Jornal GGN – Em depoimento nesta segunda-feira (11), o ex-diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, admitiu que a operação contra o ex-capitão Adriano da Nóbrega, ligado ao filho do presidente Flávio Bolsonaro, no início do ano, teve tanto o conhecimento do Ministério da Justiça, como tentou envolver a Polícia Federal (PF).
Adriano da Nóbrega era peça-chave na investigação sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco, em 2018. Ele era acusado de chefiar a milícia Escritório do Crime, e estava envolvido não somente no inquérito sobre a morte de Marielle, como também no esquema de rachadinha no gabinete do primogênito de Bolsonaro, Flávio.
Quando Adriano foi morto durante a operação policial no interior da Bahia, em fevereiro, as relações do ex-capitão com a família Bolsonaro e com os crimes investigados vieram à tona. O painel, da Folha de S.Paulo, chegou a denunciar que a operação contra o ex-policial militar teve o conhecimento do Ministério da Justiça do governo Bolsonaro, durante a gestão de Sérgio Moro.
Dias antes da ação policial, uma das secretarias da Justiça analisou a possibilidade de enviar um helicóptero com efetivos da PF para a operação, um pedido que havia partido da polícia do Rio. Ao ser questionada, em fevereiro, a pasta do então ministro Sérgio Moro negou que houve envolvimento com a operação.
“Não haveria nenhum motivo para disponibilizar helicópteros e policiais para a captura de apenas um foragido com esconderijo identificado”, respondeu o Ministério do governo Bolsonaro.
Mas a versão do ex-diretor-geral da corporação, Maurício Valeixo, foi outra. No depoimento dado ontem (12), Valeixo confirmou que a pasta sabia e que o pedido de participação da PF na captura de Adriano foi feito, ainda, por canal “não apropriado”.
“Houve uma consulta à Polícia Federal, não pelo canal apropriado, vez que se deu via Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça (SEOPI) e através do Dr. Jairo, Superintendente da PF no Espírito Santo, de um apoio aéreo a uma operação na Bahia”, expôs o relatório sobre o depoimento.
“O depoente respondeu que devia se observar os canais apropriados, via canais de inteligência se houvesse informações reservados, para que se avaliasse o apoio da Polícia Federal, que no entanto esse pedido nunca foi formalizado, logo não foi respondido”, continuou.
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