Produzir vacina contra a dengue é mais desafiador do que a vacina para Covid, diz diretor do Butantan ao GGN

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Diretor médico de desenvolvimento clínico do Butantan, José Moreira explica ao GGN os desafios no desenvolvimento da vacina

José Moreira, diretor médico de desenvolvimento clínico do Instituto Butantan, em São Paulo. Foto: Reprodução/TVGGN
José Moreira, diretor médico de desenvolvimento clínico do Instituto Butantan, em São Paulo. Foto: Reprodução/TVGGN

Desenvolver uma vacina contra os quatro tipos de dengue é um desafio maior para os cientistas em comparação com as vacinas contra Influenza e Covid-19. A afirmação é do diretor médico de desenvolvimento clínico do Butantan, José Moreira, que falou com exclusividade ao Jornal GGN a respeito do imunizante em desenvolvimento pelo instituto paulista, em meio ao surto de dengue que assola o País.

A vacina do Butantan contra a dengue vem sendo desenvolvida há mais de 15 anos e o instituto pretende enviar “em breve” à Anvisa o pedido de licença de uso, na expectativa de que o imunizante fique disponível para a população em 2025.

“É extremamente difícil desenvolver essas plataformas de prevenção para quatro sorotipos de dengue. Na verdade, são quatro vacinas em uma. Nós temos a dengue tipo um, dois, três e quatro, e a de tipo dois está mais associada à doença sintomática, que resulta em mais quadros graves, como a dengue hemorrágica”, comentou Moreira.

Enquanto a vacina do Butantan, a primeira nacional, não fica pronta, o governo federal começará a distribuir em fevereiro, por meio do SUS, doses da vacina Qdenga, desenvolvida pela farmacêutica japonesa Takeda, para crianças entre 10 e 14 anos.

Porém, a vacinação de apenas um nicho da sociedade usando a Qdenga, e considerando o intervalo de três meses entre cada uma das duas doses necessárias para completar o ciclo de imunização, será insuficiente para conter o surto atual, quando os casos de dengue deram um salto de 300% em relação ao ano anterior.

A avaliação é da própria ministra da Saúde, Nísia Trindade, que admitiu nesta quarta (7) que não é possível “vender a ilusão” de que a vacina Qdenga será a solução final para a pandemia atual, sendo necessário investir em prevenção.

A Qdenga e a vacina do Butantan são produzidas com o vírus da dengue atenuado, que estimula o sistema imunológico a produzir anticorpos contra a infecção. A diferença é que o imunizante do Butantan contém os quatro sorotipos do vírus da dengue em versões enfraquecidas, enquanto a Qdenga ataca apenas o tipo dois.

“Nossa vacina não é pioneira, existem outras duas licenciadas no mercado nacional e internacional, e algumas outras em fases mais precoces de desenvolvimento clínico. Mas a verdade é que há dificuldade em desenvolver esses ensaios clínicos, que são caros e morosos. É preciso, no mínimo, cinco anos de acompanhamento dos participantes nos testes, por exemplo. É bem mais desafiador o desenvolvimento dessa vacina [da dengue] do que comparado com a vacina de Influenza ou Covid”, disse Moreira ao GGN.

Assista a entrevista abaixo:

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Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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