Um panegírico para Reinaldo Azevedo, o Heróstrato brasileiro -

Em 07/12/2012 publiquei no CMI uma diatribe contra Reinaldo Azevedo por causa das ofensas que ele fez então recem falecido Oscar Niemeyer. Apesar de ter sido escondido pelo website http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2012/12/514503.shtml, o texto continuou sendo acessado e lido. Hoje ele foi novamente referido por uma pessoa no Twitter. Curioso, voltei a ler meu texto e reproduzo aqui seus dois parágrafos finais:

“Em razão da morte do grande arquiteto, Dilma decretou luto oficial de 7 dias. Não seria mais apropriado a Presidenta decretar luto oficial por causa das ofensas feitas à memória do morto ilustre por aquela pulga que mantém um blog esgotífero na Veja-Cachoeira? Causa luto e lágrimas ver um anti-comunista patológico escrever tanta bobagem como se ainda vivêssemos na Guerra Fria.

A morte do arquiteto é um triste fato consumado. A obra dele, todavia, continuará viva provocando boas emoções através dos séculos que virão. Já as mortes que o Reinaldo Azevedo causará com sua cruzada contra o comunismo é a verdadeira tragédia nacional em potencial que justifica luto oficial.”

A tragédia nacional incansavelmente fomentada por Reinaldo Azevedo e outros pseudojornalistas tão ou mais baixos do que ele está chegando agora ao seu clímax. O Brasil está sendo lançado no abismo do capitalismo desregulado predatório misturado à tirania oligárquica disfarçada de democracia formal. Como disse aqui no GGN a barbárie ronda nosso país:

“A queda de Dilma Rousseff não será aceita pelos defensores da legalidade, grupo que inclui tanto os petistas quando políticos, autoridades, escritores, artistas e cidadãos comuns de diversas orientações políticas e partidárias. A não ascensão de Michel Temer ao poder certamente será interpretada como um golpe de estado pela imprensa nacional, que seguirá alimentando o ódio fascista que já se manifesta de maneira violenta nas ruas brasileiras.”

https://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/os-tres-patetas-do-golpe-e-o-perigo-da-barbarie-por-fabio-de-oliveira-ribeiro

Reinaldo Azevedo é, sem dúvida alguma, um dos coveiros da nossa democracia. Ele abusou da liberdade de expressão para que 54 milhões de brasileiros pudessem ter seus votos rasgados pela Câmara dos Deputados, sob o comando de um bandido e com a conivência do STF. Qual será o lugar dele na história?

Esta pergunta é muito ousada, pois supõe um exercício cansativo e inútil. Além disto, não merece crédito quem faz previsões sobre o futuro estando condenado a olhar apenas para o passado. Então vou refazer minha pergunta: Reinaldo Azevedo merece um lugar na história? Creio que sim, pois desde que Heróstrato incendiou o Tempo de Ártemis em 356 a.C. a história tem sido generosa com piromaníacos histéricos.

Quando o Brasil começar a arder em chamas, Reinaldo Azevedo ganhará seu lugar na história da infâmia. Não creio, porém, que ele tenha condições de se tornar tão famoso por tanto tempo quanto seu duplo grego. O mais provável é que o esgotífero blogueiro da Veja ganhe um pequeno destaque durante algumas décadas. Uma coisa é certa: ele também será consumido pelas labaredas do incêndio que começou. Pequena perda, direi.