bivar – que, por sinal, possui imóvel no mesmo condomínio das casas incendiadas.
É interessante o União Brasil. O presidente nacional do partido, o vice que será o próximo presidente e a tesoureira morando no mesmo condomínio.
O União Brasil nasceu da fusão do PSL, liderado pela parcela que tinha “rompido” com Bolsonaro, com o DEM (o eterno PFL).
Uma fusão motivada por princípios claros, sobretudo o princípio de controlar a maior fatia possível do fundo partidário.
Hoje, ele tem, entre seus caciques, bolsonaristas assumidos, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado; bolsonaristas envergonhados, como o extremista paulistano, Kim Kataguiri; e gente do Centrão raiz, como o deputado Elmar Nascimento, provável sucessor de Lira na presidência da Câmara, e os ministros Celso Sabino e Juscelino Filho.
Entre os parlamentares de menor expressão política, o União Brasil abriga o senador Sergio Moro.
Incrível é Lula dar tanto espaço no seu governo para um partido que aloja golpistas indisfarçados e que vota contra ele em grande parte das matérias no Congresso.
De Bivar, até agora, se podia dizer que era um político coerente: sempre fiel ao oportunismo mais desavergonhado, fisiológico até a medula. A violência de sua reação à destituição do cargo indica que deve ter muita coisa – muita coi$a mesmo – em jogo.
Luis Felipe Miguel é professor do Instituto de Ciência Política da UnB. Autor, entre outros livros, de O colapso da democracia no Brasil (Expressão Popular).
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