Tata Amaral: Brasil avançava contra desigualdades no audiovisual, mas Bolsonaro abortou incentivos

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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As assimetrias do mercado audiovisual, as leis de incentivo à produção, a regulação do setor de plataformas on demand. A cineasta fala disso tudo e muito mais à redação do GGN. Assista

Jornal GGN – Em 2016, a Ancine divulgou dados de uma pesquisa que mostram como o mercado audiovisual no Brasil é marcado pela extrema desigualdade de gênero e raça. Segundo o estudo, as mulheres foram diretoras em apenas 19% dos filmes produzidos, e nenhuma delas era negra. As roteiristas somavam 15%. A maior parte, 39%, trabalhou na área de produção executiva. Na fotografia, apenas 5% conseguiram atuar.

Diante desses dados, a pergunta que se segue é: quem está escrevendo as histórias que entram nas salas de cinemas ou nas plataformas on demand? E quais narrativas estão construindo por aí a respeito das mulheres, negros e negras e indígenas no Brasil?

“Nós mulheres somos maioria [na sociedade brasileira]. Negros e negras também. O mínimo que a gente pode esperar é que a gente ocupe pelo menos a metade das funções narrativas. É importante a gente contar a nossa história do nosso ponto de vista”, defende a cineasta Tata Amaral.

Em entrevista exclusiva às mulheres da redação do GGN, para o programa Cai Na Roda [assista abaixo], Tata falou de sua trajetória no audiovisual, das produções em andamento, do impacto da pandemia sobre a classe artística e da bem-vinda Lei Aldir Blanc.

Também colocou na mesa as demandas do setor quanto à regulação do mercado on demand no Brasil sob a perspectiva da proteção do conteúdo e da propriedade das produções nacionais. Falou ainda da dificuldade em se realizar filmes com reflexões políticas – ela não conseguiu verba para dar continuidade ao documentário sobre José Dirceu – e explicou as nuances das políticas de incentivo financeiro e de correção da desigualdade de gênero e raça no audiovisual.

Segundo ela, sobretudo a partir de 2016, essas políticas públicas tiveram avanços significativos no plano nacional, mas foram esvaziadas ou abortadas pelo atual presidente de extrema-direita, Jair Bolsonaro. “O governo Bolsonaro tem uma vocação de acabar com tudo. É uma missão, um desejo deles, acabar com a cultura e o Cinema”, pontuou.

Tata hoje aguarda ansiosamente a estreia de “As Protagonistas”, uma série em 13 capítulos que retrata o Cinema brasileiro por meio da produção das mulheres. “Eu tinha muito desejo de falar das pioneiras. O canal Cine Brasil TV topou exibir”, comentou. O lançamento foi adiado para 2021 por causa da pandemia do novo coronavírus.

Entre outros projetos, ela também está trabalhando em um documentário chamado “Democracia”, que entrelaçará sua história de estudante secundarista e militante com a fervura da política nacional.

Confira a entrevista abaixo.

 

Veja também:

Política, carreira, gestão pública e luta social com Ana Estela Haddad, na estreia do Cai Na Roda

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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